RESUMO: Este artigo busca compreender os efeitos benéficos que se enquadram a contextualização por meio da aplicabilidade prática do ensino de Literatura, e seus aspectos formais e contextuais para o exercício da docência em Língua Portuguesa. Sendo empregado para este estudo, a leitura do livro “O Pequeno Príncipe”, a fim de relacionar brevemente a saga do menino à narrativa inebriante que faz no decorrer da história analisar o eu, criança presente no narrador onipresente. O livro escrito em prosa, com ar poético, traz a tona os reais sentidos que os profissionais de Letras estão levando para sala de aula, visto que, muitos pensam não necessitar do lúdico como embasamento para suas aulas, pois segundo alguns, seus discentes já se encontram em faixa etária elevada não mais querendo “brincar”.
Palavras-Chaves: O Pequeno Príncipe, ensino de Língua Portuguesa, contextualização X ludicidade.
1. INTRODUÇÃO
A escola como ambiente de convívio sócio educacional, sofreu grandes transformações perante o processo de contextualização em termos da inserção de obras literárias na prática educativa. Esse fenômeno possibilita fatores positivos quanto como foco principal das aulas, principalmente, as de Língua Portuguesa.
É papel da escola motivar os discentes à construção do conhecimento cujo elemento primordial encontra-se embasado na promoção da inteligência a qual, o uso de obras literárias, como é o caso do livro “O Pequeno Príncipe”, tal obra deve ser atraente para os discentes, tendo pois, os professores o dever de utilizar a literatura em prol do processo educativo. Moran, corrobora com esse pensamento ao afirmar:
Na missão de promover a inteligência geral dos indivíduos, a educação do futuro deve, ao mesmo tempo, utilizar os conhecimentos existentes, superar as antinomias decorrentes do progresso nos conhecimentos especializados e identificar a falsa racionalidade. (2010, p. 47)
O uso das obras literárias nas aulas de português não levam em consideração tão somente o uso gramatical dos textos poéticos, ele possibilita ainda uma análise do contexto social e econômico. Estes aspectos dão sentido, caso o professor tenha consciência da importância do uso da literatura, como objeto pedagógico.
2. UMA BREVE ANÁLISE DA OBRA O PEQUENO PRÍNCIPE, SOB O ENFOQUE DA LITERATURA COMO ASPECTO PEDAGÓGICO.
O livro “O Pequeno Príncipe” narra poeticamente a saga de um menino advindo de uma terra distante, o qual encontra um homem perdido no deserto do Saara, após a queda de um avião. A pequena criança, de aparência incomum, pede para o homem desenhar-lhe um carneiro. O narrador que faz onipresente, conta na verdade a própria história do autor.
O belo que compreende tal obra, se faz pelo fato do pequeno príncipe corresponder a criança interior, cuja solidão traz a tona a ingenuidade, e refletir sobre os valores éticos e morais, bem como o da amizade. Embasado num ar simples e puro, refletido pelas ilustrações presentes na obra, característico da ludicidade em prol da formação infantil.
Desse modo, o contexto e os caracteres próprios da obra, tomam força e ganha discussão em sala de aula, abrangendo as especificidades contidas na obra, não como uma mera leitura, mas como um instrumento capaz de (re)significar a prática docente, visto que, muitos ainda empregam a literatura como um elemento a quem do ensino de língua.
Assim, o ensino da literatura é fundamental para que o educando compreenda a língua como um sistema organizado, desenvolvido para articular o processo de fala e escrita, sendo possível por meio do processo de se manter inteirado da referida obra. Fica claro, que os discursos empregados nos diversos âmbitos literários são articulados a partir de diferentes aspectos. Para Rildo Cosson, “[...] a multiplicidade dos textos, a onipresença das imagens, a variedade das manifestações culturais, entre tantas outras características da sociedade contemporânea, são alguns dos argumentos que levam à recusa de um lugar à literatura na escola atual”. (2007, p. 20).
Assim, a obra literária é um recurso a ser empregado nas aulas de Língua Portuguesa, por caracterizar-se como uma estratégia do contexto em vincular uma dada informação, sendo pois, geradora de discursos, como afirma o grupo de docentes da ULBRA, no livro Metodologia de Ensino de Literatura, “a exploração das potencialidades de diálogo que os textos permitem entre si, de modo a promover o interesse do leitor é a consequente compreensão do mundo em que se vive” (2009, p. 18).
Cabe ressaltar, que a literatura é veiculo de intertextualidade, pois a partir de uma obra, torna-se possível caminhar por todas as áreas do conhecimento, desse modo o professor compreende o facilitador dessa aprendizagem, como afirma,
O professor de Literatura deve estar consciente desse sentido intertextual, que faz parte de sua aula sempre. Nem sempre, o individuo (ou o aluno) tem consciência da intertextualidade presente na literatura. Os conhecimentos vêm com as leituras. O professor pode, e deve, sempre que lhe for possível, mostrar ao aluno, durante a leitura, os aspectos intertextuais como objeto de estudo. (ULBRA, 2009, p. 33)
A intertextualidade não se realiza sozinha, é preciso que o contexto seja um elemento constante nas produções. Isso porque, os aspectos externos ao texto correspondem, como já fora dito anteriormente, à vivência. Dessa forma, os estudantes são capazes de analisar seu cotidiano e buscar artifícios de representação crítica do mesmo.
Assim, o professor de Língua Portuguesa/ Literatura, possui a responsabilidade de dispor recursos tecnológicos a fim da condução ideal de aula, buscando estes elementos junto à escola que leciona. Em contrapartida, caso haja negatividade quanto à aquisição e disponibilidade de tais recursos torna-se imprescindível que o docente aplique os diferentes artifícios que possui como “plano B”, compreendendo ao uso de materiais mais simples, como cartazes, produções livres (orais e/ou escritas).
Um ponto importante na execução das aulas de Literatura faz-se pela necessidade da pesquisa, ou seja, os discentes devem ser capazes de ir além do proposto em sala.
A literatura é uma área extremamente rica, pois, como prática social que é, traz em seus textos todo um conjunto de crenças, valores, anseios costumes e história de uma dada sociedade. Pesquisar literatura significa buscar entender a sociedade em que ela foi produzida. (ULBRA, 2009, p. 53)
Desse modo, a pesquisa gerada pela literatura infere muitos aspectos ligados à apreensão cognitiva, o que diverge daqueles propriamente executados em aula. É fundamental a existência de uma metodologia propicie aos discentes alternativas de busca coerentes com sua realidade, a exemplo disso, as noticias vinculadas a aplicabilidade das noticias divulgadas nos diversos formatos midiáticos.
O ensino de Literatura não pressupõe um momento separado das aulas de gramática e produção textual, deve-se compreender que ela significa um aliado ao processo de aprendizagem. Por meio do literário, percebido em diversos gêneros textuais e em diversos formatos, entende-se que os aspectos que interligam a comunicação da literatura são concomitantes, isso porque, a inferência dos textos deve possuir relação com os conteúdos a serem ministrados nas aulas de Língua Portuguesa. O processo de leitura corresponde a um momento significativo para o aluno, pois, “[...] ler depende mais do leitor do que do texto. É o leitor que elabora e testa hipóteses sobre o que está no texto. É ele que cria estratégias para dizer o texto com base naquilo que já sabe sobre o texto e o mundo”. (COSSON, 2007, p. 39)
Dessa forma, o processo de leitura e escrita tem um desenvolvimento maior perante a aplicação da literatura, pois, cabe ao professor selecionar “os textos e facilita sua compreensão, o de provedor de conhecimentos de teoria literária, tais como: periodização, de nomes e características de obras e períodos literários, de autores, textos e características pessoais do autor.” (ULBRA, 2009, 102)
Por fim, o ensino de Língua Portuguesa, deve estar embasado nos aspectos socioculturais os quais os discentes estão inseridos com a finalidade de compreensão do mundo extralinguístico e seu emprego em sala de aula, que é desenvolvido primordialmente, através da contextualização de obras literárias atuais ou não, mas que possibilitem a construção do conhecimento gramatical, e socioeducacional dos alunos.
3. O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NO TOCANTE DA OBRA O PEQUENO PRÍNCIPE.
O uso da linguagem literária no ensino de Língua Portuguesa permitiu uma nova alternativa de leitura, seja esta, uma demanda diferente daquelas práticas defasadas de leitura, as quais não chamam atenção do discente, fortalecendo a aversão para com o ensino de Língua Portuguesa.
Segundo Suassuna (1995), é fundamental que a metodologia aplicada em sala de aula estabeleça relações com o mundo exterior por meio de variadas leituras. Assim sua aplicação em sala de aula permite a ocorrência de um espaço de amplas possibilidades de leitura, seja por meio, de uma poesia, musica, contos, dentre outros tantos elementos que compreendem esta gama de atividades lúdicas a serem empregadas na educação.
No campo da escrita, a literatura possibilitara melhorias quanto o processo de escrever, bem como, no ato de se comunicar.
Os professores de Língua Portuguesa não podem eliminar o uso da gramática tradicional e adotar outro tipo, mas sim rever o ensino gramatical em suas aulas, pois que tem se resumido ao ensino de nomenclaturas, regras. Assim,
Um espaço de relações pedagógicas, onde todos podem reconstituir o próprio conhecimento, buscar novas informações, sintetizar, criticar, fazer transposições, tirar conclusões e, dessa forma, dar o salto qualitativo para novos parâmetros, conceitos e reinterpretações da realidade. (PIMENTA, 2012, p. 158)
Nesse sentido, faz-se necessário que os educadores refletirem sobre a metodologia adotada nas aulas destinadas à língua e não considerar a gramática como algo acabado e como uma verdade absoluta, assim como compreender o papel da escola no ensino da língua nacional. Para Antunes (2003), as aulas baseadas numa gramática inflexível não leva em consideração o que é real ao educando, apenas o que está expresso nos muitos compêndios de gramática. O ensino de gramática ainda é expresso pela transmissão de conceitos e regras, utilizando para a compreensão exemplos desconexos da necessidade da aprendizagem, bem como a pratica de exercícios de fixação que servem tão somente, entre as paredes da escola, ao chegarem em casa não servem para mais nada. Então, o uso das tecnologias pode ser utilizado como um método com a finalidade de auxiliar o ensino de Língua Portuguesa.
Nesse caso, o ensino de gramática deve ter a contextualização como marca da aprendizagem. Suassuna cita Bechara (1995), quando afirma a necessidade que o professor de português tem de relacionar os fatos extralinguísticos nas práticas de ensino. Esse fator traz às aulas de Língua Portuguesa a visualização da realidade do educando na prática linguística.
A escola precisa garantir condições para que o aluno atinja os usos sociais da língua, em sua forma diária, a fim de que seja possível vislumbrar a existência dos diferentes contextos no campo da linguagem. Isso pode ser visto nos PCN´s na seguinte afirmativa:
Ao longo dos oito anos do ensino fundamental espera-se que os alunos adquiram progressivamente uma competência em relação a linguagem que lhes permite resolver problemas da vida cotidiana, ter acesso aos bens culturais e alcançar a participação plena no mundo letrado. (2000, p. 41)
Torna-se evidente, contudo, a necessidade de apropriação de artifícios que contemplem a aprendizagem, vistos do âmbito contextual. A aplicação das tecnologias serve como artificio contextual nas aulas de gramática normativa, além de literatura, pois presume um instrumento significativo e atrativo para o discente no momento de sua aprendizagem.
O ensino de Língua Portuguesa vem ganhando foco primordial após muitos educadores e linguísticas afirmarem veementemente, quão fundamental se faz a contextualização ao usufruto do ensino de gramática.
As aulas de português necessitam de espaços para a produção da fala, escrita, leitura e, principalmente, produção de textos, já que atividade linguística é movimento artístico e social. Sendo assim, o texto deve ser um instrumento de estudo, porque o uso da língua acontece através das diferentes tipologias textuais.
É preciso estar atento para a importância do ensino da gramática na escola, ele deve corresponder a um veículo de reflexão sobre a linguagem dos indivíduos. Esse fenômeno torna-se possível por meio dos usos contextuais da língua expressos por meio dos recursos literários.
É responsabilidade do professor o emprego gramatical dentro da literatura e assim, os alunos poderão despertar do transe que vivem, de que gramática é chata, e não se utiliza em nada. Cabendo ao professor, desse modo, o papel do mostrar sua funcionalidade no dia a dia do aluno.
A aplicação das diversas obras literárias possibilita ao discente uma visão maior do universo e, consequentemente, do uso da gramática. Perini afirma que,
é necessário mensurar as diferentes concepções de aula, a partir dos campos do saberes, como as áreas de exatas e humanas, neste ele demonstra a diferença do ensino de Língua Portuguesa para a Geografia por exemplo. A metodologia que os docentes aplicam para o português é embasada na decoreba, ou afirmações efêmeras da norma padrão. (2003, p. 56)
Esse fator é evidenciado a partir do momento em que, o professor de língua materna tenta introduzir, meio que a força, o conhecimento gramatical, mesmo que o discente tenha compreensão que habitualmente ele é expresso no processo de linguagem e comunicação. É preciso que ele compreenda que o discente aprende por meio da realidade, que segundo Kosik quando citado por Pimenta (2012, p. 36), afirma que “a realidade social é construída socialmente”.
Nesse sentido, o papel do profissional é compreender a inquietude do aluno e viabilizar uma forma pela qual o discente compreenda as nomenclaturas que os gramáticos propõem para a norma padrão, e mostrar que a percepção dele é coerente, mas que, faz-se preciso o conhecimento de tal “regra”.
4. CONCLUSÃO
Desse modo, fica claro, a abrangência que uma obra literária possui no tocante do ensino de Língua Portuguesa e Literatura.
Haja vista, que o processo de educação, principalmente, as aulas de português devem estar atreladas a elementos capazes de contribuir para a obtenção do conhecimento, compreendendo os efeitos pecaminosos que este já passou e que deveras costuma embasar algumas pesquisas, pois muitos docentes, seja pela formação, tempo de serviço ou comodismo, não aplicam aulas que sejam transformadoras do conhecimento.
Sendo assim, obras como O Pequeno Príncipe, devem sugerir uma ressignificação no ambiente escolar de sala de aula, em prol de algo maior, que seu próprio bem estar, a valorização da educação presente em momentos lúdicos contextualizados com a literatura.
5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais Língua Portuguesa. Secretaria da Educação Fundamental -3 ed. – Brasília: 2001.
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2007.
Metodologia de Ensino da Literatura / [organizado pela] Universidade Luterana do Brasil – Ulbra. – Curitiba: Ibpex, 2009.
MORAN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez: Brasília, DF: Unesco, 2011.
PERINI, Mário A. Sofrendo a Gramática. São Paulo: Ática Editora, 2003.
PIMENTA, Selma Garrido. Estágio e Docência. São Paulo: Cortez, 2012.
SUASSUNA, Lívia. Ensino de língua portuguesa: uma abordagem paradigmática. Campinas, SP: Papirus, 1995.
Acadêmica da Faculdade Ages, do curso de Letras.
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: COSTA, Shirlei Maria da Silva. O ensino de Língua Portuguesa e Literatura no tocante da poética literária, sob a pequena análise de "O Pequeno Príncipe" Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 12 jun 2015, 04:15. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/44580/o-ensino-de-lingua-portuguesa-e-literatura-no-tocante-da-poetica-literaria-sob-a-pequena-analise-de-quot-o-pequeno-principe-quot. Acesso em: 23 dez 2024.
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