Instituições policiais modernas precisam estar dotadas de inteligência, ter infraestrutura tecnológica e investir na qualificação de agentes. Organizações que atuam num ambiente de excesso de informações, quase sempre, necessitam empregar algum método de análise. Isto significa dizer que organização deve possuir capacidade para a interpretação de grande quantidade de dados, extraindo significados diante de muitos nós e evidências. A atividade investigativa, por exemplo, precisa estar apta a enxergar através da nebulosidade gerada pelo volume de informações e sentir a necessidade de tomada de decisões, principalmente quando se depara com atividades ilegais, cuja variedade de ações delitivas demonstra complexidade no crime.
A análise de Inteligência, realizada concorrentemente com a análise investigativa, se desenvolve pela exploração e/ou mineração de grandes bases de dados (oriundas da quebra de sigilo inclusive), proporcionando em proveito, o estabelecimento de evidências, por meio da visualização das entidades relacionadas. Isso vem trazendo resultados bastante positivos no que tange também à prospecção e monitoramento de casos complexos de corrupção, fraudes, crimes financeiros e em geral os crimes contra a administração pública.
É como visualizar um sistema nervoso humano. “O sistema nervoso biológico dispara reflexos para que possamos reagir rapidamente ao perigo ou à necessidade”. Ele nos dá muitas informações de que precisamos enquanto consideramos as alternativas e fazemos escolhas. Na investigação do crime complexo é como visualizar o sistema nervoso, analisando o fluxo dos delitos, conexões das ações ilegais, condutas etc.
No campo da antecipação, se refere uma capacidade de análise funcionando como um controle efetivo do crime, e assim reagir com oportunidade na tomada de decisões. Consiste num processo que permite a organização policial perceber o desempenho do crime, reagir a ele, detectar os problemas, realizar prognósticos e planejar as respostas.
Em organizações policiais modernas a Inteligência Policial refere-se substancialmente à atividades de prospecção e monitoramento informacional, que são etapas fundamentais e indispensáveis para a compreensão dos crimes complexos. Através da prospecção informacional é possível estabelecer uma estrutura de fontes de informação visando o conhecimento essencial do fato, e por meio da monitoração das informações é possível tomar decisões antecipadas e prever os próximos movimentos do crime.
A Inteligência Policial monitora informações oriundas do ambiente para se antecipar aos eventos criminais. A importância do monitoramento do ambiente e a produção de informação significativa é amplamente entendida neste aspecto, constituindo hoje uma atividade altamente estratégica, cuja gestão e atuação sistêmica está diretamente relacionada a capacidade de antecipação das ações policiais perante o crime. A informação também é considerada como um fator estruturante e um instrumento básico para a gestão policial, portanto, a gestão efetiva da informação na organização policial requer a percepção objetiva e precisa do valor e a precisão dos sistemas de informação.
Considerando que a informação é a matéria prima da Inteligência Policial são necessários cumprir etapas fundamentais na prospecção e monitoração informacional para que seja eficaz. São elas: i) identificação das necessidades (quais assuntos devem ser monitorados e pertinência); ii) obtenção (eletrônica inclusive) pela coleta, recepção e produção; iii) tratamento (formatação, estruturação, classificação, análise, síntese); iv) distribuição (por meio da rede de conhecimento) critérios para seu fluxo Interno, externo, formal e informal; v) uso (que confere a possibilidade de combinação, credibilidade e oportunidade); e vi) reuso, (considerando nesse aspecto o processo de retroalimentação do conhecimento, possibilidade de recuperação e armazenamento).
A ação da inteligência policial executa uma gestão estratégica em busca de significado para informação (utilização do conhecimento em prol das ações institucionais). O significado da informação significa dizer que a informação pertinente deve fluir no ambiente e ser assimilada para permitir a ação policial. Por meio da estrutura da organização o processo direciona o fluxo da informação permitindo a construção do conhecimento. Nesse sentido a informação precisa estar dotada de pertinência, relevância e propósito.
Por intermédio da Inteligência, as organizações policiais buscam obter o chamado “poder de antecipação”, na lida com a evolução de um dos problemas mais cruciais que afligem a sociedade moderna, o crime violento, a corrupção e a atuações de organizações criminosas. Na determinação de padrões e tendências, com eles estando ocultas, em grandes bases agregadas de dados nacionais, regionais e locais, depositárias de registros de ocorrências do fenômeno do crime e da violência.
A modernidade da gestão do conhecimento vem trazendo importantes avanços para a atividade de Inteligência Policial. A Tecnologia da Informação é parte essencial de tudo isso. A gestão do conhecimento pela atividade de Inteligência Policial envolve também, entre outros processos, a possibilidade de conversão do conhecimento, ou seja, conhecimento que deve ser transferido entre os profissionais e para os diversos setores, seja por meio da conversão tácita ou explícita.
Já no tocante à análise estratégica, realizada concorrentemente com a análise criminal, da mesma forma, a tecnologia da informação tem possibilitado novos recursos de produção de conhecimento, caso do mapeamento dinâmico da distribuição espaço-temporal de ocorrências do fenômeno da criminalidade de massa (a exemplo, com o mapeamento de “pontos quentes”). Tais produtos se constituem hoje em instrumentos críticos para consecução de programas de prevenção criminal, inclusive com a possibilidade de polícia proativa.
Os níveis de criminalidade e violência no Brasil, especialmente a chamada criminalidade de massa estão direcionando as ações de governo em todos os níveis. No que tange à segurança pública, vem cobrando a integração dos órgãos policiais, realizando investimentos em tecnologias para a gestão da informação, formulação de políticas, inovação de métodos e processos para a consecução de ações eficazes de controle da violência e criminalidade principalmente com incremento da Atividade de Inteligência.
A Inteligência Policial integra gradativamente na cultura das organizações policiais como uma atividade essencial, tendo como objetivo principal desenvolver tarefas analíticas para detectar, identificar, neutralizar, obstruir atividades criminosas e contribuir para um aumento da cognição investigativa e capacidade de antecipação.
Uma definição ampla diz que Inteligência é toda informação coletada, organizada e analisada para atender a demanda de um tomador de decisões e auxilia para este fim o emprego de dispositivos tecnológicos e uso de sistemas de informação na construção do conhecimento.
Por fim a Inteligência Policial é um conjunto de atividades altamente especializadas, na função de suporte operacional, de forma sistêmica, fazendo uso de tecnologias modernas e métodos de produção de conhecimento, auxiliando a decisão na investigação criminal e assistir na formação de provas sobre o crime.
Cezar Roberto Bitencourt. Criminalidade de massa compreende assaltos, invasões de apartamentos, furtos, estelionatos, roubos e outros tipos de violência contra os mais fracos e oprimidos. Esta criminalidade afeta diretamente toda a coletividade, quer como vítimas reais, quer como vítimas potenciais. Tribunal Penal Internacional. Prisão Perpétua: Inconstitucionalidade. Disponível em: http://www.ceccrim.hpg.ig.com.br/Artigos4.htm.
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