No mês de maio, a Polícia Civil do Distrito Federal, através da 6ª DP, desencadeou a operação FINIS, com o intuito de prender duas associações criminosos que tinham uma única finalidade, se exterminarem. Os grupos se concentravam nas regiões do Paranoá e Itapoã, localidade que está em frequente pujança populacional, agregando mais de 130 mil pessoas. Nos últimos dois anos, os associados foram responsáveis por dezenas de mortos na região. Rememorando a história do DF, este tipo de reuniões de jovens - formando gangues- não é característica apenas deste local, tampouco de Brasília e também não tem a ver com poder econômico, pois investigações desta espécie já foram encampadas por esta Polícia Judiciária em outras áreas, inclusive em nichos de classe média.
Analisando as características e comportamentos dos dois grupos, verificou-se que reúnem pessoas entre 15 e 35 anos, as quais se agruparam com o intuito de defender os seus territórios e interesses. Em síntese, nenhum deles sabe dizer como a contenda começou, mas uma coisa é certa, ceifavam ou tentavam matar pessoas, por vaidade, ódio e até mesmo sobrevivência. É fato que os indivíduos estavam associados para a prática de crimes, mas ouso fazer uma subdivisão deste ilícito penal - Associação Criminosa, previsto no Artigo 288 do Código Penal. Quando se trata de gangues, os escroques estão juntos, têm um objetivo comum, mas há a ausência de caráter econômico. Não havia auferição, tampouco repartição de lucros, mas simplesmente, união para matar os adversários. Deve-se perguntar, como eles se mantinham? Todos tinham suas carreiras solos, ou seja, praticavam seus delitos de forma autônoma e intencional: traficavam, roubavam, receptavam e furtavam, mas não dividiam os produtos, tampouco os proveitos dos crimes com a corja.
Dos 22 homicídios consumados assimilados pela região no ano pretérito, 11 são atribuídos à malta. Curiosidade, dois deles aconteceram após o benefício da saída temporária, vulgo saidão. Em um destes, o suspeito não residia na região, ou seja, a ordem foi originada do interior do estabelecimento prisional. Interrogando um de seus membros, o qual detinha uma tatuagem do grupo em seu dedo anular direito, este relatou de forma curiosa: - Entrou no meu CEP, a bala voa! O algoz se referiu ao código de endereçamento postal, ou seja, os grupos pretendiam dividir as regiões do Paranoá e Itapoã em áreas e, quem ultrapassasse os limites impostos, era alvejado, isto é, sofria um ataque. Fosse a ação bem sucedida ou não, haveria o revide.
Rememoro os tempos em que chefiava umas das delegacias da Ceilândia/DF. Em 2018, uma criança de 05 anos foi morta com tiros na cabeça, após um ataque da gangue rival. Quatro indivíduos entraram de forma inopinada no outro território e efetuaram tiros em direção ao irmão da vítima. Este também foi atingido, mas não faleceu, já a criança. Oremos! Após intenso e exaustivo trabalho de inteligência junto à investigação policial, internamos os três adolescentes envolvidos e o maior amarga o cárcere, após os 36 anos de reclusão que o júri popular lhe atribuiu. Após este fato, as gangues do local foram indigitadas e os malfeitores presos, o que fez com que a região do Setor “O” e adjacências ficassem um tempo considerável sem homicídios relacionados aos grupos rivais.
A operação FINIS cumpriu 59 mandados de prisão e 37 de buscas. Dos presos, 22 já se encontravam reclusos no sistema prisional e 4 cumpriam internação no sistema socioeducativo, ou seja, eram adolescentes. Além da perfídia e crueldade, os associados mostraram que não conseguem viver em comunidade e merecem mudar de CEP, ou seja, serem enviados ao sistema prisional (cep 71.686-670) para que um dia, possam retornar ao convívio social de forma a não burlar valores e aprender que que a paz e a vida são bens indisponíveis. A investigação também apurou o envolvimento de vários adolescentes, os quais já se alvoroçavam para galgar postos dentro da associação, com o fim de perpetuar horrores. Que sejam mantidos presos! Rogamos que permaneçam harmônicas as duas regiões administrativas, sem territórios demarcados, gangues e baixos índices de criminalidade, para que o cidadão de bem, contribuinte e sujeito de direitos, possa viver em sociedade.
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