Resumo: De tempos em tempos a política tem proporcionado mudanças tão radicais que fica até difícil de acreditar, uma vez que, muitas destas toadas revelam uma nostalgia, ou seja, uma volta ao passado sombrio e temeroso da imprudência destes extremos ideológicos, assim sendo, parece que a história favorece um ciclo com estas radicalidades, mormente ocorrendo, sem exceção em vários países, transformando qualquer prognóstico do que pode acontecer em algo muito fluído, transformando a atmosfera mundial novamente em pavorosa, pois o retorno ao passado de certos ícones, nem sempre fica concentrado somente no país que escolheu trilhar esta senda, por se estar num sistema global, direta e indiretamente, todos os demais países são afetados, desta forma não atoa todos se preocupam com a decisão de alguns poucos, que acreditam que mudanças desta magnitudes podem e serão bem vindas, a história parece dizer o contrário, senão vejamos vale relembrar e muito tudo que já ocorreu, em matéria de mundo.
Palavras Chaves: Direita. Extrema. Ideologia. Fenômeno. Política.
Summary: From time to time, politics has brought about such radical changes that it is difficult to believe, since many of these songs reveal nostalgia, that is, a return to the dark and fearful past of the recklessness of these ideological extremes, therefore, it seems that history favors a cycle with these radicalities, especially occurring, without exception in several countries, transforming any prognosis of what could happen into something very fluid, transforming the world atmosphere once again into a terrifying one, as the return to the past of certain icons, nor is always concentrated only in the country that chose to follow this path, as it is in a global system, directly and indirectly, all other countries are affected, so it is no wonder that everyone is worried about the decision of a few, who believe that changes of this magnitude They can and will be welcome, history seems to say otherwise, otherwise let's see it is worth remembering everything that has already happened, in terms of the world.
Keywords: Right. Extreme. Ideology. Phenomenon. Policy.
Sumário: 1. Introdução; 2. O que é um partido de extrema direita; 3. A história da extrema direita; 4. O extremo e os perigos que podem ocasionar; Considerações Finais.
1.Introdução
No domingo, 09 de junho de 2024, o mundo acompanhou atônito um comunicado do então Presidente francês Emmanuel Macron, convocando (de forma antecipada) eleições para o final do mês de junho/2024, devido uma fragorosa derrota nas eleições europeias para o partido de extrema direita de Marine Le Pen.
Evidentemente, há um contexto francês e mundial e sem dúvida alguma, há também a história universal, recente e passada para demonstrar o que vem a ser esta ideologia.
E claro, sem apego a outra ideologia, principalmente extrema, a palavra em si já causa muita estranheza, mas com o findo de pesquisar as intercorrências desta ideologia se prossegue.
Para além disso, a internet, em seus mais variados sites explorou e está explorando este tema de forma muito equivocada, uma vez desconsiderar o sistema de governo francês, só para tecer uma primeira consideração.
E continuando, deve se também entender em qual eleição a extrema direita teve sucesso, e após estas considerações aí sim, com um pouco de visão geral, compreender os meandros da postura do Presidente francês.
Por fim, na Europa extrema direita fatalmente leva a algumas considerações temerárias, como por exemplo, líderes como Hitler, Mussolini e Franco, todos considerados da extrema direita, devido as características do que vem ser esta ideologia e seus líderes.
Frente a este aspecto deveras importante, o restante dos demais países que não estão na Europa ou, não passaram pela incidência dantesca destes líderes, não sabem de forma alguma o que é estar sob este regime, de fato e de verdade.
Sem adentrar no ambiente político, no que tange a atitude do Presidente francês, apenas tomando este ato como pano de fundo, há várias perguntas necessárias a serem postuladas.
O que é um partido de extrema direita? Quais as propostas que tal partido tem como base? O que a extrema direita apregoa no mundo?
2.O que é um partido de extrema direita
Na esteira do tema cumpre afirmar peremptoriamente a total ausência de ideologia a favor ou contra tal partido, apenas como pesquisador e estudioso do tema, se dará o cunho necessário para compreensão e entendimento do tema.
Uma vez escrito isto, se pode navegar sobre o que se pode extrair de um partido de extrema direita, há textos para corroborar este conceito pouco estudado;
A extrema-direita é um fenômeno político complexo com raízes históricas no entre guerras, caracterizada por elementos como nacionalismo extremo, autoritarismo e xenofobia, e destacando-se durante a ascensão do fascismo na Europa. Sua ideologia enfatiza a preservação da tradição, identidade nacional e ordem social hierárquica, muitas vezes expressando desconfiança em relação às instituições democráticas.
(https://mundoeducacao.uol.com.br/politica/extrema-direita.htm) (Destaque nosso)
Pinçando para melhor compreensão, destaca-se, nacionalismo extremo, autoritarismo e xenofobia.
O que vem a ser cada um?
O nacionalismo é uma ideologia e um movimento sociopolítico que promove a identificação e lealdade a uma nação específica, muitas vezes acima de outros interesses individuais ou grupais. A nação é entendida como uma comunidade política imaginada que se distingue por uma história compartilhada, cultura, língua e, frequentemente, um território. O nacionalismo sustenta que as fronteiras políticas devem corresponder às fronteiras culturais, ou seja, cada nação deve ter seu próprio Estado soberano.
(https://www.historiadomundo.com.br/idadecontemporanea/nacionalismo.htm) (Destaques nosso)
Na égide deste conceito se amplia fixando a palavra extrema, para dimensionar o que vem a ser extrema direita, uma vez se tratar de uma ideologia tratada de extrema direita.
Ainda nesta espreita, o que vem a ser autoritarismo?
O autoritarismo é um sistema de liderança pelo qual o líder tem poder absoluto e autoritário e implementa seus objetivos e regras sem buscar a orientação e conselhos dos seus seguidores. Esse sistema de liderança é caracterizado por um poder central e pela repressão das liberdades individuais dos cidadãos. Um autoritário acredita que a liberdade é secundária à ordem social e que a ordem deve emanar de uma pessoa.
(https://www.significados.com.br/autoritarismo/) (Destaques nosso)
A palavra é quase que autoexplicativa, mas por amor e zelo a cátedra se faz mister a demonstração acadêmica sem viés ideológico do que vem a ser uma das características da extrema direita.
Em continuação a explicitação do termo extrema direita surge a expressão xenofobia.
O termo xenofobia provém do conceito grego composto por xenos (“estrangeiro”) e phóbos (“medo”). A xenofobia faz, deste modo, referência ao ódio, receio, hostilidade e rejeição em relação aos estrangeiros. A palavra também é frequentemente utilizada em sentido lato como a fobia em relação a grupos étnicos diferentes ou face a pessoas cuja caracterização social, cultural e política se desconhece.
(https://journals.openedition.org/laboreal/7924)
As três características fundamentais aqui expostas apontam para o conceito maior do que vem a ser extrema direita e amplia a discussão uma vez que coloca no centro da questão a ideia central.
No bastião em comento, advém da estreita noção de como foi surgindo estas ideias que chegaram até os dias atuais.
O cenário surgente, conforme descrito foi o período das guerras, aí se referindo a primeira e segunda guerra mundial que de fato causou muita dor e desolação humana, até para se ter uma base, o número de mortos é assustador e ao mesmo tempo demonstrou o quanto faltavam mecanismos para coibir tal acontecimento.
É de bom tom citar que as duas guerras ocorreram no coração da Europa, o que deflagrou num número assustador países envolvidos e população variada, inclusive estendendo-se a segunda guerra a trazer participantes de outros continentes fora da Europa.
A Segunda Guerra Mundial foi o maior conflito armado já travado em toda a história da humanidade. Seu tempo de duração foi de seis anos, indo de setembro de 1939 a setembro de 1945. O número de mortos da Segunda Guerra varia entre 50 e 70 milhões. Muitos autores consideram-na uma extensão da Primeira Guerra Mundial (1914-1945), haja vista que, assim como na guerra iniciada em 1914, foi a Alemanha que deu início ao conflito, em 1939. Os motivos que ocasionaram a Segunda Guerra são múltiplos e variados, mas alguns deles se destacam e nos ajudam a compreender esse evento tão catastrófico. (https://brasilescola.uol.com.br/guerras/a-segunda-guerra-mundial.htm).
Neste contexto entre das duas guerras mundiais, se arvora a gênese da extrema direita e se vê seu fanatismo exacerbado, levando multidões a aceitarem e apoiando de forma até histérica tais conceitos.
Na esperança de ampliar e expor o cerne desta ideia do que seja a extrema direita, segue;
Recebe a classificação de extrema direita toda manifestação humana que possua orientação considerada exageradamente conservadora, elitista, exclusivista e que alimente ainda noções preconceituosas contra indivíduos e culturas diferentes das de seu próprio grupo. Assim, é considerado de extrema direita o indivíduo, grupo ou filosofia que se localize mais à direita do pensamento de direita comum a todas as sociedades do planeta. Muitas vezes o termo é utilizado para sugerir um indivíduo ou grupo com ideias extremistas, preconceituosas ou ultraconservadoras. (https://www.infoescola.com/sociologia/extrema-direita/)
O texto oferecido traz a ideia de “orientação considerada exageradamente conservadora, elitista e exclusivista”, o que sanciona e proporciona um entendimento caudaloso, levando a desaguar em um termo para além de problemático, o ultraconservadorismo.
3.A história da extrema direita
É muito importante trazer o verniz que se pode conhecer de quando historicamente surgiu, e qual a motivação para tal.
Nesta ótica se observa a origem apontada;
[...] é preciso voltar à sala da Assembleia Constituinte, em agosto de 1789, quando se votava o poder que deveria ter Luís 16. A história que se conta é que o debate desencadeado na assembleia, composta tanto por adeptos da Coroa como por revolucionários interessados em derrubá-la, foi tão acalorado e apaixonado que os adversários acabaram estrategicamente localizados na sala segundo as suas afinidades. Nas cadeiras localizadas à direita do presidente do grupo, sentaram os integrantes da ala mais conservadora. Eles eram os leais à Coroa, que queriam conter a revolução e defendiam que o rei conservasse o poder e o direito ao veto absoluto sobre todas as leis. (https://www.bbc.com/portuguese/geral-55979311) (Destaques nosso)
Na desenvoltura primária da história a localização das cadeiras a direita indicava uma tendência, que se mostrava através da “ala mais conservadora”, contudo, à medida que o tempo passou esta tendência foi destilada a outras questões mais delicadas.
Há todo um cenário envolto para o nascedouro desta vertente de extrema direita e, como a história se repete, a volta desta ideologia sempre encontra terreno fértil para isso.
Desta forma, se encontra o contexto de um momento marcado pela ascensão desta ideia;
O pós-guerra ficou marcado por uma intensa crise económica e social. No final da década de 20, o mundo era uma vez mais atingido por uma recessão. As duas conjunturas de crise económica foram fatores importantes para compreender o triunfo de Mussolini em Itália e de Hitler na Alemanha. No entanto, não foram o único fator. O impacto da recessão na Grã-Bretanha ou nos EUA foi devastador, mas o movimento fascista não chegou ao poder. Nos países onde as soluções autoritárias triunfaram os problemas sociais e económicos tiveram de se aliar a outros motivos, nomeadamente ao descrédito dos regimes demoliberais. (https://ensina.rtp.pt/explicador/a-crise-das-democracias-e-o-surgimento-dos-fascismos/) (Destaques nosso)
Um olhar atento ao passado demonstra que o terreno fértil para o nascimento desta doutrina política foi o entre guerras e sua nefasta consequência.
Havia uma intensa crise “econômica e social”, por óbvio uma guerra mina os recursos necessário de um país e uma grande guerra vai ao limite destes recursos, pondo a mostra as entranhas de qualquer país.
O pós guerra cobrou um preço alto e, como a Alemanha estava envolta na primeira guerra, o peso das consequências foram piores para este país.
Na esteira deste contexto se pode compreender o que a história aponta como ponto de partida para todos os acontecimentos surgidos;
A população alemã, desalentada e desesperada por alternativas, passou a apoiar o partido de Hitler e todo seu discurso, que atacava o liberalismo, os judeus, os vencedores da Primeira Guerra, etc. O nazismo possuía um discurso nacionalista extremado que defendia a formação de um “espaço vital”, um território de “direito” dos alemães para a formação do Terceiro Reich. O nazismo, além do nacionalismo exacerbado, tinha em sua ideologia o antissemitismo, a exaltação da guerra, o antimarxismo (encarnado, principalmente, no antibolchevismo), a xenofobia e a exaltação do líder como salvador do povo. Uma característica marcante do nazismo era a crença de que os alemães, chamados de arianos, eram um povo “superior”. (https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/nazismo.htm) (Destaques nosso)
O cenário era propício como a história mostra para o surgimento de uma voz descontente, que cativasse através de um discurso dizendo o que o povo queria ouvir e, apresentasse qualquer alternativa a crise vivida, mesmo que o apresentado fosse estapafúrdio.
E assim se construiu a base da extrema direita que passou a existir na Alemanha, produzindo o maior hecatombe mundial, em termos de vidas ceifadas, famílias inteiras mortas, destruição dos valores mínimos de civilidade, de existência por respeito humano entre muitas outras coisas.
É evidente que a atmosfera pós guerra e derrota da Alemanha contribuiu e muito para tal cenário, contudo é de vital importância lembrar que havia pessoas sedentas pelo discurso promovido de responsabilização de alguns pelo desastre da primeira guerra mundial.
Os elementos postos havia a necessidade alguém que se levantasse para reproduzir todo este arsenal de ideias e divulgasse através de múltiplos apoios.
Assim surgiu o líder da extrema direita, Adolf Hitler.
Por fim, vale destacar as afirmações do historiador Lionel Richard que dizem que o nazismo “em nada se distinguia das múltiplas seitas e associações de direita que proliferavam na Alemanha”. Além disso, esse pesquisador destaca que o apoio de capitalistas alemães ao nazismo rendeu-lhe muitos simpatizantes entre pessoas da direita alemã. Outra questão que gera muita confusão é a respeito da posição do nazismo diante de questões relacionadas à economia, sobretudo em relação à posição antiliberal desse partido. De fato, o nazismo era antiliberal tanto nas questões das liberdades individuais quanto na economia, uma vez que, para Hitler, o capitalismo liberal estava nas mãos dos judeus – grupo que Hitler identificava como o causador de todos os males. Ian Kershaw destaca que, na visão de Hitler, o capitalismo financeiro judeu (capitalismo liberal) era um mal, enquanto que o capitalismo industrial era considerado algo saudável. Outro ponto importante a destacar-se é que o nazismo, em nenhum momento, pregou a destruição do capitalismo (apenas da parte que enxergava estar nas mãos dos judeus). Essa postura reforça o posicionamento dos historiadores e cientistas políticos de que o nazismo era de direita.
(https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/nazismo.htm) (Destaques nosso).
Há um importante elemento na narrativa acima apresentada, a questão do financiamento e apoio, tanto daqueles que detinham recursos financeiros como simpatizantes destas ideias propagadas.
Muitas vezes se pode prescindir desta faceta, contudo ela é de suma importância, para compreender que havia sim, apoio interno as ideias alardeadas e que estas foram incentivadas e deliberadamente acatadas (algumas até sugeridas) para que tal acontecimento pudesse e muito crescer e se tornar a força.
Também se faz necessário afirmar, que havia no centro das ideias uma taxativa constatação no discurso apontando os culpados os judeus e os comunistas (marxistas).
Esta bandeira tem chegado no que tange o medo do comunismo até os dias atuais, independente do que a história conta.
4.O extremo e os perigos que podem ocasionar
A palavra extremo carrega em si algo de muito perigoso, pois não demonstra o que se poderia desejar de uma posição partidária, o chamado equilíbrio.
É notório perceber que nesta linha de pensamento o que vale é ressaltar o que se faz necessário de forma extrema, sem respeito a muitos valores que já deveriam estar cimentados na sociedade.
Para se levar a efeito esta questão cumpre observar;
[...] vale mencionar que, enquanto estavam no poder, os nazistas implantaram um verdadeiro sistema de doutrinação em seu país, convencendo a população de que os judeus e os bolchevistas (comunistas da União Soviética) eram os grandes inimigos da Alemanha e que, por isso, deveriam ser aniquilados. Em relação a isso, o historiador Max Hastings [...]
(https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/nazismo.htm)
O sistema de propagação desta e de outras doutrinas extremas sempre foi o sistema de doutrinação, pois através da repetição, se isenta de montar uma história sobre acontecimentos passados de forma favorável, tem sido o condão de todas estas correntes de pensamento político.
E como a história é cíclica a repetição destes acontecimentos de tempos em tempos voltam e tomam novamente a dianteira como novo lenitivo da humanidade.
Constando que o cenário de desacerto na economia, tem sido o principal vetor nesta caminhada.
Na Alemanha, a extrema direita cresceu nos últimos anos e ganhou representação no parlamento nacional (Bundestag) e em todos os estaduais através do partido AfD (Aliança para a Alemanha). O AfD foi criado em 2013 tendo como pauta principal a agenda econômica neoliberal e antieuro. Candidatou-se no mesmo ano às eleições parlamentares nacionais, mas não alcançou a porcentagem mínima de 5% de votos exigida para entrar no parlamento. Pouco a pouco a extrema direita foi ganhando predominância no interior do partido e escanteando as lideranças originais. Nas eleições parlamentares de 2017, o AfD teve 12,6% dos votos e entrou no Bundestag. Em 2021, baixou a 10,3% dos votos, mas garantiu sua permanência na atual legislatura. (https://fpabramo.org.br/cooperacao-internacional/alemanha-como-explicar-o-crescimento-do-afd/)
No ano de 2024, sim ressurge na Alemanha a extrema direita vicejante e candidata a resolver as questões mais assoladoras.
Por mais incrível que possa parecer, por mais incompreensível que possa soar, a história de forma cíclica traz à baila toda esta gama de nacionalismo, xenofobia, protecionismo da economia e trabalho local.
Com a repetição deste cenário, se vê, sem nenhuma dúvida o ressurgimento deste pensamento humano encrustado de forma enraizada a ponto de a cada novo momento emergir e se sobressair como solução;
O crescimento da extrema direita teve um ponto de inflexão meses depois da entrada de cerca de um milhão de refugiados no país, em 2015/2016, sob o governo de Angela Merkel (CDU) em coalizão com o SPD. Segundo o órgão do governo responsável por migração e refugiados, em 2015 cerca de 890.000 pessoas deram entrada no pedido de asilo na Alemanha. Majoritariamente da Síria e do Afganistão (Sic), os refugiados foram recebidos com muita solidariedade tanto da sociedade como do governo. Ficou famosa a fala de Merkel ante o desafio de abrigá-los: “Wir schaffen das”, que pode ser traduzida livremente como “nós damos conta”. Milhares de pessoas em todo o país trabalharam voluntariamente no apoio aos refugiados. No entanto, gradualmente foram surgindo e se multiplicando, entre a população, as dúvidas e os medos quanto à capacidade da sociedade absorver e integrar este número de pessoas, começaram as críticas à chanceler dentro de seu próprio partido, as ideias xenófobas, nacionalistas e racistas foram ocupando lugar nesse terreno que se tornou arenoso e receptivo. Acontecimentos envolvendo refugiados, como o assédio sexual em massa no réveillon de 2015/2016, em Colônia, contribuíram para aumentar a relutância da população e a repercussão do discurso anti-imigração na sociedade. Simultaneamente, a maioria dos países europeus foi restringindo cada vez mais a entrada de refugiados, o que fez crescer a pressão dentro da Alemanha para endurecer sua política, tanto no âmbito do debate político como da retórica xenófoba difundida por setores de extrema direita. (https://fpabramo.org.br/cooperacao-internacional/alemanha-como-explicar-o-crescimento-do-afd/)
O cenário se mostrou propício para o crescimento desta vigente ideia, xenofóbica, anti-imigração, e nesta esteira de elementos preconceituosos cabe muitas coisas horripilantes.
E não é só a Alemanha que está vivenciando este apelo a extrema direita, outros países da Europa estão percebendo este crescimento grande e forte nesta linha de pensamento.
As eleições europeias na França confirmaram uma tendência que, há alguns anos, já estava aparente: o crescimento do apoio à Frente Nacional. Essa evolução não é especificamente francesa: por quase todo o continente europeu vemos o espetacular levante da extrema-direita. O fenômeno não encontra precedentes desde os anos 1930. [...] A atual extrema-direita europeia é muito diversa, uma variedade que vai de partidos abertamente neonazistas, como o Aurora Dourada na Grécia, a forças burguesas perfeitamente bem integradas ao jogo político institucional, como o suíço UDC. O que eles têm em comum é o seu nacionalismo chauvinista - e, portanto, oposição à globalização "cosmopolita" e a qualquer forma de unidade europeia -, xenofobia, racismo, ódio a imigrantes e ciganos (o povo mais antigo do continente), islamofobia e anticomunismo. Além disso, em sua maioria, se não em sua totalidade, são favoráveis a medidas autoritárias contra a "insegurança" (usualmente associada a imigrantes) por meio do aumento da repressão policial, penas de prisão e pela reintrodução da pena de morte. A orientação reacionária nacionalista, na maioria das vezes, é "complementada" com uma retórica "social", em apoio às pessoas simples e à classe trabalhadora (branca) nacional. (https://www.scielo.br/j/sssoc/a/MFzdwxKBBcNqHyKkckfW6Qn/)
Se observa um acréscimo, se pode dizer moderno as ideias da extrema direita atual na Europa, encartando, por exemplo o “islamofobia”, entre outras variações do xenofobismo.
Muitas das vezes, num olhar ao momento atual, parece que a humanidade se congelou de forma coletiva por décadas e nada mudou de quase um século atrás até o atual.
As ideias que já foram testadas e causaram tanto estrago humano voltam sem memória passada, sem enfrentar a realidade de sua existência e em todas as idades é aceita como uma panaceia ao sonho humano.
A Europa um continente que oferece tanta variedade de cultura, de história, de até intelectualismo, mergulha num pensamento que vai para além do compreensível.
Na França, Alemanha, Holanda, Polônia, Hungria, Espanha entre outros esta tendência tem se mostrado real e possível, daí o Presidente francês tentar dar a oportunidade do povo repensar.
E por extensão se há uma confluência tão marcante neste continente é de se esperar se alcançado outros continentes com esta ideia e se fomentar com um esforço maciço que isto ocorra.
Diferente do cenário da Alemanha nazista, hoje o conjunto de países que apoiam e estão disposto a se abrigar sobre este pensamento tem sido muito grande, ou seja, a adesão é maior.
5.Considerações Finais
O cenário mundial conspira e exaspera esta corrente de um ressurgimento embrionário da extrema direita, trazendo em sua vértice a cisma de todo um conjunto de propostas.
Mesmo num mundo globalizado estar frente a este cenário traz consigo uma ideia de que a humanidade parece trazer em sua gênese uma tendência de ser governada por instituições autoritária, o que é até incrível.
Há também a aceitação de um racismo revestido de um preconceito, que tenta se justificar pela disputa de mercado de trabalho, de um senso anti-imigração, e de um nacionalismo extremo.
É inevitável a comparação com o nazismo, fascismo e todos os extremos de regimes já vividos pela humanidade e que está bem descrito em livros de história, filmes e documentários.
Também é certo que há os que se auto justificam afirmando que esta literatura ou, cinema, documentários são tendenciosos e que precisam de uma visão revisionista.
Porém, contra a enormidade de vidas e destruição de famílias inteiras e monumentos, obras de artes entre tantas outras coisas que foram destruídas, aniquiladas, não há revisionismo que resista.
O que se precária tentar compreender é o porquê desta tendência da humanidade voltar a se arvorar nestes pensamentos extremos.
6. Referências Bibliográficas
https://www.bbc.com/portuguese/geral-55979311
https://brasilescola.uol.com.br/guerras/a-segunda-guerra-mundial.htm
https://ensina.rtp.pt/explicador/a-crise-das-democracias-e-o-surgimento-dos-fascismos/
https://fpabramo.org.br/cooperacao-internacional/alemanha-como-explicar-o-crescimento-do-afd/
www.historiadomundo.com.br/idadecontemporanea/nacionalismo.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/nazismo.htm
https://www.infoescola.com/sociologia/extrema-direita/
https://journals.openedition.org/laboreal/7924
https://mundoeducacao.uol.com.br/politica/extrema-direita.htm
Doutorando em Ciência Criminal, Mestre em Filosofia do Direito e do Estado (PUC/SP), Especialista em Direito Penal e Processo Penal (Mackenzie/SP), Bacharel em teologia e direito, professor de Direito e pesquisador da CNPq .
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: SILVA, Marcos Antonio Duarte. A ciência política e o fenômeno da extrema direita Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 15 ago 2024, 04:54. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/artigos/66163/a-cincia-poltica-e-o-fenmeno-da-extrema-direita. Acesso em: 21 nov 2024.
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