RESUMO: Um dos argumentos em favor do Consumo Colaborativo é a sua possível contribuição para um desenvolvimento mais sustentável. O Consumo Colaborativo é potencial para atender as necessidades humanas. Sendo cada caso com suas características e fatores específicos, em menor ou maior quantidade, sempre com a preocupação com a preservação dos recursos naturais. E sobre a orientação coletivista dos consumidores, destaca-se uma consciência de grupo maior que a individual. Todos os dados permitiram concluir que se deu algum grau de relação entre o Consumo Colaborativo e o Desenvolvimento Sustentável, seja na sua dimensão ecológica social ou de coletividade. Limitações e contribuições gerenciais e teóricas foram evidenciadas nesse estudo, conforme será demonstrado. Enfim, o ceticismo em direção das estruturas capitalistas, bem como as sucessivas crises financeiras que tem assolado vários países, muitos consumidores, cada vez mais, estão se voltando para formas alternativas de consumo sustentável.
Palavras-chave: ceticismo, coletivista, consciência, estrutura capitalista, preservação.
SUMÁRIO: INTRODUÇÃO. 1. PRÁTICA SUSTENTÁVEL. 2. VIDA DO PRODUTO. 3. ECONOMIA COLABORATIVA. 4. CONSUMO COLABORATIVO PROPRIAMENTE DITO. 5. EXTRAINDO BENEFÍCIOS E CONVENIÊNCIAS. CONCLUSÃO. REFERÊNCIAS.
INTRODUÇÃO
Diferencia-se alguns tipos de consumo que atualmente têm buscado mitigar os impactos sociais e ambientais resultantes dos estilos de vida baseados em altos padrões de consumo. Em 1973 já se falava em consumo responsável, como aquele que se refere ao uso racional e eficiente dos recursos, com relação à população humana global, onde não se pode pensar em consumo de uma única nação, pois o consumo dos recursos esgotáveis de uma nação necessariamente afeta o reservatório de recursos de outro lugar.
Mais recentemente, tem se falado em consumo verde, como aquele em que o consumidor, além de buscar melhor qualidade e preço, inclui em seu poder de escolha, a variável ambiental, dando preferência a produtos e serviços que não agridam o meio ambiente, tanto na produção, quanto na distribuição, no consumo e no descarte final.
Outro tipo de consumo que aparece constantemente é o consciente, que é um tipo de consumo com base na “consciência de pensamento e comportamento sobre as consequências do consumo”. Consumo consciente envolve se preocupar com as implicações e consequências do consumo e a temperança nos comportamentos de consumo. Particularmente, os consumidores conscientes se preocupam com eles mesmos, a natureza e sua comunidade e, consequentemente, estão dispostos a modificar comportamentos de consumo excessivo, tais como repetitivos, aquisitivos e aspiracionais.
A mudança para o consumo consciente pode abrir caminhos para rentáveis de novos modelos de negócios, como os que envolvem a partilha de produtos, ou seja, o consumo consciente pode levar ao consumo colaborativo.
Consumo sustentável é mais amplo que os anteriores, pois, além das inovações tecnológicas e das mudanças nas escolhas individuais de consumo, enfatiza ações coletivas e mudanças políticas, econômicas e institucionais para fazer com que os padrões e os níveis de consumo se tornem mais sustentáveis. Mais do que uma estratégia de ação a ser implementada pelos consumidores, consumo sustentável é uma meta a ser atingida. Para ficar mais claro, se é possível dizer “eu sou um consumidor verde”, ou “eu sou um consumidor consciente”, não teria sentido dizer “eu sou um consumidor sustentável”. O consumo sustentável pode ser definido como um consumo que simultaneamente mitiga as consequências ambientais, sociais e econômicas da aquisição, uso e disposição sem comprometer as necessidades correntes e das futuras gerações.
O consumo político é uma forma de ação coletiva baseada nas escolhas individuais de consumo e é feito através de movimentos sociais que coletivizam a escolha individual e usam este capital social como um dispositivo sinalizador no mercado. O consumo político pode ser articulado de formas diferentes, como boycotting (boicote), que são muitas vezes realizados por grupos de ativistas que, em forma de protesto, passam a boicotar determinado produto, marca ou empresa, e o buycotting é orientado para gratificar determinado produto, marca ou empresa por alguma prática que esteja de acordo com suas convicções.
O bem-estar individual dos participantes não é o foco do consumo político. Protestar contra o status quo sócio econômico e político, sob a forma da participação em cooperações, teria como único significado bem-estar social.
Por fim, destaca-se o consumo colaborativo, que assim como o Desenvolvimento Sustentável, também apresenta uma série de conceitos, principalmente por se tratar de um fenômeno emergente e que ainda está em pleno desenvolvimento. O consumo colaborativo – compartilhamento tradicional, escambo, empréstimo, negociação, locação, doação e troca – redefinido por meio da tecnologia e de comunidades entre pares, permite aos consumidores, além de perceberem os benefícios enormes do acesso aos produtos e serviços em detrimento da propriedade, economizem dinheiro, espaço e tempo, façam novos amigos, se tornem cidadãos ativos novamente.
Por se tratar de um conceito amplo, o consumo colaborativo tem sido defendido por vários autores como uma alternativa para alcançar o desenvolvimento sustentável, ao passo em que suplanta o estilo de hiperconsumo, criando sistemas inovadores fundamentados no compartilhamento. Dessa forma, fornecem benefícios ambientais, pois aumentam a eficiência do uso, reduzem o desperdício, incentivam o desenvolvimento de produtos melhores e absorvem o excedente de produção e consumo. O consumo colaborativo permite às pessoas o acesso aos produtos e serviços por um período temporário, entretanto suficiente para suprir as suas necessidades, sem gerar uma capacidade ociosa dos mesmos.
1.PRÁTICA SUSTENTÁVEL
É necessário mencionar como alcança-lo. Mudanças sistêmicas são necessárias na forma como o mundo faz negócios e isso irá impactar nos padrões de consumo e estilo de vida e especialmente nos países desenvolvidos, mas também para o crescimento da classe média nos países em desenvolvimento. Na sequência são destacadas a relação do homem com o desenvolvimento sustentável e as práticas que podem ser atribuídas ao consumo sustentável.
Um modelo conceitual que englobe a preservação dos recursos naturais e necessidades humanas (incluindo dentro desta as necessidades econômicas) é o que melhor representa o desenvolvimento sustentável. Contudo, não se pode deixar de inserir nessa combinação, a intenção do agente, visto que é este que irá dar sentido a ação, conforme salienta Leff (2001).
O antropocentrismo no desenvolvimento sustentável destaca o papel do ambiente como fonte para a manutenção ou melhoria da qualidade de vida dos seres humanos e, dado o seu valor, precisa ser protegido. Exemplifica-se esse interesse em preservar os recursos naturais, quando a preocupação com a destruição das florestas tropicais é devida por impactar a qualidade do ar, levando aos problemas respiratórios e de saúde, resultando em uma diminuição do padrão de vida. Dessa forma, a satisfação das necessidades humanas é a razão para o qual a humanidade deve preservar os recursos naturais.
Diferentemente do antropocentrismo, no ecocentrismo os indivíduos valorizam a natureza devido ao seu valor intrínseco, preservando a natureza pela própria natureza. Os indivíduos acreditam que o ambiente deve ser protegido pelo valor transcendental. Logo, a preocupação ambiental e o interesse na preservação dos recursos são importantes em ambos modos, mas seus motivos pelos quais são realizados é que se distinguem. No antropocentrismo, o conforto, a saúde e a qualidade de vida são as razões pelas quais se deve preservar dos recursos naturais e o ecossistema saudável. A poluição do ar pode levar a problemas respiratórios, a destruição das florestas pode excluir a possibilidade do desenvolvimento de novos medicamentos, o esgotamento dos combustíveis fósseis e da água podem resultar em uma diminuição do padrão de vida e impactos econômicos consideráveis, por exemplo.
Independentemente das implicações sócio econômicas e de estilos de vida, a conservação da natureza tem uma dimensão espiritual e um valor intrínseco que se reflete nas experiências com a natureza e sentimentos sobre ambientes naturais, para os ecocêntricos. A ligação entre os seres humanos e a natureza transcende a capacidade de recursos naturais em satisfazer necessidades humanas.
As dimensões do desenvolvimento sustentável abarcam, além dos aspectos da antropocêntricos da satisfação das necessidades humanas (incluindo aspectos sociais e econômicos) e da preservação recursos naturais no longo prazo (considerando limitações explícitas da Terra), uma perspectiva de tomada de decisões, a partir de um ponto de vista axiológico4. Esta visão traz o desenvolvimento sustentável como uma proposta para melhorar o bem-estar da sociedade como um todo (abarcando as gerações futuras), acionada por uma perspectiva de valor nos processos de tomada de decisão e ponderada pelas limitações de recursos ambientais.
Essa perspectiva de decisão representa um contínuo a ser considerado, o de espaço nos processos de tomada de decisão. Os direcionadores individuais e funcionalistas são os da tomada de decisão com base nos objetivos e restrições do indivíduo, família, organização/comunidade, estado, continente ou sociedade como um todo.
Em um extremo está a perspectiva mais individual e funcionalista, preocupada com questões orientadas para o racional, curto prazo e mais objetivas. Já no extremo, está perspectiva considerada oposta, no emocional, no longo prazo e aspectos mais subjetivos, baseados em valores sistêmicos e intergeracionais. Esta perspectiva última promove iniciativas que são baseadas em valores sociais, éticos, cooperação, igualdade e equidade.
Nesse sentido, o desenvolvimento sustentável implica mudar a perspectiva humana de individual para coletiva na tomada de decisões, embasado em valores humanos e éticos, pois as consequências de decisões tomadas por alguns indivíduos podem ser percebidas por outras pessoas que não foram sequer consideradas no processo de tomada de decisão. Essas interdependências tornam mais difícil de adequadamente definir o problema e propor soluções eficazes para problemas do desenvolvimento sustentável.
São considerados, tanto a intensidade de preocupação atribuída aos recursos naturais utilizados para o desenvolvimento da sociedade, quanto o grau de coletividade nas decisões sobre o uso destes recursos. Deste modo, tem-se os objetivos norteando as ações.
As orientações culturais de valor (individualista-coletivista) que se fazem presentes nesse modelo são determinantes para o alcance dos objetivos. Para objetivos mais sustentáveis (redução dos impactos sociais e ambientais), é necessário um trabalho em conjunto e a “coletividade pode ser baseada em uma relação normativa que se forma como resultado de valores e normas compartilhadas entre indivíduos unidos por objetivos comuns, interesses e compromissos mútuos” (EARLEY; GIBSON, p. 266, 1998).
Para promover soluções para o desenvolvimento sustentável, a participação da sociedade desempenha um papel fundamental, destacando a importância dos meios de comunicação a difundir informações e de construir grupos de pesquisa integrada, bem como a mobilização popular e ação direta. A ação humana oscila em um contínuo entre bem-estar socioeconômico e preocupações igualitárias com preocupações ambientais. Abordagens possíveis para os problemas relacionados com o desenvolvimento sustentável, começam com o status quo, que se deslocam para a reforma e terminam com a transformação. Existe uma necessidade para a transformação real ou pelo menos por algum tipo de reforma para construir uma sociedade mais sustentável, considerando-se valores fundamentais como a proteção ambiental, justiça e equidade.
2.VIDA DO PRODUTO
O ciclo de vida, em sua origem, pressupõe que todos os produtos desempenham um comportamento previsível em relação às suas vendas. De forma ampla, o ciclo de vida se visualiza em quatro estágios: introdução, crescimento, maturidade e declínio.
Na prática, pode-se utilizar o ciclo de vida como uma técnica para avaliação dos potenciais impactos associados ao ciclo de vida de um produto, processo ou serviço. Essa técnica se chama avaliação ou análise do ciclo de vida e abarca desde a extração de matérias-primas, transporte, produção, distribuição, utilização, até sua destinação final, que pode ser reciclagem ou descarte. No contexto global busca melhorar o desempenho e a sustentabilidade ambiental dos sistemas de produção, partindo de uma visão muito completa de todo o seu ciclo de vida.
Como visto, a análise do ciclo de vida não se restringe apenas a produtos. Ela pode alcançar dimensões mais amplas e seus conceitos podem ser aplicados a empresas e até a setores. Supõe-se que o ciclo de vida de um setor é resultado da agregação dos ciclos de vida das empresas que o compõem (KAYO et al., 2006, p. 84).
O aumento do ciclo de vida dos produtos, através do aumento da vida útil dos bens, da diminuição da obsolescência planejada, da recuperação dos bens deteriorados e da reutilização de bens descartados são estratégias que contribuem com o desenvolvimento sustentável.
A pedagogia dos 3R's, reduzir, reutilizar e reciclar destaca-se como aspecto importante na contribuição do desenvolvimento sustentável. Reduzir os altos padrões de consumo por parte dos consumidores, tanto quanto de indústrias e demais organizações, através da redução das compras, bem como preferência por produtos que apresentam maior eficiência na utilização de água, energia, e liberam menos gases causadores do efeito estufa. Adquirir produtos mais duráveis e menos descartáveis e optar por produtos com menos embalagem são práticas que contribuem para um estilo de vida com menor impacto prejudicial para o mundo.
A redução do consumo deve ser priorizada sobre a reutilização e reciclagem, mas recorre-se à segunda quando já não se tem mais opções com relação à redução. A reutilização envolve o aproveitamento dos resíduos sólidos sem a sua transformação biológica, físico-química ou física, de acordo com a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), Lei 12.305/agosto de 2010 (BRASIL, 2016). As práticas que envolvem a reutilização podem ser: usar os dois lados do papel, doar objetos e roupas que não serão mais utilizados, reutilizar caixas e embalagens de plástico e vidro, dentre outras.
Depois da redução do consumo e da reutilização deve-se recorrer à reciclagem. De acordo com a mesma lei, da PNRS, reciclar é um processo de transformação dos resíduos sólidos que envolvem a transformação biológica, físico-química ou física das propriedades dos produtos, com objetivo de transformá-los em novos insumos ou novos produtos.
Os objetivos da utilização dos 3R’s focam na redução da geração de lixo e desvio do caminho de esgotamento das fontes de recursos naturais. Contudo, para que as práticas sejam desempenhadas é necessário a internalização de novos hábitos e de atitudes em prol do desenvolvimento sustentável.
As necessidades humanas percebidas são social e culturalmente determinadas, e o desenvolvimento sustentável requer a promoção de valores que estimulam padrões de consumo que estão dentro dos limites do que é ecologicamente possível, onde todos podem razoavelmente aspirar. Assim, pode-se afirmar, de forma ampla, que ser sustentável é ser capaz de satisfazer as necessidades dentro das limitações ecológicas. Entretanto, faz-se necessário entender o que se quer dizer por necessidades.
“Necessidade é a falta de coisas que são indispensáveis para manter a vida. A necessidade expressa uma situação de carência. O necessário para sustentar uma vida não é uma questão supérflua”. Dentro desse contexto, as necessidades humanas fundamentais são finitas, poucas e classificáveis são as mesmas em todas as culturas e em todos períodos históricos, logo o que se altera são os modos ou meios empregados para satisfazê-las.
A satisfação das necessidades essenciais depende, em parte, de alcançar pleno potencial de crescimento. Dentro disso, o desenvolvimento sustentável requer o crescimento econômico em lugares onde essas necessidades não estão sendo atendidas. Mas o crescimento por si só não é suficiente. Altos níveis de atividade produtiva e pobreza generalizada podem coexistir, essa relação põe em risco a natureza. Logo o desenvolvimento sustentável requer que as sociedades satisfaçam as necessidades humanas pelo aumento do potencial produtivo assegurando oportunidades iguais para todos e preservando o ambiente ecológico.
Não apenas as necessidades humanas fisiológicas (quantitativas) precisam ser atingidas. As necessidades consideradas intangíveis, relacionadas ao bem-estar (qualitativas), como a família, segurança e a educação superior, também são alvo do desenvolvimento sustentável. Entretanto, o relatório Nosso Futuro Comum não especifica como as nações podem alcançar um padrão de desenvolvimento das necessidades humanas de forma que se obtenha uma sociedade mais sustentável.
As necessidades humanas são inter-relacionadas e interativas. Isso significa dizer que, com a única exceção da necessidade mais básica de todas, a de subsistência, relacionada a tendência dos seres humanos em manter-se vivo, não existem hierarquias dentro do sistema. Ao contrário de autores como Abraham Maslow (Teoria da Hierarquia das Necessidades Humanas) e Frederick Herzberg (Teoria dos Dois Fatores de Herzberg) Max-Neef propõe simultaneidades, complementaridades e trade-offs, como características do processo de satisfação das necessidades, em sua matriz de necessidades humanas.
Essa perspectiva permite uma reinterpretar o entendimento de pobreza, muito limitado e restrito, uma vez que se refere exclusivamente aos problemas pessoais classificados abaixo de um certo limite de renda. Por se tratar de um conceito estritamente econômico, Max-Neef prefere falar não de pobreza, mas de pobrezas, onde qualquer necessidade humana fundamental, que não seja adequadamente satisfeita, revela uma pobreza humana.
Essa visão vai além das necessidades ambientais e de recursos financeiros, reconhece que existem vários tipos de pobrezas em que os seres humanos vivem, inclusive as sociais. O acúmulo de materiais físicos, reproduzidos pelo consumo exagerado, suprem algumas necessidades humanas relacionadas aos aspectos físicos, mas pouco atendem às necessidades psico-sociais.
3.ECONOMIA COLABORATIVA
Em se tratando de um tema relativamente novo, embora que se aproprie de conceitos e exemplos já existentes, a Economia Colaborativa pode ser entendida como “novas formas de consumir, aprender, financiar e produzir”.
Os autores explicam um pouco mais esse conceito abrangente e destacam a importância da Economia Colaborativa como aquela que representa uma nova forma de pensar sobre os negócios, troca, valor e comunidade. Enquanto suas definições sejam variadas e os parâmetros continuam a evoluir, as atividades e os modelos com a Economia Colaborativa permitem acesso em vez da propriedade, encorajam redes descentralizadas sobre instituições centralizadas e desaprisionam a riqueza (com ou sem envolvimento de dinheiro).
Elas fazem uso de ativos ociosos e criam novos mercados. Fazendo, isso muitos também desafiam as formas tradicionais de fazer negócios, regras e legislação (STOKES et al., 2014, p. 8).
A economia colaborativa é um movimento econômico onde tecnologias permitem as pessoas obter produtos e serviços que precisam umas das outras, em vez de comprar a partir de corporações estabelecidas.
Outra expressão relacionada é mesh business. Trata-se da forma como ocorre a oferta desses produtos ou serviços, bem como sua organização no mercado e envolvimento com os usuários ou consumidores.
Mesh business apresenta o compartilhamento (sharing), a utilização da web e de redes de informação e foca em produtos e materiais físicos e engajamento com clientes através de redes sociais (GANSKY, 2010).
Percebe-se traços em comum entre as duas expressões, Economia Colaborativa e Mesh Business, como a utilização das redes sociais intermediadas pela internet proporcionando o contato entre as pessoas; as tecnologias de comunicação como um todo, como a utilização de aplicativos em dispositivos móveis, como smartphones e tablets, também proporcionando maior praticidade na inserção das pessoas nessa nova economia.
A produção colaborativa (crowdsourcing) envolve as atividades realizadas por grupos ou redes em busca do design, prática e distribuição de produtos. Baseado na web, a produção colaborativa utiliza as soluções a partir de uma rede distribuída de indivíduos que atuam através de um convite aberto, ou seja, é uma ferramenta de co-criação a partir da participação online. Crowdsourcing é o ato de uma empresa ou instituição em atribuir uma função antes realizada por funcionários e terceirizá-la para uma rede indefinida (e geralmente grande) de pessoas na forma de um convite aberto. As pessoas podem trabalhar juntas para conceber um produto ou serviço, como exemplo o Quirky, que é um ambiente online que reúne pessoas de todo o mundo em volta do desenvolvimento de novos conceitos.
Na prática colaborativa as pessoas conectam-se fora das instituições formais e estruturas organizacionais para cooperar em projetos e produtos. Essa prática pode ser vista no Open Street Map (Mapa Aberto de Ruas), que é um software de uso livre a licença aberta, onde a comunidade de pessoas envolvidas contribui e atualiza, voluntariamente, dados sobre estradas, trilhos, cafés, estações ferroviárias dentre outros. Já na distribuição colaborativa as pessoas se reúnem em uma rede social para realizar a entrega ou distribuição de produtos diretamente para outras pessoas.
A entrega é realizada através de um combinado entre quem envia e quem está realizando o transporte. São definidos aspectos como a possibilidade de realizar o transporte, um preço e prazo para efetuar a entrega.
Na aprendizagem colaborativa há compartilhamento de conhecimentos com quem tem o interesse de aprender. Salienta-se que esse conceito se diferencia do utilizado no contexto educacional, onde aprendizagem colaborativa significa “uma situação em que se espera que ocorram formas particulares de interação entre as pessoas, o que provocaria mecanismos de aprendizagem”. A palavra ‘colaborativa’, nesse caso, significa a troca ocorrida entre os indivíduos que compartilham das informações recebidas.
Em todas as situações onde pessoas formam grupos, a Aprendizagem Colaborativa sugere uma maneira de lidar com as pessoas que respeita e destaca as habilidades e contribuições individuais de cada membro do grupo. Existe um compartilhamento de autoridade e a aceitação de responsabilidades entre os membros do grupo, nas ações do grupo. A premissa subjacente da aprendizagem colaborativa está baseada na construção de consenso por meio da cooperação entre os membros do grupo, contrapondo-se à ideia de competição, na qual alguns indivíduos são melhores que outros.
Os praticantes da Aprendizagem Colaborativa aplicam essa filosofia na sala de aula, nas reuniões de comitê, com grupos comunitários, dentro de suas famílias e geralmente como um modo de viver e lidar com outras pessoas.
Feito esse esclarecimento, dentro da Economia Colaborativa, a aprendizagem colaborativa pode se traduzir em cursos abertos, compartilhamento de habilidades e conhecimento crowdsourced. O primeiro é aquele onde o conteúdo educacional é gratuito e aberto para qualquer pessoa interessada. Exemplos dessa modalidade são os Massive Open Online Courses (MOOC), cursos abertos, disponibilizados através de ambientes virtuais de aprendizagem. No segundo, as pessoas se oferecem para ensinar ou compartilhar uma habilidade que detém através de uma rede social. O terceiro é aquele em que as pessoas agregam seus conhecimentos publicamente em uma plataforma de informações, como o Wikipedia e Tripadvisor.
Financiamentos colaborativos são investimentos, empréstimos e financiamentos oferecidos fora das instituições financeiras tradicionais. Existem algumas modalidades de financiamento coletivo como crowdfunding, empréstimos peer-to-peer (social lending), seguro colaborativo e moedas complementares (complementary currencies).
O crowdfunding acontece quando grupos de pessoas contribuem diretamente com projetos de outras que não têm recursos suficientes e precisam de financiamento. Por meio de plataformas virtuais e a partir de redes de pessoas e/ou instituições que investem em projetos criativos, várias pessoas contribuem financeiramente de maneira colaborativa, para viabilizar uma ideia, um negócio, um projeto.
Os modelos crowdfunding têm precedentes. A coleta de pequenas quantias de dinheiro a partir de muitas pessoas tem uma história na esfera da caridade social e cooperação, mas o crowdfunding amplia esse modelo, porque o dinheiro é investido pelos consumidores para obter um retorno, de forma financeira e até mesmo intangível (por exemplo, status, estima social, reconhecimento, entre outros).
Por fim, as moedas complementares (complementary currencies) ou moedas sociais são moedas criadas paralelamente ao sistema monetário vigente. No Brasil, tais moedas são veiculadas por bancos comunitários, mas enfrentam barreiras do Banco Central para a realização da atividade.
Assim, essa classificação definida por Stokes et al. (2014) serve para estruturar um pouco mais sobre o conhecimento existente no que tange as práticas realizadas no Brasil e no mundo, sobre Economia Colaborativa. Embora tenha originalmente sido cunhada em torno da realidade do Reino Unido, pode ser aplicada em outros contextos visto que muitas das iniciativas são encontradas também no Brasil e em outros países do mundo.
3.CONSUMO COLABORATIVO PROPRIAMENTE DITO
Compete distinguir outra tendência que os consumidores puderam acompanhar foi a das compras coletivas. Consideradas uma modalidade de e-commerce (comércio eletrônico), as compras coletivas visam a venda de produtos e serviços por preços abaixo do mercado, para um número mínimo e pré-estabelecido de consumidores, em uma dada oferta.
Sobre a conceituação de compras coletivas, percebe-se que partilhar e compartilhar referem-se ao sentido de sharing é um autor referência quando se fala da importância das possessões como partes da identidade do ser, de forma que a perda das posses leva aos sentimentos de dor, perda, luto. Além disso, o autor tem uma série de trabalhos que referenciam o sharing (compartilhamento) por parte das pessoas, e mais recentemente abordou a expressão sharing economy, cujos conceitos serão abordados nos próximos parágrafos.
Pode-se compartilhar uma casa de férias, um banco no parque, ou um saco de balas de goma. Inclusive as coisas mais abstratas, como conhecimento, responsabilidade ou poder. Em cada caso, todos os envolvidos no compartilhamento têm algo dos custos ou dos benefícios do que é compartilhado. O sharing inclui empréstimos voluntários, partilha e alocação de recursos e uso autorizado de bens públicos, mas não aluguel contratual, leasing ou uso não autorizado de propriedade por furto ou transgressão.
Não se compartilha apenas lugares e coisas, mas também pessoas e animais (na medida em que sejam próprios para compartilhar), bem como ideias, valores e horários, desde que dependam de partilha voluntária, ou seja, inclui “o ato e processo de distribuição do que é nosso para os outros, para que possam utilizar, e/ou o ato e processo de receber ou tomar algo dos outros para o nosso uso”.
Assim, sharing é um processo interpessoal e é sancionado e prescrito pela cultura, podendo, inclusive, criar sentimentos de comunidade (BELK, 2007). Uma definição mais sucinta vê sharing como “comportamento pró-social, não-recíproco”.
O consumo pode ser compartilhado e descreve sharing como uma alternativa para a propriedade privada, transação financeira, troca e doação. No sharing, duas ou mais pessoas podem usufruir dos benefícios (ou custos) de possuir uma coisa. Ao invés de distinguir o que é meu e seu, sharing define algo como nosso.
Pode-se pensar, também, que as unidades de consumo podem compartilhar em consumir algo, as unidades de produção podem compartilhar na produção de algo, as empresas partilham a participação acionária, os trabalhadores partilham locais de trabalho, dentre outras formas de co-propriedade, mas o foco é o consumo compartilhado.
O sharing é uma forma alternativa de distribuição de mercadoria, e em comparação com as formas mais tradicionais de distribuição, pode promover comunidade e economizar recursos. De acordo com o autor, esta forma não envolve a expectativa de reciprocidade.
Sobre o contexto de ocorrência do sharing, é possível de acontecer sob condições de excesso, mas também pode ocorrer em condições de insuficiência. Onde se pode compartilhar amplamente com toda e qualquer pessoa ou estritamente dentro de um casal, uma família ou uma empresa de negócios.
Belk (2014) destaca que o sharing não é um fenômeno novo, mas o Consumo Colaborativo e a Sharing Economy (economia do compartilhamento) são fenômenos que se originaram a partir da utilização da Internet. Embora possa haver sharing na Internet, como, por exemplo: Youtube (onde as pessoas fazem upload de vídeos feitos por si mesmos), Wikipedia (onde há compartilhamento de conhecimentos sobre temas – enciclopédia de informações), e Tripadvisor (em que as pessoas apresentam suas opiniões com relação á hotéis, pousadas...). A internet ainda pode proporcionar o encontro de pessoas cujas necessidades e ofertas sejam compatíveis, mesmo que o compartilhamento seja realizado pessoalmente, nesse caso de um produto físico.
Belk (2014) apresenta a versão do Consumo Colaborativo como “eventos na qual uma ou mais pessoas consomem bens ou serviços econômicos no processo de se engajar em atividades conjuntas com um ou mais outros”. Os exemplos citados são falar telefone, beber cerveja com os amigos e até mesmo ter relações sexuais com o uso de técnicas de controle de natalidade. Contudo, Belk contrapõe esse entendimento destacando que, embora tal conceito se concentre em atividades conjuntas que envolvem o consumo, trata-se de uma definição muito ampla e não suficientemente focada na aquisição e distribuição de um recurso.
Para clarear o entendimento de consumo coordenado, Belk (2014) faz menção às pessoas que bebem cerveja junto, pagando cada uma por suas próprias cervejas. Dessa forma, elas estão apenas coordenando o seu consumo em determinados tempo e lugar, mas o ato de consumir é uma troca no mercado. Entretanto, se um deles compra uma jarra de cerveja para consumo do grupo, este seria um exemplo de sharing, porque envolve o ato e processo de distribuição do que é de um para os demais utilizarem (BELK, 2014).
O referido autor apresenta uma certa distinção entre Consumo Colaborativo e sharing, ao afirmar que “sharing é um fenômeno tão antigo quanto a humanidade, enquanto o Consumo Colaborativo e a Sharing Economy são fenômenos nascidos da era da Internet” (BELK, 2014, p. 1595). O Consumo Colaborativo, na visão de Belk (2014, 1597), “inclui a coordenação da aquisição e distribuição de um recurso por uma taxa ou outra compensação”. Dessa forma, essa definição abarca o escambo, comércio e troca. Nesse momento, conclui-se que Consumo Colaborativo se diferencia de sharing com relação a contrapartida exigida. Sharing não requer qualquer compensação.
Um conceito mais recente e orientado para os usuários é dado pelo site Consumo Colaborativo (2015), no Brasil, que entende como: “Prática comercial que possibilita o acesso a bens e serviços sem que haja necessariamente aquisição de um produto ou troca monetária entre as partes envolvidas neste processo. Compartilhar, emprestar, alugar e trocar substituem o verbo comprar no consumo colaborativo”.
Consumo Colaborativo é aquele tipo de consumo promovido por organizações que se baseiam na colaboração de fornecedores e consumidores, mediada pelas tecnologias de informação e comunicação.
Esta definição é mais completa que outras por incluir a variável dos fornecedores como parte intrínseca do Consumo Colaborativo, onde a colaboração pode acontecer tanto no consumo, mas também no oferecimento desses produtos ou serviços.
4.EXTRAINDO BENEFÍCIOS E CONVENIÊNCIAS
Grande parte dos estudos que têm sido realizados no contexto do consumo colaborativo têm se resumido a levantar motivações ou barreiras deste tipo de consumo. A relação dos valores com o consumo colaborativo permite inferir que os consumidores desse tipo de iniciativa apresentam altos valores alinhados com a auto transcendência e abertura à mudança. Estes valores representam tolerância, preocupação com a natureza, justiça, liberdade, gratidão, dentre outros. Cabe salientar que valores são entendidos como motivações dos indivíduos traduzidas em ações. Dessa forma, os valores são frequentemente assumidos por influenciar o comportamento dos consumidores, e, consequentemente motivar comportamentos pró-ambientais ou consumo sustentável.
Outros estudos destacaram que as pessoas que optam por participar do consumo colaborativo buscam conveniência, pertencimento, senso de dever, senso de comunidade, uma posição anticonsumo, reunião de pessoas, generosidade, conveniência, ato de ser mais consciente e sustentável socialmente, acesso aos produtos por custos mais baixos.
O compartilhamento pode sim gerar benefícios econômicos significantes. Uma das motivações destacadas anteriormente, principalmente quando se dá através de empréstimos peer-to-peer, de forma descentralizada ou através de plataformas online. Os produtos que podem ser compartilhados são subutilizados e as baixas taxas de utilização de muitos bens partilháveis sugere que há ganhos econômicos substanciais nessa prática. Contudo, os custos relacionados ao compartilhamento superam os custos de transação e são em grande parte de natureza social.
Alguns consumidores usam o modo de consumo como uma estratégia para articular e promover seus interesses ideológicos para a sociedade, negócios e governo. Nesse sentido, sharing e o consumo colaborativo podem ser uma possível estrutura de mercado alternativa que pode ser adotada por consumidores anticonsumo. Por se tratar de um ato comum, pode conectar umas pessoas às outras e criar sentimentos de solidariedade e de união (BELK, 2010). Percebe-se que o que pode ter começado como crítica ao sistema econômico e aos modos de produção e consumo, parece estar sendo respaldado por parte dos cidadãos
Embora o comportamento anticonsumo frequentemente foque na redução de todas as atividades, é possível focar na redução de compra de produtos e marcas específicas através do consumo colaborativo. Existem muitas diferentes abordagens de anticonsumo e consumo alternativo, bem como as motivações para o anticonsumo variam entre preocupações políticas, pessoais e ambientais.
A participação no Consumo Colaborativo é o caminho para promoção da mudança social. Para entender a mudança social promovida pelo Consumo Colaborativo seria preciso entender a motivação e engajamento individual nas atividades. Pessoas que se engajassem em bancos de tempo apoiariam a organização dessa atividade social para fortalecer uma rede social e, usando e moeda não convencional como o tempo, libertar as atividades de entendimentos associados com sistemas de valores monetários.
CONCLUSÃO
Os participantes de consumo colaborativo não parecem interessados em combater o capitalismo. Muitas iniciativas são como empresas que geram renda aos proprietários, mas talvez resistam inventando outras formas de consumir e viver a partir dessas plataformas. Pensando a prática do lazer, por exemplo, ao viajar, ao invés de ficar em um hotel, é possível se hospedar na casa de uma pessoa desconhecida criando laços, conhecendo a cidade sob outra perspectiva e economizando. Ao ler um romance, ao invés de comprar um livro novo, que depois pode ficar na estante sem utilidade, é possível trocar um antigo que está sem uso por outro – o mesmo pode acontecer com dvd’s ou cd’s.
Além disso, é possível capitalizar tempo livre e adquirir algum serviço em troca: uma pessoa que aprendeu a tocar violão na infância, por diversão, pode dar aulas para alguém e, em troca, receber aulas de francês, necessárias para o trabalho e que o sujeito talvez não tenha condições de pagar.
As motivações ecológicas justificam-se por serem consideradas pode ser consideradas efeitos positivos do consumo colaborativo. Esses argumentos vêm de reflexões sobre as possíveis economias nos recursos e economias financeiras advindas das práticas colaborativas. Como por exemplo quando se promove o compartilhamento de carros ou quando se deixa de comprar um produto novo.
Como o consumo colaborativo foge ao modelo convencional de acesso aos bens e serviços algumas vezes não utiliza dinheiro. Entretanto, não necessariamente, busca o rompimento com o modo de produção capitalista. As pessoas que se dispõem a consumir dessa maneira talvez estejam movidas por outros valores. Os participantes de consumo colaborativo criam ou experimentam maneiras alternativas de se relacionar e adquirir produtos. Essa prática não é uma obrigação ou obediência a normas, tratando-se de uma escolha.
Motivos para a disposição de participar do consumo colaborativo são: salvar/ganhar dinheiro, conhecer pessoas, contribuir para um ambiente saudável, a indicação de outras pessoas, a atitude social para com a vizinhança, a atitude social geral e comportamento no ambiente. As duas outras considerações mais feitas pelos entrevistados foram ajudar e economizar tempo. Nenhuma diferença é encontrada entre os motivos intrínsecos e extrínsecos.
Outros fatores explicativos para participar de consumo colaborativo estão a experiência online e offline. Além disso, os resultados sobre os diferentes dados demográficos indicam que as mulheres são ligeiramente mais propensas que os homens a participar de consumo colaborativo. Quando a renda e idade aumentam, a vontade de participar do consumo colaborativo diminui ligeiramente e educação correlaciona-se positivamente com as variáveis dos dependentes.
Como barreiras ao consumo colaborativo pode-se destacar que muitos consumidores ainda valorizam a posse definitiva de bens e resistem à alternativa de alugar e o individualismo. Belk (2007, p. 131) ainda destaca, como razões para o não compartilhamento, o materialismo (definido como a importância que uma pessoa atribui às posses), percepção de que os recursos são escassos (se nós compartilharmos poderemos perder algo que poderíamos ter desfrutado), percepção de que algo é parte de sua identidade (constrói a identidade). Outra barreira é a importância da confiança entre os membros do consumo colaborativo, o que pode fazer com que o funcionamento do sistema seja abalado se a confiança for quebrada. Além disso, o nível de ação coletiva envolvida pode trazer mais ou menos engajamento.
Outro destaque é dado à ideia da eficiência não ser tão alta quanto à posse, por exemplo, quando um consumidor faz uso de carsharing e precisa do carro imediatamente, nesse sentido há a perda de tempo visto que o carro pode não estar disponível exatamente naquele momento.
Os estudos sobre consumo colaborativo ainda não apresentam um corpo teórico robusto, carecendo de mais pesquisas. Contudo, pode-se destacar alguns pontos onde alguns esforços já foram evidenciados e podem dar uma direção para a sua compreensão.
O Consumo Colaborativo depende da ação coletiva e também pode ser entendido como forma de harmonizar-se necessidades e desejos, como todo tipo de consumo, de uma forma mais sustentável e atraente, com pouco custo para o indivíduo. A ação coletiva e a confiança são consideradas, respectivamente, fator determinante e fator facilitador do consumo colaborativo
Ou seja, nem todos os indivíduos que se deparam com as mesmas situações reagirão de forma semelhante. As ações realizadas por indivíduos ou grupos com um propósito coletivo, tais como o avanço de uma ideologia ou uma ideia particular, ou a luta política com outro grupo podem ser classificadas em duas dimensões, dois contínuos. A primeira dimensão trata da ação coletiva variando entre as formas individuais e coletivas de ação ou seja a distingue entre as ações que requerem a participação de muitos membros de um grupo (disputas trabalhistas, manifestações e petições em massa) versus ações que podem ser tomadas individualmente (sabotagem, desobediência civil, e escrever cartas).
A outra dimensão refere-se ao resultado mais persuasivos versus as ações de confronto, ou seja, por um lado, pode-se identificar ações, como escrever cartas, fazer lobby e petições, cujo objetivo principal o de persuadir os outros sobre certos pontos de vista (estratégias geralmente associadas com a resolução de disputas intra-grupo); e por outro lado, as ações também podem ser de participação e enfrentamento a um outro partido mais diretamente, como em uma demonstração, bloqueio ou sabotagem (estratégias mais estreitamente associados com disputas intergrupais).
Quando se pensa no contexto do consumo colaborativo, alguns elementos são definitivamente semelhantes entre os membros de uma comunidade, visto que estes compartilham ideias para resolver um problema ou reúnem seus esforços para criar condições de troca favoráveis para o benefício da comunidade. Assim, o esforço coletivo das pessoas pode promover o apoio para a continuidade das ideias e projetos propostos.
REFERÊNCIAS
BELK, R.W. Possessions and the Extended Self. Journal of Consumer Research, v. 15, n. 2, p. 139–168, 1988.
CONSUMO COLABORATIVO. Disponível em: <http://www.consumocolaborativo.cc/sites-de-consumo-colaborativo-brasil/>. Acesso em: 24/03/2013.
EARLEY, C.; GIBSON, C.B. Taking stock in our progress on individualism-collectivism: 100 years of solidarity and community. Journal of Management, v. 24, n. 3, p. 265-304, 1998.
GANSKY, L. The Mesh: why the future of business is sharing. New York: Penguin, 2010.
LEFF, E. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. Petrópolis RJ: RJ, Vozes/PNUMA, 2001.
STOKES, K.; CLARENCE, E., ANDERSON, L., RINNE, A. Making sense of the UK Collaborative Economy. 2014. Nesta Collaborative Lab, p. 48. Disponível em: <https://www.nesta.org.uk/sites/default/files/making_sense_of_the_uk_collaborative_econom y_14.pdf >. Acesso em 8 Apr. 2015.
Professor de Direitos Humanos e Delegado de Polícia Judiciária Civil. Atualmente Delegado Controlador Geral de Administração e Finanças da PC-AM. Foi titular da DECON, 17º DP e 25º DP e Conselheiro do Fundo Estadual de Defesa do Consumidor (CONDECON).. Doutorando em Ciências Jurídicas. Formação como Mestre em Direito Ambiental. Autor dos livros: "Direitos Humanos, vocação do Delegado de Polícia" (ISBN 978-85-400-1964-5), "Consciência ambiental para efetivação da dignidade humana no sistema prisional" (ISBN 978-85-400-2178-5) e "Poder do Óbvio para Blindagem do Consumidor Consciente e Outras Justiças" (ISBN 978-65-89973-08-9).
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: CAETANO, Eduardo Paixão. Economia colaborativa, a percussora da sustentabilidade eficaz Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 10 dez 2019, 04:16. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/ArtigOs/53949/economia-colaborativa-a-percussora-da-sustentabilidade-eficaz. Acesso em: 23 dez 2024.
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