Onze de outubro é o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência Física. A data foi escolhida num Encontro Nacional dos portadores de deficiência, ocorrido em 1982, e oficializada depois através da Lei federal n. 11.133, de 14 de julho de 2005.
Habitualmente, nos artigos, abstenho-me de exaltar, singularmente, este ou aquele detentor de cargo público, líder ou simples cidadão. Creio que é bem mais pedagógico realçar comportamentos éticos do que apontar o dedo condenatório ou laudatório em pessoas determinadas. Cito exemplos: a) é melhor condenar o voto secreto nos parlamentos, dizer, com todas as letras, que o voto secreto é covardia, do que mencionar os deputados ou senadores favoráveis e contrários ao voto secreto; b) é mais adequado defender a tese de que para os tribunais de contas devem ser escolhidas figuras públicas impolutas, do que mencionar expressamente pretendentes ao cargo que não dispõem dos atributos morais indispensáveis; c) tem maior substância pugnar, em artigo doutrinário, para que os membros dos tribunais sejam escolhidos através de eleição em que todos os magistrados votem (porque a Justiça não é negócio entre compadres) do que manifestar estranheza à face de uma escolha que tenha consagrado o nepotismo.
Neste artigo faço uma exceção a essa forma de agir baseada apenas em princípios. Neste texto desejo homenagear um deficiente físico que é um símbolo. Trata-se de Cláudio Vereza.
Cláudio não mais será candidato a cargo algum, depois de sucessivas reeleições como Deputado Estadual. Justamente porque ele não disputará eleição futura, sinto-me à vontade para engrandecer seu nome.
Cláudio vai publicar, até o final do ano, um livro no qual relata o desenrolar de sua vida. É uma espécie de autobiografia, ou mais que isso: é um depoimento para a História. Retrata os diversos ângulos de uma vida coerente, marcada pelo desprendimento. Cláudio foi o oposto daquela personagem descrita pela Bíblia, aquela pessoa que bate no peito falando, num suposto ato de humildade, “Senhor, Senhor, não sou igual os publicanos”, mas cuja vida não tem relação com aquilo que os lábios dizem. Cláudio testemunhou a Fé através da vida, da luta em prol dos deficientes, do compromisso com o bem público, da ética em todos os campos de presença e atuação. Cláudio realizou o que podemos qualificar de explicitação política da Fé.
Honrou-me Cláudio com o convite para escrever o prefácio da obra acima mencionada.
Retiro desse prefácio apenas uma frase, para inseri-la neste artigo: A cadeira de rodas, longe de ser para Cláudio um obstáculo, um entrave, serviu-lhe de asas para voos de Liberdade e Grandeza.
Precisa estar logado para fazer comentários.