Técnicas Para Aprimorar
Relacionamentos Pessoais e Profissionais
Marshall B. Rosenberg
UMA MANEIRA DE CONCENTRAR A ATENÇÃO
A comunicação não violenta nos ajuda a reformular a maneira pela qual nos expressamos e ouvimos os outros. Palavras, em vez de serem reações repetitivas e automáticas, tornam-se respostas conscientes, firmemente baseadas na consciência do que estamos percebendo, sentindo e desejando. Somos levados a nos expressar com honestidade e clareza, ao mesmo tempo, que damos aos outros uma atenção respeitosa e empática.
Sempre que a comunicação não violenta substitui nossos velhos padrões de defesa, recuo ou ataque diante de julgamentos e críticas, vamos percebendo a nós e aos outros, assim como nossas intenções e relacionamentos.
Quando utilizamos a comunicação não violenta para ouvir nossas necessidades mais profundas e as dos outros, percebemos os relacionamentos por um novo enfoque. (pág.22).
O PROCESSO DA COMUNICAÇÃO NÃO VILENTA
Para nos, entregarmos de coração, nos concentramos, pela nossa consciência em quatro momentos, ás quais nos referiremos como os componentes do modelo da comunicação não violenta.
Observamos o que está de fato acontecendo numa situação, nossa capacidade de articular essa observação, sem fazer nenhum julgamento ou avaliação; mas simplesmente dizer o que agrada ou não naquilo que as pessoas estão fazendo, identificamos como nos sentimos ao observar tal situação, assustados, triste, alegres, irritados,em seguida, reconhecemos quais de nossas necessidades estão ligadas aos sentimentos que identificamos. As a comunicação não violenta, nos da a conciênsia, para expressar como estamos, nos sentindo. Nós ligamos a eles percebendo, o que estamos observando, sentindo e do que estão precisando, e depois descobrindo o que poderia enriquecer suas vidas ao receberem a quarta informação, que esta no pedido.
APLICANDO A COMUNICAÇÃO EM NOSSA VIDA E NO MUNDO
Sempre que utilizamos a comunicação não violenta, nossas interações, com outra pessoa ou com um grupo, nós nos colocamos em nosso estado compassivo temos um processo natural, onde, uma abordagem que se aplica de maneira eficaz a todos os níveis de comunicação e a diversas situações, por sua vez, empregam esse processo na política, em todo o mundo, a comunicação não violenta serve como recurso valioso para comunidades que enfrentam conflitos violentos ou graves tensões de natureza étnica, religiosa ou política mundo.
A COMUNICAÇÃO EM AÇÃO
Destina se a proporcionar, um intercâmbio em que um dos interlocutores aplique os princípios da comunicação não violenta, onde a Comunicação não violenta não é meramente uma linguagem, nem um conjunto de técnicas no uso das palavras, a consciência e a intenção que a comunicação não violenta abrange também, pelo silêncio uma forma de expressar, que é muito utilizada.
A COMUNICAÇÃO QUE BLOQUEIA A COMPAIXÃO
Os julgamentos moralizadores que subentendem uma natureza errada, ou maligna nas pessoas que não agem em consonância com nossos valores. Culpas, insultos, depreciação, rotulação, crítica, comparação e diagnóstico são todos formas de julgamento, que fazem parte de nossas vidas, uma linguagem rica em palavras que classifica e dicotomiza as pessoas em suas atitudes.Quando usamos tal linguagem, pensamos e nos comunicamos em termos do que há de errado com os outros para se comportarem desta ou daquela maneira, ou, ocasionalmente, o que há de errado com nós mesmos para não compreendermos ou reagirmos do modo que gostaríamos. Nossa atenção se concentra em classificar, analisar e determinar níveis de erro, em vez de fazê-lo no que nós e os outros necessitamos e não estamos obtendo, ou seja, analisar os outros é, na realidade, uma expressão de nossas necessidades e valores.
Estas análises de outros seres humanos são expressões trágicas de nossos próprios valores e necessidades. São trágicas porque, quando expressamos a postura defensiva e a resistência a eles nas próprias pessoas cujos comportamentos nos interessam, cedo ou tarde, sofreremos as conseqüências da diminuição da boa vontade daqueles que se submetem a nossos valores pela coerção que vem de fora ou de dentro. Eles também pagam um preço emocional, pois provavelmente sentirão ressentimento e menos auto-estima quando reagirem a nós por medo culpa ou vergonha. É importante não confundir juízos de valor com julgamentos moralizadores. Todos fazem juízos de valor sobre as qualidades que admiramos na vida; por exemplo, podemos valorizar a honestidade, a liberdade ou a paz. Os juízos de valor refletem o que acreditamos ser melhor para a vida. Fazemos julgamentos moralizadores de pessoas e comportamentos que estão em desacordo com nossos juízos de valor, por exemplo, “a violência é ruim; pessoas que matam outras são más”. Se tivéssemos sido criados falando uma linguagem que facilitasse exprimir compaixão, teríamos aprendido a articular diretamente nossas necessidades e nossos valores, em vez de insinuarmos que algo é ou está errado quando eles não são atendidos. Não me surpreende saber que existe consideravelmente menos violência em culturas nas quais as pessoas pensam em termos das necessidades humanas do que em outras nas quais as pessoas se rotulam de “boas” ou “más” e acreditam que as “más” merecem ser punidas. Classificar e julgar as pessoas estimula a violência. Na raiz de grande parte ou talvez de toda violência, verbal, psicológica ou física, entre familiares, tribos ou nações, está um tipo de pensamento que atribui à causa do conflito ao fato de os adversários estarem errados, e está à correspondente incapacidade de pensar em si mesmos ou nos outros em termos de suas vulnerabilidades, nos deixando infelizes, mediante estas comparações.
OUTRAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO ALIENANTE DA VIDA
Os nossos desejos como exigências é outra forma de linguagem que bloqueia a compaixão. Nunca conseguimos forçar as pessoas a fazer nada. O pensamento baseado em “quem merece o quê” bloqueia a comunicação compassiva. A maioria de nós cresceu usando uma linguagem que, em vez de nos encorajar a perceber o que estamos sentindo e do que precisamos nos estimula a rotular, comparar, exigir e proferir julgamentos.
Esta comunicação alienante, na vida, tanto se origina de sociedades baseadas na hierarquia ou dominação quanto sustenta essas sociedades. A linguagem do “errado”, o “deveria” e o “tenho de”, é perfeitamente adequada a esse propósito: quando mais as pessoas forem instruídas a apensar em termos de julgamentos moralizadores que implicam que algo é errado ou mau, mais elas serão treinadas a consultar instâncias exteriores, as autoridade, para saber a definição do que constitui o certo, o errado, o bom e o mau. O uso de julgamentos moralizadores que implicam que aqueles que não agem em consonância com nossos valores estão errados ou são maus, isso é muito comum.
OBSEVAR SEM AVALIAR
A comunicação não violenta acarreta necessariamente separar observação de avaliação, temos que observar claramente, sem acrescentar nenhuma avaliação, o que vemos, ouvimos ou tocamos que afeta nossa sensação de bem- estar. Nossas observações constituem um elemento importante a outra pessoa como estamos, a comunicação não violenta nos obriga a permanecermos completamente objetivos e a nos abstermos de avaliar, mas sim, requer que mantenhamos a separação entre nossas observações e nossas avaliações.
Esta comunicação não violenta é uma linguagem muito dinâmica, que desestimula generalizações estáticas, ao contrário, as avaliações devem sempre se basear nas observações específicas de cada momento e contexto.
IDENTIFICANDO E EXPRESSANDO SENTIMENTOS
Na comunicação não violenta, temos, “observar sem avaliar” e, “expressar como nos sentimos”. Em nosso repertório de palavras para rotular os outros costuma ser maior do que o vocabulário para descrever claramente nossos estados emocionais, sentimentos simplesmente não eram considerados importantes, o que se valoriza era “a maneira certa de pensar”, tal como definida por aqueles que detinham posições de hierarquia e autoridade. Desenvolver um vocabulário de sentimentos que nos permita nomear ou identificar de forma clara e específica nossas emoções nos conecta mais facilmente uns com os outros, sempre que permitirmos ser vulneráveis por expressarmos nossos sentimentos, ajudamos a resolver os conflitos, diários.
ASSUMINDO A RESPONSABILIDADE POR NOSSOS SENTIMENTO
A comunicação não violenta, verificamos que a raiz de nossos sentimentos, na comunicação não violenta aumenta nossa consciência de que o que os outros dizem a fazem pode ser uma forma de estimulo, mas nunca a causa dos nossos sentimentos, vemos que nossos sentimentos resultam de como queremos receber o que os outros dizem ou fazem, bem como de nossas necessidades e expectativas específicas naquele momento. Com esse terceiro componente, somos levados a aceitar a responsabilidade pelo o que fazemos para gerar os nossos próprios sentimentos. Quando alguém nos dá uma mensagem negativa, seja verbal, seja não-verbal, temos quatro opções de como recebê-la, que são elas:
1. Culpar a nós mesmos;
2. Culpar os outros;
3. Escutar nossos próprios sentimentos e necessidades;
4. Escutar os sentimentos e necessidades dos outros.
Temos como forma comum na culpa, é atribuir a responsabilidade por seus sentimentos a outras pessoas, na aparência, ser responsável pelos sentimentos dos outros pode ser facilmente confundidos com preocupação positiva. Julgamentos, críticas, diagnósticos e interpretações dos outros são todas expressões alienadas de nossas necessidades.
Sempre que expressamos nossas necessidades indiretamente, através do uso de avaliações, interpretações e imagens, é provável que os outros escutem nisso uma crítica. E, quando as pessoas ouvem qualquer coisa que soe como crítica, elas tendem a investir sua energia na autodefesa ou no contra-ataque. Desejaram-se obter uma reação compassiva dos outros, expressar nossas necessidades interpretando ou diagnosticando o comportamento deles é jogar contra nós mesmos. Em vez disso, quando mais diretamente conseguirmos conectar nossos sentimentos as nossas próprias necessidades, mais fácil será para os outros reagirem a estas com compaixão.
DA ESCRAVIDÃO EMOCIONAL À LIBERTAÇÃO EMOCIONAL
O desenvolvimento em direção a um estado de libertação emocional a maioria de nós parece passar por três estágios na maneira como nos relacionamos.
Estágio 1: A escravidão emocional acreditamos, que somos responsáveis pelos sentimentos dos outros. Achamos que devemos nos esforçar constantemente para manter todos felizes. Se eles não parecem felizes, sentimo-nos responsáveis e compelidos a fazer alguma coisa a respeito. Isso pode facilmente nos levar a ver as próprias pessoas que são mais próximas de nós como fardos. (pág.91).
Estágio 2: Onde tomamos consciência do alto custo de assumir a responsabilidade pelos sentimentos dos outros e por tentar satisfazê-los em detrimento de nós mesmos, quando percebemos, como respondemos ao chamado de nossa alma, podemos ficar com raiva,o autor costuma chamar esse estágio jocosamente de estágio ranzinza, pois, quando confrontados com o sofrimento da outra pessoa, tendemos a fazer comentários ranzinzas como: “O problema é seu! Não sou responsável por seus sentimentos!” Para nós, fica claro aquilo pelo que não somos responsáveis, mas ainda temos de aprender como ser responsáveis para com os outros de uma maneira que não nos escravize emocionalmente.
Estágio 3: Nesta etapa, a libertação emocional, respondemos às necessidades dos outros por compaixão, nunca por medo, culpa ou vergonha. Desse modo, nossas ações estão nos realizando, assim como àqueles que são o objetos de nossos esforços, aceitamos total responsabilidade por nossas intenções e ações, mas não pelos sentimentos dos outros. Nesse estágio, temos consciência de que nunca poderemos satisfazer nossas próprias necessidades à custa dos outros. Essa libertação envolve afirmar claramente o que necessitamos de uma maneira que deixe óbvio que estamos igualmente empenhados em que as necessidades dos outros sejam satisfeitas a comunicação não violenta.
VIDA PEDINDO AQUILO QUE ENRIQUECERÁ NOSSA
Somos capazes de formular um pedido claro sem colocá-lo em palavras. Entretanto, em outras ocasiões, podemos expressar nosso desconforto e presumir erroneamente que o ouvinte compreendeu nosso pedido subjacente. Pode não ficar claro para o ouvinte o que queremos que ele faça quando simplesmente expressamos nossos sentimentos. As solicitações não acompanhadas dos sentimentos e necessidades do solicitante podem soar como exigências. Quanto mais claros formos a respeito do que queremos obter, mais provável será que o consigamos. Acredito que sempre que dizemos algo à outra pessoa, estamos pedindo alguma coisa em troca. Pode ser simplesmente uma comunicação de empatia, um conhecimento verbal ou não-verbal de que nossas palavras foram compreendidas. Ou podemos estar pedindo honestidade, desejamos saber qual é a reação honesta do ouvinte a nossas palavras, ainda podemos estar pedindo uma ação que satisfaça a nossas necessidades
PEDINDO UM RETORNO
Normalmente dependemos de pistas verbais para determinar se nossa mensagem foi compreendida da maneira que queríamos. Mas, se não temos certeza de que foi recebida como pretendíamos, precisamos ter uma maneira de solicitar claramente uma resposta que nos diga como a mensagem foi ouvida, de modo que corrija qualquer mal-entendido. Para ter certeza de que a mensagem que enviamos é a mesma que foi recebida, podemos pedir ao ouvinte que a repita para nós. Expresse apreciação quando o ouvinte tenta atender a seu pedido de repetição.
PEDINDO HONESTIDADE
Ao nos expressamos abertamente e recebemos a compreensão que desejávamos, é comum que fiquemos ansiosos para saber qual a reação da outra pessoa ao que dissemos que, a honestidade que gostaríamos de receber toma um de três caminhos, depois de nos expressarmos de forma vulnerável:
a) O que o ouvinte está sentindo;
b) O que o ouvinte está pensando;
c) Se o ouvinte está disposto a tomar determinada atitude.
No uso da comunicação não violenta requer que estejamos conscientes da forma específica de honestidade.
FAZENDO PEDIDOS A UM GRUPO
Em um grupo, é especialmente importante que sejamos claros a respeito do tipo de compreensão ou honestidade de desejamos obter dele depois de nos expressarmos, quando não somos claros quanto à resposta que desejamos, podemos iniciar conversas improdutivas que terminam sem satisfazer as necessidades. quando as pessoas não estão certas de que tipo de resposta desejam em retorno a suas palavras, perdemos muito tempo, se apenas um membro do grupo tiver consciência da importância de se solicitar claramente a resposta desejada, essa pessoa pode estender sua consciência para todo o grupo.
PEDIDO VERSUS EXIGÊNCIAS
Eles são recebidos como exigências quando os outros acreditam que serão culpados ou punidos se não os atenderem. Quando outra pessoa ouve de nós uma exigência, ela vê duas opções; submeter-se ou rebelar-se em ambos os casos, a pessoa que faz o pedido é percebida como coercitiva, e a capacidade do ouvinte de responder compassivamente ao pedido é diminuída.
Quanto mais tivermos culpado, punido ou acusado os outros quando não atenderem a nossas solicitações no passado, maior será a probabilidade de que nossos pedidos sejam agora entendidos como exigência. Quanto mais as pessoas que fazem parte de nossa vida tiverem sido acusadas, punidas ou forçadas a sentirem-se culpadas por não fazerem o que os outros pediram, mais provavelmente elas levarão essa bagagem a todo relacionamento posterior e ouvirão em cada solicitação uma exigência. mas a maneira mais poderosa de comunicar que estamos fazendo um genuíno pedido é oferecer nossa empatia às pessoas quando elas não atendem ao nosso pedido, demonstramos que estamos pedindo, e não exigindo, pela maneira que reagimos quando os outros não nos atendem.
DEFININDO NOSSO OBJETIVO AO FAZER PEDIDOS
O objetivo da comunicação não violenta é estabelecer um relacionamento baseado na sinceridade e na empatia, o objetivo da comunicação não violenta não é mudar as pessoas e seu comportamento para conseguir o que queremos, mas, sim, estabelecer relacionamentos baseados em honestidade e empatia, que acabarão atendendo as necessidade de todos nós.
RECEBER COM EMPATIA
Vemos na empatia a compreensão respeitosa do que os outros estão vivenciando, em vez de ofereceremos empatia, muitas vezes sentimos uma forte urgência de dar conselhos ou encorajamento e de explicar nossa própria posição ou nossos sentimentos, então podemos desejar repetir que ouvimos, parafraseando o que compreendemos, permanecemos assim em empatia, permitindo que os outros tenham ampla oportunidade de se expressar antes de começar a propor soluções ou pedir por amparo. Precisamos sentir empatia para dar empatia, quando percebemos que estamos sendo defensivos ou incapazes de oferecer empatia.
O PODER DA EMPATIA
Nossa capacidade de oferecer empatia pode nos permitir continuar vulneráveis, desarmar situações de violência em potencial, ajudar a ouvir a palavra não sem tomá-la como rejeição, reviver uma conversa sem vida e até a escutar os sentimentos e necessidades expressos através do silêncio. Repetidas vezes, as pessoas transcendem os efeitos paralisantes da dor psicológica, quando elas têm suficiente contato com alguém que as possa escutar.
CONECTANDO-NOS COMPASSIVAMENTE COM NÓS MESMOS
Nós usamos a comunicação não violenta para nos avaliarmos de maneira que promova crescimento, em vez de ódio por nós mesmos, vergonha é uma forma de ódio por si próprio, e as atitudes tomadas em reação à vergonha não são livres e cheias de alegria, mesmo que nossa intenção seja a de nos comportarmos com mais gentileza e sensibilidade, se as pessoas sentirem a vergonha ou a culpa por trás de nossas ações será menos provável que elas apreciem o que fazemos do que se formos motivados puramente pelo desejo humano de contribuir para a vida, em nosso vocabulário, há uma palavra com enorme poder de criar vergonha e culpa. “ É o verbo dever usado em frases como “Eu deveria saber” ou” Eu deveria ter feito aquilo”. Na maioria das vezes em que usamos esse verbo com nós mesmos, resistimos ao aprendizado, porque “dever” implica que não há escolha. Os seres humanos, ao ouvirem qualquer tipo de exigência, tendem a resistir, porque, ela ameaça nossa autonomia, nossa forte necessidade de termos escolhas. Nós não fomos feitos para sucumbir às ordens do “dever” e do “tenho de”, venham elas de fora ou de dentro de nós mesmos. E, se viermos a ceder e nos submeter a essas ordens, nossas ações se originarão de uma energia destituída da alegria de viver.Uma premissa básica da comunicação não violenta é que ao julgarmos que alguém está errado ou agindo mal, o que estamos realmente dizendo é que essa pessoa não está em harmonia com nossas necessidades. Se por acaso julgamos a nós mesmos, o que estamos dizendo é: “Eu mesmo não estou agindo em harmonia com minhas próprias necessidades”. Então, quando estamos fazendo algo pouco enriquecedor, nosso desafio é o de nos auto-avaliarmos a cada momento de forma tal que leve a uma mudança, na direção em que gostaríamos de ir, por respeito e compaixão para com nós mesmos, em vez de por ódio, culpa ou vergonha. Entretanto, do mesmo modo que aprendemos a traduzir julgamentos quando conversarmos com os outros, podemos nos treinar para reconhecer quando nosso diálogo interno é baseado em julgamentos e mudar o foco da atenção para nossas necessidades, pode haver várias camadas delas, percebemos uma notável mudança em nosso corpo, em vez de vergonha, culpa ou depressão que provavelmente sentimos quando nos criticamos por termos “estragado tudo de novo”, teremos um número variado de sentimentos. Seja tristeza, frustração, decepção, medo, angústia ou qualquer outro sentimento, a natureza nos dotou deles com uma finalidade: eles nos mobilizam para agir, perseguimos e realizando o que precisamos ou valorizamos. Na Comunicação não violenta de luto ajuda-nos a entrar em conexão plena com as necessidades insatisfeitas e com os sentimentos que são gerados quando fomos menos que perfeitos. É uma experiência de arrependimento, mas um tipo de arrependimento que nos ajuda a aprender com o que fizemos, sem nos culparmos ou nos odiarmos. Vemos como nosso comportamento foi contrário às nossas próprias necessidades e valores, e nos abrimos a sentimentos que se originam dessa consciência.
Ao escutamos a nós mesmos com empatia, ouvimos também as necessidades subjacentes. O perdão a nós mesmos ocorre no momento em que essa conexão empática acontece. Somos então capazes de reconhecer que nossa escolha foi uma tentativa de servir à vida, mesmo que o processo de luto tenha nos mostrado como ela falhou em atender a nossas necessidades. Um dos aspecto importante da auto compaixão é sermos capazes de ter empatia por ambas às partes de nós mesmos, a parte que se arrepende de uma ação passada e a parte que executou aquela ação. Os processos de luto e perdão a nós mesmos nos libertam no sentido do aprendizado e do crescimento.
A aplicação mais crucial da comunicação não violenta pode ser em como tratamos a nós mesmos, quando cometemos erros, podemos utilizar os processos de luto e perdão da comunicação não violenta para nos mostrar onde podemos crescer, em vez de nos enredarmos em julgamentos moralizadores sobre nós mesmos, ao avaliarmos nosso comportamento em termos de nossas próprias necessidades não-atendidas, o ímpeto pela mudança surge não da vergonha, culpa raiva ou depressão, ao escolhermos conscientemente em nossa vida diária agir apenas a serviço de nossas próprias necessidades e valores, em vez de por obrigação, por recompensas extrínsecas, ou para evitar a culpa, a vergonha ou a punição, se revisarmos as ações sem alegria às quais costumamos nos sujeitar e substituirmos “tenho de fazer” por “escolho fazer”.
EXPRESSANDO A RAIVA PLENAMENTE
A raiva nos dá uma oportunidade única de mergulharmos mais profundamente na comunicação não violenta, devido ao fato de expor muitos aspectos desse processo a um exame minucioso, a expressão da raiva claramente demonstra a diferença entre a comunicação não violenta e outras formas de comunicação, o processo que estamos descrevendo não nos encoraja a ignorar sufocar ou engolir a raiva. O primeiro passo para expressarmos completamente a raiva na comunicação não violenta é dissociar a outra pessoa de qualquer responsabilidade por nossa raiva. Livramo-nos de pensamentos como “essa pessoa me deixou com raiva quando fez aquilo”. Quando a culpa é uma tática de manipulação e coerção, é útil confundir estímulo e causa.
Assim, a raiva pode ser valiosa se a utilizarmos um despertador para nos acordar, para percebermos que temos uma necessidade que não está sendo atendida, e que estamos pensando de maneira tal que torna improvável que ela tenha a ser atendida. Para expressarmos plenamente a raiva, precisamos ter plena consciência dessa nossa necessidade. Além disso, é preciso ter energia para fazer que essa necessidade seja atendida. A raiva, porém, nos rouba energia ao direcioná-la para punir as pessoas, em vez de atender a nossas necessidades, culpar e punir os outros são expressões superficiais de raiva, fazemos brilhar a luz da consciência sobre nossos próprios sentimentos e necessidades, ao expressarmos nossas necessidades, é bem mais provável que elas sejam atendidas do que se julgarmos os outros.
Os quatro passos para expressar a raiva são: para e respirar; identificar nossos pensamentos que indicam julgamentos; conectar-nos com nossas necessidades; expressar nossos sentimentos e necessidades não – atendidas.
O USO DA FORÇA PARA PROTEGER
Sempre que, duas ou mais partes em uma disputa, tiveram cada uma à oportunidade de expressar plenamente o que estão observando, sentindo, precisando e pedindo, e quando cada uma entrou em empatia com a outra, geralmente se pode chegar a uma solução que atenda às necessidades de ambos os lados, os dois lados podem concordar de boa vontade em discordar. Em algumas situações, porém, a oportunidade para um diálogo desses pode não existir, e o uso da força pode ser necessário para proteger a vida ou os direitos individuais. Por exemplo, a outra parte pode não estar disposta a se comunicar, ou algum perigo iminente pode não dar tempo para que essa comunicação se faça, a intenção por trás do uso protetor da força é evitar danos ou injustiças, a intenção por trás do uso punitivo da força é fazer que as pessoas sofram por seus atos percebidos como inadequados, quando praticamos o uso protetor da força, estamos nos concentrando na vida ou nos direitos que desejamos proteger, sem julgarmos nem a pessoa, nem o comportamento, com relação a criança, não culpamos, queremos protege lãs.
O uso da força como proteção é apenas, como o nome indica, proteger, não é punir, culpar ou condenar, o uso protetor da força é que algumas pessoas se comportam de maneira prejudicial a si mesma e aos outros, devido a algum tipo de ignorância. Então o processo corretivo é voltado para educar, não para punir.
(1) uma falta de consciência das conseqüências de nossas ações;
(2) uma incapacidade de perceber como nossas necessidades podem ser atendidas sem prejudicar os outros;
(3) a crença de que temos o “direito” de punir ou ferir os outros porque eles “merecem”;
(4) pensamento delirantes que envolvem, por exemplo, ouvir uma “voz” que nos instrui a matar alguém.
As ações punitivas por outro lado, baseiam-se na premissa de as pessoas fazem coisas ruins porque são más, e de que para corrigir a situação, é preciso fazer que elas se arrependam. (1) sofrerem o bastante para perceberem quanto suas ações são erradas; (2) arrependerem-se; (3) mudarem. Na prática, porém, é mais provável que em vez de gerarem arrependimento e aprendizado, ações punitivas produzam ressentimento e honestidade, o medo do castigo corporal obscurece nas crianças a consciência da compaixão subjacente às exigências dos pais, as punições também incluem colocar rótulos que expressam julgamentos e retirar privilégios.
LIBERTANDO-NOS E ACONSELHANDO OS OUTROS
Nós aprendemos coisas que nos limitam como seres humanos, seja de pais bem-intencionados, de professores, de religiosos ou de outras pessoas, passando adiante através de nossas gerações.
A comunicação não violenta melhora a comunicação interior, ao nos ajudar a traduzir mensagens internas negativas em sentimentos e necessidades, podemos então reconhecer o elemento de escolha em todas as nossas ações, ao mostrar como nos concentramos naquilo que realmente desejamos, em vez de naquilo que há de errado com os outros ou com nós mesmos, a comunicação não violenta nos dá as ferramentas e a compreensão de que precisamos para criar um estado mental mais pacífico.
EXPRESSANDO APRECIAÇÃO NA COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA
Na apreciação como forma de celebrar, e não de manipular, agradecer na comunicação não violenta: “Isso é o que fez; isso é o que sinto; essa é minha necessidade que foi atendida”, cumprimentos convencionais freqüentemente tomam a forma de julgamento, ainda que positivos, e às vezes são feitos com a intenção de manipular o comportamento dos outros.Colocamos: a ação que contribui para nosso bem-estar; a necessidade específica que foi atendida; e o sentimento de prazer que foi gerado em conseqüência deste, ao recebermos elogios expressos dessa maneira, podemos aceitá-los sem nenhum sentimento de superioridade ou falsa humildade.
Estudante
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: SOUZA, Roberto Alexandre de. Comunicação Não Violenta Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 24 maio 2010, 08:46. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/19918/comunicacao-nao-violenta. Acesso em: 23 dez 2024.
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