Estou em férias. Um direito e necessidade de todos, mas algo bem mais simples e seguro de se tirar no serviço público. Na iniciativa privada, conheço vários amigos que ficam estressados imaginando se não serão demitidos logo após seu retorno.
Graças ao concurso, minhas férias são mais tranqüilas. Não totalmente, pois ainda tenho outros objetivos a contemplar.
Minhas férias possuem um objetivo tríplice: descansar, trabalhar no novo livro (oratória) e viajar para as diversas palestras de lançamento do livro “a arte da guerra para concursos” que marquei pelo país afora. Por conta do descanso, fui para Armação de Búzios, famoso balneário no Rio de Janeiro. Mais especificamente, fui para a praia da Ferradura, e passei lá três dias. Voltei, fiz mais palestras, escrevi mais um pouco e volto pra Búzios semana que vem.
E por qual razão uma coluna vem falar desses assuntos para quem talvez esteja sem tempo, férias ou grana para ir a Búzios ou qualquer outro lugar legal? Ou para quem férias seja um desejo distante?
Não estou tirando onda. Se fosse para tirar, estaria em Búzios. Estou aqui para lhe animar, falando sobre as férias que você vai merecer, lá. Ou em outro lugar que preferir.
Escrevo exatamente para que você visualize isso, deseje isso e saiba que é algo que pode ter daqui a algum tempo. E se este tempo for alguns poucos anos, e daí? Vale a pena assim mesmo.
Claro que durante a preparação para os concursos públicos você precisa encontrar espaço para descanso periódico e, se der, uma pausa um pouco maior uma ou duas vezes por ano. É a questão do “dia de descanso”, que abordo no livro “Como passar em provas e concursos”: um dia, ou ao menos meio turno de um dia por semana, é bom ficar parado, ou em lazer, com descanso, pois essa prática aumenta sua produtividade. Isso já está escrito no Livro de Êxodo, na Bíblia, nos Dez Mandamentos, mas também é ensinado por Domenico De Masi, na obra “O ócio criativo”. Assim, mesmo que você, ao contrário de mim, não creia que Deus tem boas dicas, siga as dicas do moderno filósofo italiano que recomenda um pouco de ócio. São as mesmas.
Claro que esse “ócio” pode ser bem aproveitado, com família, diversão etc. Não digo com atividade física, pois ela precisa ser feita pelo menos duas a três vezes por semana para ser produtiva e positiva. Aos sedentários, recomendo o “WDPTS – The William Douglas Personal Training System”, disponível gratuitamente na minha página pessoal.
Aviso já recebi agradecimentos de um marido de concursanda, dizendo que a vida do casal melhorou depois que sua mulher começou a seguir a dica do “dia de descanso”. Funciona, experimente. E tenho recebido cartas de concursandos que estão no WDPTS e sentindo seus efeitos positivos. Alguns informam quantos quilogramas emagreceram. O recorde é 15 kg.
Mas voltemos ao assunto: assim como recomendei uma visita a Bento Gonçalves/RS, no artigo “Vinho e concurso público”, agora recomendo Búzios/RJ.
Os vencimentos de servidor público não permitem que você tenha uma casa na Praia da Ferradura. Não dá, já conferi. Mas dá para pagar uma pousadinha bem legal, já conferi também. E vale a pena. O lugar é lindo, aliás, a cidade toda é uma pérola.
Até passar, cuide para ter seu equilíbrio entre muito estudo e algum descanso. Como dizia Sun Tzu, que comentei em meu novo livro, “sem equilíbrio e harmonia não pode haver formação de batalha”. Na batalha dos concursos, tenha um horário equilibrado, com a maior quantidade de estudo e treino que puder, mantida a qualidade do estudo e um mínimo de qualidade de vida.
Depois de passar, programe Bento Gonçalves, Búzios ou, querendo fazer um pouquinho mais de poupança, Paris ou Nova York. Você vai merecer.
Voltemos a Búzios, esse mês, comigo. Se você quiser uma casa na Ferradura, vá ser empresário, artista, jogador de futebol, coisa parecida. Os vencimentos do serviço público são excelentes, mas limitados. É uma opção de vida: você não vai ficar rico, mas também não vai perder o que tem da noite pro dia, nem vai viver estressado e sem horários como empresários, artistas e jogadores vivem. É uma escolha pessoal.
Ah, os caras que estão roubando no serviço público e têm fortunas? Claro que não esqueci deles. E posso afirmar: não vale a pena. Conheço vários e ainda não encontrei um que tenha paz. Alguns são pegos mais cedo ou mais tarde e aí o crime não compensou. Quanto aos que nunca são pegos (e existem alguns), já percebi que não são felizes, não têm paz. Parece que encostar a cabeça no travesseiro e saber que se é um pilantra, alguém que rouba dos outros, isso parece ter um custo alto. E eu ainda acredito em Justiça Divina, que, ao contrário da humana, não falha nunca. Assim, não sofra com os corruptos e, sempre que der, atrapalhe a vida de um. Há formas seguras de se fazer isso.
Mas, por ora, voltemos a Búzios.
Além de lhe lembrar que após a posse no cargo você terá uma série de vantagens e privilégios merecidos, tenho outro ponto a abordar. Quanto às vantagens e privilégios, são para que você retribua em eficiência, educação e bom atendimento aos seus concidadãos. Não esqueça que 70% dos servidores públicos serão substituídos nessa década e que esta é uma excelente oportunidade para mudarmos a “cara” do serviço público, em prol do país onde vivemos e onde viverão nossos filhos.
Voltemos a Búzios.
Fui caminhar pela praia, descalço, esposinha do lado, uma maravilha. A praia tem o nome de Ferradura por que é exatamente esse seu desenho.
Logo onde desci, do lado esquerdo, onde fica a pousada, não se vê o oceano. Parece que estamos em um lago. À medida em que vamos caminhando para o centro da praia é possível ver a entrada do oceano. A praia é técnica e geograficamente falando, uma pequena enseada. Assim, não vi o oceano Atlântico no início mas, no exato meio da praia, é possível vê-lo claramente.
Viciado em concurso é assim mesmo: pensei nos concursos. Imaginei que se o mar fosse o objetivo, seria preciso estar no meio da praia para vê-lo melhor e perceber que a entrada da praia podia até ser pequena, mas que dá para passar por ali.
Logo me lembrei da minha história, primeiro para passar em um concurso, depois para criar a Editora Impetus, depois para correr os 42 Km da Maratona de Nova York. Sempre que estive no centro do meu objetivo, no centro do meu sonho, o oceano (o sonho) era perfeitamente visível e sem obstáculos consideráveis. Porém, sempre que me deixava levar para a esquerda ou para a direita a “entrada” da enseada ou da Baía, a “entrada” para o que desejava começava a diminuir de tamanho, a ponto de – eventualmente – de tão oblíquo que se pode ficar, parecer visualmente impossível ser alcançado.
Se você estiver em um dos cantos da Praia da Ferradura, em Búzios, seu ângulo de visada vai permitir apenas que você veja um lago, não uma pequena enseada. Se você está vendo pelo ângulo errado, vai achar que não há entrada (ou saída) para o mar. Mas há.
A realidade é a mesma, quer você a perceba adequadamente ou não. A questão não é a realidade mas sua percepção dela. O problema não importa, já dizia Einstein, mas sim como você o formula.
Se você estiver se achando sem saída em algum problema de sua vida, seja ele seu casamento, seu emprego, seus sonhos ou seu cargo público, provavelmente sua questão é de ângulo. Você está vendo as coisas do ponto de vista errado, ou obliquamente, ou muito do canto, ou sem ver de cima, da perspectiva exata.
Um problema, na perspectiva correta, é uma oportunidade, um mestre. Uma derrota, pelo ângulo correto, é experiência e um laudo pericial indicativo dos itens a serem revistos e melhorados para o próximo combate. Como digo no livro “a arte da guerra para concursos”, a cada reprovação nos transformamos em highlanders que ressuscitam para combater novamente. Nesse assunto, somos invencíveis. A cada derrota voltamos mais experientes e, se pagarmos o preço de estudo e treino, mais fortes.
Se você não está vendo o mar, camarada, é porque está meio de lado. Vá para o centro de sua vontade, de seu sonho, de seus planos. Dali, a entrada é suficientemente grande e o mar, visto dali, enorme, bonito, perfeitamente possível.
Do centro da Ferradura até o mar existem muitos metros, e ondas, mas quem quer o oceano haverá de vencer esses desafios, haverá de ser como o rio, que vai dando as curvas, vai buscando os vales e evitando os aclives, até que chegue ao seu destino.
Ajuda ver o mar: se você está no centro do sonho e visualizando-o, e não nos cantos, sem perspectiva, é mais fácil pagar o preço de sacrifício pessoal e dedicação que transforma pessoas comuns em vencedores.
Veja o mar, foque nele, nade sobre as ondas. Ande sobre elas, se preciso. Levante vôo, se preciso. Veja as coisas de outra perspectiva: esses seus anos de esforço gigantesco serão pouco comparados aos 20 a 30 anos que estão vindo pela frente e que serão muito mais deleitosos com seu cargo na mão.
Quando estiver navegando na enseada, em direção ao mar, lembre-se do provérbio romano que diz: “se não houver vento, reme”.
Assim, focado, com ou sem vento, remando, o mar é um destino. Como digo no mantra número 7, “O concurso não é um obstáculo, o concurso é um caminho.” Esse mantra foi inspirado em Amyr Klink, que diz que “o mar não é um obstáculo, o mar é um caminho”. Por isso Amyr Klink é um navegador; por isso nós somos concurseiros.
A gente se vê em breve, aqui, ou comendo camarão em Búzios, cedo ou tarde.
Com abraço fraterno,
William Douglas
Juiz Federal, Titular da 4ª Vara Federal de Niterói - Rio de Janeiro; Professor Universitário; Mestre em Direito, pela Universidade Gama Filho - UGF; Pós-graduado em Políticas Públicas e Governo - EPPG/UFRJ; Bacharel em Direito, pela Universidade Federal Fluminense - UFF; Conferencista da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro - EMERJ; Professor Honoris Causa da ESA - Escola Superior de Advocacia - OAB/RJ; Professor da Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas - EPGE/FGV; Membro das Bancas Examinadoras de Direito Penal dos V, VI, VII e VIII Concursos Públicos para Delegado de Polícia/RJ, sendo Presidente em algumas delas; Conferencista em simpósios e seminários; Autor de vários livros. Site: www.williamdouglas.com.br<br>
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: DOUGLAS, William. Búzios, um monte de assuntos e os Concursos Públicos Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 23 jan 2009, 10:50. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/artigos/16541/buzios-um-monte-de-assuntos-e-os-concursos-publicos. Acesso em: 25 nov 2024.
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