Murilo Sudré Miranda
(orientador)[1]
RESUMO: O presente estudo parte de um conceito subjetivo do trabalho pelo capital, destacando seu aspecto coletivo. Tendo como objetivo verificar as relações mais produtivas, em uma linha de produção do capital nas relações instáveis e ambíguas marcadas pelo paradoxo, que notadamente tem reflexos nas relações de trabalho. Enfatizando a crítica sobre as novas tendências no ambiente de trabalho e sua reestruturação produtiva do século XXI com destaque para o avanço do toyotismo. E assim demonstrar que o trabalho e a subjetividade revelam as influências de uma nova modalidade no mercado.
Palavras-chave: Subjetividade do Trabalho. Reestruturação produtiva. Tendência produtiva.
ABSTRACT: The present study starts from a subjective concept of the work by the capital, highlighting its collective aspect. With the objective of verifying the most productive relations, in a production line of capital in the unstable and ambiguous relations marked by the paradox, which notably has reflexes in labor relations. Emphasizing the criticism about the new tendencies in the work environment and its productive restructuring of the 21st century, highlighting the advancement of toyotism. And thus demonstrate that work and subjectivity reveal the influences of a new modality in the market.
Keywords:Subjectivity of Work.Productive Restructuring.Productive trend.
INTRODUÇÃO
O objetivo é esclarecer as formas e os mecanismos internos da lógica do toyotismo que consensualmente a torna mais atrativa, e o que a torna envolvente em seus atos manipulatórios. Essa nova constituição de mercado, acontece devido a este intenso processo de controle subjetivo do trabalho. Deste modo, identificamos o novo caráter da precarização do trabalho que surge com a nova precariedade salarial vigente no capitalismo global.
No Século XX, inicia uma nova formação da sociedade do trabalho pelo capital, uma nova maneira de harmonização que constitui um sistema de subjetividade de captura deste, não sendo compreendidos sem ter como referência o pensamento marxiano, sobre a subjetividade humana, pouco conhecida, carece de um estudo amplo, explícito e sistemático, onde não esboçaremos uma reflexão mais completa de sua filosofia, mas na crítica, também, na compreensão da referida questão.
Vale ainda ressaltar que se apoia na conexão entre subjetividade e objetividade, entre sujeito e objeto, inquirindo se há um determinismo da objetividade sobre a subjetividade, demonstrando duas determinações contraditórias no interior do pensamento marxiano, comprometendo, suas reflexões acerca, da crítica à filosófica, ou seja, de sua filosofia sobre a subjetividade humana.
A análise mostra-nos que o trabalho, na condição de lugar de realização de pratica e de atualização da subjetividade do homem, constitui o núcleo entre os eventos da atividade humana, a mudanças profundas alteram significativamente o modo produtivo e revela as influências de uma nova modalidade no mercado, “empresa enxuta” ou “flexível”.
Essas características estão modificando o modo produtivo e, mais do que isso, a relação do trabalhador com o seu trabalho. A partir disso, estamos transitando da sociedade do trabalho da reprodução de capital, para uma sociedade industrial, taylorista/fordista, mobilizando as enormes massas de trabalhadores e os empurrando para uma divisão técnica do trabalho que lhes reservava tarefas simples e repetitivas, mas, com conhecimentos amplos, para produzir um bem, que possa deixar os seus (adquirentes) consumidores, feliz com a sua aquisição, porque estão sendo atendidas as suas necessidades, ou seja, suas expectativas de consumo, produzindo bens de capitais melhores qualidades.
1 A SUBJETIVIDADE DA ATIVIDADE LABORAL
A subjetividade do trabalho discute sua importância e o modo como apreendê-la nas organizações e mercado, de acordo com o sistema capitalista, partir de uma abordagem conhecida como psicodinâmica do trabalho, ou seja, a percepção de que o trabalho tem consequências sobre a saúde dos indivíduos. Exemplo disto é o clássico Tempo Modernos, de Charlie Chaplin, onde se apresenta muito bem a sensível a degradação física e mental provocadas pela implementação do modelo taylorista/fordista sobre os trabalhadores, que relataram a forma do trabalho na linha de montagem, evidenciando os futuros psicológicos, que poderia vir a acontecer com a perca de seu trabalho, sem se falar dos atos repetitivos das linhas de montagens adotados em sistemas semelhantes, onde os funcionários ficavam sempre nas mesmas funções, não tendo a oportunidades de conhecer o sistema como um todo, ocasionando em danos a saúde de seus empregados, surge então os problemas de ordem física, o mais comum, é a lesão causada pelo desempenho de atividade repetitiva e contínua. Isso significa privilegiar uma determinada ótica, ou seja, aquela que articula sofrimento e saúde no trabalho.
A teoria da administração ate hoje, reproduz as condições de opressão do homem pelo homem, seu discurso muda em função das determinações sociais. Apresenta seus enunciados parciais (restritos a um momento dado do processo capitalista de produção) tornando absolutas as formas hierárquicas de burocracia da empresa capitalista [...] dissimula a historicidade de suas categorias [...] constitui-se na mais sofisticada representação ideológica produzida pela pequena burguesia intelectual (grifos nossos).
Mas é importante destacarmos a importância da problemática na operação de captura da subjetividade, ou seja, esta não ocorre de fato, pois estamos lidando com uma operação de produção de consentimento em sua unidade orgânica de pensamento, que se desenvolve de modo que permanece durante longo tempo, sem resistências e lutas cotidianas, sendo um processo intrinsecamente contraditório e densamente complexo, que articula os mecanismos de consentimentos e de manipulação, não sendo apenas no local de trabalho, mas nas instancias sócio produtivos, pelo modo que as mobiliza por meio da consciência e pré-conciência do psiquismo humano.
Verifica-se então, uma transformação significativa do sujeito do trabalho na sua relação com a produção. Deste modo, a precarização do trabalho, ocorre, sob o capitalismo global, ampliando o sentido da mera força de trabalho como mercadoria, mas também, de uma nova “precarização do homem”, no sentido de desefetivação deste como ser genérico. O que significa que o novo metabolismo social do trabalho implica não apenas tratar de novas formas de consumo da força como mercadoria.
A nova redefinição categorial do conceito de precarização do trabalho contribuirá para expor novas dimensões das metamorfoses sociais desse mundo, salientando, nesse caso, a dimensão da barbárie social contida no processo de precarização nas condições da crise estrutural do capital.
2 TOYOTISMO
Nas relações produtivas o novo sistema de produção revelado no Japão denominado Sistema Toyota de Produção, ou toyotismo, por ter sido primeiramente desenvolvido nas indústrias Toyota, dada a sua filosofia de produzir cada vez mais com menos.
A reestruturação produtiva do capital foi marcada por grandes inovações, que alteraram o sistema de produção em seus vários seguimentos setoriais da indústria, aqui destacada primeiramente a automobilística, por estarmos seguindo como exemplo o sistema japonês de produção. Mas que devido o grande sucesso, foi seguido, por diversos seguimentos industriais e de serviços, e serve como exemplo de modelo no campo organizacional, e no processo de racionalização do trabalho capitalista, com a introdução de novos modelos produtivos, este muito lento e desigual, procedendo em sua maior parte de produção em massa no século XX, alterando de modo significativo a vida social, e as condições de produção, atingindo de forma diferenciada vários países nos setores de empresas de serviços ou indústrias.
Consistindo no novo espírito da racionalização capitalista no local de trabalho, tende a agir sobre o trabalho organizado e sua subjetividade, empobrecendo-a e buscando aos interesses da reprodução do capital como sistema sócio-metabólico. Ele se expressa com mais intensidade, mais dinamismo na acumulação de capital, o que significa que, por exemplo, o toyotismo assume sua forma mais desenvolvida nas grandes empresas, ocasionando um desenvolvimento desigual e combinada, articulando-se com as formas de racionalizações do capital. Na verdade, este as inclui, pois não deixa de ser parte delas.
Articula-se para a consecução de seus dispositivos organizacionais contingentes, através da construção de uma subjetivação específica, própria de um precário mundo do trabalho. A subjetividade capturada do toyotismo se constitui não apenas no local de trabalho, mas principalmente nos espaços da reprodução social. É uma subjetividade alucinada, atingida pelo estresse, imersa nesta implicação contraditória da relação-capital, e tende a instaurar um estranhamento pós-fordista, que possui uma densidade manipulatória maior do que em outros períodos do capitalismo monopolista.
O toyotismo também pode ser denominado de acumulação flexível, devido à crescente terceirização no processo de produção, por se tornar mais viável pagar para que outra empresa realize um serviço, do que custear toda a produção em uma única corporação, abrangendo assim, uma crescente na taxa de desemprego e corroborando para a criação de uma reserva de trabalhadores, ocasionando a redução de seus salários, além de acrescer a precarização do trabalho.
Esse modelo japonês é caracterizado por romper com o padrão fordista de produção em massa, que se destacava pela estocagem máxima de matérias-primas e de produtos maquino faturados (é um sistema de fabricação de grande quantidade de produtos, onde havia a divisão social do trabalho e algumas máquinas que precisavam do homem).
Através deste novo método produtivo, a fabricação passou a valorizar uma maior eficiência do que um quantitativo de funcionários. Sua produção segue os padrões para melhor atender os consumidores, ou seja, a produção vai de acordo com sua demanda. Neste modelo, a importação as matérias-primas utilizadas, bem como a fabricação do produto se dão de forma conjunta, observando os pedidos dos consumidores, tendo que seguir um prazo de entrega pré-estipulado. Assim sendo, a demanda sempre será maior do que a oferta de produtos, acarretando uma minoração dos produtos em estoque, diminuindo ainda, a probabilidade de prejuízos por parte dos investidores.
No ambiente de trabalho do sistema, o empregado é desafiado continuamente, não além das exigências das indústrias, essa reestruturação é sustentada no envolvimento dos trabalhadores, com as obrigações da produção em equipe, sendo aprimorados os procedimentos em sua produção. Em sua produção de capital, busca não apenas o simples fazer, mas estimula a capacidade dos trabalhadores, em sua disposição intelectual, constituída para operar com as lógicas de valorização, onde alimenta o pensamento proativo e encontra soluções de problemas que possam vir a acontecer, dispensando outras estratégias de produção diversas, como feito em outros sistemas, os funcionários são estimulados a raciocinar mais durante o trabalho, gerando mais possibilidades de produção, principalmente depois de superada sua crise de adaptação.
Uma disparidade em comparação ao sistema fordista relacionado aotoyotismo demonstra que neste ultimo todas as atividades que requeriam movimentos repetitivos ou que ofereciam riscos aos trabalhadores eram realizadas por robôs e esses vieram a substituir grande parte dos postos de trabalho, favorecendo a diminuição dos custos de produção.
A vertente desse sistema, leva a linhas de montagem não estáticas, pelo contrário, bastante flexíveis, podendo ser modificadas constantemente segundo os interesses do momento. A produção flexível tem como objetivo alcançar os anseios do mercado de capital, o desenvolvimento desse tipo de produção conduziu a uma diminuição nos estoques de matéria-prima e de outros suprimentos usados, substituindo a produção fordista, pois o modelo de produção e distribuição em massa não atendia os requisitos das perspectivas industriais modernas.
Nessa perspectiva, a tendência é de um mercado cada vez mais competitivo que requer uma produção com baixo custo e com elevada qualidade para atender os anseios do mercado de capital, através do uso de controle visual em todas as etapas de produção como forma de acompanhamento e controle do processo produtivo, obtendo a implantação de um sistema de qualidade plena em todas as etapas produtivas, além da qualidade elevada da mercadoria, evitando o desperdício de matérias-primas e tempo.
Com isso, a aplicação do sistema Just in Time, ou seja, produzir somente o necessário, no tempo necessário e na quantidade necessária com a utilização de pesquisas de mercado para adaptar os produtos às exigências do local de capital.
Assim, uma das técnicas mais utilizadas por esse modelo industrial foi o Just in time, que significa “em cima da hora”, em tradução livre. Esse modelo funciona na combinação entre os sistemas de fornecimento de matérias-primas, de produção e de venda. Assim, apenas a matéria-prima necessária para a fabricação de uma quantidade predeterminada de mercadorias é utilizada, que deve ser realizada em um prazo já estabelecido, geralmente muito curto.
Nos últimos vinte anos, o avanço do espírito do toyotismo tem sido significativo na produção do capital, o desenvolvimento dos nexos contingentes dele criou uma nova concepção operária pela lógica do capital, pressupondo um conjunto de contrapartidas dadas aos sindicatos e aos trabalhadores das grandes empresas, em troca e seu engajamento na produção.
Assim, é perceptível sua capacidade de mediar, num complexo institucional, organizacional e relacional, a constituição do capital pelo trabalho assalariado. Por outro lado, estimula o comprometimento operário, através da pressão coletivamente exercida pela equipe de trabalho sobre todo elemento, a eficácia do conjunto do sistema não é mais garantida pela rapidez da operação do operário individual em seu posto de trabalho, tal como no fordismo, mas, pela integração, ou engajamento estimulado, da equipe de trabalho.
O novo modelo de gestão do trabalho incorpora movimentos de inovações tecnológicas do capital e das possibilidades técnicas abertas naquilo que vem ser denominado por doutrinadores de ‘’quarta revolução tecnológica’’. Dessa forma, a subjetividade do trabalho aqui mencionada significa as novas formas de jornadas e contratos de trabalho, de remuneração e trabalhos em equipes, que sustentam esse modelo, que amplia os mecanismos de incentivo à participação e envolvimento de empregados na solução de problemas no local de trabalho, isso traduz o significado da “subjetividade” pois esta será constituída pelas instâncias psíquicas da consciência/pré-consciência e inconsciente.
3 FLEXIBILIZAÇAO DO TRABALHO
A diferença qualitativa neste novo modelo, com respeito às formas pretéritas de racionalização da produção capitalista, não se restringe apenas o fazer e o saber operário que são capturados pela lógica do capital, mas a sua disposição intelectual afetiva que é constituída para cooperar com a lógica da valorização. Cria-se, deste modo, um ambiente de desafio contínuo, onde o capital não dispensa, como fez o fordismo, o espírito operário. Aliás, não é que, sob o fordismo, o operário na linha de montagem convencional não pensasse, na nova planta produtiva, baseada no “espírito do toyotismo”, combina ampliação do maquinário moderno técnico-científico, na intensa exploração do trabalho, aumento da informalidade e perda de direitos, e é capaz de se apropriar ainda mais efetivamente do intelecto do trabalho, utilizando conceitos cada vez mais presentes na realidade do trabalhador.
As células produtivas, o trabalho em equipe, os círculos de controle de qualidade, e as multifuncionalidades, as metas e as competências, os ‘colaboradores’, os ‘consultores’, os ‘parceiros’ são denominações cuja substância, se encontra na razão inversa de sua nomenclatura. De fato, interessa salientar a afinidade compositiva entre e vigência da acumulação por espoliação, principalmente no plano do metabolismo social. A natureza dessa modalidade apresentando uma visão da totalidade social concreta dentro da qual surgiu o novo complexo de reestruturação produtiva do capital.
Se trata do tempo de trabalho e seu forte processo de transformação e os seus efeitos mais perceptível desse movimento, que está em sua flexibilização, com a implantação de novas formas de compensação da jornada e do aumento dos chamados tempos incomum de trabalhos. As individualizações dos tempos de trabalho levam ao surgimento de uma pluralidade de novos tempos laborais, minoração na oferta de vagas de empregos, observando-se que o processo de trabalho também se flexibiliza e no decorrer da produção o mesmo funcionário realiza diversas atividades, contrário ao fordismo, onde o trabalho era mecanizado e repetitivo. Isto corroborou para majorar o desemprego no setor secundário da economia, onde os empregos concentram-se mais na distribuição das mercadorias do que na cadeia produtiva.
O método flexível de mecanização, no sistema capitalista, para se tornar mais lucrativo, vem se aperfeiçoando em tecnologia, diminuindo em massa a mão de obra humana, voltando para a produção somente do necessário, evitando ao máximo o excedente, buscando se ajustar a demanda do mercado, utilizando o uso de controle visual em todas as etapas de produção como forma de acompanhar e controlar o processo produtivo. Além da alta qualidade dos produtos, busca-se evitar ao máximo o desperdício de tempo e matérias-primas.
Aplicação do sistema just in time, ou seja, ‘‘sistema de administração de produção que determina o que devemos produzir, transportar ou comprar na hora certa’’,a fim de produzir somente o essencial, no tempo e na quantidade necessária, que poderia ser produzido após a realização de suas vendas, onde hoje na maioria das indústrias faz como ferramentas o uso de pesquisas de mercado para adaptar os produtos às exigências dos clientes, se colocando em total sincronia com outros tempos sociais da família, seja no descanso, lazer, educação, etc.
Todo esse processo objetiva suprir as necessidades do mercado, evitando assim o desperdício de matéria e acumulação de estoques nas indústrias, ocasionando obviamente menos gastos, e intensificação do tempo de trabalho, sobretudo a partir, de quando se difundem novas mudanças tecnológicas, organizacionais e de gestão, que se somam às antigas manifestações. Desse modo a globalização do capital, não pode mais ser reduzida às condições históricas, exigindo um novo tipo de envolvimento operário, e, portanto, uma nova subordinação formal-intelectual do trabalho ao capital, com as novas estruturas da concorrência capitalista no cenário de crise de superprodução.
4 REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA
A reestruturação produtiva vêm ocorrendo nas sociedades capitalistas, há pelo menos três décadas, decorrente da crise iniciada na década de 70, com a queda da taxa de lucro do capital, nos países centrais, provocando baixo crescimento da produção, repercutindo no mundo do trabalho, com o crescente desemprego, que mais se evidencia, na crise de acumulação do capital, dado a acentuada tendência da taxa de lucro, e o esgotamento do padrão de acumulação taylorista/fordista de produção.
No que diz respeito à crise de identidade, devido ao crescente desemprego, à flexibilização e à terceirização dos serviços. Esta forma flexibilizada de acumulação capitalista, baseada na empresa enxuta, teve consequências enormes no mundo do trabalho. Nesse sistema produtivo os próprios funcionários tinham a incumbência de fiscalizar e verificar os níveis de qualidade dos produtos que eram fabricados, atitude que conduziu a uma queda no surgimento de peças com defeito.
O processo de trabalho e sua precarização no capitalismo global referente à classe de trabalhadores assalariados retrata os dispositivos centrais das organizações institucionais nas inovações da reestrutura do novo processo produtivo de capital, nascendo então um novo nexo psicofísico, capaz de construir e direcionar novas ações e pensamentos de operários e empregados em sua conformidade e com racionalização com a produção.
Mesmo em plenos tempos de novas tecnologias, maquinários, informação e comunicação em rede informacional, o capital continua dependendo, da destreza manual da subjetividade do coletivo humano, que podemos chamar de inteligência coletiva, como um dos elementos essenciais do complexo produtivo. Enquanto for preciso a presença do trabalho vivo no interior do sistema produtivo, o capital possuirá como atributo de si mesmo a necessidade de persistir na criação e instalação de mecanismo de integração do trabalho, e claro, desfazer os momentos de contradições entre a necessidade de capital e as necessidades dos trabalhadores assalariados enquanto trabalho vivo.
O novo nexo psicofísico busca a captura da subjetividade do trabalho com as características que garantem o modo organizacional do sistema capitalista, esse novo método psicofísico busca a adaptá-lo aos novos dispositivos da organizacional mercado. O capital busca reconstituir algo que era fundamental, o nexo psicofísico do profissional qualificado com a participação da inteligência, e iniciativa de trabalho, ou seja, busca romper, o que anteriormente era feito, enfim busca a mobilização para o conhecimento, com captações das atitudes e de valores, estes necessários para o trabalhador exercer com mais efetividade sua função, não apenas no sentindo de produzir, mas vindo a agregar valor.
5 CONFLITOS CAPITALISTAS
Se de um lado temos esse mecanismo de captura do trabalho como uma inovação, tendendo a dilacerar não só em sua dimensão física da corporalidade da força do trabalho, de outro, existe a luta de classes e os conflitos entre capital e trabalho no interior da produção, estes mais dinâmicos, que tende a se deslocar para dimensões do cotidiano do ambiente de trabalho.
O toyotismo, como já mencionado, no que concerne à forma de trabalho em equipe, era orientado a executar a mesma tarefa, exigindo atividades variadas antes atribuídas a diversos setores da linha de produção, onde aproveita-se ao máximo o tempo de trabalho, com redução de postos. Sendo assim, o trabalhador passa a ter domínio e torna-se um empregado multifuncional, como já dito.
Considerando o aumento de trabalhadores, houve melhoria na produção, conforme afirma Matheus Ramos (2015):
Os empregadores também se utilizavam de mecanismos de convencimento e da importância da dedicação de seus colaboradores cada vez maior em prol da empresa, o que pode se tornar uma pressão para o trabalhador. Além disso, os trabalhadores criam mecanismos de controle de qualidade como requisito para que os empregados, agora denominados de “colaboradores”, mantenham-se nos postos e subam na carreira. (RAMOS 2015, online)
Acrescentando ainda que, o capitalismo manipulatório levou a exaustão os recursos de manipulação das instancias intrapsíquicas do homem, pelas quais se constituem os consentimentos espúrios a dominação do capital nas sociedades democráticas. Na medida em que se baseia em atitudes e comportamentos proativos, na construção do novo homem produtivo que utiliza intensidade e amplitude, como estratégias de subjetivação que implica a manipulação incisiva da mente do corpo por conteúdos ocultos.
A utilização de novas tecnologias e de técnicas de trabalho flexibilizados com a noção de jornada que o trabalhador determina a cumprir, busca atingir metas, sempre cada vez mais rigorosas, mesmo que para isso precise se dedicar em prejuízo do descanso legal e do lazer, que, em virtude disso altera a comunicação entre o empregador e empregado, este último podendo ser acessado a qualquer hora do dia, mesmo em local distante da sede da empresa, outra circunstância a ser mencionada, é a perda, de certa forma da estabilidade, ante o processo de produção que privilegia a terceirização de alguns serviços relacionados a fabricação, contratando apenas aqueles funcionários que mais se dedicavam para empresa.
Por estes motivos, verifica-se que o modelo toyotista, assim como o fordismo, também causou malefícios ao trabalhador, fazendo-se valer a máxima que os empregadores, na verdade, estão preocupados em seus lucros, nem que para isso haja um excesso na exploração do proletariado. Neste sistema, podemos observar que as principais consequências foram: descentralização e terceirização do sistema produtivo, redução do proletariado estável.
Marx explica esses conflitos com a seguinte afirmação:
O modo de produção capitalista desenvolveu-se pelo mundo pela constituição de métodos de produção da mais-valia no interior dos qual o capital busca resolver as contradições que surgem da perpetua necessidade de autovalorização do valor na seção V de o capital, intitulado "a produção mais-valia relativa" Marx caracteriza os métodos de produção de mais-valia relativa como sendo a cooperação, a manufatura e a grande indústria (ALVES, Giovanni apud MARX 2016, p. 33).
6 CONCLUSÃO
A constituição técnica na produção de mercadorias tem promovido grandes alterações no processo de produção de capital e processo de trabalho em seu modus operandi de controle do trabalho capitalista, abrangendo novas possibilidades de integração dos sistemas de produção de capital.
Vivemos em uma época em que o cenário econômico e empresarial está cada vez mais acirrado, onde as empresas são cada vez mais competitivas. Com as novas tecnologias e a exigência de maior criatividade e inteligência no ambiente de trabalho, os indivíduos tornaram-se a pedra angular da reestruturação produtiva, nesse contexto fático, as empresas buscam uma maior automação da produção, além de também procurar funcionários mais qualificados.
O trabalhador com maior formação torna o trabalho mais eficaz e produtivo, pois através de suas atitudes, conhecimentos e habilidades pensa e agi melhor, baseado em métodos de produção e venda que requer um bom domínio de novas máquinas e equipamentos assim como de uma visão ampla de processos produtivos tornando cada vez mais dependentes de inovações tecnológicas e um ajuste adequado à questão ambiental, de sustentabilidade.
Nessa nova dinâmica do capital, o papel do trabalhador é produzir idéias, resolver problemas e criar soluções, esse é o novo paradigma para se pensar o trabalho no século XXI, o trabalho mecânico e repetitivo está sendo abolido e sendo substituído pelo trabalho lúdico, intelectual, criativo.
Concluindo que a grande inovação organizada no espírito toyotista, em sua ideologia orgânica, e nova reestruturação produtiva do capital se espalha nas empresas. Neste tempo, é notório à desregulamentação das condições e dos direitos trabalhistas, isto requer novas adaptações estruturais tanto na legislação com na atuação das próprias empresas.
REFERÊNCIAS
ALVES, Giovanni. Trabalho e Subjetividade. São Paulo: Boitempo, 2016.
FREITAS, Eduardo de. Taylorismo e Fordismo. Fonte: http://www.mundoeducacao.com/geografia/taylorismo-fordismo.htm. Acessado em 10 de maio de 2017, às 10h59min.
GUIA DA CARREIRA. O Fordismo e a Revolução da Administração de Empresas. Fonte: http://www.guiadacarreira.com.br/artigos/gestaoeadministracao/fordismo-revolucao-administracao-empresas/. Acesso em 11 de maio de 2017, às 10h54min.
PENA, Rodolfo F. Alves. Toyotismo e acumulação flexível. Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/geografia/toyotismo-acumulacao-flexivel.htm. Acesso em 16 de maio de 2017, às 10h58min.
RAMOS, Matheus. Fordismo e toyotismo: Suas principais características, com uma análise das precárias relações de trabalho. Fonte: https://matheusramosribeiro.jusbrasil.com.br/artigos/202589865/fordismo-e-toyotismo-suas-principais-caracteristicas-com-uma-analise-das-precarias-relacoes-de-trabalho. Acesso em 22 de maio de 2017, às 12h19min.
[1]Orientador: Advogado. Professor de Direito da Faculdade Católica de Tocantins – FACTO.
Acadêmico do curso de Direito da Faculdade Católica do Tocantins.
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: JUNQUEIRA, Jose Divino. Captura da subjetividade do trabalho pelo capital Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 06 jun 2017, 04:30. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/50227/captura-da-subjetividade-do-trabalho-pelo-capital. Acesso em: 22 nov 2024.
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