A síndrome da crise econômica tomou conta do País, talvez, por falta de um esclarecimento por setores responsáveis do governo. Aliás, o que se vê na área governamental são discursos desencontrados e decisões divergentes.
Não pode o País estar mergulhado em crise econômica a justificar demissões em massa, férias coletivas, redução de jornada de trabalho etc. se no último trimestre findo a nossa economia apresentou uma taxa de crescimento recorde. A taxa de empregabilidade também cresceu em relação ao ano anterior.
Parece que há muita gente interessada em lançar lenha na fogueira da confusão para se livrar de alguns incômodos e aproveitar o momento para fazer uma espécie de limpeza ou de reestruturação dos quadros de pessoal.
O que existe no Brasil atual é uma crise de natureza financeira, que é passageira. Tanto é assim que o governo liberou os depósitos compulsórios a que estão sujeitas as instituições financeiras em geral, exatamente para expandir o crédito.
O próprio Ministro da Fazenda reconhece que a crise não é de natureza econômica, mas, de natureza financeira. Porém, o Banco Central age exatamente na contramão da diretriz traçada pela área econômica do governo, elevando ou mantendo a atual Taxa Selic em um patamar inexistente em nenhum País do mundo. É claro que assim vai dificultar o acesso ao crédito e diminuir o consumo, trazendo como conseqüência a redução do nível de produção, seguida de desemprego em massa que, por sua vez, vai gerar uma série de conseqüências negativas, inclusive no campo da criminalidade.
É claro que há uma conexão entre uma coisa e outra. Uma crise financeira prolongada pode conduzir a uma recessão econômica, mas as duas coisas não são iguais, por isso as receitas para combatê-las são diferentes.
O governo deve cortar despesas, notadamente, as de custeio, redirecionando suas verbas para as de capital, notadamente, para as de investimentos.
Em síntese, menos “trens da alegria” e mais obras e serviços. Mas, o governo, por não reservar verbas para execução, manutenção e expansão dessas obras e serviços, vem acionando o mecanismo das privatizações, às vezes, em regime de parceria público-privado, isto é, com um pouco do nosso dinheiro, como se não bastassem os tributos que já pagamos diretamente. Já iniciou, por exemplo, os primeiros passos em direção à privatização da INFRAERO, que acarretou contrariedade e pedido de demissão do atual Presidente do órgão. Por que não pensar em sua reestruturação, em melhor administração de suas fabulosas verbas redirecionando-as para os setores de a segurança e de real interesse dos usuários de aeroportos? INFRAERO não é, nem pode ser um órgão destinado a gerar lucros e dividendos. Ele deve atender ao interesse público a ser satisfeito sob o regime de direito público, sem perseguição de finalidade lucrativa.
SP, 15-12-2008.
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