MAÍRA BOGO BRUNO[1]
(orientadora)
RESUMO: O seguinte artigo científico aborda sobre o messianismo político, isto é, a veneração de um corpo social por um líder de grande presença carismática cujo promete diversos comprometimentos, os quais são acolhidos pelos adeptos. O objetivo se aplica a verificar como o messianismo político desfalece os preceitos democráticos materiais, bem como, cega a visão cidadã em meio a ordem coletiva. Para tanto, utiliza o método dedutivo, com pesquisa exploratória bibliográfica e documental, de cunho qualitativo, para, através do uso de livros, artigos e notícias de origem nacional e internacional apresentar os governos brasileiro e estadunidense, com propósito de analisar as semelhanças contidas, apresentando os antecedentes que procederão suas opções e como este administram suas respectivas. O resultado procede que o messianismo político afeta a democracia em sua mais integral estabilidade, promovendo trazer uma instável e caótica fase institucional capaz de atingir Estado e coletividade, principalmente se todo este capaz é habilitado por causa de seu líder.
Palavras-chave: Ideologia; População; Democracia; Imagem; indivíduo.
ABSTRACT: The following scientific article deals with political messianism, that is, the veneration of a social body by a leader of great charismatic presence who promises several commitments, which are welcomed by the adepts. The objective applies as political messianism weakens the material democratic precepts as well as blinds the citizen's vision in the midst of the collective order being in which it uses the bibliographic exploratory method of qualitative nature through the use of books, articles and news of national and international origin at the same time. present the Brazilian and American governments with the purpose of analyzing the similarities contained, presenting the background that will proceed their options and how they manage their respective ones. The result is that political messianism affects democracy in its most integral stability, promoting an unstable and chaotic institutional phase capable of reaching the State and collectivity, especially if all this capable is enabled because of its leader.
Keywords: Ideology; Population; Democracy; Image; Individual
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho versa sobre a presença do messianismo político em uma estrutura democrática já estabilizada. O messianismo político se baseia, de acordo com o filósofo italiano Antônio Cimino, na junção da esfera teológica com a esfera governamental que, segundo ele, a origem decorreu das cartas paulinas bíblicas e influenciou os demais documentos legais presentes no Ocidente, entretanto, com o passar dos anos, outro fenômeno regente chamado populismo mudou completamente o sentido daquele termo. Agora, pode-se considerar a influência de um líder popular em grande aglomerado populacional, sendo que essa coletividade segue esse líder de acordo com os seus “mandamentos”, mesmo antes ou depois da conquista presidencial.
Diante disso, o principal questionamento que se pretende responder no decorrer da pesquisa é: o messianismo político oferece ameaça direita a própria democracia? Tendo em vista, as figuras, cujo em sua maioria, na atualidade, são tratadas como um protótipo da segunda vinda messiânica e possuem massas populares na palma de suas mãos alimentando seus mais profundos egos e propagando seus pensamentos alarmantes são capazes de desestabilizar a governos liberais, uma vez já estabilizados e suspende o pensamento coletivo da população, transformando-o em singular.
Esta pesquisa se justifica no meio acadêmico pelo fato de que durante os últimos anos, especialmente durante a pandemia da Síndrome Respiratória Aguda do Coronavírus (SARS-CoV-2), mas conhecida mundialmente como COVID-19, diversos líderes de transcendência popular têm cometido atos que transgredem os preceitos constitucionais. Além de “manipular” a mentalidade individual, fazendo o indivíduo repulsar as opiniões da coletividade a sua volta e se comportar mediante as ordens e descrições atribuídas aos regentes populares invés de seguir a autoridade liberal. Justifica-se, ainda, no âmbito social, em função da democracia servir como o bastião que controla, julga e ordena a sociedade, definindo vários países dessa natureza, verbi gratia, Estados Unidos e Brasil, exemplos de liberdade, igualdade, fraternidade a serem seguidos mundo afora.
O objetivo geral do trabalho é verificar se o messianismo político popular transgrede os pilares fundamentais da liberdade coletiva presentes, tal qual cega a visão cidadã liberal, por influenciar seus pensamentos e ações com atitudes extremas. Enquanto os objetivos específicos são: (i) mostrar, na perspectiva governamental norte-americana e brasileira, como a política sagrada abre a transição do ponto de vista individual democrático para um autoritário, cujo enfraquece os direitos constitucionais da individualidade livre; (ii) explicar como o messianismo político influencia a pregação de parâmetros contrários à Carta Magna de ambos os países praticados pelo indivíduo e pela figura central a qual aquele adere; (iii) mostrar o porquê confiar em um agente popular, visto apenas por seu comportamento e palavras, move o Estado para um ciclo de incertezas gerando a possibilidade de instabilidade severa.
Para alcançar os objetivos propostos, a presente pesquisa utiliza a metodologia exploratória bibliográfica e documental de cunho qualitativo, o método dedutivo, com linhas teóricas contemporâneas de David Cay Johnston à arcaicas como Montesquieu, sendo utilizado também pensamentos ilustrados em artigos internacionais.
O primeiro capítulo trata sobre objeto conceitual referente ao messianismo político com fim de desenhar a origem de tal termo para entendimento tardio. O segundo capítulo aborda a ideologia recente estadunidense sobre o governo de Donald Trump e sua influência posterior e anterior à presidência, como também os eventos acontecidos durante esse período. O terceiro capítulo aborda a ideologia brasileira sobre o governo de Jair Bolsonaro, com os acontecimentos originários a sua explosiva ascensão e os episódios fatuais no decurso da sua presidência. O quarto capítulo aborda sobre o impacto da política santa inserida na redoma institucional democrática, principalmente sua influência contra esta fundação, igualmente aos movimentos e contextos intelectuais mediante tal assunto.
O resultado a ser apresentado na presente pesquisa decorre de que o messianismo político representa o desfalecimento democrático estatal e individual presentes em determinado território, sendo capaz de proliferar a caótica autocracia distribuída pela vontade de governar sem amarras.
2 PANORAMA CONCEITUAL SOBRE MESSIANISMO POLÍTICO
Pode se ter certeza de uma coisa, a evolução global desde os tempos primitivos, testemunhou o nascimento de culturas, construção de monstruosos preceitos legais e a proliferação dos costumes entre povos continentes afora, a tal ponto de que isto moldou a caracterização da globalização contemporânea. Com base nesta afirmação é mister dizer que várias esferas da sociedade progrediram a partir da necessidade humana de expandir não somente sua humanidade visionária, mas também garantir a sua sobrevivência e dos coletivos a sua volta, verbi gratia, a agricultura cujo suas raízes primais foram desenvolvidas e melhoradas por populações árabes, asiáticas, entre outras; a filosofia, onde por meio das questões transcendais propostas por Aristóteles, Platão e Sócrates o indivíduo começou a perguntar o que é o universo e a si mesmo; a escrita, em base do sistema de escrita cuneiforme sumério palavras determinaram o destino de múltiplas civilizações do passado, presente e futuro etc. (MERRIAM-WEBSTER, 2022).
Entretanto, cabe destacar, duas redomas importantes para caracterizar o ser humano social: a religião e a política. A religião se caracteriza primordialmente a partir da crença e adoração por um suposto ser de suprema presença sobrenatural, por parte disto existe inúmeras socioculturais redomas com costumes, éticas, códigos morais e organizações baseadas nesse princípio, entre os quais se permeiam, por exemplo, o hinduísmo, cristianismo e o islamismo. Assim também existe a política a qual se baseia em um conjunto de decisões conjuntas em grupos ou por autoridades de hierarquia máxima capazes em controle de um determinado corpo estatal, determinando diversas formas de governo conhecidas até os tempos atuais. (MERRIAM-WEBSTER, 2022).
Embora sejam duas instituições completamente diferenciadas uma da outra, ambas possuem similaridades, por parte tanto histórica quanto sociológica, espalhadas durante a história humana ao ponto de que ambas se emergiram em um tipo concreto chamado Messianismo Político. O filósofo italiano Antonio Cimino apresenta essa concepção como a inserção das ideologias religiosas com as esferas legislativas sociais, citando um importante dramatis personae das Escrituras Sagradas: o Apóstolo Paulo. Cimino apresenta esta concepção em seu artigo-análise sobre a obra de Giorgio Agamben ‘’O Tempo Que Resta’’ (The Time That Remains), em que examina a influência das cartas paulinas como os pilares sagrados do Ocidente, onde transcreve que Agamben gera uma intrínseca concepção, introduzindo noções políticas de exceção e a relação de Paulo com a normas pentecostais legítimas, levantando a existência da estrutura paulina encontrada em documentos não cristãos, impondo uma catártica comparação entre princípios sagrados da Bíblia com ideais revolucionárias de Karl Marx, criando então a distinção entre o indivíduo com sua própria condição social e implicando a nulificação jurídico-factual. Para Cinimo, o Messianismo Paulino não destrói os precedentes estatais, mas pelo contrário, estes estão filtrados e aceitados pelos ideais cristãos (klesis) por meio do termo grego Hos me (“Como não” em tradução portuguesa). (CINIMO, 2016).
Contudo, leva-se em consideração que esta noção também significa a expectativa, adoração e esperança de um aglomerado populacional por uma figura de enorme simpatia cujo representa a total resolução de todos os problemas enfrentados por aquele determinado corpo social, outrora, também conhecido como populismo. Este movimento apresenta aquela figura carismática como uma alto-proclamada representante da sociedade, apoia diversos grupos não privilegiados e se diz contra uma determinada casta elítica ou um governo cujo carrega mágoas devido desapontamento, corrupção etc. (SKOLKAY, 2000)
O intelectual e autor eslovaco Andrej Skolkay em seu artigo “Populismo na Europa Centro-Oriental” (Populism in Central Eastern Europe) oferece detalhes importantes sobre a corrente populista, transcrevendo o seguinte:
Populismo claramente divide a sociedade em dois grupos, aqueles a favor ou aqueles contra o líder. Populismo rejeita a violenta revolução. É baseado no apoio popular e respeita os critérios básicos da democracia, incluindo o mercado econômico, mas no fim o líder carismático através da estrutura de um partido estatal subjugado tem um importante papel aqui. Em contraste com ideologias existentes, o populismo rejeita todas as elas como insuficientes para aquela particular sociedade e tenta encontrar a sua própria concepção. (SKOLKAY, 2000, p.3, tradução nossa).
Essa nova concepção se trataria da luta e da libertação pró popular contra os estabelecidos ideais e valores já inseridos na sociedade, os quais cercam este aglomerado, impedindo, teoricamente, o progresso, desenvolvimento e livre arbitro, resumindo, isso é basicamente a “pura população” versus a “impura elite”. Por conta disso, existe o clamor para devida existência de um personagem não advindo de uma determinada distinção etilista e tenha uma vida fora dos preceitos governamentais estabelecidos para a escolha de um novo líder político, o qual será visto como a única fonte de salvação para as problemáticas enfrentadas. (MUDDLE, 2004).
Contribuindo com a concepção já proferida, nos próximos dois capítulos, sem qualquer inclinação partidária em agredir ou danificar a identidade desta natureza, será apresentado os governos recentes cujo se atribuem dessa persona político sagrada. A eito, será analisada a ascensão presidencial de uma das mais controversas figuras norte-americanas e globais dos últimos anos, sendo capaz de desestabilizar o país de maior influência continental, simplesmente por querer fazê-lo retornar a sua origem branca novamente.
3 IDEOLOGIA POLÍTICA ESTADUNIDENSE
Em 2016 ocorreram nos Estados Unidos da América a quinquagésima-oitava eleição presidencial entre a posterior Secretaria de Estado e Primeira-Dama Hilary Clinton, pelo Partido Democrata, contra o empresário e influente Donald Trump, pelo Partido Republicano. Clinton possuía uma vantagem absoluta, não somente nas pesquisas regionais ou apoio populacional como também tinha a admiração do então chefe de Estado Barack Obama, que o enfrentou durante as eleições primárias democratas em 2008. (POLITICO, 2016).
Trump, por sua vez, era apenas um novato naquele período no quesito eleitoral tendo nunca qualquer membro familiar participado de tal ato solene. Entretanto, como um magnata que herda mais 3 bilhões de dólares em investimentos, acordos negociais e fundos financeiros, pode-se afirmar o enraizamento monetário, infraestrutural e até cultural influenciado pelo mesmo, isto é, Trump faz parte da ascendência global norte americana no mercado de negócios apoiado pelo mundialmente conhecido termo ‘’American Way Of Life’’ (Estilo de Vida Americano). (Forbes, 2021)
Entretanto, por causa de inúmeros escândalos, comentários ácidos por meio tanto do Twitter quanto aparições públicas e seus métodos ortodoxos, caraterizados por veículos midiáticos a tais pueris, sua figura pública tornou-se manchada interna e externamente ao ponto de seus críticos mais rigorosos transcreverem sua queda mesmo antes do início da sua designação oficial à presidência. Apesar disso, em 8 de novembro de 2016, Trump assombrou o mundo ao vencer as eleições com 306 votos (Vencendo em 31 estados cujo funcionam como zonas eleitorais e cada uma possui uma pontuação diferente caso haja uma vitória onde ao total o número máximo deve ser 270) contra 232 ligados a Clinton, resultado que proclamou aquele como quadragésimo-quinto líder presidencial e silenciando a maioria de seus indagadores nacionais assim como internacionais. (NYTIMES, 2016).
Durante a campanha presidencial e seus quatros anos na presidência estadunidense, o republicano arrecadou um estagnante número de seguidores, não somente pela esfera midiática social, mas também nacional, de classe trabalhadora de maioria branca. De acordo com o cientista político americano Alan I. Abramowitz, em seu livro “O Grande Alinhamento: Raça, Transformação Partidária e a Ascensão de Donald Trump” (The Great Alignment: Race, Party Transformation, and the Rise of Donald Trump), 57% a 37% de eleitores brancos e 51% a 44% sem educação superior votaram no futuro regente. Parte dessa decisão se dá pela divisão gregária causada pelo Governo Obama durante os seus oito anos governamentais do qual teve prioridade de beneficiar minoridades étnicas, comunidades LGBTQIA+, cidadãos com níveis de escolaridade elevado etc., entretanto, por outro lado, uma outra casta coletiva, composta principalmente por religiosos conservadores e pessoas de origem caucasiana que moram em zonas rurais ou em pequenas cidades, se sentiu ameaçada de perder cargos, funções ou até mesmo influência econômica. (ABRAMOWITZ, 2018).
Sobre o perfil dos eleitores de Trump, Abramowitz também transcorreu o seguinte pensamento:
É claro que o ardente apavoramento racial e ressentimento foram um elemento central da estratégia de Trump durante as Eleições Republicanas Preliminares em 2016. Seu slogan de campanha ‘’Faça a América Excelente Novamente’’ (Make The America Great Again), caligrafada em seu sempre presente boné, claramente sugeriu muito mais do que trazer de volta empregos manufaturados perdidos. Isso também sinalizou aos seus eleitores a possibilidade de voltar no tempo, quando pessoas caucasoides mantinham uma dominante posição na sociedade americana. (ABRAMOWITZ, 2018, p., 114, tradução nossa).
Claramente o crescimento do realinhamento do sistema partidário e eleitoral norte americano da classe trabalhadora branca vem desde os anos 60, tendo refletido homogeneamente no estilo de vida cultural, em virtude da cisma entre o tardio desaparecimento da majoritária alabastrina e o frenético aumento da minoridade alienígena deste microssistema, ou seja, a presença de negros, asiáticos ou mulçumanos permitiu à parcela republicana e democrata adotar princípios, brancamente falando, igualitários, sem qualquer envolvimento de qualquer parte persona non grata. (ABRAMOWITZ; MCCOY. 2019). Quanto ao neoconservadorismo, este começava a ditar suas regras, ligadas diretamente com valores cristãos na década de 70 e 80 e ao inflexível apelo ao patriotismo e ao bem-estar econômico, a política americana apresentava ser o berço da “pura” deontologia capitalista. (ORTUNES, 2013).
Não obstante a chegada de Barack Obama como o primeiro presidente afro-americano em 2008, cujo representou um divisor de águas para coletividades radicalizadas vítimas de discriminação, além de mudar o status quo daquela sistemática, decepcionou muitos dos abonados pela era pós racial findada no passado. Com isso, gerou-se um sentimento de animosidade étnica prejudicial, mobilizada por conservadores, evangélicos e pessoas brancas enraivecidos, no então chamado movimento Partidário do Chá (Tea Party movement); protestando principalmente contra a distribuição injusta de programas sociais filantrópicos em maior quantidade e qualidade para indivíduos marginalizados, enquanto colocava a população nascida na América em segundo plano. (WILLIMSOM, SKOCPOL, COGGIN. 2011).
Donald Trump usou sabiamente esta retórica, por meio de uma polarizante e ácida cruzada eleitoral, destinada aos “verdadeiros americanos” cujo sonhavam em retornar aos idealizados períodos nutridos de alta estabilidade industrial, em que estavam na direção patriarcal de seu local de labor e de suas famílias, ao contrário de minorias sociais, imigrantes e elites liberais que transformaram os Estados Unidos em uma carnificina, ao ponto de separar ideologicamente ambos os lados com o termos “nós” (Us) e “eles” (Them). (ABRAMOWITZ; MCCOY. 2019). Os “verdadeiros americanos” pregavam eloquentes e radicais discursos intricados a expansão nativista individual norte americana, ordenando o returno da imagem imaculada manchada pelo desiquilíbrio sistêmico causado por aristocracias fina-flor e plebe de primavera alienígena. (LACATUS, 2020).
Por exemplo, as famosas promessas eleitorais de Trump, destinadas a detergir a plenitude da Terra da Oportunidade, que objetivavam cortar taxas corporativas, mover gastos direcionados ao setor militar, reconstruir a infraestrutura pátria, banir imigrantes ilegais, tal qual mulçumanos, construir um muro na fronteira com o México e a introdução de atos de tortura na caserna (BBC, 2020); da mesma forma em sua compulsiva utilização do Twitter, compartilhando não somente sua polêmica opinião pessoal, mas também, falsas informações (fake news) para expedir acusações pessoais, construir fatos alternativos e garantir mais votos. Sendo estes e demais fatores mencionados anteriormente decisivos para garantir sua presidência. (HUNTER DAVIS, SINNREICH. 2020).
Durante os quatro anos de presidência, entretanto, ficou claro o porquê de variados números de pessoas, mídias sociais e opinantes públicos cosmopolitas se referirem a ele como um homem de imaturidade no nível de um pubescente, com atitude impulsiva, quase nenhuma atenção espacial e possuidor de um temperamento fumegante. É dessa maneira a qual David Cay Johnston, em seu livro ‘’É Ainda Pior Do Que Você Pensa: O Que A Admistração Trump Está Fazendo À América‘’ (It’s Even Worse Than You Think: What the Trump Administration Is Doing to America), translada na seguinte informação:
A governação Trump é sobre Trump. Fim. Ponto Final. Ele fala tão dele mesmo toda a hora, mas porque ele mistura isto com mensagens orais de como ele preza todo mundo e quão grandiosa incumbência será realizada, fazendo cujo muitos americanos acreditarem nele estar naquela situação junto com eles até mesmo se ele está nesse cenário a si próprio. Contundo ouvindo-o em uma rebatedora e atenciosa guisa, tornará claro a maneira na qual Trump vangloria-se que sua designação laborativa gira em torno de sua pessoa, de o quanto superior ele é, o quanto gigante as multidões são, o quanto bom as suas habilidades de negociação são, o quanto a sua autoridade pode principiar uma guerra nuclear, quantos rastros de súplicas excessivas durante a diligência eleitoral seria ele capaz de fazer. Trump está desesperado para outros encheram o seu próprio vazio interno. Possuindo uma infeliz necessidade de atenção, e preferencialmente, por adoração pública. (CAY JOHNSTON, 2018. p. 10, tradução nossa)
Sim, Trump conseguiu realizar alguns dos comprometimentos ditos por sua parte, tais como: mover da embaixada estadunidense de Tel Aviv para Jerusalém em 2018; a retirada do país do Acordo Climático de Paris em 2017; importante encontro com o governante norte-coreano Kim Jong-um; são apenas pequenas amostras dentro de uma série de realizações. (MILLER CENTER, 2022). Mas, por causa de sua conduta não democrática, preocupada em maximalizar a imagem de salvador, invés de proteger as filosofias antiautoritárias erguidas por passados presidentes; da torrente de desinformações proferidas tanto de origem verbal quanto de exordia online, promovendo distorções esclarecedoras, caos social; das inúmeras infrações constitucionais, por exemplo, abuso de poder e obstrução do Congresso. (REUTERS, 2020), para intuitos pessoais; Trump ganhou uma péssima reputação em sua própria Terra Natal e na esfera mundial, ao ponto de ser o único representante presidencial estadunidense a ser alvo de Impeachment duas vezes. (NYTIMES, 2020).
Sem embargo, Trump mantinha um imparável contingente de partidários apologistas das ações tomadas por ele, acreditando nas pregações apresentadas como “reais”. Estes, preparados especialmente para qualquer ato de extremo radicalismo em caso de proteção da integridade “supremamente branca”, perpetuada por gerações visionadas unilateralmente por seus antepassados. Seus atos elevaram a violência, ao propagar o nacionalismo baseado em figuras controversas do passado americano, verbi gratia, o general confederado Robert E. Lee, que durante os distúrbios de Charlottesville em Virginia em 2017, causados por suprematistas brancos, cujo a um certo ponto chegaram a marchar com tochas ateadas em fogo em suas mãos dentro de uma universidade local, retomando as cenas da polêmica e racista película de D. W. Griffith “O Nascimento de Uma Nação” (The Birth of a Nation) de 1915 (VON DAACKE, 2019); chegaram também a lançar um carro em alta velocidade em direção a uma multidão de pacíficos protestantes, resultando em uma morte e dúzias de feridos. (TIME, 2017). O então presidente chegou a mencionar a desordem, por televisão, como um horrendo exibicionismo de ódio, hostilidade e violência por todos os lados, no entanto o senador de Oregon Ron Wyden transcreveu por meio do Twitter o seguinte: “O que ocorreu em Charlottesville é terrorismo doméstico. As Palavras do Presidente somente servem com intuito de oferecer amparo para fastios atos”. (TIME, 2017).
Porém, pode-se dizer que o ápice que causou não somente o apocalíptico caos em toda a nação, mas similarmente o ato solene decadencial da presidência de Donald Trump, sucede-se com a chegada da pandemia do COVID-19 (SARS-CoV-2), onde ele não seguiu as primeiras palavras estendidas na constituição americana:
Nós, o povo dos Estados Unidos, em Ordem de formar a mais perfeita União, prover para defesa comum, promover o Bem-Estar, e assegurar as Bênçãos da Liberdade para nós mesmos e nossa Posteridade, iremos ordenar e estabelecer essa Constituição dos Estados Unidos da América. (EUA, [2022], p. 1. Tradução nossa.)
Basicamente, o presidente não adotou as diretrizes constitucionais ao ignorar uma doença que já era combatida por diversos países, inclusive pela nação zero do contágio – China, bem como, a Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa omissiva, ajuntada ao desmazelo com os iniciais cuidados sanitários, a proliferação de Fake News, não acurados dados públicos e a preferência de conhecimento comum avesso à ciência, causou a morte de mais de, até a data da construção desse artigo, 1,036,949 americanos. (WHO, 2022). Além disso, Trump não se importou com a fatal longitude da situação ao declinar o isolamento imediato daqueles diagnosticados positivamente com a doença (Lockdown) e garantindo uma falsa sensação de segurança ao proliferar suas “verdadeiras informações”, proclamando os seguintes dizeres: “Nós temos essa situação totalmente sobre controle. Isso é apenas uma pessoa vindo da China. Tudo ficará bem”; “Os quinze (casos dentro dos EUA) dentro de um par de dias serão reduzidos a zero”; “Eu não tenho responsabilidade disso de qualquer forma”. (DOGGET, 2022, tradução nossa).
Como não bastasse, foi nesse caótico período de lei e ordem que ocorreram algumas apoteóticas conjunturas ligadas à sua queda: O inumano assassinato de George Floyd, responsável por gerar um verdadeiro movimento global por igualdade racial contra violência, que colocou os Estados Unidos em um dos piores distúrbios sociais em sua história. Em meio a esta conjuntura, Trump visita a histórica igreja de Saint John, perto da Casa Branca, onde foi fotografado segurando uma Bíblia na mão direita, cigindo por seus oficiais, logo após os comentários inflamatórios sobre os protestos nacionais ligados ao assassínio de Floyd. (MASON, 2020). Além disso, o infame ataque ao Capitólio em Washington D.C., no qual uma gigantesca multidão de apoiadores, incentivada pelo próprio presidente republicano, marchou contra o edifício público na tentativa de impedir a certificação presidencial do atual presidente Joe Biden cujo foi eleito 2020. Esta eleição foi considerada fraudada por Trump, levando muitos de seus adeptos a acreditarem nessa afirmação. (MASCARO; CLARE JALONICK, 2022).
Trump tentou reeleição em 2020 contra o recente presidente Joe Biden, contudo, com uma reputação já arruinada nacionalmente e internacionalmente pela controversa regência durante quatro anos no poder, não é difícil entender o porquê não conseguiu tal feito, perdendo para o candidato democrata de 232 para 306 votos. (CNN, 2020). O passado regente deixou a Casa Branca em 20 de janeiro de 2021 para o alívio de muitos e tristeza de muitos, todavia, até essa data, tanto pessoas comuns como figuras públicas renomadas se perguntam: Qual será o legado da presidência Trump?
Vale-se afirmar uma verdadeira indicação: Ele foi considerado um Messias popular para os seus adeptos. Sim, embora seja absurdamente ultrajante, Trump criou, por meio de sua autoproclamada ideologia política, ligada também com seu estilo de governo politicamente incorreto, um novo sistema ideológico chamado de Trumpismo. O léxico estrangeiro Definitions.net define a palavra tal e qual uma conservativa-neonacionalista de direita ou nacional-populista corrente com retóricas em democracias ocidentais. (DEFINITIONS.NET, 2022). Além disso, o professor emérito de sociologia da Universidade da Califórnia (UCLA) Ivan Light estabelece o ex-presidente na imagem de um messias secular, que emerge de qualquer pensamento no qual imagina uma figura “mitológica” capaz de salvar pessoas de um desastre eminente, fazendo os seus seguidores acreditarem nele ser um enviado de Deus capaz de inventar novas regras para reconstruir uma Nova Jerusalém. (LIGHT, 2021).
Trump será lembrado pelo seu desrespeito dos preceitos constitucionais legais norte-americanos, construídos a partir do conflitante passado desta nação, ao ensejar divisões sociais, bem como, agressividade da coletividade alienada trumpista em diversas direções, colocando em risco a vida de milhares de pessoas e a segurança democrática, em prol de colocar em prática uma utopia autoritária branca em meio de um Estado Democrático de Direito mundialmente reconhecido. (LOUGHNAN, 2020).
Seus destrutivos atos ainda estão repercutindo até hoje, com consequências que não afetam somente entidades ou corpos democráticos, mas também com pessoas que adotam essa forma populista radical, como seu modelo de poder governamental. (MOUNK, KYLE. 2018). Existem muitos líderes antigos e atuais dessa natureza: Desde Narendra Modi a Silvio Berlusconi; de Nicolás Maduro a Rodrigo Duterte, à Alberto Fujimori para Vladimir Putin. Entretanto, há um líder pertencente ao maior país da América do Sul cujo adota o Trumpismo muito antes de sua chegada à presidência, e bem à exemplo de sua contraparte ianque possui inúmeros atos e represamentos não ortodoxos ligados ao passado, presente e futuro. Logo abaixo, será transposto a não somente existência de tornar a América grande novamente, mas ao contrário, tornar o Brasil um mito finalmente.
4 IDEOLOGIA POLÍTICA BRASILEIRA
De acordo com o glossário estrangeiro Merrian Webster, o vocábulo mito significa, dentre as suas inúmeras definições: a) uma história usualmente tradicional de esplêndidos históricos eventos que serve para expandir a visão de mundo de um pessoa ou explicar práticas, crenças ou fenômenos naturais; b) um popular credo ou tradição no qual cresceu em volta de alguém ou alguma pessoa, especialmente, algo que incorpora os ideais, instituições ou segmentos da sociedade; c) uma distanciada ou falsa noção da realidade etc. (MERRIAM-WEBSTER, 2022). O termo mito é uma variação do lexema grego arcaico muthos, sendo que para os gregos ele foi usado sabiamente junto a poesia, história e filosofia, com fins de explicar o verídico princípio da criatura humana, bem como, do cosmos. Uma das mais famosas personalidades provindas da Grécia Antiga responsável por exercer essa forma de narrativa foi Platão, principalmente por romper as tradicionais lendas daquele período e inseri-las aos alegóricos moldes filosóficos. Livros como “A República” ou “Os Mitos de Platão” trazem não são somente histórias envoltas em acontecimentos que jamais ocorreram, mas neles prevalecem os argumentos morais personativos em tornar um corpo coletivo um lugar melhor ou então desenvolver, por meio da imagem metafórica, o senso de valor e moralidade tão escassos em nosso mundo. (PARTENIE, 2009).
Embora tenha sua origem enraizada em solos gregos, o mito existe em diversas partes do globo terrestre na significância de homens, animais ou seres de cunho sobrenatural. Esses personagens possuem sentidos históricos que tendem a explicar inúmeros valores morais neles presentes. Estes intrínsecos e complexos contos expandem o conhecimento do bem e do mau através da expansão generacional das incontáveis culturas viventes nesse globo. (WILKINSON, PHILIP, 2007).
No Brasil, isso não é diferente. Figuras mitológicas como o Saci-pererê, Boitatá e Irara são representação da cultura brasileira, isto é, a celebração popular coletiva das crenças que definem a sui generis identidade tupiniquim, ao ponto de seus ímpares anais serem cerne da diversificação da deontologia valorativa, mesmo se elas são naturalmente intangíveis. (EELLS, 1917). Apesar disso, nos últimos anos uma lenda foi capaz de tornar o incorpóreo em palpável, mudar o coletivo para o singular, transformar o pátrio em nacionalismo radical. O nome de dessa fábula se chama Jair Messias Bolsonaro, talvez um dos mais polêmicos líderes da embaraçada estirpe brasileira, simplesmente por tentar reescrever a história do país através de atitudes não convencionais, apoiadas em dizeres de natureza radical, em prol de livrar o país da “consciência vermelha”, presente a vários períodos no território brasileiro. O cerne de tudo isso começou em 2014. (DE ALMEIDA, 2019).
Naquela época houve, excluindo a Copa do Mundo, o início da Operação Lava Jato: Intervenção feita pela Polícia Federal designada para desencavar um gigantesco escândalo de corrupção envolvendo desde pequenos negócios até a alta hierarquia da empresa comerciante de petróleo multibilionária Petrobrás. O resultado se concebeu ainda maior, já que descobriu-se o envolvimento de diversas companhias de construção, escavação ou refinarias, cujos serviços foram excessivamente pagos, através de contratos em que se poderia compartilhar de 1% a 5%, negociais, em fundos secretos, que acabaram sendo usados em campanhas políticas, luxuosos carros, garrafas de vinho caras etc.; pagando, além disso, foram pagos mais de 2 de bilhões de suborno em pagamentos viciais à Petrobras; 3,3 bilhões de gratificação para empresas, contabilizando mais de 1000 políticos, 16 companhias, 50 deputados e 4 “recém-formados” presidentes envolvidos. (THE GUARDIAN, 2017).
Mais tarde, foi descoberto que a organização partidária política Partido dos Trabalhadores (PT) teve uma figura-central no diagrama criminal, onde diversas pessoas em contato da agremiação tiveram seus nomes correlacionados ao ato ilícito, inclusive o posterior presidente da república – Luís Inácio Lula da Silva (apontado como figura chave do esquema criminoso ao usar dinheiro desviado de bens monetários reconfigurado como propina para relações ilícitas) e a regente daquele período Dilma Rousseff (uma das relações ilícitas apontadas pela Policia Federal foi o marketing eleitoral da candidata). O caso causou repulsa aos olhos da nação, em virtude deste deixá-la em uma severa crise econômica, que levou a população Brasileira a culpar a chapa petista e os seus membros pelos desvios, bem como, pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a prisão do passado governante Lula, sendo que os dois eventos requeridos se tornaram realidade. (DE ALMEIDA, 2019).
Nesse meio tempo, a imagem de Jair Bolsonaro começava a subir meteoricamente. O motivo se dá principalmente por um Brasil pós-Partido dos Trabalhadores, onde o sentimento de angustiante cólera, como também a visão de muitos da deterioração de um pilar democrático implantado desde 1930, depois de 13 anos de corrupção, implicou na divisão popular daqueles a favor da coligação laborista (extrema esquerda) e daqueles em prol da soberania popular constitutiva na Constituição Federal de 1988 (extrema direita). (CHAGAS- BASTOS, 2019).
Para o professor de ciência política da Universidade High Point em Carolina do Norte, Estados Unidos, Mark Setzler, o caótico e aversivo sistemático governamental de esquerda, vivenciado claramente, avolumou a busca populacional majoritária ideológica, bem como partidária, enfatizando uma necessária mudança para a forma de pensamento nacionalista de direita, sendo no qual este evento aconteceu muito antes das eleições presidências de 2018. (SETZLER, 2021).
Bolsonaro, com uma careira que se espalha desde seu capitaneio nas forças armadas até a sua desconhecida estadia na política pública do Rio de Janeiro, desde os anos 90, o qual era um completo incógnito antes de 2018, tornou-se um autêntico milagre para a maioria da população brasileira, por causa de uma persona própria que diz obter uma visão pentecostal de direita apoiada na persona prescrita em ser incriminável e incorruptível (WEBBER, 2020). Além disso, o militarismo passado, que ele carrega em nome próprio juntamente ao apelo cultural popular, arrecadou o coração de conservadores, cidadãos de origem rural e correligionários, ancorados na prática autoritária da lei, especialmente, fez com que ele ganhasse influente apoio no Brasil posterior a Operação Lava Jato. (CRISIS GROUP, 2022). Entretanto, para renomados veículos de mídia, por exemplo, BBC e The Guardian, Bolsonaro possui uma retórica racista e misógina, intercalada contra minorias presentes em localidades brasileiras, aliados a declarações verborrágicas patrióticas, bem como, o frequente entusiasmo referente a Ditadura Militar, de preferência, aos militares acusados de utilizar torturas durante este período. (WEBBER, 2020).
Tais críticas geraram inúmeras comparações, há nada mais nada que o presidente norte-americano Donald Trump, chamando-o de ‘’Tropical Trump’’ (SETZLER, 2021). Entretanto, os severos pareceres não foram suficientes para impedir a vitória de Bolsonaro nas eleições brasileiras de 2018, com 55% de votos em oposição a, escolhido pessoalmente por Lula, Fernando Haddad apresentando mais de 45% de votos no segundo turno. (CHAGAS- BASTOS, 2019).
Clóvis Saint-Clair em seu livro “Bolsonaro: O homem que peitou o exército e desafia a democracia” transcreve como o sentimento antipetista, as redes sociais e a singularidade contrariamente política foram cruciais para a ascensão de Bolsonaro:
Os temas em torno da figura de Bolsonaro eram todos, na essência, contrários ao establishment, com maior ênfase na rejeição total à classe política, seja alinhada à esquerda, seja alinhada aos núcleos tradicionais da direita no Brasil. Essa rejeição às instituições políticas do Executivo e do Legislativo, nas esferas sobretudo federal e estadual, demarcava a substituição do PSDB como dono das bandeiras da direita e da centro-direita no processo eleitoral. Depois da eleição de Dilma Rousseff em 2014, era Bolsonaro quem capitalizava o combate à corrupção, a defesa da Lava-Jato e do endurecimento nas ações policiais e militares contra a violência cotidiana. Ou seja: a retórica da “nova direita” encampada por Bolsonaro se sustentava, principalmente, a partir da segurança pública, da defesa da ética na política, na valorização de bandeiras conservadoras no comportamento social, e negação dos movimentos de promoção de minorias. Assim, em muitos aspectos, a ascensão de Bolsonaro nas redes sociais passou a responder à emergência de um núcleo político que, capitalizado pela militância, procurava se fazer antítese do petismo e, de quebra, contrariar os consensos que o PT compartilhava com as forças políticas do centro. Por exemplo, o apoio às operações de combate à corrupção, que atingiram todas as legendas que estiveram no poder desde a redemocratização, e à oposição a demandas de natureza comportamental: legitimidade do casamento gay, o aborto e a descriminalização das drogas. Com o aumento do apoio a Bolsonaro, que demonstrou saber ler melhor as dinâmicas das redes sociais que outros núcleos da direita e da centro-direita, estes precisaram inclusive endireitar-se, para se adaptar aos valores propagados e apoiados pelos fãs do deputado. (SAINT-CLAIR, 2018. p,153)
Contudo, os primeiros dias de governo de Bolsonaro não foram pacíficos por causa de conflitos internos na associação regimental política ao qual era associado (Partido Social Liberal - PSL) ou pelo próprio regente e os seus apoiadores. Dentre eles, se destacam áudios vazados via WhatsApp, demostrando a insatisfação contra o transato Chefe de Gabinete Gustavo Bebbiano, acusando-o de estabelecer uma “crise” dentro do partido político; o compartilhamento de vídeos de conteúdo explícito durante a temporada de Carnaval; a publicação de divulgações escritas nas redes sociais compromissadas com assuntos antidemocráticos por parte do regente e dos seus filhos etc. (CHAGAS- BASTOS, 2019).
Entretanto, nada chega aos pés do controle governamental durante a pandemia do Covid-19 (SARS-CoV-2), cujo proporcionou ao Brasil estar entre um dos países com maior índice de infecções ou mortes, por meses, durante o apavorante decurso pandêmico. O primeiro caso registrado da doença no território tupiniquim se confirmou em 26 de fevereiro de 2020, apesar disso, como a enfermidade já apresentava níveis alarmantes de preocupação em diversos países, inclusive na Organização Mundial da Saúde (OMS), foi instaurado então uma medida de proteção sanitária prévia, apenas em 3 de setembro do mesmo ano, pelo Ministério da Saúde. (BURNI, TAMAKI, 2021).
Bolsonaro, no entanto, veio a público inúmeras vezes pelos meios de comunicação, pondo em xeque o conhecimento da ciência sobre a pandemia, dizendo então que o vírus era um problema de escopo coletivo, mas transcreveu, o patogênico como, uma fantasia e culpou veículos midiáticos por espalhar histeria e fobia social, porque naquela ocasião o país ainda vivia em extrema ebulição entre simpatizantes de direita e de esquerda, bem também, as contínuas investigações de corrupção. Enquanto alguns setores já se preparavam para adotar políticas de confinamento (Lockdown) em face da crise, o presidente editou um decreto determinado a abertura de diversos setores econômicos, além de encorajar a adepta população a realizar protestos contra as medidas restritivas. Adeptos os quais durante o protesto pediram a extinção do sistema judiciário brasileiro, a fim do retorno autoritário militar. (BURNI, TAMAKI, 2021).
Ademais, Bolsonaro negou qualquer informação científica analisada pelo Ministério da Saúde para conter o Coronavírus, chamando-o de “um inofensivo resfriado”, ao ponto de, por causa desta atitude, instituir um conflito entre ele e a esfera administrativa sanitária de governo, com o objetivo de manter a economia funcionando (incluindo o famoso debate do uso de Cloroquina), causando então a saída de dois ministros desta instância. (BURNI, TAMAKI, 2021).
No decorrer dessa agonizante estação, ele se autoproclamou o defensor de classes mais despojadas, onde segundo ele, estavam sendo restringidas de liberdade por intermédio de uma elite austera, isto é, políticos, imprensa, cientistas e, até mesmo, a república popular chinesa. Isto, aliado à sua retórica inflamatória proferida virtualmente e publicamente, permitiu aos apoiadores acreditarem em qualquer asserção provinda diretamente do presidente, provocando assim constantes fissuras sociais enquanto a pátria se afundava em uma instabilidade sem igual. (STUENKEL, 2021).
Esta onipotente presença foi ainda mais beneficiada quando Bolsonaro e outros funcionários partidários sobre a guarda de gabinete foram contaminados com o Coronavírus, mas não demostraram sérios sintomas. (BURNI, TAMAKI, 2021). De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o número de fatalidades presentes no Brasil, até a data do desenvolvimento deste artigo, totaliza em 685,121 mortes, causadas por falsas informações, falta de atitude governamental e divisão político-societária, fomentada a partir da falsa noção de normalidade, proferindo os seguintes dizeres durante a pandemia: “A economia estava indo bem, mas esse vírus trouxe uma certa histeria”; “Para 90% da população, isso será um pequeno resfriado ou nada”; “É dai? Eu sinto muito. O que você quer que eu faça? Eu sou Messias (Nome do meio de Bolsonaro), mas não faço milagres”. (FRANCE24, 2021)
O preâmbulo da Constituição Federal de 1988 transcreve a seguinte oração:
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL’. (BRASIL, [2022], não paginado, grifo nosso]
O Estado liberal brasileiro como também a Carta Magna e as demais leis foram construídas ao redor daquelas palavras depois de diversas lutas, tragédias, sangue, suor e lágrimas. Agir em comando de um território contendo agregadamente esse preâmbulo como sua inicial é assumir a responsabilidade de preservar a identidade social para não ser encoberta pelo caos tal qual os valores fundamentais da liberdade, igualdade e fraternidade.
Bolsonaro não somente esqueceu de seguir os parâmetros governamentais constitutivos tão enraizados na sua campanha eleitoral contra uma corrupção atuada por 13 anos, mas também suas atitudes de guiar uma coletividade às cegas de acordo com a sua necessidade involuntária e sofisma não são diferentes às transcritas por John Locke em seu livro “Dois Estudos de Governo”. (Two Treatises of Goverment):
Se a usurpação é o exercício de poder que agarra mais de um direito, então a tirania é o exercício de poder além do direito, onde ninguém tem apanágio; e isso impulsiona, para qualquer pessoa cuja possua em suas mãos, o exercício excessivo de autoridade, não para o bem daqueles que estão abaixo dela, contudo para o seu próprio privilégio, como uma separada vantagem. Quando o governante, embora empossado, não faz nas leis, mas na sua vontade, a diretriz, então os seus comandos e ações não serão direcionados para a preservação das garantias do povo, entretanto seguirão a satisfação da sua própria ambição, vingança, ganância ou qualquer irregular paixão. (LOCKE, 1823. pg., 192. Tradução nossa).
Assim, como demostrado no primeiro parágrafo dessa seção, um dos significados do vocábulo mito se transcreve como uma popular crença com princípios, valores, morais em sua volta. Jair Messias Bolsonaro pode ser idolatrado pela sua persona definida aquém mitológica, contudo sua convicção governamental se baseia em ações não ficcionais que destituem os objetivos fundamentais da república federativa brasileira: A construção social livre, justa e igualitária, obter o desenvolvimento nacional, extinguir pobreza e marginalização como também estabelecer igualdades sociais e regionais e promover bem coletivo sem qualquer pré-julgamento por origem, raça, cor, age e qualquer forma de discriminação. (BRASIL,1988).
Princípios são reais, valores são intactos e o igualitarismo se conserva a partir do exercício dos deveres e direitos cidadãos, acompanhados pelo cuidado de assumir a nacionalidade pátria, isto é, o exercer da democracia. O messianismo político afeta estes princípios e valores, afetando, por conseguinte, a própria democracia em sua mais integral estabilidade, como será aquilatado a seguir.
5 IMPACTO DO MESSIANISMO POLÍTICO NA DEMOCRACIA
A influência messiânica política impacta os estados democráticos de direito e igualmente a visão liberal dos cidadãos contidos nela, toldando o sentido democrático pelas ideias radicais pregadas por líderes populistas. Se primeiramente haverá a descrição sobre um sistema governamental com capacidade de governar para todos, então será considerada para isto a citação abaixo:
O povo é extremamente bem qualificado por escolher aqueles que confiam como parte de sua autoridade. Ele tem de ser apenas atento para que a alçada não seja estranha, e à fatos cujo são muitos óbvios em presenciar. A coletividade é capaz de dizer quando uma pessoa lutou várias batalhas, e foi coroada com sucesso. Ela tem, acima de tudo, a capacidade de escolher um general. Podendo aludir quando um juiz é prudente em seu ofício, dando uma satisfação geral, e nunca sendo cativo com aliciação: Isso é suficiente para antepor um magistrado. O povo se maravilha com a magnificência ou riquezas de um compatriota; Ausência é o requisito em eleger um consumível. Esses são eventos no qual a população pode ter uma excelente informação em um simpósio público ao invés de um monarca em seu palácio. Contudo a sociedade se mostra apta em conduzir uma intricada relação, de agarrar e melhorar a oportunidade e o crítico momento de ação? Não; isso supera sua habilidade. (MONTESQUIEU,1748. p., 26)
A citação acima foi escrita por Charles Louis de Secondat, mundialmente conhecido com Barão de Montesquieu, em sua prepotente obra de 1748 “O Espírito das Leis” (The Spirit Of The Laws). Em companhia de Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau, Montesquieu foi figura chave em estabelecer os princípios sociais civilistas de igualdade durante o período iluminista dentre os séculos XVII e XVIII. O Iluminismo é renomado pela ambição filosófica do Estado in natura gregário conviver com a coletividade, por meio da transação geral, isto é, a necessidade da humanidade em mudar o ambiente opressivo em sua volta, com intuito de conviver em uma harmoniosa redoma aberta, acobertada por leis prescricionais naturais. As ideias iluministas tiveram gigantesco impacto na cultura ocidental e continuam sendo influentes na atualidade, por meio da busca lógica de estabelecer a iluminação as diretrizes em sistemas estatais liberais. (RESENDIZ, ESPINOZA, ESPINOZA. 2022).
Montesquieu, além de filósofo, foi um importante defensor, bem como também crítico, da organização estatal coordenada pela esquematização dialética em relação a um governo que abusa deste direito. Segundo ele, todas a leis ecumênicas possuem cerne individual, ao ponto de serem estabelecidas em todas as chefias governamentais existentes, porque cada uma deveria estabelecer o caráter humanitário em determinados casos legais dessa natureza. (RESENDIZ, ESPINOZA, ESPINOZA. 2022).
Em O Espirito das Leis, Montesquieu adota o raciocínio e a lógica humana ao detalhar entidades corteses através de costumes, padrões e regimentos, sendo no qual para Montesquieu alguns institutos adotados pela coletividade, por exemplo, família, educação, inclusive a política, foram formados a partir de um ambiente característico formado pelo corpo social. Isto significa que a sociedade, possuidora do “espirito das leis”, detém o condão de transformar tal como escolher a forma de governo do qual ela realmente quer. Mas, para realizar tal efeito o indivíduo singular, contido neste corpo social, deve sacrificar as raízes naturais normativas em prol de solidificar o laço legítimo solidário através das leis positivadas. (RESENDIZ, ESPINOZA, ESPINOZA. 2022).
Além disso, Montesquieu descreve que uma república próspera é aquela onde a paridade e isonomia de todos os cidadãos são seu objetivo número um, ao ponto dessa república possuir uma singular qualidade: A virtude política. A virtude política pode ser definida, em pensamento maquiavélico, pelo apreço peculiar por uma nação, justiça e as leis contidas nesse Estado, resultado do sucesso governamental republicano de ensinar seus citadinos a desenvolver simpatia pela sua própria pátria, acima de seus naturais interesses, dentro dos preceitos magnos regimentais, isto é, exercendo a democracia. (RESENDIZ, ESPINOZA, ESPINOZA, 2022).
Segundo o léxicon americano Merriam-Webster um dos significados do lexema democracia convém de uma regência cujo supremo poder concerne nas mãos de uma determinada redoma social e será exercida, direta e indiretamente, por um sistema de representação onde eventualmente acontecerá uma eleição periódica, a fim de escolher um novo líder. As origens democráticas possuem suas raízes em uma longeva terra grega onde pensadores importantes como Platão e Aristóteles, ajudaram a estabelecer o papel do indivíduo em relação ao mundo e coisas ao seu redor. Além disso, as lendas clássicas transcritas por Homero contando a influente fortaleza administrativa de Atenas em oposição a brutalidade militar governamental de Esparta moldaram a mitológica política grega como se conhece hoje. (HOWARD, 2018)
Contudo, à exemplo do Império Romano, um dia reinos ruem. Neste caso, investir em “ideais democráticos” como pagar monetariamente mais de 6000 (seis mil) cidadãos por ano em funções públicas, a fim de não monopolizar ministérios já existentes, ao invés de empregar pecúnias na reconstrução de um exército à beira da decadência, na aproximação das invasões alexandrinas; como também, o surgimento de novas correntes intelectuais, expressando convicções antigovernamentais, por exemplo, Cinismos e Estoicos, com desígnio de abandonar um domínio regimentado e abraçar o cerne natal natural; colaboram a fim de finalizar a era dourada política fundada pela Grécia. (HOWARD, 2018).
A era governamental grega não se mostra tão diferente comparada as autoridades administrativas atuais. Sim, comparar ambos é um pouco insultuoso em virtude da influência grega, especialmente ateniense, no corpo regimental global, do que as inúmeras formas de governo presentes. Nada obstante, sempre existirá uma parte coletiva descontente referente a sua estádia contra uma forma de governo ou um grupo rotulado aristocrata, notavelmente se um destes ou ambos foram causadores de uma determina espécie de crise ou anterior ou posterior ao seu comando ou a excluíram de qualquer atividade pública cujo supostamente deveria inclui-la. Isso espalha, nesse meio coletivo social, o clamor por uma “entidade” individual capaz de não somente defender os interesses prorrogativos sustentados por essa coletividade “marginalizada”, como, da mesma forma, proteger a intangibilidade estatal ameaçada por pressões dentro e fora de um determinado sistema.
Esse clássico enfrentamento entre povo versus governo assumi a característica socioideológica de agir em nome de um programa estatutário puro, objetivando, por meio do impulso de incalculáveis seguidores e a onipotente presença de um mártir, mudar visões estruturais das regências uma vez estabelecidas por meio de ações individualista. Dentre os protagonistas hodiernos clássicos que exemplificam está temática se apresentam Cleon e Péricles. (ADAMIDIS, 2019).
Assim, igualmente a aqueles tipos já mencionados, existem as personas heroicas mitificadas em Donald Trump e Jair Bolsonaro, dois modelos famosos pela carismática liderança, o contato transversal populacional e a referência a comunidade adepta pela notável antonomásia “escolhida”. Os dois se autoproclamam como salvadores de ambos os territórios cujo possuem descomunal predomínio popular, sendo notável tal fenômeno, devido a um período que foi visto por uma redoma caucasiana como beneficial apenas para classes marginalizadas (Estados Unidos) ou mediante uma governança corruptiva a qual causou um dos maiores escândalos governamentais já vistos (Brasil). Ambos os eventos causaram a fúria cidadã patriótica, revoltada pela ausência dos privilégios retirados de suas mãos, uma vez arguidos na forma de afirmar uma igualdade forjada na desigualdade social, agora retirada devido a uma elite aristocrática capaz de utilizar esses direitos democráticos de modo egoísta, levando a coletividade a escolher um agente oposto a este sistema.
A presença desta linha de pensamento, ramificado com o radical crescimento de grupos de esquerda e direita, com seus definidos códigos de conduta, singularmente em uma atualidade que preza a ausência de conflitos internos e externos por resoluções constitucionais, desafia os valores democráticos estabelecidos.
O professor de ciências políticas Anthony Todorov, em seu artigo Nacionalismo Populista versus Democracia (National Populism versus Democracy), transcreve uma urgente mensagem em conta do populismo:
O populismo atual caracteriza uma crise sintomática maior do que qualquer incerteza de renome presente nas democracias representativas contemporâneas. Isso porque em governos democratas o populismo é manifestado com diversas e contraditórias estratégias frequentes que questionam as fundações da soberania popular moderna, e em administrações não democráticas como substituto para o democratismo. Primeiramente, o populismo se encaixa na ordem legítima do pluralismo político – isso é um dos possíveis programas regimentais, uma das muitas soluções cuja legitimidade é baseada no pluralismo. Se a soberania popular moderna é concebida como um regime político no qual não há uma e única verdade, associação, filosofia ou religião, então todas as estratégias serão admissíveis em princípio, incluindo meios que questionam a democracia. Nesse contexto, o populismo se apresenta como uma plataforma política que expressa verdadeira determinação da collectif enquanto está se opõe contra a elite a qual, apesar de diversificada, é unida por um motivo: Ignorar os originais interesses populares. (TODOROV, 2007, p., 86. Tradução nossa)
O messianismo político, aliado ao populismo, representa o enceguecer da visibilidade cidadã por incrementar atos demandados protestativos contra um “inimigo comum”, incrementando o compartilhamento de falsos testemunhos de fatos, uma vez comprovados cientificamente, a governança ególatra, promovendo mais benefícios singulares do que coletivos, o enfraquecimento das infraestruturas socioeconômicos por meio de medidas assistenciais etc. Aliado a isto, o incremento do Messias político engolfa o corpo estatal em um distúrbio instável que atinge todas as esferas públicas existentes na estrutura corpórea societária. (HRISTOVA, 2011).
A filósofa Hannah Arendt em seu famoso livro As Origens do Totalitarismo (The Origins Of Totalitarism) transcreve que não há nada mais característico em correntes autoritárias, bem como o talentoso carisma dos seus líderes, do que a impressionante velocidade de seu esquecimento e recolocação deste regime. Esse fenômeno foi a certificação da sociedade em poder acreditar em dias melhores sem qualquer espécie de parecer bem o qual a forte convicção dos líderes oferecerem discursos convincentes mesmo se estes são completamente errôneos. (ARENDT, 1973).
Para ela, a impertinência da transmutação de ideias das massas em adotar a sempre presente sombra dos líderes totalitaristas é um dos sintomas do vírus totalitário, ocorre porque a inconsciente mentalidade alienada e o esquecimento dos horrores de viver em um governo comandado por um indivíduo fazem as coletividades olvidarem suas próprias decisões bem qual serem impossibilitadas de se curar da desilusão cultista, cujo resulta na ampliação presidencial dos líderes carismáticos. (ARENDT, 1973).
A escolha de Trumpismo e Bolsonarismo como formas governamentais representa um ludibrio problema: A democracia se encontra em apavoramento. Isto é, o indivíduo singular, membro da coletividade, escolheu o líder popular não pensando nos interesses sociais que serão beneficiais para o próximo, ele colocou os seus interesses pessoais, com a esperança de dias melhores em primeiro plano, acompanhado das altas expectativas prometidas pelo “Messias”. Isto se deve ao fato de que, as governanças anteriores danificaram o seu Status quo público. Nesse caso, o Governo Obama, destinando sua governança às minorias raciais, entretanto os benefícios não atingiam a casta alva estadunidense, e o Governo Lula, cuja regência foi objetivada às classes pobres, contudo seus atos corruptivos deixaram a maioria populacional brasileira à mercê de uma crise econômica.
Essa ausência de garantias engatilhou, juntamente com a descrença governamental, a procura de uma personagem político, o qual transcreve com coletividade agravada todos os favorecimentos desengajados a ela, por conta daqueles governos, gerando então uma alta expectativa de que esse “Messias” irá trazer uma nova era ao fazer milagres em prol da sociedade adepta aos seus mandamentos para exterminar todos os seus problemas. Resultado, os indivíduos adeptos a este personagem o escolhem por razões pessoais, pensando exclusivamente nos benefícios cujo serão adquiridos para eles mesmos, não reflexionando na maioria democrática, que também será governada por aquele. Ademais, o messias político, em geral, não possui a experiência regente suficiente para governar, colaborando para inflamar uma decadência presidencial que irá afetar não somente a população, mas também todas as esferas presentes no corpo estatal. (HRISTOVA, 2011).
Após passada tal fase inicial de expectativas, muitos cidadãos apoiantes do regente sagrado mostram apatia, desilusão e abatimento, por causa das inúmeras promessas feitas por ele serem apenas um pretexto para ascender ao poder, isto causa a declinação da popularidade do líder virtuoso aos poucos, fazendo-o perder todos os atributos um dia considerados salvadores e, assim, findando sua estadia presidencial. Porém, esta situação cria razões para a gênesis de novos “Nazarenos” que acusam o passado regente de gerar comprometimentos flácidos e piorar um Estado já comprometido com deteriorações internas e externas, mas eles fazem ainda mais novos prometimentos falsos e ganham apoiares ainda maiores do que o regente virtuoso possuía, fazendo isso então uma espécie de círculo vicioso. (HRISTOVA, 2011).
A continuação deste ciclo colabora com a ideia social de Montesquieu, de que a sociedade tem o poder de manifestar e escolher o líder que ela considera como ideal de acordo com a sua satisfação. Entretanto, é muito fácil se maravilhar com os capitais possuintes de um indivíduo através da superfície, não na interna distinção. Infelizmente, a coletividade, ainda, não possui a habilidade de exercer em conjunto a reflexão de que bem-estar social deve vir em primeiro lugar comparado a ideologia, assim dizendo, escolher alguém cujo “pretende” restaurar a soberania manchada por anteriores, no papel, abrange um certo coletivo pelas infinitas expectativas inferidas. No entanto, se parte do discurso deste indivíduo consiste no espiritual discurso esplêndido de retornar a “Terra Prometida”, por meio de injetar a doutrina ideológica caótica no meio social, então isso significa que o sistema democrático deste solo será condenado em falhar no passado, presente ou futuro.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora este artigo científico não tenha cunho em apoio partidário nenhum ou não aponte se um partido político está certo e outro errado, não é difícil distinguir as mensagens de ódio e preconceito para ascensão pátria pregadas por ditadores em lideranças totalitárias do século XX, com os comunicados de purificação e reintegração social, proclamados por chefes presidenciais em cargos democráticos em pleno século XXI. Apesar de que comparar ditadores totalitários com os chefes de governo populistas hodiernos seja uma insignificante confrontação em virtude de brutal, irreparável e sombrio regime ditatorial de, por exemplo, Hitler e Stalin, que possuem um ponto em comum: Ambos foram para suas respectivas legiões de seguidores os símbolos de esperança destinados a levar as distintas nações sobre sua governança além das precariedades e humilhações providas pela a aristocracia nacional e internacional, ou seja, ambos foram messias políticos de renome, mas por causa da explosiva retórica e atitude contra os seus adversários sucumbiram juntamente com os impérios construídos por eles perante os próprios egos.
Com isto em mente, se necessita fazer uma pergunta, o messianismo político é uma ameaça à democracia conhecida atualmente? Infelizmente sim.
Em primeiro lugar, o messianismo político é a pura representação de um círculo vicioso, melhor dizendo, não importar se um líder carismático perdeu influência por motivos de promessas falsas ou ausência de atitude governamental, porque sempre haverá outro redentor à espera de um coletivo cujo apoie com o dobro de fervor do anterior governante, coletivo o qual aglomera ainda mais desilusões e expectativas, que alimentam o ego e as doutrinas do próximo messias, na expectativa de ter novamente concedidos seus privilégios.
Em segundo lugar, o messianismo político tem o poder de desestruturar o sistema governamental de determinado território, já estruturado, assim como os princípios magnos da Carta Constitucional destinados para o Estado, um exemplo prático referente a isto se dá como a eleição de Donald Trump e Jair Bolsonaro. Em ambos os governos, os dois líderes não souberam manejar os direitos e deveres referentes a presidência pátria, apenas privilegiaram as suas próprias personas. Especialmente no manejar de situações de extrema cautela, como a pandemia do Covid-19 em 2020.
E por último, o messianismo político cego e a parcialidade no julgamento de uma pessoa, fazendo-a exercer o seu comprometimento destinado as concepções radicais recém adeptas a partir da sua individualidade e deixar de lado o macro corpo social, lesionando inúmeras pessoas que serão atingidas pela diminuição das suas garantias uma vez vivenciadas por um organismo democrático.
A democracia é o fator que permitiu e ainda está concedendo a evolução regimental legal da humanidade, especialmente por tecer leis, proliferar o pensamento comunitário público e estabelecer a ordem da maioria dos países possuidores dessa república. Porém, se este sistema falhar com certa nação e os seus habitantes, significa então que o “Messias” superou sua habilidade de “mitar” em vez de estabelecer pacificamente sua situação ou “fez a soberania importante novamente” ao contrário de escolher a harmonia pública.
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Graduando do curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas de Paraíso do Tocantins (FCJP).
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: BARROS, Patrick Jordan Feitoza. Messianismo Político: A idolatria de um aglomerado populacional à um supremo chefe popular Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 01 nov 2022, 04:08. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/59744/messianismo-poltico-a-idolatria-de-um-aglomerado-populacional-um-supremo-chefe-popular. Acesso em: 23 dez 2024.
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