Sem dúvida que a mudança de paradigmas, da Modernidade para a Pós–Modernidade, produziu inúmeras alterações em toda a sociedade. As grandes modificações ocorreram nas estruturas das famílias; na teoria do conhecimento, a emergência da interdisciplinaridade; no direito positivo, a centralização da pessoa humana. Estas mudanças geraram uma modificação no enfoque da ciência jurídica, tanto na prática como na teoria.
Passou a ocorrer uma interação entre as diversas ciências sociais, como o Direito e a Sociologia; o Direito e a Filosofia; o Direito e a Psicologia. As interfaces, as interligações mutualistas, entre os diversos ramos do Direito Civil, também são uma constante neste momento atual, como diz Flavio Tartucce, mestre em Direito Civil Comparado. As mais marcantes são as interações entre o Direito de Família e o Direito das Obrigações.
A Responsabilidade Civil tem incidido nas relações familiares, seja nas relações da PARENTALIDADE (entre pais e filhos), seja nas relações de CONJUGALIDADE (entre marido e esposa ou companheiro e companheira). Entre pais e filhos, um dos temas mais debatidos pela civilística nacional se refere a tese do abandono afetivo, abandono paterno – filial ou teoria do desamor.
Entra em debate, amplamente, se o pai que não convive com o filho, dando- lhe afeto ou amor, pode ser condenado a indenizá-lo por danos morais. Nas relações conjugais, o tema da responsabilidade civil na matrimonialidade tem permeado as manifestações jurisprudenciais com uma enorme quantidade de variações.
Agora, com o fim da averiguação da culpa, como causa ao fim do casamento - Emenda Constitucional n. 66 de 13/07/2010 - a evolução jurídica é flagrante, pois se deixa de lado a busca de questões de ressentimentos e mazelas do casal que em nada acrescentavam ao direito.
De outra parte, ilustres juristas como Inácio de Carvalho Neto afirma que cada um quer ser indenizado pelo “ prejuízo” sofrido em nome do amor que acabo e, assim, o dinheiro torna-se pleno de significações simbólicas. Transforma-se em prêmio e castigo que as pessoas feridas não hesitam em usar para dar vazão ás suas mais inconfessáveis emoções.
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