O povo brasileiro precisa encontrar uma outra alegria, o futebol não pode mais representar o status de "alegria do povo". Hora de preparar o "outdoor" com o dizeres: "Precisamos de alegria!!" e com urgência...
A política que por sua história sempre utilizou do futebol, precipuamente de suas vitórias, para desviar os focos da vida real precisará encontrar outro subterfúgio que não represente nossa realidade como o futebol passou a representar não é de hoje.
Mas é hora de se verificar os pontos em comum, que se tocam. Política e futebol sempre sofrem com a total falta de planejamento, como na política não se investe adequadamente em saúde, educação, na base de nossas necessidades para o crescimento, no futebol não se investe nas categorias de base, nem tecnicamente, nem taticamente, nem intelectualmente.
A política e o futebol sofrem caoticamente do mal da corrupção, dos desvios de finalidade, da ausência de credibilidade administrativa, e quando este mal se faz notar com tanta pujança e notoriedade como presenciamos é porque já tornou-se regra no sistema quando os maus resultados são consequências que se tardam jamais falham. A honestidade, retidão e austeridade são qualificativas indissociáveis da boa administração, onde há desvios que se afugentam do princípio da moralidade administrativa o sucesso se torna mais que improvável e tende à completa impossibilidade/inviabilidade com o passar do tempo.
A política e o futebol (futebol de hoje) convivem com a quase inexistência de novos talentos, por certo outra consequência dos parágrafos anteriores (falta de planejamento e desvios de finalidade), e quando não se produzem talentos fruto de uma má organização o insucesso se faz indissociável. Não contamos com administradores talentosos e bem preparados tanto na política como no futebol, e quando não há uma gestão qualificada os resultados dos objeto gerido tendem a acompanhar a mesma sorte.
A derrota mais que esperada ganhou toques surpreendentes pela forma que se deu. Um placar inadmissível para um embate entre duas equipes profissionais, sem que uma delas se revista de amadorismo. Nem as seleções sem qualquer tradição como Honduras, Austrália (...) antagonizaram espetáculo tão amadoramente pobre e desalmado, desorganizado, ao contrário, mesmo que sem grandes talentos dos artistas do espetáculo países como Costa Rica mostraram que organização é capaz de produzir resultados positivamente surpreendentes.
O Povo, que em sua maioria é dotado de um discernimento menor, meticulosamente preparado para que não alcance as percepções de nossas realidades, talvez, a partir de uma catástrofe de um tema que à todos é afeto de berço, como é o futebol, promova um choque de realidade e um descontentamento por vias transversas.
Talvez agora o Brasil, espelhando suas realidades em uma linguagem mais popular, agora não tão camufladas pela política, possa contagiar a sociedade brasileira para uma visão mais "macro", menos minimalistas, quando nos contentávamos apenas com vitórias desportivas para matar nossa fome de educação, de saúde, de segurança, de emprego, de alimento, de serviços públicos em geral, enfim, nossa fome de dignidade, que a Carta Constitucional de 88 previu como o maior dos direitos fundamentais do homem, mas que os agentes políticos entenderam com um cinismo lacônico e sem precedentes.
Se o futebol a estória nos mostrou que suas alegrias nos ludibriavam de nossas realidades maiores, que sua tristeza e vergonha nos aproxime destas, não servindo mais de plataforma eleitoral ao arrepio do melhor discernimento da realidade.
Política e futebol nunca representaram com tanta fidedignidade o que é o nosso país em suas verdades; política e futebol hoje, demostram com isonômica incompetência nosso retrato sem filtros ou photoshop que um dia foram capazes de misturados nos desviar de nossos verdadeiros focos putrefatos e carcomidos no interesse privatista de poucos às custas dos interesses públicos de toda uma nação.
As vitórias no futebol sempre nos embebedaram, que a derrota nos retire da hibernação!! Que a humilhação nos campos nos acorde para a humilhação em outros compos onde a vergonha é maior e deve se tornar mais eloquente...
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