LEANDRA ALEXIA DE AGUILAR FIOREZE
(coautora)
RESUMO: O marketing digital apareceu como necessidade de criar uma estratégia de negócio que pudesse, de maneira flexível, conduzir as empresas até o consumidor. Com a tecnologia avançada as empresas encontraram diversas ferramentas para obter o relacionamento dir eto com seus consumidores e investigar os aspectos pessoais no poder de compras dos mesmos. Os sites e redes sociais estão, cada vez mais, mostrando sua grande utilidade na comunicação entre as empresas e seus clientes. Além de ser uma ferramenta de rápido acesso, é possível aproveitar esse tipo de mídia para divulgar suas marcas e serviços, coletar sugestões, insatisfações, críticas e elogios dos mesmos. Este trabalho foi elaborado com o foco na área do marketing digital, com ênfase na atitude do consumidor, diante a propaganda online. O objetivo do presente trabalho é analisar o modo como o marketing digital influencia no processo de decisão de compra do consumidor final, buscando entender o comportamento do mesmo em relação aos meios digitais. A linha met odológica estabelecida é caracterizada como explicativa. A confecção do presente artigo baseou- se em revisão de literatura, utilizando- se de livros, revistas, artigos científicos e sites da base de dados do Google Acadêmico. Conclui-se que no meio digital as redes sociais são as maiores influenciadoras no processo de compras dos consumidores finais, sendo um diferencial competitivo para as organizações.
Palavras- chave: Marketing digital; Consumidor conectado; Redes sociais.
ABSTRACT: Digital marketing appeared as a need to create a business strategy that could, in a flexible way, lead companies to the consumer. With advanced technology, companies have found several tools to obtain a direct relationship with their consumers and investigate the personal aspects of their purchasing power. Websites and social networks are increasingly showing their great utility in communication between companies and their customers. In addition to being a quick access tool, it is possible to take advantage of this type of media to promote your brands and services, collect suggestions, dissatisfaction, criticism and praise from them. This work was prepared with a focus on the area of digital marketing, with emphasis on the consumer's attitude towards online advertising. The objective of the present work is to analyze how digital marketing influences the final consumer's purchase decision process, seeking to understand their behavior in relation to digital media. The established methodological line is characterized as explanatory. The preparation of this article was based on a literature review, using books, magazines, scientific articles and websites from the Google Scholar database. It is concluded that in the digital environment, social networks are the biggest influencers in the purchasing process of final consumers, being a competitive differential for organizations.
Keywords: Digital marketing; Connected consumer; Social networks.
INTRODUÇÃO
Devido ao grande avanço tecnológico demonstrado nos últimos anos, as empresas necessitam de se adaptar diariamente a novas realidades para se manterem competitivas. Foram criadas várias plataformas de interação social designadas como “Redes Sociais” que vieram criar um panorama completamente diferente do que havia anteriormente. Estas, mais do que nunca, são utilizadas por todo o tipo de consumidores, não exclusivamente como uma via de contato, mas também, como uma grande fonte de informações.
As redes sociais levaram ao surgimento do marketing de Influência, que visa abordar determinado público de forma a influenciar um ato ou desejo pretendido, levando muitas vezes ao ato de compra. Relacionando o Marketing de influência com as Redes Socias foram criados os líderes de opinião, tendo poder de influenciar atitudes e comportamentos através de publicações, sendo estes últimos, conhecidos por “Influenciadores Digitais”.
Durante o ano de 2020 devido à pandemia mundial (Covid-19) foi demonstrado que uma presença online é essencial para sobrevivência de qualquer empresa. Muitos estabelecimentos sem qualquer parceria ou presença nas redes sociais viram-se obrigados a encerrar suas atividades e alguns até declararam falência. Com os confinamentos obrigatórios estabelecidos pelo Governo durante a pandemia, o marketing digital tornou-se uma das fontes de rendimento para muitos, incluindo os influenciadores digitais cujo rendimento provém da partilha de vídeos e publicações em plataformas sociais virtuais.
Esta nova realidade fez com que os criadores de conteúdos/influenciadores tivessem de repensar novas formas de criar conteúdo para alimentar os seus próprios canais, trazendo novos desafios e com isso novos objetivos. Ao contrário dos estabelecimentos físicos que viram os seus rendimentos diminuírem drasticamente, o tráfego nas redes sociais aumentou consideravelmente durante os meses de confinamento.
Com o tráfego das redes sociais a aumentar, os consumidores afirmavam ter maior confiança e tendência de compra quando obtidas opiniões de amigos e/ou influenciadores.O mundo digital e as redes sociais tornam-se assim uma poderosa arma de marketing de influência para qualquer negócio nos dias atuais.
O objetivo geral se deu em analisar os impactos gerados pelo marketing digital e vendas, discorrendo sobre as transformações ocorridas no âmbito da prestação dos serviços e atendimento ao consumidor diante da nova realidade vivenciada pelo mundo. Avaliando a situação destas diante das circunstâncias do mercado, o qual sofreu grande impacto com a pandemia, exigindo recursos e estratégias rapidamente das empresas para viabilizarem suas atividades em funcionamento
A metodologia aplicada na realização deste trabalho se classifica como estudo exploratório, efetuado mediante pesquisa bibliográfica em artigos on-line, livros e processos de investigação flexível e não estruturado. Na busca por interpretar e analisar a situação atual do marketing digital em meio à pandemia, optou-se por realizar um estudo da evolução e crescente busca das organizações em se adaptar ao cenário atual.
Por fim, o primeiro capítulo irá descrever as principais tecnologias e redes sociais como forma de marketing, já o segundo será possível conceituar o direito do consumidor e sua relação com os Influencers e por terceiro exemplificar problemas e discussões sobre o marketing e o direito do consumidor e sua importância para as empresas.
2 AS TECNOLOGIAS E REDES SOCIAIS COMO FORMA DE MARKETING
O avanço tecnológico tem aumentado em larga escala nos últimos anos e, com isso, o entendimento dos consumidores torna-se cada vez mais seletivo dada a velocidade e acessibilidade de informação que podem alcançar. Com o surgimento das novas tecnologias, o marketing vai-se adaptando aos mercados, passando do “antigo” marketing tradicional para um mais moderno, robusto, diversificado e com maior número de vertentes a explorar (BARREIRO, 2019).
Já para Garcia (2017) as pessoas em geral têm, ao longo dos anos, dispensado cada vez menos tempo com os mídias tradicionais, tais como a televisão, revistas, rádio, entre outros. Pelo contrário, com o forte desenvolvimento tecnológico, as empresas se obrigam a acompanhar as tendências de mercado concluindo que aumentar a comunicação, num meio já saturado e “desatualizado” de informação, não levará ao sucesso das mesmas, devendo-se investir nas “novidades” de forma a impactar o cliente desde o ponto de início.
No ano de 2020, derivado à situação da pandemia mundial vivida (COVID-19), um dos canais mais significativos foi o do Marketing Digital, local esse onde as empresas divulgam os seus serviços/produtos, conseguindo alcançar o maior número de clientes num curto espaço de tempo. Além disso, existe o marketing de influência e com ele os seus líderes das redes sociais com as suas opiniões e recomendações capazes de influenciar de forma simples e eficaz um vasto nicho de mercado (GARCIA, 2017).
Ainda Segundo Garcia (2017) o marketing digital tem como principal objetivo promover uma marca com foco nos resultados e na conversão de clientes fidelizando-os à mesma. As redes sociais tornaram-se um meio para partilha de experiências, onde os consumidores podem oferecer os seus comentários e avaliações, vindo estas influenciar a tomada de decisão de outros. Mediante estes comentários, surge o Electronic Word-Of-mouth (EWOM) onde os consumidores adquirem determinadas marcas ou produtos, derivado a opiniões partilhadas por outros consumidores.
O maior meio de comunicação utilizado para alcançar o público pretendido são as redes sociais sendo elas um elemento crucial às empresas dada à sua possibilidade de comunicação podendo trazer um retorno a curto prazo, ao mesmo tempo, sendo estes canais mais diretos e interativos, possibilita a criação de relações mais próximas com o objetivo. Costa (2018) descreve que conteúdos criados nestes meios de comunicação originam rápidos feedbacks dos utilizadores.
Ainda no contexto das redes sociais, Costa (2018) relata que existe uma maior confiança e credibilidade por parte dos consumidores quando recebem opiniões de amigos, familiares e influenciadores que acompanham nas redes sociais do que, por outro lado, das informações recebidas pelas próprias marcas, seja direta ou indiretamente. Influenciadores digitais são conhecidos como influências para a sociedade despertando o desejo de produtos ou serviços aos consumidores através da divulgação de opiniões “pessoais” sobre os mesmos. São considerados referências nas redes sociais que divulgam através de publicações, stories e restantes possibilidades as suas opiniões e avaliações moldando as atitudes do público que os seguem, ganhando uma capacidade de influenciar opiniões.
Estes têm um papel relevante na divulgação das marcas. A comunicação e marketing das empresas realizado pelos influenciadores é, uma estratégia importante para impulsionar a influência dos seus produtos nas comunidades online Arnold (2017) refere que um ligeiro número de influenciadores é responsável pela maior parte das referências que as marcas recebem via redes sociais e que são considerados todos os utilizadores da internet que acumulam, em grande número, seguidores nas redes sociais através da divulgação do seu quotidiano, envolvendo-se com os seus seguidores através de publicações e divulgação dos seus produtos e estilos de vida.
Assim, esta partilha de informação, tem um forte impacto sobre consumidores uma vez que são capazes de influenciar positivamente/negativamente a decisão de compra dos mesmos, tornando-a informada por alguém da qual eles consideram “fidedigno”. Assim sendo, a partilha e divulgação de serviços e produtos nas redes sociais por influenciadores torna-se num meio eficaz para as marcas realizarem a promoção dos seus produtos/serviços (ARNOLD, 2017).
Por sua vez, as Marcas devem identificar qual o seu principal conjunto de líderes de opinião online e transformá-los em “divulgadores” da sua marca, uma forma de o fazer, segundo Garcia (2017), é com a criação de parcerias entre as marcas e os influenciadores que, em troca dos seus produtos ou serviços ou por pagamento de alguma taxa acordada por ambas as partes, estes façam a divulgação dos seus produtos/serviços nas redes sociais.
2.1 Rede Social e Marketing Digital
Com o surgimento da internet é marcada uma nova realidade para o mundo do marketing. Os Profissionais da área passam a ter de se moldar e adotar à nova realidade adotando novas técnicas e plataformas de trabalho. Segundo Kotler (2017), o marketing digital não vem de maneira alguma “eliminar” o marketing tradicional, mas sim, complementá-lo e tornar o marketing por si só mais poderoso.
O aparecimento do Marketing Digital foi uma das ferramentas mais poderosas nas estratégias de vendas, criando fundamentalmente as vendas online, designado por e-commerce, os consumidores precisam de ser entendidos, posto isto, a interação online entre consumidores tornou-se uma arma eficaz de forma a perceber os interesses de cada grupo de consumidores. Através da internet foram capazes de se criar grupos e comunidades capazes de partilhar opiniões e ideias, onde as marcas passam a conseguir utilizar essa informação para seu próprio benefício, tal como construir relações e produtos especializados para o seu público-alvo (FORBES, 2019).
Segundo Forbes (2019), o marketing digital rapidamente se tornou parte presente da vida de milhões de pessoas criando relações entre marcas e consumidores. Conversão pública, difusão e interação tornara-se as palavras chaves da evolução do marketing digital, tendo capacidade suficiente de converter consumidores, conseguindo chegar até eles, informando-os relativamente aos produtos/serviços e por último conseguindo-lhes vender os mesmos. A maneira como a introdução da internet alterou a realidade humana, afetou consideravelmente a maneira das pessoas interagirem, viverem e comunicarem entre si.
Já na visão de Gabriel (2010) considera as redes sociais todos os sites que permitem aos utilizadores a criação de perfis públicos ou privados, conectando-se com outros utilizadores nessas mesmas plataformas. Os mesmos autores, indicam também que um dos pontos fortes destas plataformas é a possibilidade de os utilizadores criarem relações e contactos entre si tornando-se visíveis numa rede online, algo que seria impossível de se realizar num mundo offline.
Uma vez com um perfil criado numa plataforma online, é possível “encontrar” novos perfis de novos utilizadores, a plataforma em si reúne informações sobre os utilizadores conseguindo de certa forma “aproximar” perfis com contactos e interesses em comum de forma a criarem relações, estas passam a ser designadas como “amigos”, seguidores, subscritores, entre outros (GABRIEL, 2010).
Esta partilha de contactos é uma das ferramentas chaves das redes sociais embora não seja a única, além da partilha de contactos, estas plataformas permitem aos utilizadores conseguirem comentar publicações dos restantes, enviar mensagens e partilhar qualquer tipo de informação. Vive-se numa geração constantemente ligada à internet, na qual o mercado é conduzido pelas redes sociais partilhando produtos com maior eficiência e rapidez.
Segundo um estudo realizado pela We are social (2020), existem 4,54 bilhões de utilizadores na internet diariamente, um aumento de 7% face ao ano 2019. Cerca de 55% da população total utiliza a internet, desses, 67% utilizam smartphone e 49% são detentores de contas pessoais nas redes sociais, valores estes que também sofreram crescentes alterações face ao ano transato. As redes sociais passou a ser um meio de partilha de experiências, comentários, avaliações, comércio, grupos e até mesmo o local de trabalho de muitos profissionais de diversas áreas (GARCIA, 2011).
3 DIREITO DO CONSUMIDOR E INFLUENCERS NO MARKETING
O termo que surgiu do inglês, digital influencer, é conceituado como um profissional da web que tem o poder de influenciar na vida dos outros, fazendo com que os “influenciados”, que são os seus seguidores, sigam as suas indicações. Eles estabelecem conexões com o público, criando tendências da era digital, causando o engajamento digital. Esses sujeitos, consolidaram seus nomes na internet, fazendo uma divulgação e atingindo um grau altíssimo de credibilidade (GARCIA, 2011).
Segundo Garcia (2011) existe uma grande diferença entre os “bloguers” e os influenciadores digitais, a primeira que se destaca é o fato de que ter um bloguer e dessa forma ter seguidores, não quer dizer que exista um poder grande de influenciar seguidores. Existe uma grande diferença entre alcance e a capacidade que a pessoa tem de levar outras pessoas a consumir. O termo Digital influencer se refere exclusivamente a um indivíduo qualquer que esteja conectado online e que leva outras pessoas a ação, ou seja, a comprar um produto, utilizar um serviço e até mesmo disseminar ideias.
Grinover (2015) destaca que os influenciadores digitais são vistos pelas empresas como uma ponte entre a marca e o consumidor, pois possibilitam que a publicidade das empresas, atinjam o maior número de seguidores e que a venda e a acessibilidade dos produtos, sejam vistos de uma forma simples, útil e essencial. Levando os consumidores a acreditar que trata-se de uma indicação segura. A identificação dos influenciadores dentro do universo digital exige alguns critérios. Não se trata apenas de possuir um grande número de seguidores, é necessário analisar a reputação do indivíduo e, consequentemente, a qualidade das conexões estabelecidas
É preciso notar se eles são capazes de alavancar os produtos promovidos através da sua interação com seus seguidores, afinal a força da sua divulgação, depende da quantidade de seguidores que são atingidos com a publicação. É necessário vincular os influenciadores digitais a produção de publicidade, tendo em vista que os mesmos muita das vezes se utilizam de ferramentas que caracterizam um anúncio. Portanto devendo-se cuidadosamente fazer uma análise sobre a responsabilidade do influenciador digital, perante a publicidade ilícita dentro da relação de consumo (GRINOVER, 2015).
3.1 Publicidade frente ao código de defesa do consumidor
Segundo Guimarães (2011), a publicidade é uma atividade empresarial ligada ao marketing, que transmite suas mensagens informando aos consumidores, a existência do produto ou serviço e a possibilidade de encontrá-los no mercado. A publicidade tem como principal objetivo comunicar algo ao conjunto de consumidores com a intenção de persuadir a um comportamento num sentido determinado e preestabelecido.
O consumidor poderá ou não se sentir atraído por este discurso, porém, quanto mais ele estiver se identificado com sua cultura, tanto mais ele será percebido e reconhecido. É sabido que os avanços tecnológicos possibilitaram aos publicitários uma infinidade de recursos e estratégias persuasivas para impactar a vida dos consumidores. Diante desse contexto começam a surgir novas técnicas de publicidade advindas do entretenimento e da publicidade.
Uma das modalidades de anúncios que modificaram a publicidade foi o surgimento dos influenciadores digitais, que em parceria das empresas atingem os consumidores através de posts nas suas redes sociais, levando-os a consumir o produto ou serviço indicado. O Código de Defesa do Consumidor regulamenta sobre a publicidade e no artigo 6º, garante proteção “contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços”. A seção III do Código versa exclusivamente sobre publicidade.
O artigo 36 ordena que
A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal” (CDC, 2017, p. 9). O artigo seguinte 23 do Conar reforça o art. 37 do CDC, ao trazer que é proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. 29 É direito básico do consumidor a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, os métodos comerciais coercitivos ou desleais (art. 6º, IV, Código de Defesa do Consumidor).
Tal disposição ganha especial relevo à luz do artigo 5º, XXXII, da Constituição Federal. Na medida em que a proteção ao consumidor constitui um direito fundamental e um dos princípios da ordem econômica (art. 170, V, CF), ela deve ser assegurada pelo Estado e observada pela iniciativa privada. O Código de Defesa do Consumidor proíbe e conceitua a publicidade enganosa, em seu art. 37quando descreve:
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. (Brasil,1990).
A publicidade abusiva, então, é aquela que se realiza com fins contrários à ordem pública, ao direito, à ética e à moral. Ela procura aparentar obediência às normas tradicionais da comunicação social, mas, sob a sua camuflagem, é realmente prejudicial aos interesses dos consumidores e do meio social em que vivem. A publicidade abusiva não se confunde com a publicidade enganosa. Na primeira não há, necessariamente, uma inverdade e nem sempre o consumidor é induzido ao cometimento de erro.
Ela pode até ser verdadeira, mas seu conteúdo afronta a moral, a ética e os bons costumes. Na publicidade enganosa, por outro lado, o conteúdo do anúncio sempre contém inverdades ou alguma omissão que induza o consumidor ao erro, (GUIMARÃES, 2011). Diante do exposto, no Código de Defesa do Consumidor, torna-se prática antiética e uma infração, dependendo de qual órgão legal for acionado, induzir o consumidor ao erro, seja por qual maneira, também no caso do uso incorreto dos anúncios publicitários.
De maneira específica, muitas vezes o consumidor não consegue identificar como anúncio publicitário ou mesmo quando identificado o influenciador digital não o faz de maneira ostensiva, proporcionando fácil assimilação dos seguidores. No contexto da utilização das redes sociais como meio de propagação de publicidade é claro que os influenciadores digitais quando estabelecem uma parceira com as empresas e passam a fazer divulgação de produtos ou serviços estão se utilizando do mecanismo do anúncio.
O CONAR, órgão administrativo que gerência as publicidades, regulamenta que: a palavra anúncio é aplicada em seu sentido lato, abrangendo qualquer espécie de publicidade, seja qual for o meio que a veicule. Embalagens, rótulos, folhetos e material de ponto de venda são, para esse efeito, formas de publicidade. A palavra anúncio só abrange, todavia, a publicidade realizada em espaço ou tempo pagos pelo Anunciante (CONAR, 2017, p. 4). Diante da análise do conceito de anúncio trazido pelo CONAR, pode-se concluir que a responsabilidade intitulada ao influenciador digital esta ligada diretamente ao fato de que o anunciante pagou a ele que efetivasse o anúncio do seu produto ou serviço e que o consumidor tem o direito de saber que tal publicação trata-se de anúncio pago por uma empresa.
4 EXEMPLOS DE CRESCIMENTO DIGITAL NA ERA DA CONECTIVIDADE
A era da conectividade trouxe mudanças para toda humanidade e o marketing também desenvolveu técnicas para se enquadrar no novo ambiente social e atender as demandas impostas pelo mercado. Conforme Sousa (2016, p.11) "a contínua adaptação dos conceitos de marketing a diferentes épocas da vida humana é o que o torna tão interessante".
Com essa nova vertente, todos os aspectos do marketing sofreram alterações, bem como o processo de segmentação e definição de público alvo, que, segundo Kotler (2017, p.73) “na economia digital, os clientes estão socialmente conectados em redes horizontais de comunidades. As comunidades são os novos segmentos’’. Nesse contexto, as redes sociais digitais surgem como novos segmentos de mercado e para adentrá-los as organizações precisam construir relacionamentos verdadeiros, pautados na transparência e na interatividade com estes grupos que surgiram após a era digital.
A tecnologia modificou a maneira como as pessoas vivem e se relacionam, tanto no âmbito pessoal como no âmbito empresarial. Segundo Agência de notícias do IBGE (2018, on-line) cerca de 64% dos brasileiros acima de 10 anos usaram a internet em 2016 e que mais de 116 milhões acessaram algum site ou aplicativo. Esses dados mostram como a tecnologia é presente e já faz parte da vida em sociedade.
Nesse aspecto, Guimarães (2011) descreve que os consumidores têm acesso a uma infinidade de informações sobre produtos e serviços disponibilizados pela própria marca e também opiniões de outros consumidores na palma das mãos, através de smartphones e tablets que funcionam como mediadores dessa interatividade. Esse cenário fez com que as informações engessadas e unilaterais perdessem espaço, pois os novos meios midiáticos dão aos consumidores poder sobre as marcas e possibilidade de escolher que tipo de conteúdo consumir.
Devido esse novo padrão de comportamento dos consumidores, fez-se necessário reformular como alcançá-los, sendo o que Kotler (2017) chama de “novo caminho do consumidor”. A tarefa mais importante é transformar consumidores em advogados da marca, afinal os círculos sociais adquiriram forma em detrimento da credibilidade das próprias marcas com base nessas exigências, o caminho do consumidor deveria ser reescrito como os cinco As: assimilação, atração, arguição, ação e apologia.
4.1 EXEMPLOS DE MARKETING DIGITAL
Dentro desse contexto, abre-se espaço para o conceito de Marketing digital, também conhecido como Marketing de atração. Esse termo foi desenvolvido pela empresa norteamericana HubSpot e de acordo com Monteiro ( 2017) tem intuito de atrair os clientes através de um conteúdo relevante e não mais invadir o espaço do cliente de forma interruptiva, mas sim estar onde as pessoas procuram, fornecendo conteúdo desejado no momento certo.
Para Rez (2017, on-line) “o objetivo do Marketing Digital é ser encontrado online através de mecanismos de busca ou por meio de sites e mídias sociais, como Facebook, Twitter, Youtube, etc”. O objetivo é ganhar a atenção de desconhecidos com base em conteúdo de qualidade. Uma vez atraídos, esses sujeitos se sentem mais abertos a um relacionamento e uma possível compra, transformando-se assim em clientes, e se a marca conseguir encantá-los, tornam-se defensores da marca.
4.1.1 Heineken
A Heineken é famosa por suas campanhas que constantemente se tornam virais. Em 2018 ela veiculou um curta no Facebook, que em pouco tempo somou mais de 130 mil compartilhamentos e mais de 325 mil interações. Isso sem contar as milhões de visualizações que se seguiram. A campanha buscava reunir pessoas com pontos de vistas bem diferentes. Reunindo, por exemplo, um homem de direita com uma mulher de esquerda, um conservador com uma transexual e outros opostos (JUNQUEIRA, 2018).
Junqueira (2018) ainda coloca que as pessoas realizavam uma tarefa juntos, respondiam algumas perguntas e respostas, realizavam mais uma tarefa e aí então eram confrontados com suas próprias ideias. Aí então, com suas ideias individuais expostas, eram convidados a tomar uma cerveja um com o outro e discutir suas diferenças, ou então sair. Juntamente com o vídeo a marca também divulgou sua hashtag #OpenYourWorld, que rapidamente atingiu números impressionantes e extremamente positivos.
Um vídeo viral que construiu uma imagem muito positiva para marca, ao mesmo tempo que despertou emoções em seus clientes. Tudo isso sem deixar de incluir o seu produto no processo. Esse tipo de conteúdo faz as pessoas refletirem e dizerem umas para as outras: “você viu o novo comercial da Heineken?” (JUNQUEIRA, 2018).
4.1.2 Grão de Gente
Para Gomes (2018) com mais de 4.4milhões de seguidores no Instagram, a grão de gente é a maior marca de bebê da América Latina, ela ocupa o terceiro lugar no ranking de engajamento no Instagram. Isso mostra o quão importante é conhecer o seu nicho. O público principal da grão de gente são pais jovens que estão aguardando filhos, momento no qual geralmente são feitas as compras de enxoval. Entre as ações, além de divulgar seus produtos, a grão de gente faz uso do Marketing de conteúdo para oferecer informações úteis aos seus possíveis consumidores. Da mesma forma, o tom utilizado transmite empatia com a situação de seus clientes e autoridade sobre a sua área.
Em seu Instagram, encontramos curiosidades, informações, conteúdos interativos e, inclusive, presença de médicos transmitindo conhecimento, reforçando a autoridade da página. Assim, a estratégia utilizada pela marca busca estabelecer uma base de seguidores com os mesmos interesses, chamando sua atenção com conteúdos de topo de funil. Por meio disso, a marca aproxima-se do público, estabelecendo uma relação de confiança e empatia, para depois apresentar seus produtos (GOMES, 2018).
4.1.3 Netflix Brasil
Para Rez (2018) o segredo está em conhecer muito bem o seu público alvo e conversar com ele por meio dos seus conteúdos. O público alvo da Netflix é jovem, antenado e busca a plataforma por diversão. Então, a linguagem utilizada pela marca é informal, divertida e busca sempre trazer pautas que estão em alta no momento. No Instagram da marca, são utilizadas cenas de filmes e séries disponíveis na Netflix adaptadas ao humor, gerando empatia e curiosidade no consumidor: uma forma inteligente de divulgar seu produto, sem ser óbvio. Memes são recorrentes, podendo conter até mesmo erros gramaticais propositais, desde que coerentes com o contexto.
Esse tipo de conteúdo voltado para o humor é muito atrativo, porém possui relevância breve e por isso requer grande circulação, além de acompanhamento constante do que está em alta. Utilizar um meme que já saiu do seu auge pode ser prejudicial para a imagem da marca. Percebe-se então a importância de estar ligado às tendências, bem como adaptar os conteúdos para o seu público, e saber utilizar as ferramentas das próprias redes sociais de forma estratégica para obter sucesso com sua marca (REZ, 2018).
4.1.4 Sansung
De acordo com Santos (2021) a repercussão foi imediata no termo “JULIETTE NA SAMSUNG” até no momento da publicação do artigo se tornou como assuntos mais comentados do twitter. E no Instagram, terra virtual onde a artista alcançou pomposos 32,6 milhões de seguidores, o vídeo de lançamento recebeu mais de 60 mil visualizações e 2 mil comentários em pouco mais de duas horas após a publicação.
Para apresentá-la, a Samsung preparou um filme onde Juliette aparece narrando momentos marcantes de sua trajetória sob o conceito “Abra o novo”, o vídeo é uma produção Mutato e une todo o aspecto inovador do novo membro da família Galaxy à personalidade e atitude de uma das pessoas mais seguidas nas redes sociais no país. A campanha destaca Juliette com um Galaxy Z Flip3 5G, o smartphone dobrável para quem gosta de se expressar de forma única.
Na ação, Juliete explora fases de sua trajetória até chegar ao encontro do Z Flip3 5G. O novo dobrável da Samsung oferece novas formas de utilizar um smartphone, como registrar momentos sem nem precisar desdobrá-lo e, graças ao Modo Flex1, utilizá-lo de maneira semelhante a um tripé ao deixá-lo parcialmente aberto sobre uma superfície plana.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os meios digitais se tornaram o suporte fundamental para as estratégias de marketing, pois possibilitam uma relação mais próxima com o consumidor. Desta forma, nota - se que o relacionamento das empresas com os seus consumidores depende do posicionamento de sua marca na internet, principalmente com as estratégias de marketing em primeiro plano. O marketing digital consolidou-se como a ferramenta mais ampla no mercado, seja pela acessibilidade, seja pela capacidade de atingir diversos tipos de pessoas e grupos, além de ser uma forma mais barata demarketing.
Com a expansão da propagação de informações distribuídas através dos meios virtuais, e a velocidade com que ela se propaga, a internet vem sendo praticamente a principal forma de comunicação atual, e alavanca a busca de informações de uma infinidade de temas. Dessa forma, as organizações enxergaram uma oportunidade de expandir sua conexão com o consumidor final e, portanto, suas vendas.
Sendo assim, confirma-se a necessidade de investimento das empresas na elaboração de boas estratégias e um bom posicionamento para fidelizar os seus consumidores e expandir a marca, independente do meio abordado, principalmente em redes sociais. As estratégias em plataformas digitais ampliam o campo de atuação do marketing, que, além de plataformas comuns para o consumidor, em meios físicos, passa a contar com a internet e dispositivos digitais, meios virtuais, para desenvolver suas ações de marketing.
Este trabalho buscou esclarecer a questão entre a relação do marketing com a decisão do consumidor final. Como descrito anteriormente, a disposição das empresas em investir nessa forma de propagação de informações referentes aos seus produtos de forma direcionada ao grupo ao qual se planeja atingir, resulta em interesse, logo, uma alta proporção de compras, tornando o consumidor final um cliente.
REFERENCIAS
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bacharelando em Direito.:
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: LUCIANO, Demerson Aparecido. O comportamento do consumidor e a influência do marketing digital Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 01 jul 2022, 04:02. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/artigos/58802/o-comportamento-do-consumidor-e-a-influncia-do-marketing-digital. Acesso em: 04 dez 2024.
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Por: ANNA BEATRIZ MENDES FURIA PAGANOTTI
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