Como um dos setores mais representativos da nacionalidade, o sindicalismo deveria ser um inesgotável manancial na forja de bravos e valorosos artífices, imbuídos da nobre missão da representação popular nos mais variados segmentos da vida política do País. Filosófica, doutrinária e institucionalmente falando, sindicalismo e política personificam a arte de representar e servir.
Infelizmente, porém, não é o que observa nesta nossa indubitável república sindicalista de um decênio, recheada de pecaminosos episódios que depõe contra a moralidade pública. Historicamente, o período mais negro da vida republicana.
Nossa estrutura democrática é sustentada por pilastras presumíveis e aparentemente firmes. Quando, no entanto, submetidas a uma radiografia mais profunda e apurada, constata-se que são suscetíveis a um devastador processo de corrosão, determinado por agentes que vão desde a manifesta ausência de espírito público, até imperdoáveis e irreprimíveis rastilhos de corrupção, que, com frequência assustadora, se multiplica em portentosa e irremovível praga.
Ademais disso, o Estado brasileiro não consegue livrar-se do perfil parasitário, mercê de sua voluptuosa e incontida sanha de arrebanhar impostos, tributos, contribuições e ônus sem fim, num verdadeiro e consentido saque ao bolso do contribuinte. O custo Brasil é exorbitante. O custeio da máquina pública é simplesmente intolerável.
Todos os políticos que até hoje conhecemos – e sem nenhuma exceção de doutrina partidária- fora do poder têm visão correta daquilo que está em desacordo e que necessita ser reparado. Quando candidatos, a retórica torna-se ainda mais precisa e formidável. Os discursos são ainda mais eloquentes. Suas plataformas eleitorais que preveem seus planos de governo, “se eleitos”, são de uma preciosidade ímpar. Irreparáveis. Mas assim que tomam posse... Ah, aí é outra história. Com raras e honrosas exceções, a regra predominante estriba-se na falação, desaguando na óbvia e fatal perpétua enganação. Em todos os níveis de mandato. No Executivo ou Legislativo.
O que –a eles, é claro- de fato impera e importa é a preservação e a perenidade do poder. Nesse expediente surgem cada vez mais especialistas. Alguns, até revelando excepcional talento nato. Mas na hora da ação, pouquíssimos são os que correspondem ao voto sufragado por seus pobres mortais e enganados eleitores. Leia-se: todos nós.
Esta é uma triste e lastimável realidade e que compete a todos nós o dever de desdobrar-nos ainda mais na busca de sua superação, se realmente desejarmos construir uma real e efetiva democracia, cujas ações não contemplem minorias, mas sim a coletividade como um todo, a exemplo do que identicamente deveria ocorrer nas entidades sindicais brasileiras, em consonância com as suas basilares premissas institucionais: as de representar e servir dignamente.
A Nação exige dignidade e patriotismo dos seus homens públicos. Por seu incomensurável gigantismo, o Brasil se faz merecedor de representantes com ações voltadas às legítimas questões do efetivo interesse popular e não as de grupos ou grupelhos. Lastimavelmente, -e a exemplo do que ocorre na vida intestina dos sindicatos- os verdadeiros interesses da coletividade são invariavelmente procrastinados em detrimento de menores.
O que se vê claramente é que ao tempo do avanço da corrupção, a impunidade se aprofunda, a insatisfação popular cresce e o sentimento de impotência de todos ante a mediocridade da classe política anã torna-se cada vez mais latente.
Até quando é a grande questão a ser respondida. Pelos detentores do poder político e sindical. Ou pelas urnas de ambos.
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