No ano 2000 contávamos no Brasil com apenas 1.682 alunos de graduação, na modalidade do ensino a distância. Em 2005 eram 114 mil e em 2008 chegou-se a 760 mil. A casa do um milhão deve ser ultrapassada neste ano de 2009. Pesquisa (que acaba de ser divulgada) do Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep), do Ministério da Educação (MEC) concluiu: o desempenho dos alunos do ensino a distância, na média geral, é melhor que o dos alunos presenciais. Comparando-se alunos com os mesmos perfis, as notas alcançadas por eles no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) de 2005, 2006 e 2007 (alunos a distância e presenciais) são praticamente idênticas (O Estado de S. Paulo de 19.07.09, p. A21).
O preconceito que alguns ainda revelam contra o ensino a distância não encontra correspondência nos dados objetivos analisados (Enade de 2005, 2006 e 2007). O ensino a distância vem tendo crescimento muito superior ao ensino presencial e essa tendência, ao que tudo indica, vai se manter e até incrementar (em virtude do bom aproveitamento que os alunos a distância vêm alcançando). Na última greve dos alunos da USP (esta instituição está se preparando para ingressar na educação a distância), um dos motivos que os alunos (equivocadamente) levantavam foi a suposta “baixa qualidade do ensino a distância”. Na última Resolução do Conselho Nacional do Ministério Público (n. 45) privilegiou-se o ensino presencial em detrimento do telepresencial. Essa inconstitucionalidade patente, que será declarada em breve, certamente, se deve, claro, à ignorância (ou à má-fé).
O estudo do Inep, pela primeira vez, analisou e comparou pessoas com o mesmo perfil (idade, gênero, estado civil, cor/raça, escolaridade do pai, se trabalha, se estudou em escola pública no ensino médio, região, se o curso é oferecido em ensino público ou privado etc.). No estudo anterior do Inep havia sido pesquisada somente a média geral dos dois grupos: o aluno do ensino a distância teve melhor desempenho (superou o aluno presencial em 6,7 pontos). Agora, conhecidos os resultados do detalhamento levado a cabo na nova pesquisa (identificação do perfil de cada grupo), a conclusão é que diferença não existe. Ou melhor: existe. É de 0,23 em favor do aluno presencial (o que é absolutamente irrelevante).
Os alunos dos cursos a distância são mais velhos (trinta anos ou mais, em geral), em sua maioria casados (54,4%), trabalham (65,6%), possuem renda inferior aos alunos presenciais (52,2% ganham até três salários mínimos) e 83,8% deles são filhos de pessoas que cursaram até o ensino fundamental: mas talvez precisamente em virtude de todos esses dados são bastante responsáveis, pragmáticos, mais dedicados e contam com objetivo claro. O ensino a distância exige muita disciplina do aluno. Se de um lado existe certa flexibilidade de horário, sobretudo nas suas tarefas extra-classe, de outro, é certo que se o aluno não se dedica ao estudo fica defasado (e não acompanha o curso). Aliás, essa é uma das causas mais comuns para a desistência do aluno (evasão).
A melhor e mais proveitosa combinação metodológica até agora desenvolvida (na educação a distância), de acordo com nosso ponto de vista, é a que conjuga o sistema satelitário (aulas telepresenciais ao vivo), com aulas presenciais (dadas por professores-tutores locais) e a internet. Essa tríplice combinação vem tendo uma excelente aceitação pelos alunos e um ótimo aproveitamento no ensino e na aprendizagem. Aí está a pesquisa do Inep para comprovar o bom desempenho do aluno a distância (quando comparado com o aluno presencial).
Quatro foram os cursos analisados (e comparados): administração, matemática, pedagogia e serviço social. De um modo geral os alunos a distância estão na frente com 6,7 pontos (a mais). Mas essa constatação não se deu exclusivamente no Brasil. Também nos EUA o aproveitamento (e desempenho) do aluno a distância é igual ou melhor que o aluno presencial (cf. Relatório do Departamento de Educação, divulgado em junho de 2009). Os jovens teriam mais facilidade e melhor aproveitamento na utilização das ferramentas online. Mas o uso exclusivo da internet parece não ser uma boa solução. A educação a distância necessita sempre de um professor tutor, que faça o engajamento do aluno no processo de aprendizagem.
Carlos Eduardo Bielschowsky, Secretário de Educação a Distância do MEC, disse muito bem: “São modelos diferentes de ensino que se aplicam a pessoas diferentes, mas dão o mesmo resultado em qualidade”. Comprovada a efetividade do ensino a distância, o próximo passo que o MEC deveria dar é o seguinte: permitir a difusão dos mestrados profissionalizantes por meio da metodologia descrita: aulas telepresenciais + professor local + internet. Aliás, hoje o MEC já autoriza que 20% de todos os cursos superiores sejam ministrados por via semi-presencial (telepresencial ou por internet). A tendência será aumentar esse percentual, para que possam ser conjugadas as metodologias referidas (aulas telepresenciais + professor local + internet).
Em virtude dos avanços das novas tecnologias e do estilo de vida formatado pela era da (pós) modernidade, são poucos os que suportam (durante o curso de graduação) ficar sentados horas e horas numa sala de aula todos os dias úteis da semana. A dificuldade de locomoção também é muito grande (aliás, os gastos com essa locomoção é um dos fatores mais preponderantes na inadimplência dos alunos).
É preciso extrair do aluno (ou permitir que ele descubra) o seu máximo potencial. Para isso é fundamental, no entanto, não só o uso de todas as tecnologias disponíveis, como, sobretudo, o desenvolvimento de uma pedagogia motivacional. O aluno motivado rende mais, otimiza a aprendizagem, conta com maior foco (e, claro, alcança mais sucesso).
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