Todos os protestos legítimos fazer parte da democracia, que vem (veja Wikipedia) de "demo+kratos", ou seja, é o regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos, que exercem sua opinião de forma direta (por plebicitos, referendos etc.) ou indireta (por meio de representantes eleitos, que é a forma mais usual).
Os protestos ordeiros, sobretudo quando enervados por causas justas (protesto contra a injustiça estrutural do modelo capitalista aristocrata-escravagista, que sempre vigorou no Brasil), se enquadram na primeira forma (democracia direta).
A democracia, no entanto, só é democracia quando lutamos por ela diariamente, de forma responsável. Tanto quanto os mandamentos rígidos das Religiões, as duras exigências da Ética e os contundentes preceitos da Moral, seguir os cânones da democracia (verdadeira) não é fácil, daí a resistência de muitos, bem como a inclinação de outros pelo autoritarismo bem como pelas ditaduras.
É muito mais fácil ser um déspota (ilustrado ou não ilustrado) que ser um democrata. A propósito (para recordar), a democracia nos exige (veja Flores d’Arcais: 2013, p. 115, com acréscimos nossos):
(a) ser intransigentes com as leis que violam a igualdade - ninguém pode ser mais igual que os outros -, criando privilégios aberrantes;
(b) lutar pela justiça social, que permita uma igualdade inicial de oportunidades [educação de qualidade para todos, em pé de igualdade; depois, cada um deve valer pelo que tem de mérito];
(c) respeitar devotadamente a verdade dos fatos, fundada em informação confiável [não mentir para a população, ou seja, não falar nada pela metade, porque toda meia verdade significa também meia mentira – e muitos políticos e agentes midiáticos sabem bem disso];
(d) praticar obstinadamente o espírito crítico para alcançar um iluminismo de massas [nenhum país cresce ou evolui se composto de “rebanho bovino” – a expressão é de Nietzsche];
(e) preservar a laicidade do poder público [a secularização separou a Igreja do Estado, a religião da política, o crime do pecado];
(f) hostilizar abertamente todo tipo de privilégio que não conte com justificação indiscutivelmente convincente e
(g) manter cotidianamente o ethos republicano [respeitando-se a ética e a moral correspondentes].
E aí, meu caro, vai encarar? Avante companheiros!
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