RESUMO- O presente artigo discorre acerca da importância do diagnóstico social e a construção de indicadores na atuação do serviço social no que tange o desenvolvimento do trabalho social com famílias, tendo em vista sua importância na consolidação da Política de Assistência Social, que considera como pilastra da sua execução a oferta dos serviços a instituição familiar, sendo primordial para direcionamento profissional e atendimento das reais necessidades do público alvo da política de assistência a construção de um diagnóstico e o levantamento de indicadores que proporciona ao assistente social o conhecimento e aprofundamento de tais questões sociais e demandas apresentadas, sendo possível através de tais ferramentas evidenciar e identificar as possibilidades e capacidades que podem ser desenvolvidas no individuo para o alcance das prevenções e superações das vulnerabilidades sociais, maior desafio imposto quando se trata da garantia e consolidação dos direitos dos usuários da Política de Assistência Social.
PALAVRAS CHAVE: Política de Assistência Social; Diagnóstico Social; Indicadores; Famílias.
Sumário: 1.Introdução. 2.Diagnóstico social. 3. Indicadores sociais. 4. O trabalho social com famílias na política de assistência social no que tange a garantia de direitos e a importância do diagnóstico e indicadores 5. Considerações finais. 6 Referências.
1.0-INTRODUÇÃO
O presente artigo objetivou discorrer acerca da importância do diagnóstico social e a construção de indicadores na garantia de direitos na atuação do serviço social no que tange o desenvolvimento do trabalho social com famílias, tendo em vista a realização de um trabalho social eficiente, alcançando as verdadeiras vulnerabilidades apresentadas pela instituição familiar contemporânea.
Discutir a importância do diagnóstico social e a construção de indicadores no trabalho com famílias frente à Política de Assistência Social, que garante direitos sociais, é de extrema relevância, considerando que a família é o pilar da sociedade, onde a Assistência Social destaca a mesma como seu centro no desenvolvimento dos serviços, planos, políticas e projetos, exaltando como núcleo principal de execução da política a matricialidade sociofamiliar, devendo priorizar o corpo familiar como destinatário principal, ou seja, as ações ofertadas pela política de Assistência Social devem vir ao encontro das reais necessidades da instituição familiar.
Para a realização da presente pesquisa utilizou-se o método de pesquisa bibliográfica, compilações e artigos na internet.
A metodologia utilizada permitiu que o trabalho fosse dividido em três capítulos, no primeiro apresentou-se o termo diagnóstico social, sua função e importância no trabalho social realizado com famílias na consolidação da Política de assistência social..
O segundo capítulo trouxe indicadores sociais, desvelando suas principais características e sua real importância no trabalho social com famílias.
O terceiro e último capítulo trouxe por fim o trabalho social com famílias na Política de Assistência social meio a garantia de direitos e a importância do diagnóstico e indicadores.
As considerações finais consumam o presente artigo, as quais abarcaram uma discussão a respeito da pesquisa teórica, realizando uma reflexão em busca de produzir conhecimento acerca do tema.
2.0-DIAGNÓSTICO SOCIAL
A Constituição Federal de 1988 e a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) vieram garantir o respeito da assistência social como política de proteção social, compondo o tripé de seguridade social (Saúde, Previdência Social e Assistência Social), a assistência social passou a ser garantida a quem dela necessitar, sendo compreendida como direito do cidadão e dever do Estado.
A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. (LOAS, BRASIL, 1993).
Para garantir a consolidação desta política muitos desafios são impostos diariamente aos profissionais que atuam na execução dos serviços sociais, percebe-se que um dos entraves, está na importância dos profissionais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) apresentar um olhar perceptivo nas reais necessidades da população.
Conhecer as verdadeiras vulnerabilidades e riscos que perpassam a realidade do público alvo apesar de não ser fácil é primordial, evidenciando e identificando também as possibilidades e capacidades que podem ser desenvolvidas perante cada situação apresentada.
Importante ao falar de vulnerabilidade social trazer o conceito para melhor entendimento:
(...) o conceito de vulnerabilidade social requer olhares para múltiplos planos, e, em especial, para estruturas sociais vulnerabilizantes. De tal modo, quando se fala em vulnerabilidade social, é relevante que se compreenda que essa é o estado no qual grupos ou indivíduos se encontram, destituídos de capacidade para ter acesso aos equipamentos e oportunidades sociais, econômicas e culturais oferecidos pelo Estado, mercado e sociedade. (PADOIN, VIRGOLIN,2010, p.01).
Sendo assim, para vislumbrar, identificar e analisar tais demandas de vulnerabilidades faz-se necessário a utilização de um diagnóstico social, que é uma das ferramentas mais importantes para aproximação e real conhecimento do objeto de estudo.
A palavra “diagnóstico” deriva do grego- diagnostikos: apto para conhecer, onde o conhecimento é o elemento principal e fundamental na essência do diagnóstico social. (Idanez e Ander – Egg, 2008)
Através do diagnóstico social o assistente social tem a oportunidade de vislumbrar e estudar a fundo a situação problema apresentada, possibilitando a progressão na intervenção para melhor resolução. “É necessário conhecer para atuar e só conhecendo é que podemos agir com eficácia, alcançando melhores resultados”. (Idanez e Ander-Egg, 2008).
Importante salientar como o termo diagnóstico adentrou o serviço social como método de apoio e instrumento de intervenção, o mesmo surgiu na atuação em 1917, por Mary Richimond na publicação do seu livro intitulado: “Social Diagnosis” (Diagnóstico Social), destarte dizer que tal obra é um marco fundamental na história do trabalho social. A autora trouxe a intervenção instrumental do diagnóstico social no serviço social de caso, tendo em seu contexto grandes influências clínicas, se apoiando na medicina e no atendimento de famílias.
A importância outorgada ao diagnóstico social por parte de Mary Richmond, unida à vigência de muitas das suas considerações apesar do tempo que passou desde o surgimento da sua obra, justifica que nos detenhamos a examinar alguns dos seus contributos. Richmond descreve o diagnóstico social como "a tentativa de efectuar com a maior precisão possível uma definição da situação e personalidade do ser humano com alguma carência social; ou seja, da sua situação e personalidade na relação com os outros seres humanos, dos que depende em alguma medida ou que dependam dele, e em relação também com as instituições sociais da comunidade. (IDANEZ E ANDER – EGG, 2008, PAG.15)
Com as transformações contemporâneas o método de construção do diagnóstico social também evoluiu, perpassando mudanças significativas, porém, não deixa de trazer consigo grandes vestígios do método e base criados por Mary Richimond, importante também evidenciar que possui como característica marcante os fundamentos das ciências sociais utilizando fortemente a abordagem em territórios.
O diagnóstico social representa uma das fases mais importantes para o inicio da intervenção social, através da construção do mesmo faz-se possível a elaboração e a constituição de ações profissionais assertivas e enérgicas, possibilitando condições de criar estratégias plausíveis, priorizando verdadeiramente as necessidades dos usuários da Política Nacional de Assistência Social (PNAS).
O diagnóstico social é um processo de elaboração e sistematização de informação que implica conhecer e compreender os problemas e necessidades dentro de um determinado contexto, as suas causas e a evolução ao longo do tempo, assim como os factores condicionantes e de risco e as suas tendências previsíveis; permitindo uma discriminação dos mesmos consoante a sua importância, com vista ao estabelecimento de prioridades e estratégias de intervenção, de forma que se possa determinar de antemão o seu grau de viabilidade e eficácia, considerando tanto os meios disponíveis como as forças e actores sociais envolvidos nas mesmas. (IDANEZ E ANDER-EGG, 2008, PAG. 27).
Para dar inicio a um projeto social o diagnóstico assume-se como um instrumento essencial, pois permite examinar a realidade na qual se pretende intervir. (Serrano, s.p, 2008).
Como reforça Serrano (2008) “considerado um instrumento essencial” em um plano de ação e projeto de intervenção, o diagnóstico social possibilita a compreensão das causas dos problemas e a interpretação da realidade apresentada, trazendo possibilidades de realizar um planejamento estratégico, possibilitando intervenções dinâmicas, concretas e eficazes, facilitando na identificação das potencialidades e oportunidades disponíveis para lidar com as questões sociais diversas constantes na dialética contemporânea.
O diagnóstico social tem como objetivos fornecer informações que sirvam como base para a elaboração de ações concretas em forma de planos, programas e projetos. Permite assim o planejamento estratégico de ações adequadas ao tratamento das questões sociais. É mais do que conhecer os problemas sociais de uma determinada região ou população, visa o entendimento da causalidade dos problemas e a ação concreta sobre tais. (SIQUEIRA, 2016, PAG. 55)
Para os autores Idanez e Ander-Egg (2008) em o alcance da viabilidade e eficácia do diagnóstico social faz-se importante perceber se o mesmo cumpre sua função e apresenta seus principais requisitos, tornando-se completo, para tal precisa-se observar se o diagnóstico social:
· Informa sobre os problemas e necessidades existentes, no âmbito, área ou sector onde foi realizado o diagnóstico;
· Responde ao porquê destes problemas, tentando compreender as suas causas e efeitos, bem como os seus condicionalismos, apontando possíveis tendências;
· Identifica recursos e meios de acção, segundo o tipo de ajuda ou atenção necessárias;
· Determina prioridades de intervenção, segundo critérios técnico-científicos;
· Estabelece estratégias de acção, com a finalidade de responder às mudanças de comportamento das variáveis externas;
· Apresenta os factores que podem aumentar a eficácia da intervenção. (IDANEZ E ANDER-EGG, 2008, PAG. 29).
A autora Siqueira (2016) salienta “Por seu caráter dinâmico, é uma ferramenta que não se encontra estagnada em um momento e história, devendo ser a todo momento revisitada, atualizada, estando aberta a novas informações e coleta de dados” SIQUEIRA (2016, PAG.55).
As questões sociais estão em constante dialética, exigindo a necessidade que o assistente social possua um olhar dinâmico e criativo, se munindo cada vez mais de informações sobre as vulnerabilidades sociais que são apresentadas no seu cotidiano, sendo assim, o diagnóstico como já citado é ferramenta primordial que também está sujeito as transformações e atualizações, não permanecendo estático.
O diagnóstico constitui uma fase ou momento do processo metodológico – e simultaneamente um instrumento operativo - que se vai completando e enriquecendo de forma permanente. Qualquer intervenção na realidade gera uma dinâmica que vai questionando novas interrogações, vai reformulando problemas e vai fazendo luz sobre questões que não se tinham considerado suficientemente ou eram simplesmente lacunas do diagnóstico (Ander Egg & Idáñez, 2008:20).
Desta forma, como o diagnóstico é realizado com a colheita de informações através da participação, o mesmo trás consigo diante das pessoas entrevistadas e participantes da pesquisa realizada um bojo de novos panoramas de possíveis problemas de diversas áreas e dimensões que ainda não foram investigados, engrandecendo e aperfeiçoando o trabalho realizado.
O diagnóstico social, além de permitir a compreensão de determinadas situações, territórios e populações, produz conhecimento, por vezes, inédito sobre os mesmos. Ao desvendar o local, identifica as demandas e potencialidades da região investigada. Desta maneira, sinaliza se os projetos e ações pensadas para aquela localidade são viáveis ou não, define indicadores, estratégias de atuação e auxilia no planejamento de ações sociais efetivas. (SIQUEIRA, 2016, PAG.56.)
A Norma operacional Básica NOB-SUAS (2012) Resolução n° 33, do Conselho Nacional de Assistência Social ressalta em seu contexto nos artigos 20 e 21, a importância do diagnóstico socioterritorial, em que circunstância se faz necessário sua elaboração e principais características:
Art. 20. A realização de diagnóstico socioterritorial, a cada quadriênio, compõe a elaboração dos Planos de Assistência Social em cada esfera de governo.
Parágrafo único. O diagnóstico tem por base o conhecimento da realidade a partir da leitura dos territórios, microterritórios ou outros recortes socioterritoriais que possibilitem identificar as dinâmicas sociais, econômicas, políticas e culturais que os caracterizam, reconhecendo as suas demandas e potencialidades.
Art. 21. A realização de diagnóstico socioterritorial requer:
I - processo contínuo de investigação das situações de risco e vulnerabilidade social presentes nos territórios, acompanhado da interpretação e análise da realidade socioterritorial e das demandas sociais que estão em constante mutação, estabelecendo relações e avaliações de resultados e de impacto das ações planejadas; (NOB, SUAS, 2012, PAG.11).
Importante destacar no que consiste um diagnóstico socioterritorial, a Política de Assistência Social preconiza a promoção e a proteção social do individuo, utilizando como um dos seus eixos principais de atuação o território, pois é através do território que se faz possível explorar as principais vulnerabilidades e riscos sociais, tal conhecimento nos possibilita a compreensão da dinâmica dos problemas sociais que ocasionam as inúmeras expressões das questões sociais.
É no território, pelas questões de proximidade e de identidade cultural, que acontecem as relações sociais mais identificadas com as reais demandas por direitos, serviços e benefícios sociais. É onde também são produzidas as necessidades dos cidadãos, como moradia, transporte, educação, saúde, saneamento e tantas outras. Para as políticas sociais, essas necessidades deixam de ter caráter individual e passam a ser percebidas como demandas coletivas, que precisam ser atendidas pelas ações de planejamento do governo. (BRASIL, 2013, PAG.70).
Para conhecer a fundo esse território e realizar a construção do diagnóstico com eficácia faz-se necessário que a colheita de informações seja realizada da melhor forma possível, para tal o serviço social e as ciências sociais apresentam vários tipos de ferramentas, a autora Siqueira (2016) cita algumas:
Tais ferramentas podem ser: a entrevista em profundidade, a entrevista com questionário definido, o levantamento histórico, o genograma e o ecomapa, a nuvem de problemas, a análise swot, a árvore de problemas, a análise de causas e consequências, a espinha de peixe, o mind map, a análise de variável motriz, a grelha de hierarquias de prioridades de intervenção, dentre outras[...]. (SIQUEIRA, 2016, PAG. 56.)
Cabe lembrar, no entanto, que são inúmeras as ferramentas que abarcam a construção de pesquisas e um diagnóstico bem elaborado, ao responsável pelo levantamento de dados e construção do mesmo, cabe escolher a ferramenta mais viável para alcançar o objetivo esperado do trabalho social desenvolvido.
O diagnóstico se faz fundamental para consumar um trabalho de qualidade, permitindo que o profissional vislumbre as particularidades de cada território e situação apresentada, facilitando a atuação e colaborando na construção de estratégias plausíveis, proporcionando também a possibilidade de criar ações com caráter preventivo, que auxiliará evitando o agravamento das situações de vulnerabilidades e riscos que as famílias vivenciam na atual contemporaneidade.
Outro elemento que se faz indispensável na intervenção frente ao enfrentamento das vulnerabilidades sociais e riscos são os indicadores sociais. O próximo tópico a ser abordado versará sobre a importância dos indicadores no trabalho realizado pelo Sistema Único de Assistência Social na atuação do assistente social..
3.0- INDICADORES SOCIAIS
Utilizados como instrumentos metodológicos, os indicadores ressaltam as características sociais, suas mudanças e os diferentes fenômenos existentes que abarcam a sociedade contemporânea e influem grandemente na aparição e desenvolvimento das questões sociais, sendo de suma importância no processo de gestão social.
Para o autor Jannuzzi (2009)
Um indicador social é uma medida em geral quantitativa dotada de significado social substantivo, usado para substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito social abstrato, de interesse teórico (para pesquisa acadêmica) ou programático (para formulação de políticas). É um recurso metodológico empiricamente referido, que informa algo sobre um aspecto da realidade social, ou sobre mudanças que estão se processando da mesma. (JANNUZZI, 2009, PAG. 07).
Auxiliadores na quantificação ou qualificação dos fenômenos e monitoramento da realidade social, os indicadores são primordiais no processo de gestão, transformando conceitos abstratos em situações possíveis de análise e observação.
Os indicadores sociais são medidas usadas para transformar conceitos abstratos, como “fome” ou “miséria”, em algo que possa ser analisado e quantificado. Em outras palavras, transformam aspectos da realidade em números, taxas e razões, seja essa uma realidade dada (situação social) ou construída (decorrente da intervenção governamental), tornando possível sua observação e avaliação. (BRASIL, 2013, PAG.78).
Sendo assim, utilizar-se de indicadores torna-se indispensável, tendo em vista que tais instrumentos metodológicos são manuseados “para monitoramento da realidade social para fins de formulação e reformulação de políticas públicas” (Jannuzzi, 2004, p. 15).
Os indicadores quando utilizados de maneira responsável, podem auxiliar grandemente na construção de programas, planos e projetos que vão de fato conseguir ir de encontro às reais necessidades da população, a análise dos indicadores proporciona condições de vislumbrar as demandas sociais que surgem diariamente no nosso país, possibilitando dar ênfase as desigualdades sociais e vulnerabilidades socioeconômicas existentes, facilitando a construção de estratégias para melhorias, avaliação e planejamento das ações profissionais na gestão social das políticas públicas, “os indicadores apontam, indicam, aproximam, traduzem em termos operacionais as dimensões sociais de interesse definidas a partir de escolhas teóricas ou políticas realizadas anteriormente.” (JANNUZZI, 2005, PAG.138).
O processo de construção de um indicador social, ou melhor, de um sistema de indicadores sociais, para uso no ciclo de políticas públicas inicia-se a partir da explicitação da demanda de interesse programático, tais como a proposição de um programa para ampliação do atendimento à saúde, a redução do déficit habitacional, o aprimoramento do desempenho escolar e a melhoria das condições de vida de uma comunidade. (JANNUZZI, 2005, PAG.02).
Neste processo de construção dos indicadores sociais, tendo em vista seu uso no ciclo das políticas públicas, faz-se importante salientar o trabalho do assistente social, pois o mesmo realiza a execução e gestão social de programas, planos e projetos, executando e avaliando os serviços sociais.
O Serviço Social é uma profissão regulamentada pela Lei N°8662/93, de 07 de junho de 1993, tendo suas bases e direcionamento no código de Ética da profissão, que foi aprovado pela regulamentação do CFESS N°273/93. Importante salientar que a profissão está inscrita na [1]divisão social e técnica do trabalho, destacando reconhecimento, percebe-se que o serviço social tem conquistado cada vez mais seu espaço na sociedade, tendo passado por muitas mudanças e grande desenvolvimento no decorrer da história, sendo atualmente de extrema importância no tratamento das inúmeras expressões das questões sociais apresentadas na sociedade contemporânea.
A autora Torres (s.a) faz importantes colocações sobre a profissão:
[...] reconhecida pela sua natureza analítica e interventiva, o que legitima os assistentes sociais a planejar e construir respostas profissionais mediatizadas pelas necessidades sociais identificadas e experiênciadas pelos sujeitos que vivem nesta realidade social. Balizado nas direções construídas pelo conjunto CFESS/CRESS e ABEPSS para a formação, a saber: teórica e metodológica; ética e política e técnico-operativa, os profissionais reconhecem que essas direções fundamentam também o exercício profissional, além de garantir a direção social necessária a esta profissão. (TORRES, S.A, PAG.05).
Sendo assim, torna-se claro o quanto a intervenção dos assistentes sociais perante a construção de respostas para resolução das necessidades sociais da sociedade é essencial, o profissional atua diretamente com as políticas públicas, onde o Estado solicita seus serviços objetivando atender as demandas sociais, operando através das políticas sociais.
Na construção dessas respostas, buscando uma intervenção eficaz o assistente social precisa utilizar-se de estratégias de atuação, sendo que, munir-se de conhecimento é uma das artimanhas mais importantes em seu desempenho profissional, tendo em vista que "[...] o conhecimento não é só um verniz que se sobrepõe superficialmente à prática profissional, podendo ser dispensado; mas é um meio pelo qual é possível decifrar a realidade e clarear a condução do trabalho a ser realizado." (IAMAMOTO, 1998, p. 63) sendo assim, para se apropriar de tal façanha faz-se necessário que o profissional utilize métodos precisos, deixando em destaque o quanto se faz imprescindível o levantamento responsável e oportuno de indicadores para orientar a análise, formulação e implementação das políticas sociais.
Sem dúvida, conhecimento do significado, dos limites e potencialidades dos indicadores sociais pode ser de grande utilidade para os diversos agentes e instituições envolvidos na definição das prioridades sociais e na alocação de recursos do Orçamento Público. Se bem empregados, os Indicadores Sociais podem enriquecer a interpretação empírica da realidade social e orientar de forma mais competente a análise, formulação e implementação de políticas sociais. Na negociação das prioridades sociais, os indicadores sociais podem contribuir no apontamento da magnitude das carências a atender nas diversas áreas de intervenção. (JANNUZZI, 2012, PAG.02).
Importante ressaltar que os indicadores não são simplesmente dados, ou números, os mesmos nos propiciam anuir os dados conforme a realidade social está posta, vale dizer que indicadores sociais não devem ser confundidos com estatística pública, tendo em vista, que há diferenças entre os mesmos.
Resumidamente, estatísticas públicas correspondem ao dado em sua forma bruta - por meio de números - não se encontra contextualizado em um debate dialético, são representações advindas de um campo empírico ou de determinada realidade. Já os indicadores sociais apresentam, conforme Jannuzzi (2004), um conteúdo informacional, um valor contextual baseado em uma Teoria Social, não se trata de uma simples junção de dados e sim da contextualização e interpretação dos conceitos operacionalizados. Porém, os dados estatísticos são úteis para a construção dos indicadores, são matérias-primas para estruturar um indicador. (YWATA et al., S.A, PAG.01).
Sendo assim, torna-se imprescindível compreender o contexto social do indicador social, ressaltando a compreensão em sua totalidade, tendo em vista que o mesmo dá “vida e visibilidade a um conceito abstrato e suas expressões” (YWATA et al.).
Portanto a disponibilidade de indicadores sociais precisos e confiáveis potencializa o ensejo de êxito na formulação e execução das políticas públicas sociais propiciando “diagnósticos sociais, monitoramento de ações e avaliações de resultados mais abrangentes e tecnicamente mais bem respaldados” (JANNUZI, 2002, PAG. 08) colaborando grandemente na atuação do assistente social e demais trabalhadores que executam programas, planos, projetos e serviços sociais.
4.0- O TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS NA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO QUE TANGE A GARANTIA DE DIREITOS E A IMPORTÂNCIADO DIAGNÓSTICO E INDICADORES
Neste momento se faz necessário discorrer a respeito da importância do trabalho social com famílias na política de Assistência Social, tendo em vista que a utilização dos indicadores e construção de diagnósticos é fundamental para a realização de intervenções as famílias, principal pilar de atuação da Política Nacional de Assistência Social (PNAS), principalmente no que tange o acesso da instituição familiar aos seus direitos sociais.
Tendo em vista a importância da família para o desenvolvimento do ser humano a PNAS não poderia deixar de abarcar a instituição familiar no desenvolvimento de suas ações, sendo assim, instituída a família como base dos serviços, planos, programas e projetos, sendo estabelecido para tal oferta o Serviço de Proteção e Atendimento Integral a Família (PAIF), objetivando ofertar um espaço aos usuários da política para troca de experiências, acesso a informações, esclarecimento de dúvidas e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. A oferta dos serviços é realizada através do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), órgão onde são referenciadas as situações de vulnerabilidades sociais classificadas como proteção Social Básica, importante salientar que o CRAS não pode funcionar sem realizar a oferta dos serviços propostos pelo Serviço de Proteção e Atendimento Integral a Família (PAIF).
Para a realização do trabalho social com famílias o CRAS como já citado faz uso do PAIF, equipamento primordial para a oferta dos serviços, para realizar as ações propostas com eficácia, o órgão necessita construir estratégias viáveis para conhecimento das vulnerabilidades e questões sociais apresentadas pelos usuários, para tal, se faz necessário a construção de um diagnóstico social, meio essencial para acessar a verdadeira realidade do território e situação vivenciada pela população, proporcionando a possibilidade de realizar ações enérgicas e eficazes perante as situações apresentadas.
Importante salientar que família é entendida como um grupo de pessoas que convivem juntas, possuindo ou não laços consangüíneos, sendo composta por valores, culturas e história e cabe a instituição familiar a garantia de proteção social de seus indivíduos.
O trabalho social é destinado à instituição familiar e seus membros, que estejam vivenciando alguma situação de vulnerabilidade e risco social, o mesmo deve ter um caráter preventivo, viabilizando a garantia de superação da situação apresentada de vulnerabilidade.
Segundo o Ministério de Desenvolvimento e Combate à fome (MDS, 2012, p. 11) o trabalho social com famílias pode ser entendido como:
Conjunto de procedimentos efetuados com a finalidade de contribuir para a convivência, reconhecimento de direitos e possibilidades de intervenção na vida social de um grupo social, unido por vínculo consanguíneos, de afinidade e/ou solidariedade – que se constitui em um espaço privilegiado e insubstituível de proteção e socialização primárias, com o objetivo de proteger seus direitos, apoia-las no desempenho de sua função de proteção e socialização de seus membros, bem como assegurar o convívio social e comunitário, a partir do seu reconhecimento como sujeitos de direitos.
O trabalho social objetiva a proteção social da família, com ações que estimulam o desenvolvimento das potencialidades de cada membro que compõe o seio familiar, trabalhando o fortalecimento dos vínculos e reconhecimento dos sujeitos como cidadãos de direitos, pautando o desenvolvimento das ações a prevenção da violação de direitos.
Para a realização do trabalho social com famílias na política de assistência social é necessário um mapeamento, compreensão ampla do território, realizando um levantamento de dados dos usuários, ou seja, a construção de um diagnóstico se faz primordial, permitindo que os objetivos e metas a serem aplicados correspondam às necessidades e possam de fato garantir a proteção social das famílias.
Sendo assim, o trabalho social provoca a participação ativa dos beneficiários promovendo a inserção social, onde é estimulada a participação direta dos mesmos, valorizando-os como sujeitos de direitos, trabalhando sua autonomia e emancipação social cidadã.
Sendo assim, as ações e as estratégias de execução deste trabalho social devem ter como base o diagnóstico socioterritorial, respeitando os indicadores, ao se embasar nas ferramentas do diagnóstico faz-se possível descrever as atividades, os mecanismos, a metodologia, técnicas e instrumentos que serão utilizados, itens fundamentais para o desenvolvimento das ações e execução da Política de Assistência Social.
Portanto para a realização do trabalho social com ações eficientes é necessário que o profissional responsável busque diariamente um embasamento teórico, estando perceptivo as questões sociais abrangentes na atuação profissional, se apropriando de seus princípios éticos, para que assim tenha condições de construir ações condizentes com a realidade do público alvo do serviço social, quebrando ações instintivas e personalistas direcionadas pelo senso comum.
5.0- CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho social com famílias na Política de Assistência em meio a garantia de direitos é uma ação sistemática, reflexiva e metódica, construído a partir dos conhecimentos científicos e da realidade social acerca das relações sociais, onde a construção dos diagnósticos são primordiais para o alcance desses conhecimentos. Dessa forma, os profissionais envolvidos devem ser capazes de articular suas ações, na junção do conhecimento técnico com as experiências de vida da população, para que a ação alcance a demanda na sua realidade, sendo possível através dos indicadores produzidos com a construção de diagnósticos precisos e reais.
Portanto as ações para a realização de um trabalho social com famílias que apresentem resultados devem ser organizadas e planejadas com abordagens e procedimentos metodológicos, estudo e análise para a constituição das ações. O profissional deve apresentar um olhar e posicionamento crítico, importante também que apresente características de pesquisador para dar um suporte científico, para assim reconhecer as fragilidades e as potencialidades das famílias a serem desenvolvidas, possibilitando ações precisas e realmente eficazes, colaborando assim na efetuação da garantia de direitos e enfrentamento das violações de direitos e vulnerabilidades sociais.
BIBLIOGRAFIAS
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[1] Segundo Iamamoto e Carvalho (1983), a divisão social e técnica do trabalho "determina a vinculação de indivíduos em órbitas profissionais específicas, tão logo o trabalho assume um caráter social, executado na sociedade e através dela." (IAMAMOTO & CARVALHO, 1983, p. 16)
Bacharela em administração de empresas, MBA em gestão de pessoas e Pós em finanças, contabilidade e controladoria, Pós em gestão Pública.
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: OLIVEIRA, ANA LUCIA BARBOSA DE. A importância do diagnóstico social e indicadores no que tange o trabalho social com famílias, meio a garantia de direitos na política de assistência social Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 30 dez 2021, 04:36. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/57963/a-importncia-do-diagnstico-social-e-indicadores-no-que-tange-o-trabalho-social-com-famlias-meio-a-garantia-de-direitos-na-poltica-de-assistncia-social. Acesso em: 23 dez 2024.
Por: Juliana Melissa Lucas Vilela e Melo
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Por: LEONARDO RODRIGUES ARRUDA COELHO
Por: REBECCA DA SILVA PELLEGRINO PAZ
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