Muito se escreveu sobre Zilda Arns, médica missionária que perdeu sua vida no Haiti, onde se encontrava socorrendo crianças, quando o terremoto eclodiu.
A partir do exame de quem foi Zilda Arns para o Estado onde resido (ES), convido os leitores para que se debrucem sobre a ligação dessa missionária com o respectivo rincão do leitor.
O testemunho de admiração pela figura de Zilda Arns rompeu as barreiras ideológicas, politicas, partidárias, religiosas.
No site “Visão Espírita” aparece esta reflexão do editor: “É com profunda tristeza que informo o desencarne dessa mulher que dentro de seus conhecimentos, fez o que é ensinado constantemente nas casas espíritas "Fora da Caridade não há Salvação".
O Pastor Clóvis Horst Lindner escreveu no jornal luterano “O Caminho”:
“Zilda Arns foi daquelas mulheres que fizeram mais pelo Brasil do que muitos governos. Seu programa de alimentação - a famosa "farinha milagrosa" - tirou o Brasil dos índices de fome e desnutrição que o equiparavam à África.”
Também organizações da sociedade civil, de diferentes matizes, levaram suas flores ao túmulo de Zilda Arns: desde a OAB até a ABGLT.
Zilda Arns foi a inspiradora, a orientadora e a chama da Pastoral da Criança.
Embora a doutora Zilda Arns fosse católica, a Pastoral da Criança nunca distinguiu credos, raças e culturas. Numa entrevista ao Pasquim, Zilda declarou que no Amazonas uma Coordenadora da Pastoral era uma índia e noutra uma senhora da Assembleia de Deus.
A Pastoral da Criança está presente em 42 mil comunidades pobres, de 4.063 municípios, de todos os Estados. Espalhou-se pelo mundo: África, Ásia, América Latina e Caribe.
Há algumas características que dão o perfil da Pastoral da Criança: a) o trabalho dos agentes é voluntário, gratuito; b) a prioridade é para ações de saúde, nutrição, educação, desenvolvidas nas comunidades mais pobres e carentes; c) são atendidas crianças, desde a concepção até os seis anos de vida e também as famílias dessas crianças; d) a opção é sempre pelas soluções mais simples e mais baratas, soluções que parecem milagrosas porque, no nosso imaginário, sempre supomos que o enfrentamento dos problemas exige verbas que se perdem nos bilhões.
Para citar apenas um exemplo, que chega a ser poético. A Pastoral da Criança lançou o programa “Dormir de barriga para cima é mais seguro”. O objetivo da campanha é orientar sobre a posição mais segura para os bebês dormirem. Dormir de barriga para cima reduz em mais de setenta por cento o risco de morte súbita de bebês.
Para saber da ação de Zilda Arns em nosso Estado colhi os depoimentos de: Giovanna Márcia Valfré (Centro de Documentação da Arquidiocese); Evaldo Francisco de Carvalho (atual Coordenador da Pastoral da Criança no Estado); Ademar dos Santos (Coordenador da Pastoral da Criança na Arquidiocese de Vitória); Dr. Antônio Carlos Santana Gomes, que colocou seu diploma de médico a serviço desta causa, responsável por belíssimo trabalho realizado num dos bairros mais carentes da Grande Vitória (Nova Rosa da Penha); Irmã Solange Valentim. Não pude colher o depoimento do médico pediatra Rogério Coelho Velho porque, neste momento, ele já está com Zilda Arns na Pátria Prometida.
Através do testemunho dessas pessoas fiquei sabendo que Zilda Arns visitou as quatro dioceses do Estado deixando em cada uma sua palavra e seu exemplo.
Os depoentes foram unânimes em afirmar que o carisma de Zilda Arns levedava todo o trabalho da Pastoral da Criança. Por este motivo, um dos depoentes disse que nosso país precisava de muitas Zildas Arns. Dois depoentes referiram-se ao sorriso de Zilda Arns, um sorriso que transmitia acolhimento.
Em nosso Estado a Pastoral da Criança dá assistência a trinta e sete mil crianças, de 0 (zero) a 6 (seis) anos. Acompanha trinta mil e duzentas famílias. Assiste mil e seiscentas gestantes.
O trabalho da Pastoral da Criança espalha-se por 61 municípios do Estado, alcança 123 paróquias, insere-se em 840 comunidades.
Os operários desta obra grandiosa são 3500 líderes e 3100 apoiadores, distribuídos por todo o território capixaba.
Uma freira capixaba, Irmã Rosângela Altoé, secretária da Pastoral da Criança, quase morreu na tragédia, pois estava ao lado de Zilda Arns quando a igreja desabou.
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