RESUMO: Trata-se da historia de alguns assassinos em série brasileiros, tais como: José – “preto Amaral”, Febronio Índio do Brasil, Benedito – “ O monstro de guaianases”, Francisco – “Chico Picadinho”, “Monstro do Morumbi” , e “O vampiro de Niterói”.
PALAVRAS-CHAVE: direito; homicídios; justiça; preconceito.
1 Introdução
Casoy mostra relatos de vitimas, da polícia, de testemunhas, entrevistas com alguns dos criminosos e também a visão da psiquiatria na época dos fatos. Entre outros aspectos mostram também a evolução, passando pelo determinismo biossocial do passado até a visão de inimputabilidade como hoje é conhecida.
2 Os monstros no Brasil
A autora inicia sua obra com o relato da tentativa de assassinato do menino “Rocco” pelo “Preto Amaral”até então desconhecido, por sorte da vitima após o ataca, um carro chega próximo ao local onde ele e seu agressor se encontravam, a proximidade do carro afasta este dando tempo para que o menino até então desmaiado consiga pedir socorro.O criminoso volta no dia seguinte para concluir os seus desejos sexuais, achando que encontraria um cadáver. O assassino após o descuido se encarrega de assegurar nas vitimas seguintes que estas estejam realmente mortas. Após alguns ataques o homem alto e negro é reconhecido por uma testemunha que juntamente com a polícia saem em busca do suspeito e o encontram, trata-se de José Augusto do Amaral.Este é preso pelo assassinato de Antônio Lemes, mas não demora para confessar seus outros crimes. As declarações do “Preto Amaral” foram feitas com naturalidade e sem a menor demonstração de emoção, enquanto estava preso foi submetido as exames físicos e psiquiátricos, os médicos concluíram que ele era sádico, necrófilo e pederasta. Nesta época os criminologistas do Brasil eram influenciados pela escola positivista, imperando o determinismo biológico e social, ou seja, para os psiquiatras que atenderam o caso , ele havia nascido criminoso e nada podia fazer para mudar tal situação.
O segundo caso exposto pela autora é o de Febronio Índio do Brasil, inicialmente ela relata que usando de artimanha o assassino convence um jovem de 20 anos, Alamiro, oferecendo-lhe um emprego, a acompanhá-lo até suposta sede de um empresa de viação, Alamiro seguiu Febronio pela estrada da Tijuca até a ilha do Ribeiro, onde é abordado e então percebe suas intenções, começam a lutar, mas o assassino é mais rápido e consegue asfixiar o rapaz, esse foi apenas um dos vários crimes cometidos por Febronio. Dentre os crimes cometidos por ele, o assassinato de Jonjoca foi determinante, pois após encontrarem o cadáver do menino , finalmente, o criminoso confessa sua responsabilidade pelo homicídio. Ele disse que foi levado a cometer esses crimes por meio de revelações que recebia constantemente, convencendo-o a sacrificar vítimas em beneficio de Deus vivo, símbolo de sua religião. O julgamento levou ao reconhecimento da inimputabilidade do acusado, então ele tornou-se o primeiro interno do Manicômio Judiciário do Rio de Janeiro, que foi criado em função de seu caso. Febronio despertou o interesse de pesquisadores, criminologistas, criminalistas, poetas, psiquiatras e cronistas. Ele escreveu um livro chamado Revelações do Príncipe de Fogo que teve seus exemplares queimados, sobrando apenas um, atualmente no Instituto de Estudos Brasileiros na Universidade de São Paulo.
O terceiro caso de Benedito Moreira de Carvalho- “monstro de Guianases” , mostra uma peculiaridade que o diferencia dos já citados, fica bem claro já no começo da leitura que o impulso sexual do criminoso era incontrolável , raras vezes se lembrava de suas vitimas, quase nunca sentia remorso. Ele possuía um caderninho onde anotava os locais que cometeu os crimes , segundo ele suas anotações tinham o objetivo de prevenir-se no caso de ser responsabilizado por crimes sexuais que não tivesse cometido.Sua maior preocupação era de que as pessoas não acreditassem que ele era doente, não queria ser tratado como criminoso, queria ser internado em hospital psiquiátrico.Confessou que não conseguia dominar os ímpetos de violência quando estava excitado sexualmente.
O quarto criminoso é Francisco Costa Rocha – “Chico Picadinho”, a autora faz um relato de toda sua vida, o primeiro crime foi o esquartejamento da Bailarina Margareth o impulso e a perda da consciência no momento do crime é uma marca característica deste individuo, quando ele volta a si, sente extrema repulsa pelo que ato praticado.Depois de condenado por esse crime e libertado em condicional, casa-se e separa-se voltando a vida boemia de outrora e aos poucos a cada relação sexual que praticava seus instintos sádicos estavam mais exacerbados. Então, em 1976, Francisco comete outro crime com os mesmo requintes de sadismo e crueldade do primeiro, só que dessa vez ao perceber que a vitima havia morrido e que seria muito difícil ocultar as provas do crime, resolve picar tudo bem miúdo, para que o transporte posse facilitado, passaria a ser conhecido como “Chico Picadinho”, após esse crime ele tinha a sensação de não realidade que acompanha o despertar de um pesadelo. Ele deveria ter sido libertado em 1998, mas devido ao seu “despreparado para viver em sociedade” não aconteceu a libertação, em torno desse caso existe a discursão em relação a personalidade psicótica ou transtorno de personalidade antissocial do delinquente, segundo Casoy, “O problema é que, apesar de o portador desse transtorno entender o caráter de seus atos, ele não consegue controlar sua vontade. Dessa forma, a probabilidade de reincidir é extremamente alta e sua periculosidade indiscutível”(CASOY, p.101 ).
Ilana Casoy fez em 2003,2004 e 2005 entrevistas com Chico Picadinho e diz na sua obra ter ficado surpresa, pois ficou diante de “um ser humano que tem absoluta consciência de suas limitações, que não entende o descontrole de seus atos, que busca uma explicação para eles e é dono de um intelecto preservado”(CASOY, p.102).
O “Monstro do Morumbi” é o quinto criminoso analisado na obra, seus atos criminoso diferentemente dos demais foram descoberto ao acaso, ele e sua esposa trabalhavam numa casa de família quando ele furta jóias e foge. No momento do depoimento sua esposa afirma ter sido ele que subtraiu as jóias e também, de forma reveladora, diz ser ele o já procurado pela polícia “Monstro do Morumbi. A mulher diz que ele dava presentes a ela e a sua filha, ela suspeita serem objetos das vítimas, esclarece também que Alberto relatava seus crimes e nesse momento tinha vários reações tais como: chorar, gesticular, se desesperar e rir. Após investigação da polícia descobriu-se que Alberto utilizava vários nomes, chegaram então ao nome João Guerra Leitão. Não foi fácil prendê-lo, mas com a ajuda da amiga de uma das vitima que o reconheceu e o seguiu, avisando de sua localização a polícia. Nas palavras do Doutor Armando Mourão entrevistado por Ilana Casoy:
Ele era uma pessoa que se podia considerar um sujeito de boa aparência, bem-apessoado, e isso chamava a atenção das mulheres. Ele se trajava muito bem, tão bem que você não sabia se ele tinha uma cicatriz ou uma tatuagem, porque vivia inteiramente coberto. (CASOY,2009,p. 187).
O homicida confessou aos médicos que obtinha orgasmo completo copulando com o cadáver das vitimas, João adorava ver sangue e preferia manter relações sexuais com suas parceiras quedando elas estavam menstruadas. Segundo os psiquiatras citados por Casoy, que avaliaram a sanidade do “Monstro do Morumbi” ele é :
... um individuo frio,calculista e bárbaro. Liquidando suas presas à semelhança animalesca, transcendendo a dignidade da pessoas, aviltando a sua inteligência e contrariando a lei de Deus e dos homens, em um autentico festim singular de matança continuada. Seu diagnóstico foi de personalidade psicopática do tipo sexual(CASOY,2009, p.195)
O sexto e último caso , já na década de 90 é “ O vampiro de Niterói” que começou a matar e suas vitimas eram meninos de rua com idade entre 5 e 13 anos, oferecendo um prato de comida, doces, lanche ou dinheiro. Marcelo matou 13 meninos em 9 meses, ele foi considerado pessoa com traços psicopáticos de personalidade, ele era frio e não tinha a total capacidade de entender o mal que fazia. Foi diagnosticado deficiente mental, reunião de esquizofrenia e psicopatia, portador de distúrbios comportamentais oriundos da convergência de transtornos mentais. A justiça o absorveu por ser inimputável, deveria cumprir medida de segurança por tempo indeterminado.
A entrevista feita por Ilana a Marcelo, para ela é aterrorizante, ele não tem o mínimo pudor em relatar as atrocidade por ele cometidas, “ele faz um relato de seus crimes totalmente desprovido de qualquer cuidado com a alma alheia ... A crueza dos detalhes pode chocar”(CASOY, p.213).
3 Considerações Finais
O conteúdo explicitado neste trabalho tem como base de pesquisa exclusiva a obra de Ilana Casoy, Serial Killers: Made in Brasil, na qual a autora de forma didática e com linguagem de fácil compreensão, consegue passar no livro pontos importantes que vão desde a origem social dos assassinos em série até fatores que podem gerar as enfermidades mentais, por ela explicitadas caso a caso. Mostra de maneira clara como ocorreram todos os crimes inclusive as investigações que chagaram a determinado culpado e também a coincidências para chegar ao assassino, como foi o caso do Monstro do Morumbi, quais as penas cominadas e as medidas de seguranças aplicadas, sempre em comunicação direta com o leitor. É preciso ressaltar a importância de um tema como este para o cidadão, pois ajuda-o a entender como um criança desprovida de malícia pode chegar a se tornar um ser com tamanha crueldade. O autor teve bastante êxito com o tema escolhido, conseguindo com o seu trabalho mostrar ao público de maneira geral, uma visão mais ampla sobre o assunto.
O presente trabalho é indicado principalmente para estudantes de psicologia e direito, e também para aqueles que tenham interesse em obter conhecimento na área da psicologia jurídica.
REFERÊNCIAS
CASOY, Ilana. Serial Killers: Made in Brasil. 6. Ed. Rio de janeiro: Ediouro, 2009
Bacharelando do curso de direito da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais- AGES.
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: SANTANA, Mayk Carvalho. Os seriais killers do Brasil Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 30 ago 2012, 08:05. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/30465/os-seriais-killers-do-brasil. Acesso em: 23 dez 2024.
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