É inevitável! Todas as vezes que algum advogado vocifera a reclamar da implantação do PJe, eu me recordo com saudades do meu querido mestre Prof. Dr. Homero Ferraz - advogado junto a quem fiz meu primeiro estágio do Curso de Direito - lá em SP. Eu tinha 19 anos.
Ele dizia: "Querida, para ser profissional, é fundamental que você esteja para sempre se atualizando, sempre, sempre! Não importa o quanto você já seja capaz, mantenha a cabeça aberta a novos conhecimentos. Seja curiosa, será sempre possível aprender mais! O Direito é ciência viva. O reacionário ficará parado no tempo, inutilmente esperançoso que as coisas permaneçam como estão. Busque ser eternamente aprendiz. Só assim é possível manter-se no mercado, além de evitar o ridículo."
E ele completou com um singular exemplo: "No início do século XX, muitos - mas muitos mesmo, criticaram ferozmente a introdução das máquinas de escrever nos feitos judiciais. E você sabe a razão? Diziam que sem a identificação inequívoca da caligrafia do juiz ou do advogado a insegurança seria tamanha que inviabilizaria a administração da Justiça: afinal, como saber se quem escreveu aquele texto 'em uma máquina' seria mesmo seu subscritor?" Hoje parece piada, não é?
Esse conselho me foi franqueado em meados dos anos 90, no final do mesmo século XX, e eu fiquei realmente surpresa! Que absurdo: como alguém poderia pensar assim?! A máquina só pode ser um facilitador! Não?!! (Ora, essa era afinal a minha mentalidade - de quem, aos 13, já tinha sido instruída a concluir o tão famoso cursinho de datilografia, e já cultivava o orgulho de digitar super rápido, sem errar, com todos os dedos, e sem olhar para o teclado!) rs! Não havia me dado conta que não era assim para todo mundo. (Muitos ‘catavam milho' e com muita dificuldade!) rs!
Hoje, no século XXI, ouço reacionários ao processo virtual. Muitos! Resistentes à independência do papel. Carentes de juntada, vista e carga! Mas, de fundo, alegam o que? Apelam para a insegurança das informações! E, a história se repete. Que insegurança? Você pode operar financeiramente pelo meio virtual mas o processo judicial não pode? Ah, vá! Parece que a verdade não seja essa, mas apenas a máscara. Essa é uma resistência nascida do medo. De uma geração intermediária que está meio perdida porque não cultiva o hábito de se atualizar com regularidade. Sem dúvida, é uma geração que viveu o sistema antigo e está com dificuldade em se encontrar no novo modelo. Para muitos, é insuportável colocar-se em uma situação de neófito novamente. Compreensível, mas inescusável.
Repito. É claro que o PJe exigirá dezenas, centenas ou mesmo milhares, de melhorias. É claro que eu, e todos nós, enfrentaremos dificuldades de adaptação. Mas, a oposição teimosa à nova ferramenta, 'data máxima vênia', chega a exigir psicoterapia. As novas gerações zombarão desse conflito! Pois sequer reconhecerão a dificuldade na operação de mecanismos inteiramente virtuais. Sim, assim como foi para mim a máquina de escrever.
Quem for criado diretamente no PJe não sentirá qualquer entrave, e, honestamente, vão rir muito, mas muito mesmo, de nossos velhos carrinhos para carregar processo!
Não entrem em uma ‘onda errada’! Mantenham-se aprendizes e que venha o novo p'ra gente dominar também!
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