RESUMO: Um paciente que é o portador de colostomia é uma pessoa que passou por intervenção cirúrgica para promover o desvio do fluxo intestinal da sua trajetória real. Constituem diversos motivos para instalação da colostomia, incluindo a patologia, traumas entre outros. Objetivo deste estudo foi descrever a problemática enfrentada pelos pacientes colostomizados no que se refere: os direitos, vida social, preconceitos e rotina com o dispositivo. O estudo se deu por meio de pesquisa bibliográfica realizada em 2016.
Palavras-chaves: Bolsa Coletora. Colostomia. Dispositivos.
ABSTRACT: A patient who is the colostomy patients is a person who has undergone surgery to promote the diversion of the intestinal flow of your actual path. Are several reasons for installation of the colostomy which includes the pathology and trauma of different kinds due to an adverse situation, which may be through a disease and trauma, among others. This study aimed to describe the problems faced by colostomy patients regarding: rights, social, prejudice and routine with the device. The study was through bibliographical survey in 2016.
Keywords: stomata; confronting; collection bag.
1. INTRODUÇÃO
O Decreto número 3.298 de 20 de dezembro de 1999, no Artigo 19 º, diz que os dispositivos coletores devem ser distribuídos gratuitamente aos pacientes Ostomizados; Lei 5.296, de 2 de dezembro de 2004 no Artigo 5º diz que os portadores de ostomia são classificados como deficientes físicos; nos termos do Artigo 30º da Lei n.º 9.250/95, os pacientes com ostomias são qualificados para receberem diversos benefícios que ainda são desconhecidos por inúmeras pessoas, tais como: Quitação da casa própria, auxílio doença, saque do PIS e do FGTS entre outros (INCA, 2014).
Estoma é uma palavra proveniente do grego, que significa a ligação entre um órgão e o seu exterior. Pode ser um tratamento temporário ou definitivo, sendo indicada na terapia de várias doenças, como as neoplasias do colo e do reto, diverticulite e patologias no intestino, tanto por infamação, quanto por trauma, perfuração abdominal acidental, PAF (perfuração por arma de fogo), PAB (perfuração por arma branca), entre outros (BARBUTTI; SILVA; ABREU, 2008; SILVA; FIGUEIREDO; MEIRELES, 2009; STUMM, OLIVEIRA ; KIRSCHNER, 2008).
Uma pessoa estomizada é aquela que possui uma abertura cirúrgica, mutilante e na maioria dos casos traumática, causando diversas alterações biopsicossoais nos pacientes (MAURICIO, SOUZA; LISBOA, 2013; PITTMAN, 2011).
Tratando-se de uma intervenção invasiva e exposta, os estomizados esbarram em um grande problema ao enfrentar estes novos fatos, que envolve os aspectos: físicos, psíquicos, sociais, espirituais, econômicos, culturais, jurídicos e sexuais destes clientes (BELLATO et AL; 2006; SILVA ., SHIMIZU, 2006; SALIMENA, 2007; SANTOS CESARETTI, 2005).
Contudo, essas pessoas compõem uma fração de clientes que têm sua concepção alterada, principalmente pela mudança causada no corpo por conta da existência do estoma. Apesar das modificações na rotina alimentar e da higiene, tem também a adaptação do uso do dispositivo, evento este, que favorece a diminuição da autoestima levando a reclusão social (GEMELLI ; ZAGO, 2005).
Desta maneira, a experimentação de se ter um estoma é entendida como um evento traumático e agressivo pelo mérito das privações reais e fictícias, que acarretam mudanças fisiológicas e perda da eficiência de produção (SILVA & SHIMIZU, 2006; SONOBE, BARICHELO & ZAGO, 2002; CASCAIS, MARTINI; ALMEIDA, 2007).
Para os clientes estomizados por ocorrências de traumas, a circunstância tende a ser pior, porque, além da diferença clínica por consequência das lesões e gravidade, ainda existe a aceitação de uma nova realidade cheia de abdicações em sua rotina, dificultando a admissão de mudanças necessárias para se ter qualidade de vida (FRAGA, MANTOVANI ; MAGNA, 2004).
Fora o incômodo, ainda tem o aumento das despesas com fármacos, coletores e materiais indispensáveis para o autocuidado, assim como, alterações na rotina, na alimentação e o confronto de fatos psicológicos e embaraços em seu próprio lar e com amigos.
Portanto, esta pesquisa se justifica pela relevância de se conhecer e entender as pessoas com estomias, entendimento este, que vai muito além dos rotineiros causados por seu estado, mas tudo aquilo que envolve a sua convivência social.
2. OBJETIVO
Descrever por meio de uma revisão bibliográfica o convívio dos pacientes estomizados em relação ao meio em que está inserido.
3. METODOLOGIA
Refere-se a uma revisão narrativa de literatura por meio de revisão bibliográfica. A escolha pela revisão narrativa se deu pelo motivo de ser uma maneira racional e apropriada para se conseguir pesquisas sobre recursos e conhecimento na área da saúde. Os estudos científicos foram pesquisados nas bases de dados Scielo, Lilacs, Medline.
Os critérios de inclusão dos artigos foram os estudos científicos publicados em periódicos. Palavras chave: Colostomia, Bolsa Coletora, Dispositivo.
Após a seleção dos estudos, foi feita o registro de todo o material que posteriormente foi realizada uma analise descritiva a fim de estabelecer uma compreensão e ampliar o conhecimento sobre o tema pesquisado.
4. DESENVOLVIMENTO
4.1 Pacientes Estomizados e sua convivência com o Dispositivo
Atualmente no Brasil, nota-se um aumento no número de pessoas estomizadas, por conta da elevação das doenças que levam ao estoma, como as neoplasias do colo retal e as patologias inflamatórias do intestino. Conjuntamente, destaca-se um imenso número de estomas caudados por traumas, seja ocasionado pela violência urbana ou pelos acidentes de automóveis. Este elevado índice correlaciona com as novas tecnologias, pois os estomas são usados para prolongar a vida e possibilitar a cura (SANTOS, 2007; TEIXEIRA, 2008).
Observa-se, assim, uma significativa alteração no perfil epidemiológico dos acometidos, porque, na sua grande maioria, estas vítimas de violências são jovens (MAIOR 2005).
Logo, essas pessoas costumam procurar o mais rápido à readaptação para o retorno à vida social para dar continuidade aos objetivos deixados, incluindo o laboral. Sem dizer que, com a elevação da probabilidade de vida e a aposentadoria tardia, também procuram manter-se nas atividades sociais e trabalhistas (SANTOS, 2007).
Contudo, a existência de pessoas estomizadas torna-se mais comum em nosso meio, e a necessidade de instruir estas se faz necessário. Eles devem ser orientados a respeito dos aspectos que abrangem a vida social, onde, se destaca a prudência com a estomia, periestoma, alimentação, a vida sexual, a maneira de se vestir, exercícios, entre outros (MAURICIO, 2011).
Mesmo com diversas dificuldades, a inclusão ao trabalho é de extrema importância para a reabilitação, porque esta atividade social liga as pessoas, reinserindo-os em sua comunidade (ZERDA-SARMIENTO, 2012), assegurando-os em sua sobrevivência.
Todavia, podemos perceber também que um grande índice de pessoas estomizadas experimenta alterações ou tem problemas para voltar a se divertir, em diversos casos não voltam a estas práticas e quando fazem é simplesmente casual, talvez por não se sentir a vontade com os dispositivos, ou mesmo, por medo de problemas intestinais (CASCAIS, MARTINI ; ALMEIDA, 2007).
Dessa forma, é necessário que o profissional de saúde envolvido proporcione um modo, no qual, o cliente possa falar de seus medos, permitindo que ele expanda seus horizontes. Esses clientes e seus familiares podem ter dificuldades neste entendimento precisando de ajuda nesta situação (BORWELL, 2009).
O questionamento da equipe multidisciplinar de saúde a respeito da integração laboral dos estomizados, precisa se concentrar no argumento de que qualquer atividade a ser praticada tem que ser levado em conta estas particularidades, para que a saúde destes clientes não seja prejudicada. Logo, as atividades indicadas devem evitar a exposição do estoma ao calor excessivo e ao uso de força física fora do normal, onde, aliado a uma cirurgia incorreta, pode ocasionar um prolapso ou herniação (MENDONÇA et AL; 2007).
As pessoas com estomas frequentemente passam por grandes complicações na volta ao trabalho, porque não se sentem seguras para dar continuidade em suas práticas ao mesmo tempo em que cuida de seu estoma. Desse modo, alguns terminam se aposentando por se achar inválido, o que caracteriza um problema na economia desses clientes quando são provedores de suas famílias, podendo causar um desequilíbrio no nível econômico, além de desencadear problemas psicológicos (BARROS, SANTOS ; ERDMANN, 2008).
Além do mais, as pessoas com estomas encontram-se repetidamente frente a outras situações constrangedoras, como, barulho, ruídos por conta de gazes, bem como a possibilidade de mau funcionamento do dispositivo e a qualidade deste, podendo extravasar provocando receio de se expor em público (GEMELLI ; ZAGO, 2002).
Com isso, um fato muito relatado pelos estomizados é a extinção da função do esfíncter, que restringe a contenção de expulsão de gases e fezes (MIRANDA et al., 2014).
A pessoa portadora de estoma, ao reparar uma provável condição de discriminação, retira-se prematuramente do convívio social. É um subterfúgio usualmente praticado para fugir de um ato discriminatório por conta de sua condição física e também do sentimento de compaixão (SILVA ; SHIMIZU, 2006). Sendo uma situação de enorme impacto, pelas mudanças em sua rotina, hábitos e por sofrer mudanças nos relacionamentos interpessoais, à existência do estoma leva a pessoa a conviver e enfrentar uma nova condição de vida. Encontram-se expostos a sua deformidade, vivenciam sentimentos de baixa autoestima, como também, é a fase em que percebe a realidade da mudança e limitação de sua rotina.
O conhecimento sobre o cuidado deve ser observado nos estomizados, especialmente aqueles com histórico de traumas, tendo uma visão global, articulando familiares e sociedade no cuidado ao vitimado, bem como, correlacionando à viabilização e a assistência integral. (MIRANDA et al., 2014).
CONCLUSÃO
Este trabalho viabilizou uma revisão bibliográfica a respeito da discursão dos dispositivos utilizados na colostomia e a forma de melhorar a qualidade de vida do paciente.
A pesquisa evidenciou a importância da qualidade no cuidado realizado pelos profissionais de saúde, assim como, a ação de facilitar as informações acerca da intervenção cirúrgica, entre outros fatores, objetivando restabelecer a rotina de vida destes pacientes.
Apesar das pessoas colostomizadas passarem por uma intensa alteração nos seus hábitos de vida e de enfrentarem dificuldades, cabe ao Enfermeiro prescrever e auxiliar esses pacientes para que possam utilizar da melhor forma os dispositivos usados na colostomia, proporcionando uma melhor qualidade de vida. Este estudo evidenciou que quando o dispositivo utilizado na colostomia é corretamente indicado pelo Enfermeiro, o paciente pode desempenhar suas atividades diárias de forma autônoma, melhorando assim, sua vida como um todo.
REFERÊNCIAS
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Enfermeiro Especialista em: Urgência e Emergência e Docência do Ensino Superior
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: SOUTO, Giancarlo Rodrigues. Pacientes portadores de colostomia: direitos, vida social, preconceitos e rotina com o dispositivo Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 25 nov 2016, 04:30. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/47853/pacientes-portadores-de-colostomia-direitos-vida-social-preconceitos-e-rotina-com-o-dispositivo. Acesso em: 25 nov 2024.
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