RESUMO: Este trabalho apresenta uma visão acerca da sustentabilidade, bem como a relação das gerações futuras no processo de desenvolvimento aliada a conscientização da população em prol de um meio ambiente preservado. Foi abordado através de uma concepção acerca da sustentabilidade como forma de preservação do meio ambiente, remetendo a visão holística do ser humano inserido em seu contexto, buscando satisfazer às suas necessidades sem o comprometimento das gerações futuras, no que diz respeito à qualidade de vida ambiental. Foi utilizada a metodologia explicativa, pois enfocou conceitos, análise e exemplos de outros autores procurando obter o caráter de objetividade e riqueza de dados. O presente artigo tem como objetivo promover o surgimento e desenvolvimento de uma abordagem compreensiva acerca da sustentabilidade, bem como a influência das relações de consumo neste contexto.
PALAVRAS CHAVE: Sustentabilidade, consumo, homem, meio ambiente, futuro.
1 INTRODUÇÃO
A sustentabilidade tem como fundamento a utilização dos recursos naturais para satisfazer as necessidades presentes de forma a não comprometer a satisfação das necessidades das futuras gerações. Mediante essa concepção busca-se por uma visão holística, visualizando o homem como produto do meio e inerente a ele, tentando-se adequar o comportamento baseado em ações de degradação ambiental e poluição, voltado sobretudo para atender as relações de consumo, para então, um comportamento direcionado à ações de preservação e, principalmente sensibilização acerca da importância do meio ambiente saudável e compatível com as suas auto necessidades e também, das gerações futuras a partir de ações norteadas pela ética.
2 O IMPACTO DO CONSUMO NA EFETIVAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE
Atualmente as relações encontram-se mediadas pelo consumo, pela diversidade de formas de oferecer um produto a ser contemplado, independente de qual seja este produto, seja nas relações pessoais, profissionais, possibilitando sempre a negociação através da demonstração de interesse a partir de uma “propaganda” como uma necessidade básica para obtenção de êxito.
O consumo está pautado na idéia de aparente satisfação de necessidades do ser humano, de certa forma sendo justificadas para suprir essas aparentes necessidades como respostas às frustrações e carências humanas tornando o consumo algo natural quando aplicado às pessoas. Em decorrência desta “satisfação de necessidades”, o homem abdica dos seus valores e conceitos acerca do que é realmente importante, degradando tudo o que existe ao seu redor, inclusive o meio ambiente com uma cultura predatória e destrutiva enfocando-se o capitalismo e, sobretudo o lucro das sociedades industriais. Devido a isto, atualmente preza-se pelo desenvolvimento sustentável como uma forma de obter lucro, porém, com uma visão mais direcionada à necessidade de preservação ambiental.
De acordo com ZILIOTTO (p. 57), o processo de tomada de consciência do ser humano é diferenciado segundo os lugares, as classes sociais ou situações profissionais e os indivíduos, todavia, essa conscientização deve englobar a coletividade e não ser uma extensão da defesa dos próprios interesses.
O consumo faz parte do cotidiano das pessoas e da forma como estas são vistas pelo mundo, o que muitas vezes por ser identificado de maneira totalmente indispensável torna o ser humano um escravo do mercado de consumo perdendo-se em sua própria identidade e, segundo HALL (2000, p. 38-39):
... a identidade é realmente algo formado ao longo do tempo, através de processos inconscientes, e não algo inato [...] existe sempre algo “imaginário” ou fantasiado sobre sua unidade. Ela permanece sempre incompleta, está sempre “em processo”, sempre “sendo formada”, [...] assim, em vez de falar da identidade como uma coisa acabada, deveríamos falar de identificação, e vê-la como um processo em andamento. A identidade surge não tanto da plenitude da identidade que está dentro de nós, mas de uma falta de inteireza que é “preenchida” a partir de nosso exterior, pelas formas através das quais nos imaginamos ser vistos por outros.
Segundo BOFF (2005), a ética surge como prioridade na relação pautada do equilíbrio entre o ser humano e o meio ambiente, possibilitando a sensibilização em favor de uma ética ambiental. A ética, por sua vez, deve ser caracterizada como socioambiental, pois o ambiente é marcado pelo social e o social pelo ambiental (p. 34 – 35).
BOFF (2005) ressalta ainda a injustiça ambiental como a violência contra o meio ambiente, contra o ar, contra a camada de ozônio, contra as águas, afetando a vida humana direta e brutalmente, englobando o planeta, impondo-se para uma mudança a justiça social aliada a justiça ambiental.
Para que haja o equilíbrio entre os anseios do homem e a preservação do meio ambiente, deve-se abdicar do naturalismo e antropocentrismo, desvirtuando-se da idéia de que a natureza é imutável, intocável e sagrada, bem como o homem, na falsa idéia de criador, pode modificá-la de acordo com as suas vontades, não visualizando-se como inerente à ela.
ELY (1992) enfoca que não pode haver desenvolvimento se este não for sustentado, auto-sustentado e integrado. Percebe-se isso a partir da freqüente melhora e manutenção do bem-estar das gerações do presente, desdobrando-se para as futuras, em uma integração harmônica entre sistemas político, social e natural, refletindo na qualidade ambiental para o pleno desenvolvimento integral do ser humano, seja do ponto de vista biológico, social e psíquico.
O desenvolvimento, então, é entendido a partir de uma visão holística, integrada e sistêmica (ELY, 1992), que possibilita ao observador posicionar-se em ângulos de visão diferente, e até opostos para aumentar a qualidade de seu trabalho e demonstrar imparcialidade.
Para isto, ressalta-se a necessidade de maior sensibilização do ser humano no sentido de não transpor os seus ideais de consumo sobre a preservação do meio ambiente, devendo aliar-se a uma proposta de satisfação das necessidades compatível com a exploração ambiental de forma organizada não trazendo prejuízos a qualquer das partes, sobretudo ao ambiente, o que enfatiza a idéia de sustentabilidade.
Segundo MILARÉ (2007), a ética da vida é condicionadora da Ética do Meio Ambiente, constituindo um dos seus mais expressivos aspectos, considerando-se para isto o valor intrínseco do mundo natural e dos excessos de antropocentrismo. Prevalecendo-se a inquestionável sabedoria que o mundo natural antecede o homem, por mais antiga que seja a origem da espécie humana sobre a Terra, cabendo a espécie humana o importante papel de conservá-lo e desenvolvê-lo da melhor forma possível para si e para as futuras gerações.
O ser humano, muitas vezes, é entendido como um ser a parte do meio ambiente, não colocando-se em seu contexto e, por isso, tendo uma visão limitada do processo de preservação. Vive um crescente conflito verificado pelos conceitos formados de ambiente, sustentabilidade, dentre outros e, à medida que ele se aproxima da idéia de fazer parte deste meio, ele também inicia uma busca para a sua conservação utilizando-se de forma que supram à suas necessidades, mas que também não agridam o meio.
E, é a partir desta idéia que emerge o conflito do consumo com a sustentabilidade, uma vez que, se o homem não tiver a conscientização dos problemas que podem causar às gerações futuras mediante o crescimento desordenado e ilimitado do meio, este poderá ter uma visão individualista e egoísta acerca do que é tido como necessário à sua sobrevivência, consumindo exacerbadamente e perdendo a noção e distinção do que realmente precisa. A sustentabilidade surge para que sejam atendidas as necessidades do homem, todavia, com um limite, proporcionando um ambiente sadio e preservado.
3 CONCLUSÃO
A sustentabilidade surgiu com o intuito de utilizar-se do que existe no meio ambiente, não agredindo-o e, sim preservando-o para que futuramente as gerações possam também utilizá-lo de forma positiva, por isso foi difundida muita rapidamente, tendo como parâmetro uma melhor qualidade de vida tornando-se uma unanimidade global.
O consumo, de certa forma, escraviza o homem, tornando-o submisso a determinados padrões de comportamento previamente estabelecidos pela sociedade, mas que na maioria das vezes não condiz com os valores morais a que deveriam estar ligados. Esses padrões comportamentais são, na maioria das vezes, formas de atender às necessidades, que nem sempre são realmente caracterizadas como necessidades e, sim maneiras de alcançar os desejos. A adoção de medidas de sustentabilidade possibilita a médio e longo prazo um planeta em condições favoráveis para o desenvolvimento das diversas formas de vida, inclusive a humana. Os recursos naturais, como florestas, matas, oceanos necessários para as próximas gerações são preservados, garantindo uma boa qualidade de vida para as gerações futuras.
A idéia de progresso, desenvolvimento e prosperidade passa a estar atrelada à conscientização sobre preservação, utilizando-se de conceitos básicos como os de ética, dignidade, responsabilidade e compromisso com o meio ambiente, buscando-se tornar o atendimento das necessidades vinculado ao desenvolvimento sustentável.
REFERÊNCIAS
BOFF, Leonardo. Ética da Vida. Rio de Janeiro: Sextante, 2005.
ELY, Aloísio. Desenvolvimento sustentado e meio ambiente. Porto Alegre: FEPLAN, 1992. 257p.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente: doutrina, jurisprudência, glossário/ Édis Milaré. Prefácio à 5. Ed. Ada Pellegrini Grinover. 5. Ed. ref., atual. E ampl. – São Paulo: editora Revista dos Tribunais, 2007, p. 132.
ZILIOTTO, Denise Macedo. O Consumidor: objeto da cultura. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003, p. 39 - 65.
Acadêmica do Curso de Direito da Faculdade AGES
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: GARCIA, Milene Lima. A sustentabilidade como fonte norteadora das gerações futuras Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 23 ago 2012, 08:40. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/30360/a-sustentabilidade-como-fonte-norteadora-das-geracoes-futuras. Acesso em: 23 dez 2024.
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