SILVANA APARECIDA FERREIRA FARIA[1]
(coautora)
CLAYTON CARDOSO MORAES [2]
(orientador)
RESUMO: O objetivo deste estudo é analisar os desafios enfrentados pelo empreendedor frente à crise da pandemia do coronavírus e identificar as estratégias adaptativas que estão sendo usadas nesse período, que tem afetado diretamente o comércio e principalmente as micro e pequenas empresas. Para atingir esse objetivo foi realizada uma pesquisa de caráter exploratório, descritiva, tendo abordagem qualitativa de estudo de caso múltiplo, com aplicação de questionários e um roteiro de entrevista semiestruturado em uma loja do varejo de materiais de construção civil localizada na cidade de Fernandópolis (SP). Onde também foi proposto a utilização dada Análise SWOT como uma técnica, que pode minimizar os problemas dos empreendedores diante dessa situação. Inicialmente na revisão bibliográfica foi desenvolvido a contextualização da economia no Brasil desde 1980 a partir da abertura dos mercados, abordando como a economia se desenvolveu até a situação atual e, descrevendo quais são as projeções feitas pelos especialistas para o futuro da economia brasileira. No caso do ramo da construção civil, mudanças tiveram que ser tomadas para essa nova realidade e no caso especifico dessa empresa, ela conseguiu minimizar os efeitos da crise por meio de adequações nos setores de vendas e entregas, com o apoio do atendimento remoto. Como resultado, foi identificado a importância de elaborar estratégias, analisando todos os cenários possíveis, bem como os pontos fortes e fracos das empresas, ameaças e oprtunidades que podem surgir mesmo em momentos de extrema dificuldade. O presente trabalho contribuiu para elaboração simplificada de formulação de estratégias para serem implementadas nesse tipo de mercado.
Palavras – chave: Análise SWOT , Crise, Empreendedorismo, Ambiente Interno, Ambiente Externo
1 INTRODUÇÃO
O Brasil esta diante de uma crise econômica sem precedentes na história recente da humanidade, crise essa provocada pelo novo coronavírus (COVID-19), onde nenhum setor está isento das consequências da crise. No entanto, é importante dizer que também é um novo tempo e que este novo tempo demanda novas atitudes das pessoas e se tratando da aréa econômica das empresas.
Sendo assim é preciso que as empresas busquem uma boa condução dos negócios, se adaptando as mudanças necessárias para atender os seus clientes da melhor forma possível, pois toda crise vem acompanhada dos mais diversos desafios, desde a mudança de comportamento dos líderes e gestores até a possível migração da oferta de produtos e serviços para o ambiente virtual.
Estar em um momento de crise não significa que o empreendedor deva ficar estagnado, apenas contendo os efeitos da instabilidade econômica. Pelo contrário, investimentos e inovações feitos da maneira correta podem oferecer ainda mais retorno em um momento como esse. Isso porque durante uma crise econômica a reação natural dos concorrentes é frear investimentos e inovações. Por outro lado, é preciso fazer muito mais para convencer o cliente a adquirir um produto ou solução oferecido pelo seu negócio.
Com isso, a inovação funciona não apenas como uma forma de estimular o consumo e melhorar os resultados do negócio, mas também como uma maneira de gerar diferencial competitivo. Para que isso seja possível é preciso analisar quais nichos estão disponíveis e, principalmente, quais brechas estão sendo deixadas pela concorrência. Fazer essa análise torna os investimentos mais assertivos e permite a inovação de maneira adequada. A internet tem sido um ótimo balcão de negócio.
Geral:
Analisar os desafios enfrentados pelos empreendedores frente à crise da pandemia do coronavírus.
Específicos:
· buscar soluções de como um empreendedor pode passar por um período de crise sem desestabilizar totalmente sua empresa.
· Identificar as estratégias adaptativas que estão sendo usadas nesse período
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2- Análise ecônomica no período pré pandemico brasileiro
A Globalização no Brasil perpassa por uma série de fatores históricos e geográficos. A estrutura protecionista criada nas décadas anteriores a partir de 1930 teve, como aponta Bandeira (2002), impactos negativos sobre a evolução e diversificação das exportações e, também, sobre a competitividade de muitos setores da economia. As mudanças implementadas, portanto, compreenderam um conjunto de iniciativas que visavam a aumentar a produtividade da economia e com isso melhorar a performance do crescimento econômico nacional.
No final da década de 1980 e início da década de 1990, o Brasil passou por um processo de abertura econômica, esse processo tinha como principais objetivos conceder maior transparência e diminuir a estrutura de proteção, através da eliminação das principais barreiras não-tarifárias e da redução gradativa no nível de proteção à indústria local. Como a abertura comercial aproximou os padrões de competitividade locais com os padrões predominantes internacionalmente, as empresas se viram obrigadas a se adaptar rapidamente aos novos padrões, baseados em uma maior eficiência produtiva e tecnologia mais avançada, o que implicou uma modernização dos processos produtivos diante do risco de sobrevivência das firmas. As empresas (nacionais ou estrangeiras) acostumadas com a reserva de mercado se viram obrigadas a pensar na redução de custos, no aumento de produtividade e na introdução de novas tecnologias, diante da introdução da concorrência dos produtos importados que eram de melhor qualidade e possuíam preços mais acessíveis. (BARROS E GOLDENSTEIN, 1997)
Esta abertura marcou a ruptura entre o regime fechado e protecionista herdado do modelo de industrialização baseado na substituição de importações e o regime de economia aberta. Simbolizou o processo de redução do custo Brasil, principalmente através das privatizações que trouxeram investimentos na infraestrutura do país, além de ter possibilitado através da abertura de importações, expressiva redução no custo de produção e, consequentemente, no preço. O movimento de fusões e aquisições, como também a entrada de empresas estrangeiras na economia, foram fatores bem evidentes deste período.
No âmbito empresarial, algumas grandes empresas familiares abalaram-se pela entrada forte do capital internacional no Brasil, não tendo outra saída senão a fusão. Já as empresas nacionais mais capitalizadas, optaram por diversificar suas atuações e conseguiram seguir sólidas na economia brasileira. A queda dos preços associada à elevação da renda dos consumidores e à volta do crédito levou à explosão do consumo. (BARROS E GOLDENSTEIN, 1997)
De acordo com Markwald (2001) a década de 90 ficou marcada por uma quebra na tendência de declínio ou estagnação da taxa de produtividade observada ao longo da década passada. O incremento de produtividade verificado foi muito grande. Perdas muito significativas de eficiência no período pré-1990 são associadas à presença de barreiras não tarifárias. Neste sentido, observa-se que, quanto maior a tarifa nominal e/ou a taxa de proteção efetiva, menor é o crescimento da produtividade. Além do mais, o aumento da razão importações/PIB (Produto Interno Bruto) exerceu um efeito positivo e significativo sobre o crescimento da produtividade, reafirmando a importância da liberalização comercial para o aumento da produtividade.
Foi a partir desse momento, entretanto, nos governos Collor e Fernando Henrique Cardoso, que mudanças significativas na política de comércio exterior brasileira começaram a ocorrer. Com a criação da nova Política Industrial e de Comércio Exterior extinguiu-se grande parte das barreiras não-tarifárias herdadas do processo de substituição de importação e foi estabelecido um cronograma para a redução das tarifas de importação que incluía: alíquota nula para produtos sem similar nacional e com nítida vantagem comparativa ou commodities de baixo valor agregado; tarifas de 10% e 15 % aos setores intensivos em insumo com tarifa nula; 20% de alíquota para a maior parte dos produtos manufaturados e 30% para as indústrias de química fina, trigo, massa, aparelhos de som, toca-discos e vídeo-cassete; e proteção nominal de 35% ao setor automobilístico e 40% ao de informática. Assim, a partir de 1990, foram as alíquotas e não mais as quotas que passaram a balizar a política de comércio exterior, de acordo com Cysne (2000).
Em relação às exportações, a partir de 1990, eliminaram-se os subsídios e reduziram-se os incentivos que favoreciam os exportadores. Considerando os dados fornecidos por Averbug e Giambiagi (1999), no período de 1988 a 1998, verificou-se que a composição relativa das exportações brasileiras por setor manteve-se estável. Entre 1997 e 1998, foi o setor de manufaturados o único a apresentar algum crescimento nas exportações, uma vez que os demais setores foram relativamente mais afetados pelo encolhimento da demanda internacional com a crise global. Assim, o desempenho das exportações, que demoraram para responder às medidas do programa de abertura, prejudicou o que poderia ter sido um ótimo resultado advindo da liberalização do comércio no país; e isso se deveu, especialmente, à apreciação da taxa de câmbio. Além do efeito negativo da valorização da moeda, as exportações também sofreram com a falta de investimento em infra-estrutura, em grande parte, por conseqüência da crise nas contas públicas herdadas da década de 1980 e de um sistema fiscal que sobrecarregava os produtores com impostos cumulativos.
O aumento do número de empresas (industriais e não industriais) exportadoras passou de 8,5 mil em 1990 para pouco mais de 16 mil em 2000. A abertura comercial foi fundamental para a ocorrência dessa transformação, pois possibilitou o acesso a insumos e componentes sem os quais o up grading das exportações não teria sido possível. Na década de 90, o coeficiente de penetração das importações da indústria brasileira mais que duplicou. Essa evolução é explicada pelo padrão extremamente fechado que caracterizou a evolução industrial brasileira até fins da década de 80. O processo de abertura também foi influenciado pela sobrevalorização cambial registrada entre 1993 e 1998, explicando o explosivo crescimento do coeficiente nesse período. (MARKWALD, 2001)
A década de 2000 foi um período rico em acontecimentos relevantes. No âmbito internacional, foi a década do boom de commodities e do forte crescimento global, com impactos no Brasil. Foi também a década da crise financeira internacional e da estagnação que se seguiu. A adoção do tripé macroeconômico e as reformas microeconômicas tornaram a economia mais sólida, o que permitiu que o crescimento global levasse ao crescimento acelerado entre 2003 e 2010 no Brasil. Já a partir de 2006, com a troca no comando da equipe econômica, houve mudança de direcionamento. Intervenção e expansionismo em excesso, sob o pretexto de se contrapor à desaceleração global, pesaram sobre a economia brasileira na década seguinte. As reformas microeconômicas aliadas ao cenário externo de forte crescimento global e elevação do preço das commodities entre 2003 e 2010 marcaram fortemente o desempenho da economia brasileira. (ILAN GOLDFAJN, 2018)
Após um período conturbado de mudanças na condução da política econômica segundo Borça et al (2019) - desde a implementação da assim chamada “Nova Matriz Macroeconômica” em 2012 até a virada para uma política econômica ortodoxa em 2015, durante o Governo Dilma Roussef - desde o Governo Temer, a partir de maio de 2016, até o Governo Bolsonaro, a partir de janeiro de 2019, houve uma mudança profunda na condução da política econômica, adotando-se explicitamente uma agenda ortodoxa-liberal. Esta agenda tem direcionado a economia para um novo modelo de desenvolvimento, baseado em reformas liberalizantes (reforma trabalhista, reforma previdenciária, etc.) e na reafirmação das políticas econômicas conduzidas de forma ortodoxa: uma política monetária mais conservadora (sob argumento de “ancorar expectativas inflacionárias” dos agentes), uma política fiscal contracionista (implementação do teto de gastos com base no argumento da “contração fiscal expansionista”), e uma política cambial mais flexível (inclusive sinalizando para maior conversibilidade do real).
A forte desaceleração econômica veio acompanhada de um agudo crescimento na taxa de desocupação, que aumentou rapidamente de 6,5% em dezembro de 2014 para 13,7% em março de 2017, mantendo-se desde então ao redor 12%, permanecendo neste patamar elevado sem uma tendência de redução mais significativa. O aumento na taxa de desocupação atingiu a grande maioria dos setores da economia, porém foi particularmente agudo no setor de construção civil (responsável por 22% do aumento da taxa entre 2014 e 2016), dependente dos programas do governo e atingido pela paralisia no setor causado pela operação Lava-Jato. Observa-se, assim, que a lenta recuperação da economia brasileira, após a recessão, não tem sido acompanhada de um aumento mais significativo do nível de emprego.(CARRANÇA, 2019)
A economia na última década não teve grandes avanços, no último ano, de acordo com Ricardo Oliveira 2020, a crise da pandemia chegou ao Brasil num período de estagnação econômica, que pode ser visto como um desdobramento da crise financeira global e da crise política brasileira, com efeitos mais dramáticos a partir de 2014. Em 2015, por exemplo, o PIB brasileiro encolheu -3,15%. Em 2016, houve nova retração de -2,90%. Desde então, é observado taxas de crescimento inferiores a 1,5%, nível considerado baixo para as economias emergentes. Por fim, no ano de 2019, a economia brasileira cresceu apenas 1,08%, e é neste contexto de estagnação que a crise da pandemia atinge nosso país.
Feita esta reflexão iniical é importnte observar os impactos da pndemia no processo de empreendedorismo em nosso país fim de compreender quais saidas podem ser geradas a partir da crise vivenciad mundo fora.
3- Impactos da pandemia no empreendedorismo
A crise pandêmica no Brasil teve inicio no final de fevereiro de 2020, onde o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciava o primeiro caso de Covid- 19 em território nacional, que trata-se de uma doença respiratória aguda causada pelo coronavirus. (BRASIL, 2021). Desde então o Brasil deu inicio as medidas de isolamento social e a algumas restrições, seguindo as medidas da OMS (Organização Mundial de Saude), através de decretos que exigiam o fechamento das atividades econômicas, permitindo o funcionamento apenas dos serviços classificados como essenciais, e é dessa forma que uma crise sanitária de saúde passou também a ser uma crise economica que atinge vários setores. (BRASIL, 2021).
Analisando os dados do Ministério da Economia (BRASIL, 2020) no inicio da pandemia, o governo brasileiro previa que os impactos do COVID-19 na economia brasileira seriam redução das exportações, queda no preço de commodities e, consequentemente, piora nos termos de troca, interrupção da cadeia produtiva de alguns setores, queda nos preços de ativos e piora das condições financeiras, e redução no fluxo de pessoas e mercadorias.
Durante o período de crise e isolamento social, proprietários de pequenas empresas e microempreendedores tendem a sofrer mais com a baixa nas vendas e no faturamento. A pandemia do novo Coronavírus e as medidas de isolamento determinadas pelas autoridades de saúde causou um impacto direto sobre a economia e, em especial, nos pequenos negócios e repercutindo em todos os setores da economia brasileira (SEBRAE, 2020).
De acordo com Pimentel (2001) na medida em que a incerteza sobre o cenário econômico se espalhava, investimentos e o consumo de bens e serviços foram suspensos ou cancelados, a redução do comércio provocou um desencadeamento na economia, pela redução da produção e jornada de trabalho, demissão de trabalhadores, aumento de falências e retração da oferta de crédito pelo setor bancário, devido à ampliação do risco do investimento.
Um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 1,3 milhão de empresas encerraram suas atividades de forma temporária ou definitiva, entre as empresas encerradas por causa da pandemia, 258,5 mil (49,5%) delas eram do setor de serviços, 192,0 mil (36,7%) do comércio, 38,4 mil (7,4%) da construção e 33,7 mil (6,4%) da indústria. (SILVA, 2021)
Diante deste cénario, algumas medidas de auxílio ao setor empresarial foram anunciadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES, 2020), o qual expandiu a oferta de capital de giro, com uma linha de crédito para negócios com faturamento anual de até R$ 300 milhões, sendo o limite de financiamento de até R$ 70 milhões por ano, e em torno R$ 5 bilhões que foram disponibilizados para as Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs), com os benefícios de taxas de juros menores e prazos de pagamento maiores.( LOPES,2021)
O Congresso Nacional e o Govero Federal também criaram medidas e legislações que facilitaram o acesso a auxílios e financiamento para empreendedores durante a pandemia, criando programas com condições especiais para micro e pequenas empresas acessarem crédito, com a possibilidade de ter até 100% de garantia do Fundo Garantidor de Operações (FGO)., Programas como: PRONAMPE (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte) é um programa de governo destinado ao desenvolvimento e o fortalecimento dos pequenos negócios, instituído pela Lei nº 13.999, de 18 de maio de 2020. Também foi criado o BEm (Benefício Emergencial) por meio da MP 1.045/2021 que recria o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda, medida que permite o corte de jornada e salários de trabalhadores da iniciativa privada, além da suspensão temporária de contratos. (SEBRAE, 2021)
Essa medidas criadas pelo Governo Federal, para diminuir os efeitos do novo coronavírus nas empresas brasileiras, tem como objetivo resguardar empregos e garantir o pagamento de salários, tais medidas têm ajudado muitas empresas na continuidade de funcionamento, porém, as medidas adotadas são temporárias e emergenciais, de forma que não venha comprometer a trajetória futura dos gastos públicos, e diante do aumento temporário dos gastos e da perda de arrecadação esperada nesse período, a aprovação futura das reformas econômicas, será ainda mais necessária para garantir a retomada sustentável da economia.( SHALDERS,2021).
Dentre as medidas do governo federal para minimizar os efeitos do coronavírus no Brasil, no dia 02 de abril de 2020 criou-se através da Lei Federal nº 13.982, o Auxílio Emergencial, benefício destinado aos trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e o ao desempregados, os quais no inicio recebram três parcelas, que foram prorrogadas,chegando ao total de cinco parcelas no valor de R$ 600,00, e em razão da responsabilidade fiscal, rigor nas contas públicas e no cumprimento do compromisso de manter o teto dos gastos, o Governo Federal reduziu o auxílio para quatro parcelas de R$ 300,00 e em Abril de 2021 o valor do benefício foi reduzido a uma média R$ 250, variando entre R$ 150 para pessoas que moram sozinhas, R$ 250 para domicílios com mais de uma pessoa e R$ 375 para mães solo.(BECKER, 2021).
A economia Brasileira iniciou uma recuperação desde maio de 2020, depois da grande retração de atividade econômica , à medida em que os país foi reduzindo o isolamento social houve retomada da atividade econômica, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresa (SEBRAE) s cerca de 9,5 milhões de pequenos negócios podem retomar o nível de atividade equivalente ao registrado antes da pandemia do coronavírus até 1º de setembro de 2021, este número representa cerca de 54% do universo de microempreendedores individuais (MEIs) e micro e pequenas empresas no país, projeção feita a partir de dados da Fiocruz e do cronograma de vacinação do Ministério da Saúde. ( SEBRAE, 2021)
Desde o terceiro trimestre de 2020 a economia brasileira vem registrando uma recuperação significativa, as condições sanitárias no final de 2020, e a consequente adoção de novas medidas restritivas, impactaram negativamente a atividade econômica em magnitude significativamente menor que se temia inicialmente, a queda na mobilidade de trabalhadores e consumidores foi menos intensa e persistente do que no início da pandemia, e a economia parece ter aprendido a produzir e vender mesmo com menor grau de mobilidade. Ainda assim, é certo que a pandemia continua a representar um obstáculo à retomada mais forte da atividade econômica. (SOUZA JUNIOR, 2021)
O surgimento de novos elementos no cenário econômico alterou o balanço de riscos para a inflação, de forma que a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021 avançou de 5,3% para 5,9%. Ainda que ocorra melhora no cenário de câmbio, a continuada aceleração dos preços das commodities no mercado internacional vem mantendo os índices de preços ao produtor pressionados, possibilitando altas adicionais nos preços dos bens de consumo industriais no varejo e levando ao aumento na projeção de inflação deste subgrupo de 4,3% para 4,8%, em 2021. (CAVALCANTE, 2021)
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) elevou de 3% para 4,8% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país). A previsão para 2021 foi baseada na expectativa de crescimento da atividade econômica no segundo semestre. A projeção de crescimento inter anual no segundo trimestre é de 12,6%. Já para 2022, a expectativa dos pesquisadores é um avanço de 2% para o PIB. O percentual é menor do que os 2,8% que tinham sido previstos. (ROCHA, 2021).
A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano subiu de 5,24% para 5,31%, na oitava alta consecutiva. Para 2022, a estimativa de inflação foi ajustada de 3,67% para 3,68%. Tanto para 2023 como para 2024 a previsão para o índice é de 3,25%. (OLIVEIRA, 2021)
Vários indicadores apontam no sentido de que a atividade econômica voltou a crescer, a gradual flexibilização das restrições à mobilidade de pessoas, a extensão do auxílio emergencial, a ampliação do crédito a micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) com garantia do Tesouro e a política monetária expansionista ajudam a explicar a retomada da economia.(MANSUR LEVY, 2021). Segundo dados da Junta Comercial, Industrial e Serviços do Distrito Federal (JUCIS-DF), 20.063 empresas encerraram as atividades em 2020; em contrapartida, 62.064 foram registradas, Em 2021, 8.245 foram extintas, outras 23.713 foram abertas, isso significa que, a cada empresa fechada, praticamente três outras abriram. Mas, na visão de especialistas, isso não representa melhora do cenário e sim que as pessoas tiveram que se reinventar e buscar novas fontes de renda para sobreviver. (PULJIZ, 2021)
De acordo com Yamashita (2021) as projeções para os anos de 2021, 2022, 2023 mostram que o varejo deverá se manter resiliente e continuar crescendo acima do PIB na ordem de dois a três pontos porcentuais, enquanto que os serviços devem apresentar uma retomada gradual. Com o aumento do número de pessoas vacinadas e maior circulação de pessoas nas cidades, estima-se um início de recuperação em 2021 (mais acelerado a partir do segundo trimestre), uma forte recuperação do terreno perdido em 2022 e um retorno aos patamares históricos de crescimento em 2023.
No geral, o cenário traçado atualmente é promissor, sendo que a ampla maioria dos agentes econômicos tem se mostrado relativamente otimista com a recuperação, principalmente com o início e aceleração do ritmo de vacinação, mas é preciso ter cautela, dadas as muitas incertezas para as variáveis que estão em aberto. Faz-se necessário um constante e intenso monitoramento do mercado para a correção dos rumos e a capacidade de tomar decisões rápidas e corajosas se tornaram competências essenciais e diferenciais competitivos para as empresas.
4- Empreendedorismo diante da crise
Em diferentes aspectos, a pandemia do Novo Coronavírus trouxe muitos desafios, mas também muitas oportunidades. Empreendedores e gestores precisaram se adaptar ao novo cenário, além da necessidade de se reinventar e fortalecer os negócios em meio à crise econômica do país. (SILVA, 2021)
Logo no início de 2020 o comércio sofreu o impacto inicial e começou a pedir ajuda ao governo, que também não estava preparado para fornecer este tipo de socorro ao empresário, as empresas, principalmente as pequenas e médias, que ficaram esperando que tudo fosse passar em 3 ou 6 meses e não se transformaram, quebraram e acabaram fechando. (VASCONCELOS, 2021)
Na visão de Mello (2021) apesar de quase metade das micro, pequenas e médias empresas terem sofrido impactos negativos devido à crise gerada pela pandemia de covid-19, os empreendedores acreditam que o momento abriu novas oportunidades. Para alguns empresários, a crise abriu espaço para aprender novas modalidades de vendas, alguns acreditam que o momento permite empreender e inovar, enquanto outros estão revendo as parcerias e os fornecedores. Outras oportunidades citadas pelos micros e pequenos empreendedores foram aplicar estratégias de acordo com o perfil dos clientes, investir em novas tecnologias e ter mais tempo para planejamento e gestão.
O on-line entrou de vez na estratégia das empresas, não como uma parte isolada, o digital se tornou parte principal do planejamento. A unificação da qualidade e tipo de atendimeno ao cliente independente do canal foi um importante aprendizado. (VASCONCELOS, 2021)
Considerando a impossibilidade de contato direto e a necessidade de um consumo mais digital, muitas empresas promoveram alternativas para suprir as necessidades de seus clientes, mostrando que soluções digitais, apesar de serem constituídas de componentes tecnológicos, se constroem de pessoas e promovem a vida delas. (VEIGA, 2021)
A pandemia fez com que as empresas que não estavam pensando ou se planejando para entrar nas plataformas digitais precisam aprender tudo de vez, de forma repentina, e aquelas que tinham planejamento conseguiram avançar mais e saíram na frente, pois estavam mais preparadas, lojistas e empreendedores, alguns ainda sem preparo e experiência, recorreram às vendas pela internet para sobreviver e manter vivos os seus negócios. O que era a única possibilidade de venda nos dias de portas fechadas foi revelando todas as potencialidades e benefícios. (DIAS, 2021)
Os aplicativos se tornaram um canal de negócios e salvaram a vida de muita gente nos últimos meses. Empreendedores e comerciantes recorreram aos apps de mensagens e de pagamento, além das redes sociais, para manterem seu negócio girando; consumidores recorreram a eles para adquirir produtos e serviços e não precisar sair de casa. (DIAS, 2021)
De acordo com Rodrigues (2021), algumas mudanças implementadas pelas empresas devem ser mantidas mesmo após a pandemia. Entre elas estão o relacionamento com clientes por redes sociais , a adoção de controles financeiros mais rígidos , a venda por redes sociais , manutenção de equipes reduzidas, a redução/adequação de estrutura física, e o relacionamento com fornecedores e compras de insumos on-line.
Outra estratégia que teve destaque entre as empresas foi o trabalho home office[3], se tornou a única alternativa em muitas empresas para manter a produtividade. O isolamento social gerou esforços acelerados para adaptação da prática. (FLORES, 2021).
Para Martyns (2021) as empresas que conseguem adotar o home office, contudo, aproveitam uma série de vantagens, como a maior flexibilização, redução de custos, otimização de atividades, diminuição do uso de recursos, retenção de talentos e maior produtividade, sem renunciar à qualidade dos produtos ou serviços.
Entre adoção de home office, comércio eletrônico, o delivery é outra forma de manter as vendas e serviços, muitas pequenas empresas precisam correr para se adaptar ao novo cenário. O que antes era uma oportunidade para complementar o faturamento de bares e restaurantes se tornou a única fonte de renda para os estabelecimentos. Muitos permaneceram por pelo menos 100 dias fechados ao público e tiveram que se adaptar. Para isso, aderiram quase instantaneamente aos aplicativos de delivery. (INGIZZA, 2021).
No cenário atual de pandemia do Novo Coronavírus, além de ganhar maior visibilidade, entregadores de aplicativos também assumiram um papel vital de garantia do funcionamento da economia urbana ao realizarem o abastecimento da população, através de entregas de supermercados, restaurantes, farmácias etc. (MÁXIMO, 2021)
Segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o setor sofreu uma retração de 25% em 2020. Cerca de 300 mil empresas fecharam e mais de 1 milhão de pessoas foram demitidas. Para tentar sobreviver, bares e restaurantes foram obrigados a aderir ao serviço de delivery oferecido por aplicativos. (LEMOS, 2021)
5 - Efeitos da pandemia na Construção Cívil
O setor da Construção Cívil, na pandemia foi bastante impactado: muitos canteiros ficaram paralisados por semanas, causando uma disrupção significativa no setor. Porém, os estragos não ficaram limitados apenas às empresas do setor. Eles se estendem a toda a cadeia de suprimentos, dificultando a logística e trazendo limitações mesmo com a retomada de muitas empresas no mercado.
Apesar do cenário crítico, existe um panorama bastante positivo para a construção civil na pandemia. Esse momento favoreceu a reflexão e análise do setor, conduzindo as empresas a otimizar seus processos. A adesão de novas medidas foi fundamental para a sobrevivência e, também, para a evolução de muitos empreendimentos da área, por isso as expectativas são positivas para a prosperidade das empresas que atuam na área e o desenvolvimento de novas medidas para o crescimento do setor, Os cuidados com a integridade dos colaboradores também foi bastante reforçada durante a crise atual, potencializando os cuidados que já eram comuns em um canteiro de obra. (NOGUEIRA, 2021)
Mesmo com a pandemia e o mercado diferente de seu ritmo normal, as lojas de material de construção permanecem abertas na maior parte do país. Com a mudança de comportamento da sociedade – por exemplo, com o home office incorporado à rotina profissional de milhões de pessoas – aumentou a necessidade de reformas, o que, consequentemente, contribuiu para o incremento da demanda pelo setor de construção civil. (SEBRAE,2021)
Na construção civil a infraestrutura é vista como um dos principias segmentos, porém, em razão da pandemia os investimentos de infraestrutura diminuíram. Além da infraestrutura, outro segmento muito importante que faz parte da construção civil, é o da construção residencial, sendo pelo menos metade representada pelas construções domésticas, que são base empresarial. (NOGUEIRA, 2021).
Segundo Pacheco (2021) a migração dos processos do papel para os computadores e celulares é um dos maiores marcos da pandemia na construção civil. Ainda que já aconteça em algumas construtoras, a digitalização passou a ser determinante para todas as empresas nesse período, essa é uma das mudanças que deve ser mantida no pós-pandemia. Investir em tecnologias que auxiliam e melhoram o controle financeiro e a gestão de obras no meio virtual é essencial para manter o crescimento isso acontece porque o uso do meio digital permite uma comunicação mais direta e rápida, a verificação eficiente de custos e informações e maior controle de processos.
Para o auxílio na empresa nesse período de pandemia, uma das alternativas que podem ser aplicadas é a Matriz SWOT. De acordo com Daychouw (2007) a análise SWOT é uma ferramenta utilizada para fazer análises de cenário (ou análises de ambiente), sendo usada como base para a gestão e o planejamento estratégico de uma organização. É um sistema simples para posicionar ou verificar a posição estratégica da empresa no ambiente em questão.
6 – Matriz Swot: análise de pontos fortes e fracos da empresa
Criada por Kenneth Andrews e Roland Cristensen, professores da Harvard Business School, e posteriormente aplicadas por inúmeros acadêmicos, a análise SWOT estuda a competitividade de uma organização segundo quatro variáveis: Strengths (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Oportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças). Através destas quatro variáveis, poderá fazer-se a inventariação das forças e fraquezas da empresa, das oportunidades e ameaças do meio em que a empresa atua. Quando os pontos fortes de uma organização estão alinhados com os fatores críticos de sucesso para satisfazer as oportunidades de mercado, a empresa será por certo, competitiva no longo prazo (RODRIGUES, et al., 2005).
Segundo Chiavenato e Sapiro (2003), sua função é cruzar as oportunidades e as ameaças externas à organização com seus pontos fortes e fracos. A avaliação estratégica realizada a partir da matriz SWOT é uma das ferramentas mais utilizadas na gestão estratégica competitiva. Trata-se de relacionar as oportunidades e ameaças presentes no ambiente externo com as forças e fraquezas mapeadas no ambiente interno da organização. As quatro zonas servem como indicadores da situação da organização.
É uma ferramenta usada para a realização de análise de ambiente e serve de base para planejamentos estratégicos e de gestão de uma organização. A SWOT serve para posicionar ou verificar a situação e a posição estratégica da empresa no ambiente em que atua (MCCREADIE, 2008).
Composta por quatro itens, a analise SWOT consiste em fatores externos, internos, positivos e negativos, sendo eles:
· Força: de acordo com Rezende (2008), as forças ou pontos fortes da organização são as variáveis internas e controláveis que propiciam condições favoráveis para a organização em relação ao seu ambiente. São características ou qualidades da organização, que podem influenciar positivamente o desempenho da organização. Os pontos fortes devem ser amplamente explorados pela organização;
· Fraquezas: as fraquezas são consideradas deficiências que inibem a capacidade de desempenho da organização e devem ser superadas para evitar falência da organização (MATOS, MATOS, ALMEIDA, 2007). Conforme Martins (2007), são aspectos mais negativos da empresa em relação ao seu produto, serviço ou unidade de negócios. Devem ser fatores que podem ser controlados pela própria empresa e relevantes para o planejamento estratégico;
· Oportunidades: Martins (2007), orienta ainda que, oportunidades são aspectos mais positivos do produto/serviço da empresa em relação ao mercado onde está ou irá se inserir. São fatores que não podem ser controlados pela própria empresa e relevantes para o planejamento estratégico. As oportunidades para a organização são as variáveis externas e não controladas, que podem criar as condições favoráveis para a organização, desde que a mesma tenha condições ou interesse de utilizá-las (REZENDE, 2008);
· Ameaças: são aspectos mais negativos do produto/serviço da empresa em relação ao mercado onde está ou irá se inserir. São fatores que não podem ser controlados pela empresa e são relevantes para o planejamento estratégico (MARTINS, 2007). Observamos que Morais (2008) em seus estudos salienta que, as ameaças são as forças externas que podem impactar no sucesso da empresa, tal como a competição, a capacidade operacional e o custo de aumentos dos bens.
Para a constatação de forças e fraquezas, oportunidades e ameaças advêm sempre dos resultados de uma análise combinada, na qual as condições internas devem ser sobrepostas e confrontadas com as situações do ambiente de negócios da empresa (YANAZE, 2007). A função da análise SWOT é compreender fatores influenciadores e apresentar como eles podem afetar a iniciativa organizacional, levando em consideração as quatro variáveis citadas (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças), com base nas informações obtidas a empresa poderá elaborar novas estratégias.
7 – Materiais e Metódos de Pesquisa
A presente pesquisa iniciou-se através de uma pesquisa bibliográfica, que, de acordo com Fonseca (2002) é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Tais pesqusas de cunho bibliográfico tem como finalidade realizar uma análise preliminar sobre o tema, utilizando os critérios da pesquisa exploratória, segundo Leão (2017) A pesquisa exploratória visa proporcionar maiores informações sobre um assunto investigado, familiarizar-se com o fenômeno ou conseguir nova compreensão deste, a fim de poder formular um problema mais preciso de pesquisa ou criar novas hipóteses.
A revisão bibliográfica deste trabalho procurou, a partir da seleção de autores consultados, evidenciar o desenvolvimento da economia do país, desde a década de 1990 até o atual período pandêmico (2021), e seu impacto na economia, em especial nas organizações. Diante disto será analizado como os empreendedores trabalharam , e quais ações precisaram ser tomadas para se adaptar aos novos padrões de consumo trazidos pela pandemia, e como as empresas tiveram que se reformular para continuar atendendo os clientes e manter a competitividade comercial.
Outro meio de pesquisa utilizado neste trabalho foi a realização de um estudo de caso na empresa Sgotti Materiais para Construção localizada na cidade de Fernandópolis (SP). Um estudo de caso, pode ser compreendido como um método utilizado para a coleta de dados qualitativos, a fim de contribuir para uma investigação empírica, e determinar ou testar uma teoria, utilizando diversas fontes de informações. (OLIVEIRA, 2021). Com o objetivo de avaliar e compreender a atual situação da empresa, foi utilizado como ferramenta a Análise SWOT também denominada como Análise FOFA, (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças), é uma ferramenta de planejamento utilizada para analisar cenários e embasar a tomada de decisões, analisando o ambiente interno e externo. A utilização deste instrumento de Análise, irá contribuir para identificar quais são os pontos fortes e fracos da empresa mencionada, e assim elabora um plano de ação e estratégias de enfrentamento a crise, e a necessidade de possíveis mudanças.
Para adquirir dados mais objetivos, foi utilizado um roteiro de entrevista com o gestor da empresa, com a finalidade de coletar dados do ambiente interno, que irá auxiliar no desenvolvimento da Análise Swot, este roteiro abordará questões relacionadas às estratégias de enfrentamento à crise econômica e pandêmica, utilizadas pela gestão, segundo Cervo, Bervian (2002) a entrevista é uma das principais técnicas de coletas de dados e pode ser definida como conversa realizada face a face pelo pesquisador junto ao entrevistado, seguindo um método para se obter informações sobre determinado assunto.
Além da entrevista com o gestor, outra forma utilizada para a coleta de dados, foi a aplicação de um questionário aos colaboradores e clientes, de acordo com Gil (2009), é uma técnica de investigação com questões que possuem o propósito de obter informações. Segundo Parasuraman (1991), tais técnicas mostram-se como um conjunto de questões feito com o fim de gerar os dados necessários para se atingirem os objetivos de um projeto, sendo muito importante na pesquisa científica, a aplicação deste questionário tem a finalidade de avaliar, a forma em que a empresa utilizou para se adequar ao novo modelo de atendimento, em que os clientes ficaram impedidos de serem atendidos presencialmente, e os vendedores tiveram que realizar as vendas a distância.
Antes do questionário e entrevista, foi aplicado um teste piloto, com cerca de 15 pessoas, entre elas gerentes de empresas, professores, e alunos. Teste piloto é um estudo preliminar de pequena escala realizado para avaliar viabilidade, tempo, custo, eventos adversos e tamanho de efeito (variabilidade) na tentativa de prever um tamanho de amostra apropriado e melhorar o estudo projeto antes da execução de um projeto de pesquisa em grande escala. (HULLEY, 2007). Após a aplicação do teste piloto foram feitas alterações, onde novas questões foram incluídas e outras foram reformuladas, visando alcançar um melhor entendimento por parte do questionado.
8 – Estudo de caso na empresa Sgotti Materiais para Construção
O estudo de caso foi realizado em uma empresa de varejo de materiais para construção, localizada na cidade de Fernandópolis (SP). É uma empresa que atua no mercado há 40 anos, atendendo o público consumidor do básico ao acabamento final, dentro deste segmento, em Fernandópolis e em toda região do noroeste paulista. Em 2009 surgiu também a Sgotti Materiais para Construção em Ouroeste(SP), loja inicialmente comprada para atender como varejo mais voltado à materiais básicos para construção, porém com um crescimento considerável, hoje também atua do básico ao acabamento, considerando as duas lojas, o Sgotti no total conta hoje com mais de 100 colaboradores para atender as necessidades do mercado.
Observa-se a partir de sua missão e visão, a Sgotti Materiais para Construção descreve busca oferecer serviços dentro do ramo de materiais para construção com atendimento, preços, produtos, estrutura adequados e de qualidade com colaboradores capacitados e assim contribuir com o desenvolvimento do comércio local e regional e assim manter-se no mercado como referência local e regional no ramo de materiais para construção na busca por excelência no atendimento ao cliente.
A pesquisa realizada na empresa tem como objetivo identificar os desafios enfrentados pela empresa diante da crise causada pelo novo corona vírus e quais foram as estratégias adaptativas utilizadas pela gestão durante a pandemia.
8.1 - Resultados
De acordo com os resultados obtidos através dos questionários aplicados aos clientes na empresa, foi possível identificar a idade media dos mesmos, que é de 40 a 60 anos e a maioria encontram-se empregados (formal ou informalmente) o que avaliando a parte do faturamento da empresa, seria um ponto positivo porque teoricamente não teriam problemas com recebimentos.
No período em que a empresa passou pelo lockdown, de acordo com as avaliações, o nível médio de atendimento remoto foi de nota 7, que segundo o percentual de satisfação seria satisfatório. Todos os clientes avaliados consideram que os colaboradores têm uma boa capacidade de atendimento na loja física e também encontram-se satisfeitos com os produtos oferecidos.
O ponto a ser melhorado na empresa de acordo com 60% dos clientes questionados, seria em relação a parte tecnológica da empresa, como site mais avançado para vendas e um WhatsApp com suporte e atendimento imediato. Os resultados obtidos mostram que a Loja, em especial, durante a pandemia, passou a investir nas redes sociais. Porém as estratégias e práticas ainda não são satisfatórias, se considerarmos os novos recursos e tecnologias disponíveis e os marketplaces, que já estão em operação no setor.
Em relação a parte de segurança na empresa, com medidas contra o COVID-19, não foram encontrados problemas, todos os clientes se sentiram seguros comprando presencialmente e relatam que as normas de segurança estão sendo cumpridas.
8.2 - Questionário: Colaboradores
O questionário foi aplicado, com cerca de dez funcionários da empresa, contendo dezesseis questões de múltipla escolha, as perguntas propostas buscaram identificar a percepção dos funcionários em relação as medidas de prevenção e as mudanças ocorridas em função da pandemia, e como essas mudanças influênciaram no clima organizacional e na execução de tarefas em diversos departamentos da empresa.
Em relação ao perfil dos empregados, constata-se que a maior parte da população interna da empresa Sgotti Materiais para Construção nos dias de hoje, é representada pelo sexo masculino com 90% e apenas, 10% são do sexo feminino . Ainda sobre a pergunta do perfil dos empregados, foram destacados que 85% dos empregados que atuam na empresa possuem entre 25 e 40 anos, e apenas apenas 15% possuem entre 41 e 60 anos.
No que se refere ao nível de preocupação dos colaboradores, em relação aos impactos que o coronavírus poderia causar na empresa em que trabalha, cerca de 98% respoderam que se sentem extramente preocupados,enquanto 2% disseram que se sentem não muito preocupado, entre os aspectos listados que mais preocupa os colaboradores, o mais mencionado foi a exposição ao virús.
Em respeito as orientações e informações, fornecidas pela empresa, sobre como ser proteger do coronavírus, bem como a disponibilização de materiais de proteção e higienização, como máscaras e álcool em gel, 99% dos colaboradores afirmaram ter recebido informações e suprimeto de materiais suficientes.
É de suma importância para o clima organizacional, e para o bom andamento das atividades nas organizações, que os colaboradores se sintam confiantes em relação a gestão da empresa, a cerca do grau de confiança em que a diretoria da empresa irá tomar as descisões certas para administrar a crise ocasionda pela pandemia do coronavírus, 99% dos colaboradores, disseram se sentir muito confiantes.
Outro aspecto analisado atráves do questionário, foi a respeito das dificuldades encontradas pelos colaboradores para realizar as suas atividades rotineiras, onde 97% dos colaboradoes informaram ter tido uma elevada dificuldade, principalmente em relação as vendas, onde os clientes passaram a comprar por telefone e Whatsapp, essa foi uma das principais mudanças sentidas na relações comerciais da empresa, uma outra dificuldade apontada na pesquisa por 100% dos colaboradores foi a falta de fornecimento de produtos para a comercialização durante a pandemia. No período em que as lojas tiveram que trabalhar com as portas fechadas, os clientes após contatar o vendedor, poderiam optar em realizar a retirada do produto na porta da loja, ou solicitar o serviço de delivery.
Segundo os colaboradores que participaram do questionário, 97% responderam que mesmo diante dessas mudanças no atendimento, o número de clientes Permaneceu igual ou Aumentou em relação ao período anterior ao da pandemia.
8.3 - Entrevista com o gestor
A entrevista foi realizada com o Gestor e Administrador da empresa Sgotti Materiais para Construção que ocupa o cargo a mais de 20 anos, esta entrevista teve como objetivo identificar e analisar as dificuldades encontradas pela gestão da empresa, bem como as ações de enfrentamento a crise pandêmica causada pelo novo coronavírus.
A primeira pergunta feita ao entrevistado, foi em relação as medidas tomadas para se adaptar ao período de quarentena, onde o entrevistado informou que as principais medidas foram: distanciamento das mesas e pontos de antendimento, introdução de pontos de higienização no ambiente da loja, redução no período de atendimento ao público onde a loja mudou totalmente horário de funcionamento, criação e intercalação de turnos de colaboradores.
Sobre a necessidade de cessar as atividades devido a algum decreto governamental, não foi necessário, pois embora as atividades tenham sido reduzidas, a empresa não precisou cessar o atendimento. Outra pergunta realizada ao entrevistado foi sobre os efeitos da pandemia sobre o nível de acesso aos fornecedores de insumo, matérias-primas ou mercadorias para revenda por parte da empresa segundo o gestor, “O maior impacto foi o aumento da demanda, por parte do consumidor final, onde ocasionou ruptura de oferta dos fornecedores com relação as mercadorias que recebemos”.
Em relação sobre a capacidade da empresa em honrar os seus compromissos financeiros, ele informou que felizmente foi possível honrar com todos os compromissos, tanto com os fornecedores como com os colaboradores .
Sabemos que muitas empresas infelizmente tiveram que reduzir o quadro de funcionários e o quanto essa acão por parte das empresas influenciaram na economia brasileira, diante disso perguntamos ao entrevistado se houve essa necessidade de redução na empresa Sgotti, e ele respondeu felizmente não foi necessário nenhuma redução, apenas adequações em turnos e escalas mesmo.
A respeito dos benefícios oferecidos pelo governo para auxiliar as empresas como o PEAC (Programa de Acesso ao Crédito) e outros como suspensão de contrato de trabalho, prorrogação nos pagamentos de impostos, o gestor informou que não foi necessário ultilizar de nenhum desses benefícios.
Por fim, foi perguntado também sobre a necessidade de aderir ao trabalho home office e sobre as medidas operacionais e mercadológicas adotadas pela empresa e as dificuldades enfrentadas em relação a essas medidas, o entrevistado respondeu que a respeito do trabalho home office a empresa precisou sim aderir a essa forma de trabalho, porém de forma parcial, não foi necessário colocar todos os colaboradores no trabalho remoto. As medidas operacionas adotadas, foi infomado que as principais foram: retirada de produtos no local, serviços de entrega delivery e vendas de produtos oline, como dificuldades ele mencionou a adaptação de entrega de produtos, considerando o isolamento social e o fato dos fornecedores não estarem operando normalmente.
9 – Proposta da Matriz SWOT para a empresa objeto de estudo
O desenvolvimento da análise SWOT parte da verificação de duas variáveis: o ambiente interno e ambiente externo da empresa em estudo. Estas variáveis foram analisadas a partir das respostas dos questionários realizado com clientes, colaboradores, e entrevista com o gestor da empresa, possibilitando a proposta da criação da Matriz SWOT para a empresa Sgotti. O Quadro 1 ilustra a Matriz SWOT referente a Empresa Sgotti Materiais para Construção.
Quadro 1: Matriz Swot proposta para a empresa Sgotti Materiais para Construção
OPORTUNIDADES – AMBIENTE EXTERNO |
AMEAÇAS – AMBIENTE EXTERNO |
|
|
Novas linhas de crédito para as empresas |
Disputa acirrada por melhores preços X |
Programas do governo federal como “ Casa Verde Amarela” |
Redução do poder aquisitivo do público-alvo X |
Aumento da construção civil |
Flutuação de preço X |
Redução de taxas e impostos |
Instabilidade de Fornecedores |
Aumento das vendas online |
Inadimplência por parte dos clientes X |
|
Instabilidade na economia do país, tornando o cliente inseguro para investir em construção e reforma X |
|
Concorrência de empresas similares X |
FORÇAS – AMBIENTE INTERNO |
FRAQUEZAS – AMBIENTE INTERNO |
|
|
Preço Competitivo |
Falta de investimento no meio digital |
Produtos de qualidade |
Inexistência de plano de carreira |
Facilidade em liberação crédito para clientes |
Ausência treinamento ou capacitação de pessoal |
Baixa rotatividade de colaboradores |
Falta de site para compras online |
Boa localização geográfica da empresa |
Inexistência de incentivo aos colaboradores |
Variedade em produtos |
Demora no atendimento presencial |
Sólida posição financeira |
|
Entrega rápida |
|
Conforme pôde ser verificado no quadro 1 a análise SWOT pode contribuir para a elaboração de uma boa estratégia competitiva da organização através da identificação das forças, fraquezas, ameaças e oportunidades presentes no contexto organizacional em que é aplicada. O ambiente interno se refere a tudo aquilo que a empresa possui de forças e fraquezas, analisando a organização estudada, apesar da falta de investimento no meio digital, como a inexistência de site para compras online, a empresa possui uma alta qualidade e grande variedade de produtos, mantendo assim a fidelização dos clientes.
Ainda que não exista um plano de carreira aos colaboradores e a ausência de treinamento e capacitação, além do baixo incentivo salarial, nota-se uma baixa rotatividade de funcionários o que os fazem ter segurança em relação a empresa. Os produtos comercializados são de extrema qualidade, assim como sua boa localização geográfica o que permite oferecer rapidez na entrega, entretanto foi evidenciado a demora no atendimento presencial. Devido a sólida posição financeira da empresa no mercado, é possível oferecer facilidade na liberação de crédito aos clientes.
O ambiente externo verifica-se como oportunidades e ameaças. Mesmo que exista uma instabilidade na economia do país, tornando o cliente inseguro para investir em construção e reforma, além da possibilidade de redução do poder aquisitivo do público-alvo, os programas como Casa Verde e Amarela, garante com que a construção civil permaneça avançando.
A partir das novas linhas de créditos oferecidas pelo gorverno para as empresas, é permitido o investimento em melhorias e expansão da mesma, o que é possível através da redução de juros e taxas, mesmo que havendo flutuação de preço no mercado. Com o aumento das vendas online cada vez mais frequentes, foi notado uma redução da inadimplência por partes de clientes, já que o pagamento é realizado por meio de cartões ou boletos, o ponto desfavorável seria o aumento de empresas similares na internet e a disputa acirrada por melhores preços.
Portanto, sugere-se a implantação de um site eficiente, permitindo assim compras online e a realização de treinamentos semestrais para aperfeiçoamento e capacitação dos colaboradores. Como forma de motivação, é necessário a aplicação de um programa de incentivos com ações voltadas para aumentar a satisfação e engajamento dos funcionários.
8 – Considerações finais
Esta pesquisa se propôs, como objetivo geral avaliar mediante situação atual de crise pandêmica, como a empresa do ramo de construção civil conseguiu desviar-se desse período, mantendo a estabilidade no mercado. Foi contextualizado o desenvolvimento da economia desde a abertura dos mercados, o que implicou uma modernização dos processos no empreendedorismo.
Semelhante a este período, no estágio atual que as empresas estão vivenciando devido ao coronavírus, além de se adaptarem, elas também precisam reformular o desempenho de suas atividades para manter sua eficácia. Apesar desse cenário crítico, a avaliação acredita que as perspectivas para a construção civil na pandemia são muito otimistas e as vendas não diminuíram.
9Foram aplicados questionários aos colaboradores e clientes, além de entrevista com o gestor, para a obtenção de dados mais objetivos. Com a finalizade de analisar o ambiente interno e externo da empresa, foi realizada a implantação da matriz SWOT, identificando assim quais são as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças existentes.
Com base nos resultados obtidos, resumiu-se que o grau de satisfação dos clientes de maneira geral foi satisfatório, exceto com os canais disponibilizados para compras online, em relação aos colaboradores, puderam entender claramente as medidas tomadas devido à pandemia e as razões para sua implementação, no entanto, foram identificadas elevadas dificuldades para realização nas vendas remotas, através da entrevista com o gestor foi concluído que a empresa manteve sua solidez, conseguindo assim manter a estabilidade da empresa.
Sendo assim, foi sugerido a manutenção da parte tecnológica da empresa, tanto na parte de vendas diretas com o vendedor (WhatsApp), quanto na venda online (site), em adição o treinamento semestral de colaboradores, para aperfeiçoamento e suporte vindo das mudanças que podem ocorrer no período decorrido e incentivo ao grupo dos mesmos, além da aplicação do marketing place.
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[2] Mestre em Engenharia da Produção pela Universidade Metodista de Piracicaba. Professor do Curso de Administração da Fundação Educacional de Fernandópolis
[3] Conhecido tambem como teletrabalho é uma forma de relação de trabalho na qual o colaborador atua a distância. Para isso, faz uso dos meios computacionais para produzir junto à empresa, como se estivesse presente fisicamente.
Graduanda do Curso de Administração da Fundação Educacional de Fernandópolis.
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: RAMOS, Louise Baroni. Os impactos da crise pandêmica na economia brasileira e os reflexos para empreendedores: um estudo de caso em uma empresa do ramo de construção civil no município de Fernandópolis (SP) Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 09 dez 2021, 04:11. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/57867/os-impactos-da-crise-pandmica-na-economia-brasileira-e-os-reflexos-para-empreendedores-um-estudo-de-caso-em-uma-empresa-do-ramo-de-construo-civil-no-municpio-de-fernandpolis-sp. Acesso em: 23 dez 2024.
Por: PATRICIA GONZAGA DE SIQUEIRA
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