Futebol e política em mesmo patamar de desconsolo e consternação. Não se vislumbram possibilidades de mudanças, apenas o mesmo do mesmo...
Fez-se apenas um introito comparativo de duas experiências que transbordam emoções, envolvem poder e muito dinheiro. Com magnânimas características chamam a atenção pelo atual estágio de imprestabilidade e desonra, que nos pune pela falta de competência, planejamento e valores morais e materiais "nunca antes visto na história deste país". Nos pune por sofremos de uma patológica desnutrição intelecto-cultural e não termos capacitação cobrar com critério, para manejar os instrumentos democráticos que nossa Carta Maior nos conferiu.
Formamos uma República Democrática de Direito que não raras vezes comporta-se como "Monarquia Autocrática", com uma concepção de democracia, que apesar de impúbere, já em vários aspectos denota-se vetusta, nos termos dos interesses dos Poderes Constituídos. Uma República que certos momentos parece uma monarquia absolutista onde o rei com superpoderes, nos fazendo rememorar o poder moderador, pode tudo pelo simples fato de ser rei. Já o direito que nem sempre jurisdiciona ou escolhe o caminho do mais justo, que por vezes se embriaga de doses anacrônicas de política e acaba apenas flertando com o direito, mas casando-se com àquela, perdendo sua essência e desnaturando-se.
Democracia que ainda peca na proteção de suas minorias, uma democracia construída, em verdade, para fazer valer a vontade de uma maioria debilitada pela própria história, que ora não sabe, ora não tem a quem recorrer. Nosso sistema representativo carcomido por um implantado sistema de corrupção, que já se inicia com o comprometimento de candidaturas milionárias e percorrem por todo o mandato, que se exerce ao longe do único interesse que se revelaria legítimo, o público.
Hoje o país carrega consigo um sentimento de mudança, para muitos uma necessidade de verdadeira revolução, que em parte as ruas chegaram a nos passar quando o povo na utilização de seus direitos fundamentais de manifestarem seus pensamentos, sob o pálio do art. 5º da Constituição Republicana, reivindicaram moralidade, em última ratio.
Revolução, mas encabeçada por quem? Bem, estamos distantes de termos lideranças deste talante. Nossa realidade é de continuísmos com pequenas variações, nada capaz de alterar, muito menos revolucionar um sistema que sofre de insofismável grau de putrefação que atingiu a insuportabilidade. Temos mais dos mesmos em diferentes graus de comprometimento com as causas privatistas, dando-nos a sensação de que não há o que fazer neste momento senão sentar e chorar.
Em verdade, qualquer revolução política legítima só será possível o dia em que se revolucionar a educação deste país. Sem compreensão das realidades fáticas, não conseguiremos manipular (no melhor sentido) os instrumentos democráticos que nos estão postos segundo as balizas de interesse público, continuaremos sim, manipulados pelo poder, que maquia as realidades para nos oferecer uma transparência que não nos permita enxergar do outro lado.
A carência da sociedade por "novas" lideranças que tragam a ideia de mudanças poderão nos levar a equívocos democráticos. Facilmente ludibriáveis, nossas massas hoje se confortam com modelos de populismo latino-eleitoreiros, de distribuição sem sustentabilidade, mas estão ansiosas para acreditar em qualquer voz que além de "distribuir" prometa o novo, mesmo que engajada com o que a de mais velho.
O uso de expressões indeterminadas, vagas, sem um assento exato de significação é a tática do momento implantada pelos marqueteiros mais antenados com os desejos sociais. Sabedores do menor discernimento da maioria incapaz de perquirir com qualquer grau de profundidade qualquer questão que não futebol, as pequenas expressões dotadas da máxima vagueza e que carregam o espírito de mudanças são capazes não de revolucionar a política, mas o processo eleitoral, eis a "nova política".
Vaguezas que tragam a ideia de mudanças, se ditas "em cima do muro", parecem que serão capazes de eleger figurantes como protagonistas, que muito provavelmente tornar-se-ão novos antagonistas de nossa história pouco após eleitos. Aqui não se faz um exercício de futurologia, mas se tem como parâmetro uma lógica que o sistema e seus componentes não nos deixam delirar quando portamos alguma consciência.
Metamorfosear parece ser a palavra do momento, ainda que a metamorfose se faça apenas no âmbito dos discursos... São lagartas que ganham azas e se tornam borboletas de vida curta.
Precisa estar logado para fazer comentários.