O Prêmio Dom Luís Gonzaga Fernandes foi criado objetivando o reconhecimento, por parte do povo capixaba, do trabalho dos que, a exemplo de D. Luís, agem para tornar possível um mundo renovado em fraternidade, justiça, liberdade e solidariedade.
Embora tenha o nome de um Bispo, trata-se de um Bispo ecumênico que sempre manteve relações fraternas e de diálogo com as mais diversas confissões religiosas.
Na sexta edição do Prêmio foram agraciados com a homenagem: Zilda Arns Newmann (in memoriam), Roberto Anselmo Kautsky (in memoriam), Sebastião Francisco Tótola e o Serviço de Engajamento Comunitário (SECRI).
Zilda Arns, antes de entregar sua vida a Deus, quando foi tragada pelo desabamento de uma igreja no terremoto do Haiti, já havia consagrado sua vida ao povo, especialmente à criança, no exercício da missão de principal dirigente da Pastoral da Criança, no Brasil e no mundo.
Quando Zilda Arns faleceu, a admiração que se debruçou sobre seu túmulo rompeu barreiras e preconceitos.
Os que professam a Fé Espírita falaram por intermédio de um arauto dessa crença, num site oficial: “É com profunda tristeza que informo o desencarne dessa mulher que dentro de seus conhecimentos, fez o que é ensinado constantemente nas casas espíritas – Fora da Caridade não há Salvação.”
O Pastor Luterano Clóvis Horst Lindner, depois de dizer que Zilda Arns fez mais pelo Brasil do que muitos governos, arrematou: “Sua famosa farinha milagrosa tirou o Brasil dos índices de fome e desnutrição que o equiparavam à África.”
Roberto Anselmo Kautsky nasceu em 1924 na então pequena localidade de Santa Isabel (ES). Em 1933 a família transferiu-se para Domingos Martins (ES), onde Roberto residiu até sua morte. Filho de pai austríaco e mãe alemã, sua paixão pelas flores começou na infância, uma paixão que lhe foi transmitida pelo pai. Orquidófilo e bromeliófilo, Roberto Anselmo Kautsky recebeu, carinhosamente, o título de "Senhor das orquídeas". Sem formação universitária, Kautsky é, entretanto, citado com respeito pelos cientistas devido às pesquisas a que se dedicou, especialmente de plantas e bichos da Mata Atlântica. Recebeu prêmios internacionais. Um jeito simples de ser, uma alegria contagiante, infatigável curiosidade, este era seu perfil pessoal. Salvou plantas que estavam sendo devastadas por desmatamentos irresponsáveis e reintroduziu espécies na natureza, espécies que desapareceriam para sempre, se não fosse o seu zelo. Dizia aos amigos que viver com qualidade é estar em harmonia com a natureza, consigo mesmo e com os outros.
Sebastião Francisco Tótola é um amante da Natureza. Foi funcionário público municipal em Fundão (ES). Hoje tem 79 anos. Sebastião Francisco Tótola doou à Municipalidade o terreno onde hoje está instalado o Parque Municipal Goiapaba-Açu. É preciso acentuar a força do verbo DOAR para que se entenda a dimensão do seu despreendimento. Ele não vendeu o terreno à Prefeitura, ele DOOU o terreno. Segundo seu depoimento: “Doei porque vi a importância do local. Achei melhor o poder público cuidar de uma área tão bonita”. Embora tenha feito a doação do terreno, Sebastião Tótola não conseguiu desligar-se afetivamente daquele pedaço de chão. Caminha pelas trilhas da mata. Ajuda a bióloga que zela pela conservação e florescimento das mudas do orquidário. Declara: “Sou apaixonado por tudo isso. É um lugar que merece todo o meu carinho”. O Parque de Goiapaba-Açu ocupa a região limítrofe entre a Mata de Encosta e a Zona Litorânea. O acesso é feito pela BR 101. Que exemplo para todos nós é este homem. Numa época em que o TER tem flagrante supremacia sobre o SER, Sebastião Francisco Tótola desprezou o TER, abriu mão do TER para fazer do SER o horizonte de sua vida.
O Serviço de Engajamento Comunitário – SECRI é o "braço social" da Paróquia Santa Rita de Cássia. Foi fundado em 13 de setembro de 1988.
No início era denominado Serviço de Engajamento Cristão. Depois o adjetivo “cristão” foi substituído pelo adjetivo “comunitário”. Não que tivesse deixado de ser cristão, mas porque para ser cristão não é preciso intitular-se como tal. O engajamento comunitário, ou seja, a dedicação ao bem comum já é por si uma atitude de devotamento cristão.
A semente do SECRI foi o antigo “Roupeiro de Santa Rita”, criado em 1954 na Paróquia de Santa Rita de Cássia e que se destinava a apoiar as famílias pobres da periferia da Paróquia.
O SECRI atua numa área muito pobre do município de Vitória: São Benedito, Penha e São Miguel (Alto Itararé). É uma área de encostas íngremes. O acesso às moradias é muito difícil.
Há um doloroso contraste entre a linda vista da ilha de Vitória, da qual os moradores podem desfrutar, e a realidade cotidiana que os maltrata: barracos e construções precárias, condições de vida muito difíceis.
O Prêmio Dom Luís não está ligado a nenhum Governo, embora tenha sido criado dentro de um Governo. Sua celebração não deve ser entendida como política de governo, mas sim política de Estado. Os governos passam, o Estado permanece. A outorga do Prêmio Dom Luís deve doravante integrar o calendário cívico do Estado. Seria desejável que pelo país afora prêmios fossem criados com o mesmo propósito de exaltar figuras que dedicaram ou dedicam a vida a causas nobres, à melhoria do mundo.
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