ELOISA DA SILVA COSTA
(orientadora)
RESUMO: Em um todo, as ofensas raciais, como por exemplo, o racismo e a injúria racial estão presentes por todo o mundo, desde os primórdios, no qual os Europeus consideravam pessoas de pele branca, mais inteligentes e com capacidade de inteligência maior do que a dos negros e pardos, que muitas vezes eram comparados à animais. Até hoje, na sociedade contemporânea e principalmente no Brasil, podemos vivenciar desigualdades, ofensas, insultos, pelo simples fato de sua pele ser negra. Assim como na sociedade, as ofensas raciais, também estão presentes no esporte mais popular do mundo e do Brasil, o futebol, que mesmo com grandes ídolos, tais como, Pelé e Garrincha, apresentam casos que assolam o esporte mais querido do mundo até os dias atuais. E o que para muitos negros seria uma oportunidade de vida melhor para eles e sua família, e consequentemente sendo uma das grandes formas de ascensão social para o mundo, estes não ficam isentos desses atos maldosos e cruéis. Este trabalho tem como objetivo apresentar uma breve contextualização do negro na sociedade e no esporte, bem como, estudar e evidenciar casos de racismo e ofensa racial no futebol brasileiro, sendo constatado que a falta de punição diminui drasticamente as denúncias pelos atletas, fortalecendo estes atos preconceituosos.
Palavras-chave: Racismo. Injúria racial. Futebol. Brasil
ABSTRACT: As a whole, racial offenses, such as racism and racial slurs, are present all over the world, since the beginning, in which Europeans considered people with white skin, more intelligent and with a capacity for intelligence greater than the average person. of blacks and browns, who were often compared to animals. Even today, in contemporary society and especially in Brazil, we can experience inequalities, offenses, insults, for the simple fact that your skin is black. Just like in society, racial offenses are also present in the most popular sport in the world and in Brazil, soccer, which even with great idols, such as Pelé and Garrincha, present cases that devastate the most beloved sport in the world even to the current days. And what for many black people would be an opportunity for a better life for them and their family, and consequently being one of the great forms of social ascension for the world, they are not exempt from these evil and cruel acts. This work aims to present a brief contextualization of black people in society and sport, as well as to study and highlight cases of racism and racial offense in Brazilian football, and it was found that the lack of punishment drastically reduces complaints by athletes, strengthening these acts. prejudiced.
Keywords: Racism. Racial insult. Soccer. Brazil
Sumário: 1. Introdução 2. Racismo 3. Injúria Racial 4. Ofensas Raciais no Futebol Brasileiro 4.1. Benefícios do Futebol na Sociedade 5. A Importância da Atuação da CBF e da FIFA no Combate às Ofensas Raciais 5.1. Importância da Participação dos Jogadores e Torcedores no Combate às Ofensas Raciais 6. Hipóteses de Solução 7. Considerações Finais e Referências.
Mundialmente conhecido, o Brasil é classificado por todos como o país do futebol, em outras palavras, aquele que detém o melhor futebol, que tem os melhores jogadores e aquele que pratica o chamado “futebol arte”, mesmo que sua origem se tenha dado na Europa, mais especificamente, na Inglaterra por volta do ano de 1863.
Já no Brasil, o futebol chegou por volta do ano de 1894, trazido por Charles Miller, filho de um inglês com uma brasileira, no qual, desde o início, apenas ricos e brancos (elite da sociedade) eram os que praticavam o esporte. Portanto, o preconceito racial, o racismo, a discriminação e a injúria racial são companheiros do futebol brasileiro desde seus primórdios, e no Brasil, já o primeiro e grande acontecimento, foi quando o jogador do Fluminense, Carlos Alberto, em 13 de maio de 1914 ganhou o apelido de “Pó de Arroz” em referência ao pó que usava em seu rosto para parecer mais claro antes das partidas, na tentativa de ser aceito pelo clube e consequentemente pelos torcedores. O tempo se passou e por volta do século XIX, com a chegada dos imigrantes em nosso país, e consequentemente, a profissionalização do futebol no Brasil em 1933, possibilitou aos jogadores negros e mestiços a possibilidade de ascensão social. Tornando, assim, o futebol, uma grande relevância para a cultura nacional, criando um vínculo/identidade. Segundo Lucena (2002).
O futebol surge no Brasil num contexto específico de nossa sociedade, cada vez mais urbana e com o encontro de culturas diferentes, com o fim do trabalho escravo, o aumento da imigração e uma série de mudanças que favoreceram a ampliação de ações no sentido de um redirecionamento ao estilo europeu de vida. (LUCENA, 2002, p. 35)
Desta forma, é imprescindível falar em futebol e não o relacionar a uma base da sociedade brasileira. Nesta linha de raciocínio, HELAL (1997, p. 25) destaca que, “O futebol no Brasil pode ser visto como um poderoso instrumento de integração social. Através do futebol, a sociedade brasileira experimenta um sentido singular de totalidade e unidade, revestindo-se de uma universalidade capaz de mobilizar a gerar paixões em milhões de pessoas”.
Fica evidente a proporção e os benefícios que esse esporte tem na sociedade, tanto quando falamos em benefícios à saúde, disciplina, perseverança, mas também, na questão da socialização, na forma de integração social, enquadrando os menos favorecidos e prejudicados. Além disso, é considerado um instrumento de relacionamento social extremamente valioso que permite ao praticante revelar suas intenções, expressar seus sentimentos e obter novas interações e amizades.
Em conjunto à evolução do futebol, temos outro ponto positivo, importante a se destacar, que foi o surgimento de novas tecnologias e mídias digitais, que tem papel fundamental para externar o combate a essas práticas, seja divulgando atos preconceituosos, com o intuito de educar, visando coibir futuros atos. Porém, de uma forma negativa, “auxilia” na propagação do discurso racista praticado pela população.
Mesmo com toda a evolução social e tecnológica, atualmente ainda é possível vivenciar vários casos de racismo e injúria racial no futebol, seja dentro, ou ao redor do estádio, entre torcedores, entre torcedores e jogadores e até mesmo contra árbitros, praticados em jogos do futebol nacional e internacional.
Portanto, é impossível estabelecer que, a obtenção das glórias conquistadas por grandes jogadores do esporte, não é o bastante para erradicar os atos, mas, há a necessidade de mudanças ainda maiores, que consigam erradicar o racismo estrutural da sociedade brasileira que acaba transparecendo no esporte mais amado do Brasil.
Nesse sentido, de que forma o aporte na exposição das ofensas raciais e principalmente a devida punição pode auxiliar na prática estável do futebol, que é uma das principais fontes de socialização e inclusão social?
Desta maneira, a fim de buscar algo mais próximo à solução deste questionamento, o presente trabalho tem como objetivo examinar os atos discriminatórios de maneira ampla, correlacionando-os ao esporte mais praticado no país, o futebol, abordando desde os casos mais antigos até os mais recentes. No mais, através da utilização de livros, interpretações doutrinárias e da legislação vigente, em razão da relevância do tema, será discorrido sobre o conceito do racismo e da injúria racial, e como esses atos surgiram no âmbito do futebol, com a finalidade de auxiliar na educação e conscientização, visando o fim dessas práticas cruéis que assolam à sociedade até hoje.
2 RACISMO
A origem do racismo no Brasil remonta ao período colonial, quando os portugueses iniciaram a exploração das riquezas do país e trouxeram milhares de africanos escravizados para trabalhar nas plantações. Os escravos africanos eram tratados como propriedade e colocados a condições desumanas de trabalho e vida, sendo considerados inferiores aos brancos e ricos da época.
O racismo no Brasil também foi alimentado pela falta de acesso à educação, saúde e moradia digna, além de outros critérios, tais como, a violência policial e a representação estereotipada e negativa dos negros nos meios de comunicação e de trabalho.
Em suma, o racismo no Brasil, é uma herança do passado colonial e escravista do país, devido a uma série de fatores históricos, culturais e sociais que reforçam a exclusão do indivíduo perante à sociedade.
Essa opressão e desumanização dos negros africanos e seus descendentes criou uma estrutura de desigualdade e discriminação que se mantém até os dias atuais, e no mundo do futebol, não seria diferente.
O racismo é uma forma de discriminação baseada em características físicas, culturais ou étnicas, podendo ocorrer quando uma pessoa ou um grupo é tratado de maneira diferente ou inferior justamente por causa de sua raça ou cor. O racismo pode se manifestar de várias formas, tais como, preconceitos, esteriótipos, violência, exclusão social, entre outros.
Em razão disso, viu-se a necessidade de criação da Lei 7.716 de 5 de Janeiro de 1989, responsável por criminalizar o racismo no Brasil, com o intuito de combater a distinção racial e promover a igualdade de dreitos entre as pessoas de diferentes cores. Diante disso, os artigos 1º e 2º da Lei 7.716/1989, determina que:
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Art. 2º-A Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional.
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade se o crime for cometido mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas.
A referida lei é considerada uma ferramenta muito importante para o combate ao racismo, mas ainda há muito a ser feito para garantir a efetiva igualdade de direitos entre todas as pessoas.
3 INJÚRIA RACIAL
A injúria racial consiste em ofender a motivação de alguém com base em sua raça, cor, etnia, religião ou origem, sendo considerada um ato discriminatório e ilegal. É caracterizada por atos, palavras, gestos, escritos, entre outras formas de expressão que tem como objetivo humilhar ou menosprezar uma pessoa por sua cor, independentemente que haja violência física ou não, bastando somente a presença da violência verbal ou oral.
Este crime está tipificado no Código Penal brasileiro e é considerado uma forma de racismo, sendo punível com pena de reclusão, que pode variar de um a três anos, além de multa, assim como previsto no artigo 140, parágrafo 3º do Código Penal:
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a religião ou à condição de pessoa idosa ou com deficiência: (Redação dada pela Lei nº 14.532, de 2023) Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
A injúria racial é um ato grave que pode vir a causar enormes prejuízos emocionais e psicológicos para a vítima, além, de perpetuar a consciência racial na sociedade.
4 OFENSAS RACIAIS NO ÂMBITO DO FUTEBOL
Quando chegou ao Brasil, por volta do século XIX, o futebol era utilizado como forma de entretenimento, algo amador e como na época o custeio era muito caro, o privilégio era para poucos, apenas os mais ricos, brancos e de classe alta estavam envolvidos. Por volta do ano 1900, com o aumento da popularidade e consequentemente a profissionalização, alguns jogadores negros começaram a ser introduzidos no esporte.
Um exemplo clássico da barreira racial dos clubes da elite nacional com a entrada dos jogadores negros é a história do pó de arroz, do clube das laranjeiras, o Fluminense, no qual o jogador Carlos Alberto passava pó de arroz em sua cara para ficar branca e ser aceito no esporte. Neste período, um dos times que mais se destacaram por introduzir os negros, foi a Associação Atlética Ponte Preta, time este da cidade de Campinas, Estado de São Paulo. Entre os fundadores do time Ponte Preta, existiam negros e mulatos, como Benedito Aranha, já Miguel, “Migué” do Carmo foi jogador titular da equipe logo no ano de sua inauguração, em 1900 (FILHO, 2003). Porém, apesar das grandes conquistas da Ponte Preta no enfrentamento ao preconceito, o Vasco da Gama, time de futebol do Rio de Janeiro, foi o clube que entrou para a história ao contribuir de forma decisiva para a inclusão de atletas negros, mulatos e demais brasileiros que não pertenciam à elite. Após conquistar o campeonato carioca de 1923, ano de estreia na primeira divisão, o clube provocou o ego da elite do futebol da época, formada por Fluminense, Botafogo, América-RJ e Flamengo, que abandonaram a Liga local, criando uma nova liga.
Assim, o tempo foi se passando e juntamente com essa atualização, o profissionalismo provocou um reflexo ainda mais profundo na sociedade, ainda mais do que a aproximação de classes, ocasião em que foi o responsável por integrar, em definitivo, aqueles que eram excluídos pela cor de sua pele.
Foi assim que o Brasil despontou vários craques para o futebol mundial, dentre eles, alguns negros, como Pelé, Garrincha, Djalma, Didi, Jairzinho, Romário, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, atualmente Neymar e Vinícius Júnior e tantos outros craques, sendo muitos destes, grandes responsáveis e protagonistas por conquistas em Copas do Mundo, no qual hoje, contamos com cinco. Muito em razão disso, atualmente somos conhecidos como, “país do futebol”, mas mesmo com todos esses ídolos e todas essas conquistas dos negros para nossa nação, estes não estão isentos de sofrer estes ataques racistas que mesmo após mais de 100 anos, o futebol nacional e mundial ainda vem apresentando muitos casos, na maioria das vezes por partes de torcedores.
Frequentemente ainda vivenciamos casos de ofensas raciais nos estádios, e alguns ganharam uma proporção maior e que ficaram emblemáticos, como o caso do goleiro “Aranha”, que em 2014, atuando pelo time do Santos Futebol Clube, em uma partida contra o Grêmio, no Rio Grande do Sul, pela Copa do Brasil, ouviu insultos da torcida adversária. O jogo, televisionado, alastrou as imagens claras da torcida pronunciando “macaco” e “preto fedido”. E foi justamente por causas das imagens e pela rapidez das informações que se espalharam nas redes sociais, foi possível identificar a torcedora, que consequentemente veio a ser punida.
Outro caso, foi o do jogador Arouca, ex-jogador do Santos Futebol Clube, que também em 2014, durante uma partida do Campeonato Paulista, o jogador foi chamado de “macaco” pela torcida durante o jogo entre Santos e Mogi Mirim, na qual o time santista saiu vencedor. O caso de racismo foi registrado pela rádio da ESPN. "Isso é bom nem ouvir, né, nem dar ouvidos a essas pessoas, se é que dá para chamar isso de pessoas. Situação hoje em dia é difícil comentar, isso não acontece só no meio do futebol. Espero que alguém possa tomar uma providência muito severa, porque isso é lamentável", disse Arouca à rádio ESPN, logo após ser ofendido. (Arouca é chamado de “macaco” após vitória dos Santos, Jornal O Estado de São Paulo, 07 de março de 2014).
Atualmente, o craque do Real Madrid e da seleção brasileira, o Vinícius Júnior também foi vítima desses atos racistas, após uma fala durante um programa esportivo na televisão da Espanha. Em uma participação no programa de televisão local, “El Chiringuito de Jugones”, atração de debate futebolístico da emissora espanhola Mega, o empresário Pedro Bravo disse que o camisa 20 do Real Madrid precisa “deixar de fazer macaquice” [“hacer el mono”, em espanhol], em referência às danças que Vinícius Júnior costuma fazer após um gol.
Como podemos ver, muitos atos racistas ainda ocorrem de forma frequente, mesmo que a grande maioria da mídia relate as ofensas raciais ao público, que são expostas pelos seus meios de comunicação (mídia social, principalmente). Porém, uma falta de punição mais severa, inibi as denúncias dos jogadores e árbitros, fortalecendo e favorecendo que estas condutas preconceituosas continuem sendo proferidas. É necessário que haja uma quebra de paradigma, para que haja uma mudança coerente e constante dos conceitos e consequências da prática da injúria racial e do racismo.
Desse modo, não basta apenas combater o racismo no meio acadêmico ou socioeducacional, mas, é necessário também, agir no ambiente prático e técnico do esporte, para quem sabe, conseguir amenizar ou até mesmo cessar os atos discriminatórios.
4.1 BENEFÍCIOS DO FUTEBOL NA SOCIEDADE
Esse esporte tem uma grande parcela de importância na sociedade, principalmente na parte da integração, uma vez que é um esporte jogado e assitido por milhares de pessoas no mundo todo.
O futebol pode ser um ponto de conexão entre pessoas de diferentes culturas e nacionalidades, promovendo a diversidade e a inclusão. Em muitos lugares, o futebol é um elemento unificador da comunidade, trazendo pessoas juntas em torno de um objetivo comum.
Ainda, o futebol pode ser uma ferramenta muito poderosa para a inclusão social, principalmente para jovens de comunidades carentes, tendo em vista que a prática do esporte pode proporcionar oportunidades de desenvolvimento, social e emocional entre a população em um todo.
Além disso, é uma atividade física muito completa e pode ter uma grande importância na saúde das pessoas. A prática regular do esporte pode trazer diversos benefícios, tanto para a saúde física quanto mental.
Em resumo, o esporte mais praticado pode ser um instrumento de integração social, inclusão, educação, e confiante para o desenvolvimento da saúde física e mental e emocional de jovens de diferentes origens, podendo ser capaz de ajudar a criar uma sociedade mais justa, respeitosa e igualitária.
5 A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DA CBF E DA FIFA NO COMBATE ÀS OFENSAS RACIAIS
É adverso pensar que o Brasil sendo um país com “amplo leque” de diversidades, culturas, raças e origens ainda prevaleça atitudes deploráveis, fazendo com que o racismo, a injúria racial e o preconceito façam parte de nossa sociedade e em partes, ainda exista resistência quanto a esse tema. O esporte como um grande espetáculo mundial e fenômeno social, sendo capaz de proporcionar a segregação social e racial, dividindo e distinguindo as camadas sociais e raciais, e mesmo com grande cobertura por parte da mídia exteriorizando e discorrendo sobre este assunto, ainda haja a ocorrência de frequentes casos envolvendo negros no futebol. Logo, justifica-se a escolha deste tema justamente para abordar determinados fatos de racismo e injúria racial, que vem ocorrendo de forma ainda mais frequente nos últimos anos no futebol brasileiro, em estádios de futebol e até mesmo pelas redondezas e como a atuação das organizações no meio do futebol tem papel tão relevante para auxiliar no combate a estes atos deploráveis.
Justamente em razão deste tema, é de suma importância que duas das maiores entidades do futebol, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Federação Internacional de Futebol (FIFA) andem em conjunto com o fim de cessar essas práticas.
A estas duas grandes organizações basta que organizem medidas efetivas e importantes para o combate da injúria racial e racismo nos campos de futebol e ao redor dele, adotando uma política de tolerância zero, aprimorando ainda mais os sistemas de monitoramento eletrônico com câmeras de segurança, a fim de que se identifique os autores dessas cruéis práticas, além de, organizar ainda mais campanhas de conscientização para jogadores e torcedores
Ainda, talvez a medida mais importante a ser tomada é a medida da punição, através de punições mais severas, como, multas mais graves, aplicação de suspensão dos estádios, uma condenação e até mesmo uma pena de prisão, como meio de prevenir futuras ocorrências, sendo forma de incentivo para que as vítimas denunciem os autores desses atos, a fim de que sejam responsabilizados com consequências graves.
5.1 IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DOS JOGADORES E TORCEDORES NO COMBATE ÀS OFENSAS RACIAIS
É evidente que o caminho para que quem sabe um dia possam cessar as ofensas raciais passa muito pela participação das duas das maiores organizações envolvidas no mundo do futebol, a CBF e a FIFA, todavia, vale ressaltar que o combate ao racismo no futebol não é responsabilidade apenas dessas entidades reguladoras, mas também passa pelos principais “atores do espetáculo”, como, jogadores, treinadores, árbitros e dirigentes, aderindo essas campanhas e transmitindo-as já que possuem papel muito importante na luta contra o racismo, tendo em vista que são figuras públicas e influentes, com grande poder de alcance entre a população, podendo inspirar outras pessoas a fazerem o mesmo, ajudando a criar uma cultura de respeito, compaixão e igualdade entre os integrantes do futebol e na sociedade.
Outro sujeito importante responsável pelo combate ao racismo, são os próprios torcedores, que também possuem poder de influenciar o comportamento dos demais espectadores, já que, ao se recusar em aceitar comportamentos racistas, os torcedores podem ajudar a criar um ambiente em que a detecção racial não seja tolerada.
Logo, a união de todos tem papel importantíssimo a respeito dos comportamentos racistas, sendo de suma importância para que haja a conscientização e fortaleça o combate à inscrição racial.
6 HIPÓTESES DE SOLUÇÃO
Assim como dito, a participações das entidades, dos jogadores e torcedores em aderir às campanhas é de suma importância, poré, ainda, relacionado às formas de solucionar este problema, quando tratamos de temas de alto nível relevente à sociedade, nunca podemos deixar de lado as punições aos envolvidos/autores do crime. Como forma mais “óbvia” de sanar esta barreira, temos a aplicação de multa aos autores, porém, punições desse tipo não vem funcionando conforme esperado, podendo assim, propor então, espécies de multas mais severas. Há que se falar também, em possíveis punições ao clube, referente a perdas de pontuação no campeonato em que está disputando, ou até mesmo, como já é feito, perda do mando de campo, ou pode-se pensar em jogos com portões fechados, ou até mesmo, em atitudes mais severas, como a exclusão do clube do campeonato em que está disputando e que venha a ocorrer a atitude racista. Quem sabe assim, cada clube comece a trabalhar com seu torcedor, o “educando” para que isso não venha a se repetir. Outra questão é a criação de estratégias de enfrentamento ao racismo, como campanhas desenvolvidas pelos próprios clubes ou em parceria com entidades ligadas ao movimento negro.
A exposição dos casos por parte da mídia é papel fundamental, pois a matéria vai muito além da notícia fato, ao descrever o crime cometido, e amplia seu campo de pesquisa no acompanhamento dos casos até a conclusão, nos entregando o desfecho completo do caso.
Em consonânscia com tudo isso, a principal fonte de solução deste problema, é a educação, ensinando desde os mais pequenos (crianças) à importância do respeito e da inclusão social, através de práticas recreativas e campanhas em escolas, estas que são fundamentais para a evolução da criança, que em um futuro, terão reflexo de suas atitudes na sociedade.
Só assim, quando torcedores, jogadores e organizações esportivas adotarem essa postura de punição e além de tudo, de respeito uns para com os outros, poderemos chegar, um dia, a um respeito mútuo, a fim de que o combate ao preconceito e a discriminação contribuam para um mundo mais respeitoso e inclusivo.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Brasil, é considerado um Estado Democrátio de Direito, em que as leis são criadas pelo povo e para o povo, ocasião em que sempre deverá ser respeitado o princípio da dignidade da pessoa humana, sendo, ainda, considerado o país com a maior miscigenação cultural e ética do mundo, todavia, não podemos omitir que ainda existem muitos casos de racismo ou injúria racial em nossa sociedade, sendo um tema embora muito abordado ultimamente, com muitas considerações a serem feitas, a fim de que seja disceminado da sociedade tais fatos asquerosos que ainda nos rodeiam no dia a dia, principalmente no mundo futebolístico.
A presente pesquisa qualitativa objetivou analisar e entender um pouco mais sobre a importância do futebol no imaginário popular, destacando a origem do futebol no Brasil, ressaltando a presença de jogadores negros e evidenciando que mesmo após o fim da escravidão, ainda continuam sendo discriminados. Buscou também envolver os benefícios da prática do esporte como um meio de inclusão e socialização dos indivíduos da sociedade e no auxílio à saúde física e mental.
Ainda, teve como intuito subdividir-se em embasar o início do futebol no mundo, correlacionando com a introdução no Brasil.
Outro ponto abordado, foi o da importância do profissionalismo do futebol, proporcionando a inclusão de pessoas negras no esporte e a potencial formalização de campanhas realizadas por entidades, associações e federações que estão envolvidas no mundo do futebol.
Por fim, buscou discorrer sobre atos discriminatórios envolvendo o futebol, evidenciando as práticas de racismo e injúria racial que neste século XXI vem se tornando cada vez mais frequentes. Havendo também, o intuito de englobar jogadores negros que marcaram o esporte com grandes participações e suas conquistas, fortalecendo ainda mais a rica história do nosso querido país.
REFERÊNCIAS
Arouca é chamado de “macaco” após vitória dos Santos, Jornal O Estado de São Paulo, 07 de março de 2014 disponível: http://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,arouca-e-chamado-de-macaco-aposgoleada-do-santos-em-mogi-mirim,1138189 Acesso em 02 de maio de 2023
FILHO, Mario. O negro no futebol brasileiro. Rio de Janeiro: Mauad, 2003.
HELAL, R. Passes e Impasses. Petrópolis: Vozes, 1997. https://www.cnnbrasil.com.br/esporte/vinicius-jr-e-alvo-de-fala-racista-em-programa-de-tv-esportivo-na-espanha/
LUCENA, Ricardo. “Elias: individualização e mimesis no esporte”. In: PRONI, M., LUCENA, R., Esporte: história e sociedade. Campinas, SP, Autores Associados, 2002.
Graduando em Direito na Universidade Brasil.
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: QUADRELI, João Paulo Garutti. Ofensas raciais no futebol brasileiro Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 30 jan 2024, 04:42. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/artigos/61887/ofensas-raciais-no-futebol-brasileiro. Acesso em: 23 nov 2024.
Por: Ronaldo Henrique Alves Ribeiro
Por: Marjorie Santana de Melo
Por: Leonardo Hajime Issoe
Por: STJ - Superior Tribunal de Justiça BRASIL
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