Resumo: O homem é capaz de pensar, então há uma necessidade de comunicar, de expressar, e como a escrita é o meio utilizado, pelo homem, para expressar seus pensamentos e sentimentos, vem a necessidade de estudar e compreender a arte de redigir. Redigir é uma ação importante para a comunicação, e no caso da redação oficial, pela necessidade de se fazer uma comunicação clara, objetiva e eficaz. O servidor público tem uma obrigação do redigir bem, em respeito ao princípio da eficiência. Em geral, as pessoas têm grande dificuldade em redigir, mas neste Artigo há de se concluir que redigir é hábito, e que é possível redigir, pois não é uma questão de vocabulário rebuscado, mas sim vocabulário que transmita com clareza o que realmente deseja exprimir. Será abordado sobre as principais dúvidas que surgem na hora de redigir uma correspondência oficial, tais como, pronomes de tratamento, vocativo, signatário, entre outras. Através de uma Pesquisa Bibliográfica, será exposta as informações mais importantes acerca da redação, de modo a propiciar os conhecimentos necessários ao aprendizado não somente da teoria da redação, como da sua aplicação, do seu aperfeiçoamento, como meio de incentivo à criatividade intelectual.
Palavras-chave: redação, clareza, objetividade.
Abstract: Man is able to think, so there is a need to communicate, to express, and as writing is the means used by man to express his thoughts and feelings, there is the need to study and understand the art of writing. Writing is an important action for communication, and in the case of official writing, due to the need to make a clear, objective and effective communication. The public servant has an obligation to write well, respecting the principle of efficiency. In general, people have great difficulty in writing, but in this Article it must be concluded that writing is a habit, and that it is possible to write, as it is not a matter of elaborate vocabulary, but vocabulary that clearly conveys what you really want to express . It will be addressed the main doubts that arise when writing an official correspondence, such as, and pronouns of treatment, vocative, signatory, among others. Through a Bibliographic Research, the most important information about writing will be exposed, in order to provide the necessary knowledge to learn not only the theory of writing, but also its application, its improvement, as a means of encouraging intellectual creativity.
Keywords: writing, clarity, objectivity.
Sumário: Introdução 1 Redação e seus pressupostos. 1.1 A importância de redigir. 1.2 Dificuldades encontradas no ato de redigir. 1.3 Possibilidade de prática em redação. 2 Redação oficial. Conclusão. Referências.
INTRODUÇÃO
A necessidade de conhecer melhor a língua materna e ter um certo conhecimento acerca de redação é ressaltado por Castelo Branco (1983, p.27) quando diz que ninguém vive isolado em uma ilha, sem se comunicar com os vizinhos, que não é preciso que o cidadão seja um gramático ou um escritor, conhecendo todas as regras da arte de escrever, mas é necessário que tenha conhecimento suficiente para a convivência social, que faz parte do homem civilizado. Diz ainda que “Se conhecer bem a língua materna é dever do cidadão civilizado, mais do que dever é necessidade premente para quem dela usa na sua profissão”. Para tanto é preciso preocupar-se com o ensino no sentido de devolver a ação de escrever sua essência fundamental de expressão humana, que é a comunicação.
É necessário compreender a importância da prática da leitura e da escrita, não como uma obrigação, mas como um diferencial competitivo para o mercado de trabalho, para a formação de opiniões e para o aumento do conhecimento de cada um. Afinal, mesmo com toda evolução tecnológica, é através da escrita, da redação que podemos expressar nossas ideias, como também podemos ler o que as outras pessoas escrevem possibilitando nossa melhoria cognitiva e intelectual.
É comum encontrar situações, principalmente em repartições públicas, ou em lugares onde há atendimento ao público, em que as pessoas são prolixas, não conseguem dizer do que precisam, e no caso de ter de expressar por escrito as suas necessidades, como uma petição, uma justificativa, a dificuldade é maior ainda. Há situação também que as pessoas sabem falar, têm o pensamento, mas não sabem como escrever, normalmente sentem dificuldade e insegurança em “colocar no papel”, pelo simples fato de não ter o hábito de redigir. Esse estudo poderá proporcionar um conhecimento melhor sobre as técnicas de redigir, para que os pensamentos possam ser organizados da melhor forma e expressados de maneira mais clara e objetiva.
Este trabalho, acerca de redação em prosa, em que o objetivo maior é propiciar a boa comunicação, principalmente no âmbito profissional, objetiva demonstrar sobre o valor e significado de redigir, com intuito de comunicar com clareza e eficácia, levar a pessoa a perceber que redigir é uma ação que está ao alcance de todos, desde que queiram, e tenham pré-requisito necessário, ou seja, ser alfabetizado/letrado. Deve-se escrever bem pra comunicar bem, uma vez que ao homem foi dado o dom de expressar pensamentos e opiniões.
Um fato determinante na escolha do tema redação, e de maneira mais específica sobre redação oficial, as particularidades ou peculiaridades da correspondência oficial, com tantas formalidades e padronizações. Com esse estudo, busca-se entender melhor essas características. Importante ressaltar que uma vez mal redigida uma correspondência, faltando clareza na comunicação, seu objetivo não será atingido.
A linguagem falada é muito dinâmica, reflete de forma imediata o pensamento, podendo complementá-lo ou retificá-lo também de imediato, o que não ocorre na linguagem escrita, que é a mais usada no dia a dia de um servidor público, uma vez que tudo o que se faz, precisa e deve ser documentado.
A busca da eficiência na prestação do serviço público, do aprimoramento profissional, da responsabilidade nas funções desempenhadas leva ao anseio do servidor público por um suporte em suas atividades profissionais, como, por exemplo redigir, endereçar e encaminhar correspondências, uma vez que o trabalho do servidor público deve ser executado sem erros e também sem demora desnecessária, para não prejudicar os interessados.
A metodologia utilizada para este estudo foi qualitativa, através de revisão literária de obras pertinentes ao tema abordado, com opção pela pesquisa bibliográfica, com levantamento do referencial teórico, seleção desse material e organização dos dados levantados.
1 A Redação e seus pressupostos
Na oportunidade que ora se oferece de apresentação desse estudo, é proveitoso e esclarecedor iniciar com a definição de escrita, segundo Higounet (2003, p.9) “escrita é, acima de tudo, um procedimento do qual atualmente nos servimos para imobilizar, para fixar a linguagem articulada, por essência fugidia...” Trata-se de uma forma de guardar a palavra, mesmo que não tenha sido proferida, é uma forma de externalizar o pensamento, é o que já fazia o homem primitivo com os mais simples traços desenhados em pedra ou papel.
A escrita sempre tem estreita relação com a oralidade, ou seja, com a linguagem falada, ou ainda com a necessidade de comunicar, de expressar. Essa necessidade de comunicação é fruto da capacidade de pensar do ser humano, logo transmitir seus pensamentos, expor suas ideias, expressar seus sentimentos, desejos e necessidades e se fazer entender.
Diante da necessidade de um meio de expressão permanente, o homem primitivo recorreu a engenhosos arranjos de objetos simbólicos ou a sinais materiais, por vezes com simples traços ou desenhos feitos em pedra. Alguns povos primitivos utilizou meios de expressão momentâneos para comunicar-se, como por exemplo, na África e na Melanésia utilizavam o tambor para transmitir notícias rapidamente.
Hoje através das letras, de acordo com cada idioma, são formadas as palavras carregadas de significado. De uma forma mais particularizada podemos citar também siglas, abreviaturas até sinais padronizados, como as sinalizações de trânsito, o pedido de silêncio nos hospitais, etiquetas de frágil. Aprofundando um pouco mais, podemos lembrar, dentre outros, dos sinais, hoje muito usados na linguagem virtual, como as carinhas demonstrando estar feliz, triste, irritada, etc.
Na redação oficial, além do texto propriamente dito, encontramos carimbos ou etiquetas como por exemplo: urgente, em branco, cancelado, reservado, sigiloso e outros que são bastante significativos, objetivos e vastamente usados no serviço público e que são muito eficazes na comunicação.
Da mesma forma que o conjunto de sinais utilizados na escrita evolui, também evolui o meio de guardar informações. O que antes era desenhado em pedra como forma de imobilizar, de fixar a linguagem, em nossos dias, é, além da escrita, em meios magnéticos, como gravadores, Cds, pen drives, etc.
É muito comum nos tempos de hoje, o uso de programas como MSN, Skipe, whatsApp, e-mail, facebook entre outros meios cibernéticos que são destinados à comunicação, tamanha é a necessidade do ser humano em comunicar, seja com amigos ou profissionalmente.
Para falar, usamos o corpo todo, mexemos as mãos e a cabeça, modificamos a voz, enfim, usamos vários recursos que não tem como usar na linguagem escrita. Por isso, uma coisa é falar com alguém que está à nossa frente e que, com um simples gesto ou olhar, nos informa que está entendendo tudo; ou caso contrário podemos retificar instantaneamente; outra coisa muito diferente é escrever.
Na escrita é necessário que as ideias estejam claras, é preciso fazer com que a outra pessoa entenda bem o que queremos expressar. Para redigir um bom texto, é preciso bastante leitura para ampliar o vocabulário, e praticar a redação. Exige dedicação, esforço e concentração, pois é necessário escrever, ler, modificar, acrescentar frases, tirar frases até a ideia ficar exposta com clareza.
Vale dizer que neste artigo, foi abordado a redação em prosa, com objetivo de uma boa comunicação, para Castro (1988, p.8) a forma e o conteúdo do texto dependem da intenção de quem escreve, do objetivo que se quer atingir. Esse objetivo é diferente quando se conta um fato (narrativa); se caracteriza um ser ou objeto (descrição); se expressa uma opinião sobre determinado assunto (dissertação); ou quando se utiliza como veículo de comunicação a expressão escrita (correspondência). Em se tratando de texto, a qualidade não contém nenhum juízo de valor preso a produção artística, e sim com as características de coesão, clareza e concisão, para que seja cumprido seu objetivo primordial, a comunicação.
1.1 A importância de redigir
Ler e escrever corretamente é um diferencial no mercado de trabalho, mesmo que não tenha necessidade, dependendo da profissão, que se faça uma narrativa, uma dissertação ou algo do gênero, mas sempre haverá necessidade, mais cedo ou mais tarde, de se redigir uma ata, um ofício, um comentário, um comunicado, entre outros.
Vivemos numa sociedade letrada que exige o domínio da língua escrita. Se alguém quiser investir numa carreira profissional, deve desenvolver essa capacidade, pois todos podem aprender a escrever bem, é questão de prática. Não se trata de aprender a ser poeta ou escritor, o que exige bem mais da pessoa. É possível aprender, em pouco tempo, as técnicas básicas para escrever bem, se expressar de modo claro, redigir um relatório de trabalho, uma correspondência comercial, um trabalho para a faculdade, uma redação para concurso. Uma forma, é ler bastante, e com atenção para ver como outras pessoas elaboram seus textos, e praticar.
A competência de escrever de forma fluente, clara, sem cometer erros grosseiros de ortografia ou concordância enriquece muito o currículo profissional, pois o modo como alguém se expressa é uma espécie de cartão de visitas, podendo causar boa ou má impressão à primeira vista. Num mundo como o nosso, em que a comunicação é fundamental, saber escrever bem é um requisito indispensável para o sucesso profissional.
1.2 Dificuldades encontradas no ato de redigir
Importante salientar que apesar da importância de redigir, as pessoas encontram muitas dificuldades em fazê-lo. Quando há necessidade de colocar as ideias no papel, apesar de ter o pensamento já pronto, sentem dificuldades em escrever. Essa dificuldade ou insegurança advém da falta de prática, e até mesmo da falta de leitura, com consequente pobreza de vocabulário. As pessoas não disponibilizam de tempo para ler, além do que têm a facilidade de receberem informações através de aparelhos mais rápidos, como a televisão, vídeos, internet, etc.
Para Cópia (s.d, p.11) a distância entre a pessoa e a redação vai criando uma barreira, às vezes até mesmo psicológica, que pode bloquear qualquer possibilidade. Aconselha, ainda, que não se deve acovardar em frente a um tema recebido, é preciso desenvolvê-lo de acordo com o conhecimento, ou aprimorar esse conhecimento para então desenvolver a redação.
Castelo Branco (1983, p. XIII) acredita que a arte de escrever está em plena decadência, sendo poucas as pessoas que não encontram dificuldades, e aponta outra causa como o atual desvirtuamento do ensino da língua materna, muitas regras teórica e falta de exercícios práticos.
Para Castro (1988, p.7) “a linguagem falada está se reduzindo cada vez mais ao estritamente necessário, aos “nés” e “tás”. Como a palavra escrita não se reduz, mais e mais afasta-se do cotidiano das pessoa” Uma vez que a linguagem escrita é reflexo do pensamento, se a linguagem falada fica reduzida, logo a dificuldade em escrever consequentemente aumenta bastante.
Atualmente, podemos perceber claramente o fato de que uma linguagem paralela nasceu com o uso intenso da informática: abreviaturas, supressão de acentos e pontuação. Tudo isso, de fato, torna a comunicação mais ágil, principalmente nesses programas em que os jovens se comunicam. Mas pode-se observar que, com o passar do tempo e a popularização dessa forma de comunicação, as pessoas têm empobrecido seu vocabulário e, consequentemente perdido a capacidade de escrever corretamente e de empregar palavras e termos certos nos textos.
Com o hábito de escrever como se fala, e abreviando para ser mais ágil, a gramática vai ficando muito distante, e os erros de ortografia começam surgir, de forma bastante grosseira. Na verdade, é que nesses casos, a língua escrita se confunde com a língua falada, o que não deve acontecer, pois aprendemos a falar naturalmente, sem regras, apenas repetindo o que ouvimos, o que não acontece na linguagem escrita.
1.3 Possibilidade de prática em redação
Agora que entende-se a importância de redigir, pode-se amenizar as dificuldades encontradas, pois redigir é o simples ato de transferir para o papel as ideias, os pensamentos. Aqui vale citar as palavras de Cópia (s.d, p.11) “Redação não comporta a menor genialidade, mas sim o hábito de escrever, baseado em exercícios.” No momento de falar, todos o fazem sem temor, mas quando se trata de escrevê-las, as pessoas encontram muitas dificuldades, de sorte que essa falta de confiança é adquirida com a falta de prática.
É bom salientar que quando se fala em escrever, existem vários tipos de redação, em prosa, em verso, carta, entre outros. Nesse trabalho será dada ênfase na redação em prosa, com objetivo de comunicar o necessário de maneira objetiva.
A própria escolha das palavras, na redação de um texto, é motivada pela intenção: no texto narrativo, utilizam-se verbos que indicam ação e palavras que definem o tempo e o espaço; no texto descritivo há o predomínio dos adjetivos e dos verbos de estado; no texto dissertativo, a grande maioria dos verbos exprime déia de julgamento, avaliação, definição, contestação, verificação: na correspondência empregam-se termos adequados às várias situações de comunicação.
Para Faulstich (1993, p.9) “Produzir texto é uma das tarefas mais complexas. De fato não possui uma receita infalível para tal, bem como os modelos os quais que podem ser seguidos. Redigir exige requisitos próprios, tais como, saber ler e saber entender”. Assim sendo, em um primeiro momento, qualquer redator deve motivar-se a partir da leitura de bons textos para, com base no “velho” criar o “novo”. Deve saber que, só depois do entendimento das ideias as quais vai expor, é-lhe possível extrapolar e criar seu texto, segundo um plano pré-elaborado, uma vez que todas as ações corriqueiras são, normalmente planejadas, pois a escrita é um ato corriqueiro.
Em quase todos os livros pesquisados, os autores são unânimes em afirmar essa possibilidade das pessoas escreverem. Para Castro (1988, p.7) “Ao contrário do que se pensa, a palavra escrita não é um dom de iluminados, é uma simples consequência do ato de pensar. Por que pensar, se o que se imagina ou concebe não é compartilhado? Só pode ser compreendido quem se faz compreender.”
Embora para Castelo Branco(1983, p. XI) redigir tenha algumas teorias, ele também acredita que não é uma tarefa tão difícil assim. “Desvendados os segredos da redação, qualquer pessoa será capaz de escrever corretamente as mais diferentes composições.” A atividade intelectual está ao alcance de todos os homens inteligentes, ainda que sejam bastante jovens ou bastante idosos, ainda que possuam cursos universitários ou sejam apenas autodidatas, ainda que morem nos grandes centros ou residam no interior, em povoados ou em lugares distantes.
Para Castro (1988, p.8) é através da prática que se atinge o domínio de uma atividade, essa prática, esse aperfeiçoamento é conseguido através da leitura, quando se tem a oportunidade de observar as diferentes técnicas de redação, a forma como se organizam os diferentes elementos dentro de um texto, os recursos expressivos disponíveis; da reflexão, a partir da qual surgem as ideias; e da discussão, quando o debate dessas ideias pode levar a um resultado enriquecedor, e sem dúvidas a leitura enriquece o vocabulário, trazendo mais alternativas que facilitam a expressão do pensamento.
Outro aspecto a ser considerado é o fato de o texto não nascer pronto. Ele é resultado de um trabalho não só mental, mas também físico, no sentido de que o texto é feito, refeito, emendado, na procura da melhor forma para expressar a mensagem que se quer transmitir, redigir é fruto de um trabalho constante e, até certo ponto, moroso, pois a ideias não surgem prontas, elas precisam ser trabalhadas, aperfeiçoadas.
O ideal, num primeiro momento é “jogar” no papel o pensamento, mesmo que desordenado, e depois organizar as ideias, acrescentar outras coisas que vão surgindo, retirar o excesso, “lapidar”. O texto baixo mostra uma comparação muito interessante.
Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel
e depois, joga-se fora o que boiar.”
(João Cabral de Melo Neto. Poesias Completas) em (CLAVER, 2006. 179p.)
Muitas vezes uma ideia sobre determinado assunto pode perder-se no meio do emaranhado de frases mal construídas e do discurso mal formulado. Porém para comunicar-se com eficácia é importante saber articular adequadamente o pensamento, principalmente, ao redigir. É preciso estruturar de modo apropriado as ideias, e expressá-las de forma a obter a melhor comunicação possível com quem vai ler o que foi escrito. A expressão escrita bem desenvolvida e aprimorada não é um dom, é uma possibilidade para todos, através do exercício.
Com relação à qualidade do texto Castro (1988, p.8), ensina que primeiramente, o texto deve apresentar uma ligação lógica entre as palavras, orações, períodos, parágrafos; que todas as suas partes devem articular-se para formar uma unidade, onde tudo gira em torno de uma ideia principal, ou seja, é o que se chama de coesão. Um texto também deve ser coerente, apresentando uma relação harmoniosa entre suas partes, as ideias devem desenvolver em uma ordem lógica, conectadas, com nexo e sem contradições.
O texto deve ser claro, para que o pensamento expresso possa ser entendido sem problemas por quem lê, deve fazer acontecer uma comunicação. Deve-se buscar palavras adequadas, que traduzem de maneira mais fiel possível o que se está pensando, que encerre exatamente o significado que se procura, e não usar uma linguagem muito rebuscada.
Outro fator importante para melhorar o texto é a concisão, ou seja, é a qualidade que o texto apresenta quando comunica o essencial, sem se perder em palavras supérfluas, adjetivação excessiva e períodos grandes, evitando a prolixidade. Deve haver objetividade, escrevendo o necessário.
Em geral, no serviço público a necessidade de redigir é de acordo com o assunto já solicitado pela chefia imediata. A linguagem técnica, que deve ser utilizada por profissionais, não deve ser usada aleatoriamente, pois torna o texto de difícil entendimento. Escrever tecnicamente exige uma experiência ou conhecimento anterior, como por exemplo a redação forense, que é bem específica da área de Direito.
Para Castelo branco (1983, p.47) a redação forense, como qualquer outra redação, depende do conhecimento pelo bacharel em direito das regras gramaticais da língua portuguesa, pelo menos das mais necessárias (concordância, ortografia, pontuação, acentuação), capazes de dar forma e sentido aos trabalhos escritos, próprios da profissão. Não basta pois saber escrever, mas também saber apresentar o que foi escrito, com o devido cuidado com a estética e padronizações, pois é preciso lembrar que o magistrado não pode perder tempo com a leitura de grossos calhamaços, mal redigidos. O objetivo almejado provavelmente não vai ser conseguido, com o prejuízo aliás do próprio advogado.
2 Redação oficial
Nesse estudo é interessante lembrar o conceito de correspondência oficial, que conforme Lima (2005, p.2)“[...]é a comunicação que se estabelece oficialmente entre expedidor e receptor que representem, ou pelo menos um deles, algum órgão da Administração Pública”.
Já que na redação oficial está se representando algum órgão da Administração Pública, a liberdade é restringida, pois há regras ou padronizações a serem respeitadas. Essas correspondências obedecem as normas regedoras das comunicações escritas das repartições pública, sua redação é, portanto, padronizada, alterando-se apenas o conteúdo específico de cada comunicação.
A redação oficial é a maneira que o Poder Público redige correspondências e comunicações em geral, e de acordo com o Manual de redação da Presidência da República (2018, p.16), deve caracterizar-se pela clareza, precisão; objetividade; concisão; coesão, coerência; impessoalidade; formalidade, padronização; e uso da norma padrão da língua portuguesa. Esses atributos, fundamentalmente são norteados por princípios dispostos na Constituição Federal, no art. 37 que dispõe:
“A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:...”
Ao introduzir os estudos acerca de redação oficial, é mister dizer da importância dos papéis ou documentos, e da responsabilidade da pessoa que o produz ou manuseia tem sobre ele. O funcionário não pode escrever levianamente. Há instruções para que não ocorram erros, pois podem ser responsabilizados pelo serviço que executam.
As comunicações oficiais devem apresentar formalidade principalmente no uso do pronome de tratamento, em respeito a hierarquia existente na administração pública. É importante também o cuidado de não se cometer erros, principalmente de grafia e concordância.
Para elucidação de algumas dúvidas frequentes na hora de redigir, e evitar erros, principalmente de grafia, é necessário ter em mãos um dicionário e uma gramática, é bom procurar atualizar-se sempre, como por exemplo conhecer as mudanças da gramática após o novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa.
Generalizamos, quando falamos em redação oficial, uma vez que a mesma comporta vários tipos, que segundo (Back, 1976) são: fichas, autorização de venda, recibo, procuração, contrato, requerimento, declaração, atestado, certidão, ata, carta comercial, carta oficial, ofício, circular, memorando, edital, relatório, parecer, comunicação ou comunicado, exposição de motivos, memorial, ordem de serviço, informação, atos administrativos, decreto, portaria, entre outros.
É bom salientar que nesse estudo, será dado um enfoque maior às correspondências oficiais e ao ato de redigir propriamente.
Segundo Lima (2005), as normas sobre a sistematização das comunicações administrativas no âmbito das instituições públicas visam alcançar alguns objetivos como orientar no adequado conhecimento dos documentos oficiais, informar as técnicas e padrões para elaboração desses documentos, definir aspectos visuais do texto, segundo a sua natureza, entre outros.
Interessante dizer o cuidado que Back (1976, p.68) tem ao aconselhar que escreva de maneira legível, quando da necessidade de escrever “a mão”, num despacho ou anotação qualquer. Faz ainda, a comparação que do mesmo modo que falar de boca cheia é falta de educação, gaguejar sem encontrar palavras ou não pronunciá-las bem é contraproducente, na escrita, escrever de modo ilegível é não querer que os outros entendam, é dificultar a leitura e deixar os outros irritados, letra ilegível e feia, é falha de comunicação. Acrescenta ainda que para ter o exercício profícuo e seguro da comunicação escrita como instrumento gerador de consequências jurídicas e administrativas, é necessário preocupar-se com a forma correta de redigir textos, comunicar o necessário de maneira clara e objetiva.
Quando se fala de qualidade, um texto deve ser coeso e coerente, por esse motivo é preciso conhecer as conjunções, que funcionam como conectivos, ajudando muito na hora de redigir, auxiliando na conexão de um parágrafo ao outro ou de uma oração à outra. Os conectivos ao fazer essa ponte contribui para a clareza das ideias, evitando repetição de termos.
Pode-se citar as principais conjunções, de acordo com Cegalla, (1989)
ideia de adição: e, nem, mas também, mas ainda, senão também, como também, bem como.
Alternativas, ideia de escolha ou alternância: ou...ou, ora...ora, já...já, quer...quer.
Conclusão, acontece o esperado: logo, portanto, por isso, por conseguinte, pois (posposto ao verbo).
Com essa lista de conjunções, esclarece também algumas dúvidas de grafia, pois são comumente usadas na redação oficial.
Atualmente não se pode falar em grafia, sem falar do novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa, e para quem tem como instrumento de trabalho a comunicação, é importante que esteja sempre atualizado. Esse acordo ortográfico trouxe alterações na grafia de algumas palavras. Nada difícil como parece à primeira vista, é só uma questão de conhecer as alterações, aceitando-as, exercitando e colocando-as em prática para acostumar com o novo visual da palavra.
De acordo com o novo acordo ortográfico, a Língua Portuguesa ganhou alterações como algumas abaixo:
Na redação oficial quem comunica é sempre o Serviço Público, o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atribuições do órgão que comunica; o destinatário dessa comunicação não é necessariamente um órgão público, pode ser um cidadão, o conjunto dos cidadãos, ou outro órgão qualquer.
Portanto o tratamento impessoal necessário nas comunicações oficiais, segundo Manual de redação da Presidência da República (2018, p.20) decorre da ausência de impressões individuais de quem comunica, que embora se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do Serviço Público que é feita a comunicação. Há também a impessoalidade de quem recebe a comunicação, com duas possibilidades, ou seja, ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre concebido como público, ou a outro órgão público. Decorre também do caráter impessoal do próprio assunto tratado, se o tema das comunicações oficiais se restringe a questões de interesse público, então não deve ter qualquer tom particular ou pessoal.”
Com relação ao nível de linguagem usada nas comunicações oficiais, é próprio pelo caráter público, devem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão brasileiro, evitando o uso de uma linguagem restrita a determinados grupos, para que não tenha sua compreensão dificultada, até mesmo por respeito ao princípio da eficiência e da publicidade.
A redação oficial é marcada pela linguagem escrita, que é bem diferente da linguagem falada. A linguagem falada é dinâmica e permite o enriquecimento através de gestos, expressões e até mesmo da possibilidade de retificação imediata, diante do entendimento ou não da mensagem. A linguagem escrita vale-se apenas de si mesma para comunicar, incorpora mais lentamente as transformações, o feed back é demorado, tem a característica da permanência, o que consequentemente leva a fazer outra redação no caso de qualquer retificação. Tudo isso, além de dificultar o entendimento, com certeza demanda bem mais tempo, comprometendo a obtenção do objetivo e a eficiência.
Na linguagem da redação oficial deve ser usado o padrão culto da língua, pois estar acima das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas, regionais; não deve apresentar modismos vocabulares e nem particularidades linguísticas, pois sua finalidade é informar com o máximo de clareza e concisão. No Manual de redação da Presidência da República 2018,p.21) recomeda:
“- a língua culta é contra a pobreza de expressão e não contra a sua simplicidade;
- o uso do padrão culto não significa empregar a língua de modo rebuscado ou utilizar figuras de linguagem próprias do estilo literário;
- a consulta ao dicionário e à gramática é imperativa na redação de um bom texto.”
A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações que a exijam, não devendo usá-la indiscriminadamente. Certos vocabulários próprios a determinada área, são de difícil entendimento por quem não esteja com eles familiarizado.
‘Na comunicação em geral, e principalmente no serviço público é comum a necessidade de escrever ou falar com pessoas com as quais temos pouco ou nenhum grau de familiaridade. É nesses casos que as formas de tratamento, em respeito aos atributos da impessoalidade e uniformidade, assumem uma condição, adequando-se à categoria hierárquica das pessoas a quem nos dirigimos, pois é em nome do serviço público que se faz a comunicação, quem assina é quem está ocupando o cargo.
A palavra é a representação do pensamento ou ideia da pessoa, e transmite também estados psíquicos de pessoa para pessoa, determinando seu grau de civilidade. Por isso deve haver uma preocupação com uma polidez padronizada, no trato entre pessoas, observando assim, a impessoalidade, uma uniformidade até no uso de papéis e na correta diagramação do texto. Se considerar a graduação afetiva entre o receptor e o emissor da mensagem, esse processo poderia sofrer uma mudança na forma de tratamento.
Emprego dos pronomes de tratamento Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
Poder Executivo: Presidente da República, Vice-Presidente da República, Ministros de Estado, Advogado-Geral da União, Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal, Oficiais-Generais das Forças Armadas, Embaixadores, Secretários Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos de natureza especial, Prefeitos Municipais;
Poder Legislativo: Deputados Federais e Senadores, Ministro do Tribunal de Contas da União, Deputados Estaduais e Distritais, Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais e Municipais, Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais; Poder Judiciário: Ministros dos Tribunais Superiores, Membros de Tribunais, Juízes, Auditores da Justiça Militar;
Ministério Público: Membros do Ministério Público.
Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para particulares
O vocativo a ser empregado, sempre seguido de vírgula, em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do cargo respectivo: Senhor Senador, Senhor Juiz, Senhor Ministro, Senhor Governador.
No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, tem a seguinte forma:
A Sua Excelência o Senhor
Fulano de Tal
Cargo
nome da rua e número
Cep– Cidade. Sigla do Estado
O vocativo e o endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Senhoria tem forma: Senhor Fulano de Tal.
No envelope, deve constar do endereçamento:
Ao Senhor
Fulano de Tal
nome da rua e número
Cep– Cidade. Sigla do Estado
Em comunicações oficiais, segundo Manual de redação da Presidência da República (2018, p.27) está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD), pois dignidade é pressuposta. Fica dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares, sendo suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor. Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente.
Com relação ao fecho das comunicações oficiais, com finalidade de arrematar o texto e saudar o destinatário, o Manual de redação da Presidência da República (2018) estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes: para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República: Respeitosamente. Para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior: Atenciosamente.
E para finalizar, todas as correspondências, obviamente devem ser identificadas pelo signatário, trazendo o nome e o cargo da autoridade que a expede, abaixo do local de sua assinatura. exemplo
(espaço para assinatura)
Nome
Cargo
CONCLUSÃO
Espera-se que este estudo tenha atendido à crescente demanda dos interessados na forma correta de redigir textos. Com esse levantamento bibliográfico, pôde ser visto que com a prática da redação, ou seja, a arte de escrever em prosa, a pessoa passa a ter maior capacidade e segurança de escrever corretamente as mais diferentes composições, organizando e expressando seu pensamento de maneira mais clara e objetiva. é só uma questão de prática.
“com a redescoberta da arte de escrever, com a prática da redação, abre-se para o candidato ao emprego público a possibilidade de passar nos concursos; ao jovem advogado recém-formado, a capacidade de redigir as suas petições, alegações e razões; ao jornalista neófito, a aptidão de realizar suas notícias, as suas crônicas e os seus artigos importantes; ao funcionário recém-nomeado, a habilidade de oferecer os seus pareceres e relatórios; ao intelectual, a oportunidade de mostrar a sua inteligência, com as suas composições em prosa ou verso. O ensino (estudo) da redação põe nas mãos do estudioso as chaves da língua materna, seja para uso do profissional, seja para uso do intelectual, possibilitando a todos, enfim, novas e gratificantes atividades”. (CASTELO BRANCO, 1983, p.XVI)
Na redação das correspondências oficiais deve-se comunicar o necessário, pois o objetivo é estabelecer comunicação com o outro, solicitando ou esclarecendo algo, que se escreve. O princípio da eficiência, no Serviço Público, e a necessidade de alcançar objetivos com a comunicação, implica escrever de forma fluente, clara, objetiva e sem cometer erros de ortografia ou concordância, daí a necessidade de conhecer as conjunções e o novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa.
Na redação oficial, existe uma formalidade e padronização, em respeito, principalmente ao princípio constitucional da impessoalidade, o que demanda do servidor público, o conhecimento e correto uso dos pronomes de tratamento. A redação oficial deve ser isenta da interferência da individualidade de quem a elabora. Redigir bem, além de elevar o conceito do profissional, engrandece o setor público, que terá maior eficácia e na prestação do serviço, ora oferecido.
REFERÊNCIAS
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BRASILIA. Presidência da República. Casa Civil. Manual de redação da Presidência da República. coordenação de Gilmar Ferreira Mendes, Nestor José Forster Júnior [et al.]. 3. ed., rev., atual. e ampl. 2018. 189 p. Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/centrodeestudos/assuntos/manual-de-redacao-da-presidencia-da-republica/manual-de-redacao.pdf
CASTELO BRANCO, Vitorino Prata. Arte de escrever em prosa e verso – Redação jornalística, Redação forense, Redação oficial, Redação literária. São Paulo, Pioneira. 1983. 193p.
CASTRO, Maria da Conceição. Redação Básica. 1.ed. São Paulo, Saraiva, 1988. 160p.
CEGALLA,Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 31 ed.São Paulo.Companhia Editora Nacional.1989. 556p.
CLAVER, Ronald. Escrever sem doer – Oficina de redação. 2.ed. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2006. 179p.
CÓPIA, Sérgio Luiz. Redação: uma questão de hábito. Campinas, Átomo, s.d. 217p.
FAULSTICH, Enilde L. De J. Como ler, entender e redigir um texto. 5.ed. Petrópolis, Vozes, 1993. 117p.
HIGOUNET,Charles. História concisa da escrita. (Lecriture) Trad. Marcos Marcionilo. 2.ed. São Paulo, Parábola Editorial, 2003, 187p.
LIMA, A. Oliveira. Manual de redação oficial: Teoria, modelos e exercícios. 3.ed. Rio de Janeiro. Elsevier, 2005. 374p.
SILVA NETO, Serafim. Introdução ao estudo da língua portuguesa no Brasil. 2.ed. Rio de Janeiro. Departamento de Imprensa Nacional.1950.
Servidora do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO - Ministério Público de Minas Gerais. Bacharel e licenciada em Geografia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Pós-graduada em Português pelas Faculdades Integradas de Jacarepaguá. Pós-graduada em Direito Penal pela Faculdade Internacional Signorelli. Pós-graduada em Direito Constitucional pela Faculdade Internacional Signorelli.
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: CARMO, Virgínia Paula Rodrigues do. Redação: redação oficial Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 16 set 2020, 04:36. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/55221/redao-redao-oficial. Acesso em: 23 dez 2024.
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