Energiewende: a transição energética alemã, escrito por Clarissa Lins e Bruna Mascotte dentro do quadro do Diálogo Brasil-Alemanha promovido pelo CEBRI, apresenta em breves palavras como o Estado alemão enfrenta um dos seus grandes desafios, o ambiental. Assim, promover a substituição da matriz energética altamente poluente, o carvão, correspondente a 25% da sua matriz, bem como reduzir o consumo de petróleo, responsável por mais 32% das fontes energéticas utilizadas, através de um processo que se iniciara nos anos 2000 e segue até o período atual no qual o objetivo é ampliar o uso de fontes renováveis, por um lado, e diminuir o consumo energético, por outro, reduzindo as emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa.
O artigo traz informações detalhadas ao leitor e estudioso atento aos dilemas ambientais, não abandonando a capacidade de ser acessível a leitores leigos, em que retrata o desafio alemão em ampliar outras fontes energéticas ao seu parque energético, em um contexto que não ignora o incidente de Fukushima, reduzindo a energia nuclear da matriz energética. Ao apontar a utilização dos subsídios para a concretização da transição energética, as autoras demonstram a percepção da população germânica, majoritariamente favorável aos projetos de redução de emissões, enquanto a indústria carbonífera apresenta resistências e as dimensões geopolíticas entram no fator a partir da importação de gás russo.
À luz da importância do tema, não se olvida que a discussão ambiental perpassa por argumentos políticos que podem ser utilizados por players globais com fins dos mais diversos que não sejam os ambientais, como aponta André Aranha Corrêa do Lago em Conferências de Desenvolvimento Sustentável (2013), o que não parece ser o caso alemão, que impôs aos seus nacionais reais sacrifícios financeiros para atingir fins de cunho ambiental, ademais da economia que gerará ao país futuramente, em estudo demonstrado por Frondel (2009). Deste modo, o artigo exemplifica alguns dos desafios alemães para alcançar suas metas ambientais, ainda que encontrem dificuldades de implantação como se vê na comparação entre metas e resultados para o ano de 2020.
REFERÊNCIAS
FRONDEL, M. et al. Economic Impacts from the promotion of renewable energy technologies: The German Experience. Ruhr Economic Papers. 156: Bochum, 2009. 32p.
LAGO, André Aranha Corrêa do. Conferências de desenvolvimento sustentável. Brasília: FUNAG, 2013.
LINS, Clarissa; MASCOTTE, Bruna. Energiewende: a transição energética alemã. Relações econômicas entre Brasil e Alemanha: a geopolítica da energia. Centro Brasileiro de Relações Internacionais; Konrad Adenauer Stiftung, 2018. p.14-16.
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