RESUMO: O Padre Julio Lancelotti é vítima do ódio de pessoas má intencionadas que tentam com a manipulação de vídeos acabar com a sua figura, ou simplesmente “cancelá-lo” ou “matá-lo” simbolicamente. Um cidadão que é reflexo de seu tempo, que soma seguidores e críticos que se apoiam no ódio para um engajamento de redes sociais ao colocar a credibilidade do Padre em dúvida.
Palavras-chave: Padre Julio Lancelotti, Ódio, facismo, fake News
ABSTRACT: Julio Lancelotti is a victim of hatred from people with bad intentions who try to manipulate videos to destroy his figure, or simply “cancel” him or “kill” him symbolically. A citizen who is a reflection of his time, who has followers and critics who rely on hatred for social media engagement by placing the Priest personality in doubt.
Key words: Julio Lancelotti, Hatred, fascism, fake news,
INTRODUÇÃO
No dia 13 de março de 2024 o vereador Rubinho Nunes (união brasil) colocou uma proposta de CPI na fila da Câmara municipal que traz um requerimento de abertura de CPI para investigar um suposto abuso sexual contra pessoas vulneráveis, usuárias de drogas e em situação de rua da Capital. Esse pedido era do ano passado.
Essa petição se soma a outra proposta, exposta no ano passado no qual o vereador protocolou um outro pedido de CPI, para investigar ONGS que atuam na região da Cracolândia.
No mesmo ato o Ministério Público da comarca de São Paulo denunciou o vereador por abuso de autoridade, acusado de se promover em cima do discurso de ódio contra o Padre para “criar conteúdo, manejar e atiçar bases eleitorais”.
O pedido do vereador sofreu uma desidratação de assinaturas, após ter se tornado público. Todavia o pedido ainda segue para o julgamento e com recentes novos ataques pelo vereador.
Nesta linha, esse artigo tem a intensão de refletir o que está por trás dos ataques contra o Padre. Afinal questiona-se: Quem atacaria um Padre? Quem seria contra? O que está por trás de tudo isso?
AS CARACTERÍSTICAS DA ATUAÇÃO DE GRUPOS FASCISTAS
É uma verdade universal não tão recente: O ódio engaja. Se no passado o ódio estava nos discursos, atualmente as redes sociais, principais meios de disseminação de fake News, são o principal meio de comunicação para atingir o eleitorado do neo facismo (novo facismo) por meio desses discursos.
Vale lembrar que o ódio é um elemento fundamental para o fascismo. Ele pode ser usado da seguinte forma:
Com esse inimigo declarado – geralmente um inimigo minoritário ou um grupo minoritário os fascistas incitam o ódio e a violência contra esse grupo, a fim de unir o povo em um objetivo em comum.
Ao observar a fragilidade do inimigo, torna-se “legal” deslegitimá-lo e atingi-lo das formas mais baixas possíveis, desumanizando o inimigo e torna-lo mais fácil de “matar” (literalmente ou apenas “cancela-lo) ou oprimi-lo.
O fascismo traz consigo uma ideia de medo e intimação. Ou seja, aquela minoria que é excluída fica ainda mais silente. Cumpre ressaltar que no caso prático temos a minoria mais subalterna de todas. A população mais vulnerável. Os moradores de rua.
Além do ódio destilado por esses grupos, outro elemento importantíssimo para que a ideia se propague é o “elemento da dúvida”. Ou seja, colocar o eleitor para se questionar – da maneira mais oportunista possível – se algo é realidade ou não. Vale lembrar que todas as acusações são infundadas ou sem qualquer tipo de elementos reais que dão indícios de veracidade.
Ainda nessa linha, o autor Humberto Eco, em seu livro O fascismo eterno[1] aborda as características dessa ideologia. O Autor ao invés de apresentar a ideia de ódio, apresenta a ideia de “irracionalismo”, o que se aproxima da ideia de “ódio” quando afirma que “as ações devem ser tomadas sem nenhuma reflexão”, vejamos:
O irracionalismo depende também do culto da ação pela ação. A ação é bela em si e, portanto, deve ser realizada antes de e sem nenhuma reflexão. Como consequência, não pode existir avanço do saber. A verdade já foi anunciada de uma vez por todas, e só podemos continuar a interpretar sua obscura mensagem.
Nesta linha de pensamento, o fascismo vem para trazer o ódio e a dúvida na intenção de formar grupos e engajar nas redes sociais.
O ELEMENTO DÚVIDA
Em 05 de março de 2024 a Revista Oeste, conhecida publicamente por se aliar à Ultradireita e ter um posicionamento na mesma vertente publicou uma matéria com o título[2]:
“EXCLUSIVO: veja o relato do ex usuário de droga que disse ter sido abusado sexualmente pelo padre Julio Lancelotti” – “O homem, cuja identidade está sob sigilo, afirmou que recebia R$300,00 para ter relações com o pároco”
A matéria é uma mistura de “denúncia com tons de sensacionalismo” como trechos escritos como:
“A Sexta-feira 1º de março parecia um dia mais comum no gabinete do vereador paulistano Rubinho Nunes. Até que um homem de meia-idade bateu à porta da sala, apresentou-se como ex usuário de drogas e revelou os traumas da época em que andava pelas ruas da Mooca, na zona leste da capital paulista. Uma das histórias tem como protagonistas o padre Julio lancelotti”.
Eis que, a matéria alega a identidade do homem está sob sigilo. Sem especificar se existe um processo judicial ou qualquer dado nesse sentido. Claramente não existe. Após uma pesquisa no site do tribunal de São Paulo[3] e em todos os meios não há qualquer dado nesse sentido, nem se estivesse em sigilo.
Ou seja, o Facismo se beneficia da dúvida.
Ainda na obra de Humberto Eco – O Fascismo Eterno – O Autor coloca o elemento dúvida como elemento chave a para existência fascista:
Uma das primeiras frases pronunciadas por Mussolini no Parlamento italiano foi: “Eu poderia ter transformado este salão surdo e cinza em um acampamento para meus regimentos.” De fato, ele logo encontrou alojamento melhor para seus regimentos e pouco depois liquidou o Parlamento. Cada vez que um político põe em dúvida a legitimidade do Parlamento por não representar mais a “voz do povo”, pode-se sentir o cheiro de Ur-Fascismo.
Ainda nesse sentido vale reforçar, para que nenhuma dúvida paire no ar que a matéria é baseada em elementos de fake News. Mais uma vez, em um episódio parecido, o padre foi acusado de pedofilia, desta vez em uma montagem com sua cara em um vídeo com um adolescente. Por mais clara que seja a intenção desses grupos de desmoralizar o Padre Julio, a montagem absolutamente tosca e covarde foi reconhecida como “verdadeira” por uma dupla de peritos. Reginaldo Trotti e sua filha, Jacqueline Trotti, elaboraram um documento em que supostamente alegam que o vídeo é verdadeiro. A questão é: O Video é falso.
O que está por trás disso?
Após uma pesquisa na vida pessoal dos “peritos”, constatou-se que são bolsonaristas radicais, que apoiaram a intervenção militar no governo, inclusive com acampamentos em frente a quarteis.[4]
Uma perícia independente conduzida desta vez por Mário Gazziro, professor de engenharia da informação da UFABC e instrutor de computação forense da USP, encomendada pela Revista Fòrum e o jornal O Estado de São Paulo concluiu que as acusações de pedofilia atribuídas ao padre são infundadas.[5]
Todavia, apesar de serem falsas as acusações, em mundo com um volume gigantesco de informações a dúvida fora implantada e o debate na tentativa da descredibilizar o Padre já estava em todos os lugares.
Ou seja, o ódio, a desinformação e a dúvida geram um engajamento muito positivo para quem as dissemina. Por mais que os deputados possam sofrer represálias da opinião pública por atacar um Padre, por outro lado existe um engajamento, uma difusão de ideias e até mesmo um reconhecimento por pessoas que tem uma ideologia muito parecida, porém não tem a coragem de se afirmar nesse sentido.
Existem cidadãos que tem “ódio de pessoas pobres”, todavia não declaram isso de maneira tão nítida.
APOROFOBIA
A Aporofobia nada mais é que a “aversão aos mais pobres”. Essa aversão se manifesta de diversas maneiras, algumas de forma clara como: Insultos e violências e em outras ocasiões de maneiras mais sofisticadas que no fundo trazem o mesmo preconceito.
O caso que ficou mais famoso recentemente foi a “arquitetura antipobres” denunciada pelo religioso.
Essa “arquitetura” ou “”design” antipobres tem o objetivo de dificultar a situação da população de rua. Exemplo: Um banco com estrutura que não permita uma pessoa se deitar para dormir. O que parece ser um “inocente apoio de braços” é na verdade uma ferramenta arquitetônica para evitar que alguém se deite nele. Não é preciso ir muito longe para imaginar quem dormiria ao relento em banco.
É o ódio ao pobre sendo instaurado, pelo serviço público ainda, de maneira sutil e sofisticada.
O Padre Julio Lancelotti ganhou repercussão nacional ao trazer essa pauta para o debate. A Arquitetura hostil – como o padre chama construções para afastar pessoas do espaço público e dificultar o acesso de grupos como idosos, crianças ou pessoas de rua.
Em 02 de fevereiro de 2021 o Padre Júlio teve um ato nacionalmente reconhecido: Quebrou a marretadas pedras instaladas pela gestão do prefeito Bruno Covas na parte inferior de um viaduto na Zona Leste da Capital.[6]
O padre tem uma citação emblemática que ilustra a situação:
“Jesus está do lado dos fortes ou dos fracos? Hoje em dia estaria no palácio do governo ou na cracolândia tomando bomba? A gente insiste em buscar Jesus na igreja, mas Ele insiste em ir para debaixo do viaduto (Padre Júlio Lancellotti)”
A prefeitura reconheceu a atitude como um erro e depois de instalar diversas pedras embaixo do viaduto a própria prefeitura retirou.
A ideia de arquitetura hostil virou um projeto de lei que foi aprovado e trata especificamente das instalações em áreas públicas – feitas pela prefeitura ou por associações de moradores, por exemplo.
O projeto tem o seguinte texto:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu promulgo, nos termos do parágrafo 5º do art. 66 da Constituição Federal, a seguinte Lei:
Art. 1º Esta Lei, denominada Lei Padre Júlio Lancellotti, veda o emprego de técnicas construtivas hostis em espaços livres de uso público.
Art. 2º O caput do art. 2º da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001 (Estatuto da Cidade), passa a vigorar acrescido do seguinte inciso XX:
XX - promoção de conforto, abrigo, descanso, bem-estar e acessibilidade na fruição dos espaços livres de uso público, de seu mobiliário e de suas interfaces com os espaços de uso privado, vedado o emprego de materiais, estruturas, equipamentos e técnicas construtivas hostis que tenham como objetivo ou resultado o afastamento de pessoas em situação de rua, idosos, jovens e outros segmentos da população.” (NR).
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 21 de dezembro de 2022; 201º da Independência e 134º da República.
Essas medidas são hostis, cruéis e extremistas – Não resolvem o problema, muito pelo contrário: Estimulam a violência e a insegurança a longo prazo.
A curto prazo, essa ideia agrada muito a parte da sociedade que tem o ódio velado aos pobres e acredita que essas medidas “resolverão” o problema, fazendo a pessoa pobre tomar outra providência – ou simplesmente “ir para outro lugar” – Ou seja uma solução a curtíssimo prazo.
Vale lembrar que nessa parte da sociedade existe uma corrente de “pensamento” que de forma velada e algumas vezes de forma mais expressiva que apoio o ódio aos mais pobres. Por mais cruel que isso nos surja.
UM PADRE ACUSADO DE COMUNISTA
Em tempos de polarização política é evidentemente que uma pessoa com a relevância e a inquietação social de Padre Julio Lancelotti não fossem destacadas com muitos seguidores e muitos críticos.
O Padre é comumente chamado de comunistas por pessoas que não simpatizam com seus atos. Em defesa apenas declara que tudo que prega está na bíblia, para quem quiser ler.
Aqui fazemos um adendo que o deputado responsável por todas as investigações contra o Padre, o Sr. Rubinho Nunes se declara como cristão em suas redes sociais[7]. Ou seja, um belo de um paradoxo ou desconhecimento.
Como disse o padre “Todo caminho leva a Deus? – Eu pergunto: De que Deus você está falando?” no programa Mano a Mano, apresentado por Mano Brown.[8] E ainda emendou:
“Nós vivemos em um estado laico, a gente não pode que os princípios religiosos interfiram nas políticas, que os princípios religiosos interfiram na organização do Estado (...) em uma sociedade com tanta desigualdade você não muda a realidade sem conflito”.
Vale ressaltar que o Padre é da mesma corrente Franciscana da Igreja Católica e comunga da mesma linha religiosa do Papa Francisco, que prega a Igreja Pobre para os Pobres.
A indignação do Paroco veio de uma reflexão: “Não podemos tolerar um povo faminto na fila para pegar ossos, pessoas que comem lixo. O que Jesus ensina no Evangelho de hoje é partilhar”.
Atualmente coordena as atividades “Padaria do Povo da Rua”, onde são produzidos os pães, porém o mais interessante é que quem produz o pão são os próprios moradores em situação de rua ou pessoas em recuperação. 17 pessoas colocam literalmente a “mão na massa” e produzem cerca de 3.500(três mil quinhentos pães) diariamente. Esses pães garantem a alimentação de quase 2.000 pessoas e é financiada basicamente por doações.
Recentemente o trabalho foi reconhecido pelo Vaticano – o projeto que faz ex-usuário de drogas padeiros e confeiteiros que distribuem alimento[9] foi convidado para falar sobre a fome. O projeto é capitaneado pelo Professor Ricardo Frugoli e a coordenação e distribuição é feita também pelo Padre Julio Lancelotti.
Durante a missa o Padre baseia seu sermão na divisão dos pães, principalmente no verbo Partilhar/Dividir ao fazer uma analogia com o milagre dos pães.
Ou seja, muitas vezes atitudes vistas como “cristãs” ou “católicas” estão sendo politizadas de maneira completamente equivocada como “comunistas”, sendo que o paroco defende que se tratam simplesmente de ações humanas.
Por outro lado, o inverso também se comprova. Relações armamentistas foram intimamente anexadas a grupos religiosos em “defesa da vida”. Um paradoxo à brasileira que se vê presente em uma “Bancada da Bala e da Bíblia”.
Ainda na temática do ódio, citada no inicio do artigo, vale lembrar que o ódio quer simplificar o mundo a uma força, ao “nós contra eles” e principalmente fazer esse ódio crescer e gerar o engajamento necessário para o crescimento político.
No limite absoluto da legalidade e da violência, o ódio se coloca como maneira de “pensar” de certos indivíduos. O uso de aspas é intencional, pois reflexão e ódio são dois assuntos antagônicos, sendo que não existe de fato um pensamento, apenas uma desculpar para externar aquilo que se pensa sem qualquer racionalidade.
Desta maneira, o ódio agrega multidões, liga as pessoas.
Por ser tão perverso, o ódio é simplista, mentiroso e degradante, criando mentiras evidentes e degradantes que só podem ser aceitas por quem está dominado pelo ódio.
É evidente que conforme vai se aproximando o ano eleitoral mais notícias desse sentido vão surgindo ou sendo “requentadas”, como explica o jargão jornalístico.
O Padre não esconde sua afinidade com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, personalidade que já reconheceu seus trabalhos por diversas vezes. Ainda nesta linha, questiona o dizer Bolsonarista “Deus acima de todos”. “Ele está no meio de nós”. Rebate.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na obra “O Fascismo Eterno” o autor Humberto Eco, cita de maneira magistral como o Fascismo age sutilmente nos dias de hoje e por isso existe a necessidade de ficarmos atentos:
“O Ur-Fascismo ainda está ao nosso redor, às vezes em trajes civis. Seria muito confortável para nós se alguém surgisse na boca de cena do mundo para dizer: “Quero reabrir Auschwitz, quero que os camisas-negras desfilem outra vez pelas praças italianas!” Infelizmente, a vida não é fácil assim! O Ur- Fascismo pode voltar sob as vestes mais inocentes. Nosso dever é desmascará-lo e apontar o dedo para cada uma de suas novas formas — a cada dia, em cada lugar do mundo. Cito ainda as palavras de Roosevelt: “Ouso dizer que, se a democracia americana parasse de progredir como uma força viva, buscando dia e noite melhorar, por meios pacíficos, as condições de nossos cidadãos, a força do fascismo cresceria em nosso país” (4 de novembro de 1938). Liberdade e libertação são uma tarefa que não acaba nunca. Que seja este o nosso mote: “Não esqueçam.”
“Não esqueçam”. É importante observarmos as sutilezas da violência fascista. Por que uma pessoa iria criar uma fake News contra um Padre? Quem ganha com isso?
Ora, conforme analisado o ódio engaja. Traz assunto, cria narrativas e tem a intenção de destruir tudo que foi construído. Na análise do caso prático temos um pensamento que pode não ser necessariamente direcionado ao Padre, mas sim a população invisível que é ajudada por este. O ódio não está no Padre, mas nas ações do Padre de ajudar as pessoas mais pobres, algo que é pregado pela igreja.
Um exercício mental a ser feito é: Se o Padre Júlio não se dispusesse a auxiliar as pessoas em situação de rua. Será que ele teria a relevância que tem? Será que seria alvejado por esses grupos de extrema de direita que covardemente o atacam em troca de votos para seus candidatos?
Cumpre ressaltar que o Paroco nunca gostou a ideia de ser Popstar ou referencias em suas atividades como outros religiosos espalhados pelo país. Nunca lançou músicas, mudou sua maneira de se vestir ou qualquer coisas do tipo. Sua fama vem diretamente de seus trabalhos e de suas reflexões ao escancarar a realidade dura e crua que ninguém quer ver. O padre tira o véu para revelar aqueles que são invisíveis. Critica o neoliberalismo, pelo descarte da vida humana e enquanto se observa apenas a riqueza, questiona-se: onde está a pobreza? O padre mostra aquilo que ninguém quer ver.
Coloca luz em um problema que é social, enquanto a grande maioria da população prefere virar o rosto para a situação, o padre oferece o pão com uma das mãos e a com a outra uma mão amiga.
Para os políticos que o acusam pergunta-se: Qual a proposta e/ou projeto para a população de rua? Existe?
O mesmo Deputado o Sr. Rubinho Nunes, em agosto do ano passado apresentou um projeto de lei para restringir as doações aos moradores de rua. A proposta do vereador é que a distribuição de comida deveria ser feita respeitando certos critérios, inclusive com a autorização da prefeitura. O projeto ainda prevê multa de 17 mil reais para aqueles que não cumprirem os requisitos de “segurança alimentar”. Segundo deputado as doações de comida de maneira irrestrita incentivam as pessoas a continuarem vivendo em meio ao lixo – É frequente que o mesmo morador receba 2 a 3 cafés por dia”.[10]
Trata-se de um ódio internalizado. Algo que não é dito de maneira aberta, como propõem o autor Humberto Eco, todavia é através das sutilezas que se percebe quem são esses candidatos e o que eles querem por trás dessas propostas absurdamente esdrúxulas.
Contra as Pedras da exclusão e de forma muito mais sutil do que as simbólicas marretadas nos pedregulhos embaixo do viaduto, o Padre Júlio segue trabalhando, com 75 anos de idade, 37 de sacerdócio, contra tudo e contra todos, apesar de “casado de apanhar”, como declarou recentemente em uma visita de alunos do curso de Mestrado Direito da Pontifícia Universidade Católica.
Por mais que o ódio engaje e agrupe pessoas, o amor é o que de fato une de forma genuína e conecta as pessoas. Em tempos em que o “caminho mais fácil” parece ser regra, é bonito ver o trabalho de um padre que se mantém fiel ao seu único caminho e missão de vida: “ajudar aqueles que ninguém vê ou não quer ver”. Icone no combate à pobreza e à fome o Padre, apesar de cansado de apanhar segue como referência de amor, reflexão e da verdadeira igreja católica.
Referências Bibliográficas:
COVAS, Bruno. Bruno Covas: “Padre Lancelotti é incômodo necessário para a prefeitura não perder o foco. Entrevista concedida a Gil Alessi. El País, 2020. https://brasil.elpais.com/brasil/2020-09-16/bruno-covas-padre-lancelotti-e-incomodo-necessario-para-a-prefeitura-nao-perder-o-foco.html - Acesso em 03 de junho de 2024
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2024/01/06/quem-e-rubinho-nunes-cpi-ongs-cracolandia.htm - Acesso em 03 de junho de 2024
https://www.instagram.com/rubinhonunes.sp - Acesso em 03 de maio de 2024
https://open.spotify.com/episode/1uz3QDYnAJFbnpdMyWYjlj?si=d1697e51a5874a – Acesso em 03 de maio de 2024
ECO, Humberto. O Fascismo Eterno (Recurso eletrônico)/Umberto Eco; tradução Eliana Aguiar. 1. Ed – Rio de Janeiro: Recordo, 2018. Recurso Digital
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14489.htm - Lei Padre Julio Lancelotti
PADRE JULIO LANCELOTTI no programa Mano a Mano – 1 podcast (1h52m) spotify. Publicado em dezembro de 2022
PADRE JULIO LANCELOTTI no programa O assunto entrevistado por Natuza Nery – 1 podcast(28 min e 49 segundos)
NOTAS:
[1] O fascismo eterno. Trad. Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Record, 2018
[2] https://revistaoeste.com/politica/exclusivo-veja-o-relato-do-ex-usuario-de-drogas-que-disse-ter-sido-abusado-sexualmente-pelo-padre-julio-lancellotti/ - Acesso em 28.05.2024
[3] https://www.tjsp.jus.br/ - Acesso em 28.05.2024
[4] https://revistaforum.com.br/brasil/2024/1/20/video-perito-que-acusa-lancellotti-pediu-golpe-recebeu-mensagem-de-bolsonaro-abrao-hetero-152571.html acesso em 3 de junho de 2024
https://revistaforum.com.br/brasil/2024/2/5/gazziro-perito-que-desmascarou-farsa-contra-padre-julio-participa-de-debate-com-mame-falei-153483.html acesso em 3 de junho de 2024
[5] https://midianinja.org/em-ano-eleitoral-padre-julio-lancelotti-vira-alvo-de-fake-news-da-extrema-direita/ acesso em 3 de junho de 2024
[6] https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2022/12/12/em-protesto-contra-aporofobia-padre-julio-lancelotti-e-voluntarios-quebram-a-marretadas-pedras-instaladas-em-frente-de-biblioteca-publica-em-sp.ghtml
[7] https://www.instagram.com/rubinhonunes.sp/ - Acesso em 03 de maio de 2024
[8] https://open.spotify.com/episode/1uz3QDYnAJFbnpdMyWYjlj?si=d1697e51a5874a76 – Acesso em 03 de maio de 2024
[9] https://www1.folha.uol.com.br/folha-social-mais/2024/05/ex-frequentadores-da-cracolandia-vao-encontrar-o-papa-francisco.shtml - Acesso em 03 de maio de 2024
[10] https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2024/01/06/quem-e-rubinho-nunes-cpi-ongs-cracolandia.htm Acesso em 03 de junho de 2024
MESTRADO - ADVOGADO
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: PACO, EDUARDO MEDEIROS DO. A perseguição fascista contra o Padre Julio Lancelotti Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 02 out 2024, 04:26. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/66620/a-perseguio-fascista-contra-o-padre-julio-lancelotti. Acesso em: 23 dez 2024.
Por: EDUARDO MEDEIROS DO PACO
Por: Marcos Antonio Duarte Silva
Por: Marcos Antonio Duarte Silva
Por: LETICIA REGINA ANÉZIO
Por: Fábio Dias de Oliveira
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