Os jovens preferem testemunhos a lições teóricas.
Os mais velhos têm o dever de testemunhar a fim de estimular o crescimentos dos mais novos.
Com extrema sinceridade lavro este testemunho. Pela escolha que fiz do verbo lavrar para iniciar o texto perceberá o leitor atento que esta pessoa que lavra um testemunho deve ter lavrado sentenças. Certamente é um juiz. Se o leitor pensou assim, acertou.
Fui Juiz de Direito durante mais de 20 anos. Exerci este ofício em dezesseis comarcas do Espírito Santo. Antes de ser Juiz fui Advogado e também Promotor de Justiça.
Ao lado das funções mencionadas, sempre fui Professor. Durante o tempo em que servi no interior do Estado, lecionei nos ginásios públicos locais.
Minha mulher acompanhou-me nessa caminhada. Professora por vocação, deixou sua marca nos ginásios em que trabalhou e nos alunos que ajudou a formar.
Aposentado como juiz, dediquei-me em tempo integral ao magistério na Universidade Federal do Espírito Santo, em cujo quadro ingressei por meio de concurso público de títulos e provas. Na Universidade, conquistei a Livre Docência, através de concurso de títulos, provas e defesa de tese.
Registro esses concursos como estímulo para as novas gerações. Podemos galgar posições acadêmicas e profissionais por via do mérito. Devemos combater o nepotismo, o afilhadismo, os concursos com carta marcada e toda espécie de privilégio.
Ultrapassei em um ano e meio o tempo exigido para a aposentadoria mas, finalmente, com muito pesar, deixei a Universidade.
Depois de aposentado voltei à UFES, em 2006, para lecionar no Mestrado em Direito como voluntário. Aceitei de bom grado o convite formulado por meu ex-aluno Dr. Francisco Vieira Lima Neto para trabalhar gratuitamente na Universidade onde estudei gratuitamente. Exerci esse encargo até recentemente.
Hoje presto serviços na Faculdade Estácio de Sá de Vila Velha (ES). Além disso percorro o Brasil proferindo palestras. Já visitei quase todos os Estados da Federação.
Tenho uma larga experiência de vida, trabalho e estudos, fruto da idade e do itinerário percorrido. Gosto muito de partilhar essas vivências.
Depois das titulações acadêmicas obtidas no Brasil, fiz pós-doutoramentos nos Estados Unidos (Universidade de Wisconsin) e na França (Universidade de Rouen). Viver e estudar no Exterior contribui para o crescimento humano e cultural. Além disso, aqueles que se sentem comprometidos com a transformação do mundo não devem desprezar os títulos. Constituem força política, credencial. Os conservadores com frequência colecionam títulos. É preciso ter título contra título para enfrentar a batalha, que não é fácil.
Se tiverem oportunidade, os acadêmicos e os recém-formados não devem perder a chance de estudar fora do Brasil. Há muitas instituições que concedem bolsas de estudo. Frequentemente as bolsas são endereçadas aos jovens. Há uma idade-limite para obter o benefício.
Escrevi e continuo escrevendo livros. No início do próximo ano sairá pela Editora GZ mais uma obra: Filosofia do Direito.
Este trabalho de escrever e publicar me proporciona muita alegria. Através do livro eu me comunico com pessoas próximas ou distantes.
Um jovem colocou no seu imaginário que os autores de livros são pessoas que já morreram. Quando esse jovem veio a me conhecer numa palestra, exclamou de maneira espontânea:
Que alegria apertar sua mão, professor. Eu pensava que o senhor era morto.
Respondi, brincando:
Aperte a mão com a consciência de que está apertando, toque aqui na minha cabeça. Convença-se de que estou vivo.
Por causa dos livros recebo cartas de todo o país. Embora às vezes com algum atraso, respondo todas as cartas que me chegam às mãos. Também são frequentes as mensagens que me vêm através da Internet.
Encorajo os jovens a que se dediquem com entusiasmo aos estudos. O saber proporciona uma satisfação espiritual muito grande. Através da conquista do conhecimento poderemos encontrar caminho para construir um mundo melhor, mais justo e para sermos felizes.
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