As passagens textuais das obras nietzschianas se dedicaram em considerações sobre a psicologia do ressentimento em favor de uma reflexão filosófica sobre tal disposição psíquica que tanto influenciou os caminhos axiológicos e morais de nossa civilização.
Interpretar Nietzsche é fundamental para afinal entender a história cultural do ocidente e a sua decadência que reside exatamente no ressentimento presente no indivíduo e o que o torna incapaz de criar valores afirmativos de existência.
Ao sofrer uma ofensa, tal indivíduo desenvolve em seu íntimo o anseio por uma reparação imaginária motivada pelo sentimento de vingança.
O ser ressentido sofre de enfraquecimento da vitalidade e perde qualquer vínculo efetivo com a realidade. A censurada “moral de escravos” assim chamada por Nietzsche que prevaleceu ao longo de nossa civilização que subjuga a moral nobre que é adepta de valores afirmativos de existência.
A moral cristã seria responsável pela inversão de valores ativos, depreciando e os tornando decadentes. O ressentimento[1] como tema é questão principal da filosofia de Nietzsche, e é crucial para o entendimento do pensamento que o expõe na cultura ocidental e sua respectiva influência nas valorações morais.
O ressentimento muito influenciou os rumos axiológicos e morais bem como os mecanismos psicofisiológicos[2] que o filósofo propôs como possíveis recursos para que as forças vitais e criativas que sobressaiam sobre as disposições decadentes da existência.
O ressentimento, em suma, é o estado psíquico de maior expressão da decadência da vitalidade humana denunciada pelo filósofo alemão em sua obra “Genealogia da Moral” [3].
Uma breve análise semântica da palavra ressentimento é ideal para se identificar que provém do verbo ressentir, significando o ato de sentir novamente, certa impressão motivada por um estímulo externo violento na afetividade pessoal.
É uma experiência psíquica gerada por força externa. Tal impressão pode ser reativa ou negativa em nossa afetividade, por vez debilitando nosso psiquismo por conta de espécie de entorpecimento das capacidades criativas pessoais, posto que ocorra certo envenenamento psicológico.
O ressentimento decorre da incapacidade de interagir adequadamente com os signos da diferença, com os antagonismos, de maneira que, quando marcados por esse transtorno, e assim tendemos a transferir a responsabilidade de um acontecimento para determinada causa externa, tomada simbolicamente como culpada pela nossa fraqueza e por nosso mal-estar afetivo.
O ressentido atribui a outrem a responsabilidade pelo que o faz sofrer, a quem delega momento anterior o poder de decisão, de modo a poder culpá-lo caso venha fracassar.
O ressentimento é uma doença[4] que se origina do retorno dos desejos vingativos sobre o “eu”. É a fermentação da crueldade adiada, transmutada em valores positivos, que envenena e intoxica a alma, que fica eternamente condenada ao não esquecimento (In: KEHL, Maria Rita. Ressentimento. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004, p. 93-94).
O ressentido não é capaz de agir afirmativamente mediante efeito externo sofrido, assimilando positivamente essa experiência, direcionando sua abertura pessoal.
Dessa forma, o ressentimento motiva a inação, a interiorização psicológica desse indivíduo que cada vez está menos disposto a expandir sua força vital[5] através da participação em circunstâncias que exigem o dispêndio de energias intrínsecas.
Nesse sentido, Nietzsche destacou: “Todos os instintos que não se descarregam para fora, voltam-se para dentro, isto é, o que é chamado de interiorização do homem: é assim que no homem cresce o que depois se denomina alma”.
Todo o mundo interior, originalmente delgado, como que entre duas membranas, foi se expandindo se estendendo, adquirindo profundidade, largura e altura na medida em que o homem foi inibido em sua descarga para fora. (In: NIETZSCHE, F. Genealogia da Moral. Uma polêmica: Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p.73).
Nietzsche desenvolveu a hipótese de coexistência de dois tipos básicos de valoração da vida ao longo da formação histórica da civilização ocidental: a “moral dos senhores” e a “moral dos escravos” no § 260 de “Além do bem e mal” [6].
Entre as muitas morais (desde as mais finas até as mais grosserias) que dominaram e continuam dominando encontramos traços que regularmente retornam juntos e ligados entre si: até que finalmente se revelaram dois tipos básicos e, uma diferença sobressaiu: há uma moral de senhores[7] e uma moral de escravos. (NIETZSCHE, F., Além do bem e do mal. Prelúdio a uma Filosofia do Futuro. Trad. de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p.172).
Antes de tudo, é imprescindível esclarecemos que os termos “senhor” e “escravo” na filosofia de Nietzsche, não se referem necessariamente delimitados concretamente e definidos dentro da tônica da filosofia trágica nietzschiana.
“Senhor e escravo” não são definições axiológicas que se esgotam numa significação de cunho social e representam estamentos antagônicos que se confrontariam no decorrer do processo histórico tendo por finalidade e preponderância de uma classe sobre a outra.
Na perspectiva nietzschiana[8] pode haver perfeitamente haver pessoas socialmente desfavorecidas com muito mais disposições “nobres”.
Um escravo propriamente dito, livre do ressentimento e do seu inerente mal-estar psíquico, é uma pessoa mais “nobre” e digna eticamente do que seu opressor social, que é oprimido, todavia, pela incontinência das suas inclinações pessoais e dos seus afetos tortuosos.
Portanto, tais valorações se referem ao modo com um dado indivíduo desenvolve ao longo de sua vida o fluxo de seu ímpeto criativo, mediante as interações com outros corpos.
Nobre e escravo são símbolos psicológicos que representam as disposições afetivas e axiológicas de uma pessoa perante o seu modo de agir cotidianamente em suas interações com o mundo circundante.
Nessas condições, uma pessoa manifesta uma qualidade “nobre” pela sua capacidade de fazer prevalecer na sua existência os afetos que favorecem a ampliação de sua força vital, de sua vontade requalificando os afetos decadentes (ódios, raiva, medo e, etc.) em afetos psicofisiologicamente saudáveis que estimulam a superação dos limites da vitalidade do seu corpo.
Já a tipologia “escrava” por sua vez, representaria a disposição psicológica de um indivíduo que deixa prevalecer na sua vida os afetos decadentes, que impedem uma compreensão positiva da existência (que é pautada na afirmação da potência criativa).
Dessa forma, a valoração “escrava” [9] motiva a repressão da vitalidade fisiológica, fato que mitiga a capacidade do indivíduo para agir criativamente ao longo de sua existência, vilipendiando então tudo aquilo que coadune com os aspectos da saúde e da força como estados deploráveis do ponto de vista da consciência moral. As ideias de “nobre” e “escravo” [10] em Nietzsche se antagonizam.
O ressentimento não se pauta em relações dualistas de forças vitais, como se houvesse uma personalidade que pudesse ser denominada como “forte ou fraca”.
O tipo psicológico considerado “forte” ou “nobre” quando consegue prevalecer as suas valorações ativas sobre as reativas e decadentes essa circunstância que denota a confluência das duas disposições vitais no seu organismo já a tipologia da “fraqueza” denota a predominância das valorações depressivas e as reativas sobre as forças fortes, criativas, expansivas e assimiladoras, motivando assim o empobrecimento da capacidade interativa daquele que é afetado por tal disposição.
A moral dos senhores e a moral dos escravos são diametralmente opostas[11] principalmente sobre as condutas pelos quais os seus respectivos enfoques axiológicos sobre a complexidade das relações das suas forças vitais.
A rebelião[12] escrava na moral começa quando o próprio ressentimento se torna criador e gera valores; o ressentimento dos seres aos quais é negada a verdadeira reação, a dos atos, e que apenas por uma vingança imaginária[13] obtêm reparação.
Enquanto toda a moral nobre nasce de um triunfo, já a moral escrava[14] refere-se a um “não-eu” e, este não é seu ato criador.
A inversão do olhar que estabelece valores, é necessário dirigir-se para fora, em vez de voltar-se para si, é algo próprio do ressentimento.
A moral escrava enfim requer sempre, um nascer um mundo oposto e exterior, para poder agir em absoluto (sua ação é no fundo reação).
Mesmo o nobre valorativo[15] contém em seu psiquismo elementos fracos enquanto que o tipo escravo, ressentido, também pode conter disposições afetivas e axiológicas mais potentes somente não conseguindo dar vazão ao quantum de forças vitais que estão concentradas no seu âmago.
A fisiologia na ótica nietzschiana é fornecida a definição por Wilson Frezzatti Junior tida como a configuração de impulsos[16], em luz por potência. A única atividade do ressentido consiste em relembrar continuamente os seus afetos, que retornam, nalgumas vezes, numa intensidade ainda mais poderosa do que o afeto original.
A manifestação do ressentimento nas valorações da civilização ocidental seria uma das principais evidências de sua decadência criativa.
Tal declínio vital se caracteriza pela incapacidade do indivíduo ressentido se desvencilhar das impressões afetivas avaliadas como ruins que estão registradas dolorosamente na sua estrutura psicofisiológica. Mais ainda devido ao caráter de passividade peculiar do tipo ressentido, e as recordações ruins tornam a aflorar na sua mente continuamente, motivando a degenerescência de suas forças vitais, uma vez que é abalada a estabilidade da estrutura psíquica, pois que nesse ato de lembrar novamente as vivências passadas, o indivíduo consome vorazmente a sua força vital.
Nessas condições, o ressentido perde a capacidade plástica de criar o novo, tornando-se, por conseguinte, um indivíduo decadente existencialmente, destituído de sua vitalidade intrínseca.
A principal atividade do ressentido se reduz a mórbida rememoração de vivências dolorosas. O ressentimento nascido da fraqueza não é prejudicial a ninguém mais que ao próprio fraco.
O ressentimento[17] em sua forma mais potente na história da cultura ocidental através do advento da religião institucionalizada, pois esta para se consolidar no seio de nossa civilização, teria necessidade de inverter a qualidade afirmativa dos valores pagãos (greco-romanos) que privilegiam a saúde, a compreensão refinada da sensualidade e a legitimação da corporeidade em favor de uma disposição ascética doentia.
A dissolução da afirmação trágica da existência já ocorreu a partir do surgimento do pensamento socrático-platônico e a formulação do ideal teórico da existência, no qual a racionalidade se distancia dos afetos.
É justamente a fuga dos instintos que têm lugar no corpo, e a hipertrofia da razão, que levaram à negação da vida tal como esta se apresenta.
Segundo a interpretação nietzschiana a cultura grega alcançou o seu máximo de forças criativas através da harmonia conflitante entre o impulso apolíneo (moderação e autoconsciência) e o impulso dionisíaco (desmedida e legitimação da alteridade) princípios naturais que na antiga Hélade após um período de divergências, interagiram entre si, proporcionando a criação da tragédia ática dotada de celebração estética como um todo era divinizada, para além de qualquer conotação moral de mundo.
No entanto, a racionalidade socrático-platônica rompe esse laço primordial peculiar dos gregos, vislumbrando a elevação que coloca o corpo inferior à alma preparando o terreno para difusão da moral cristã.
Assim conforme Nietzsche destacou o que era considerado bom na cultura trágica grega, passou a ser considerado mal na civilização cristã (e no pensamento socrático-platônico) E o que era considerado mal na cultura trágica, passou a ser considerado bom na civilização cristã.
É possível identificar o ressentimento no pensamento socrático-cristão em relação ao corpo e a vida especialmente na obra Fédon mediante a ideia de que o corpo é o túmulo da alma e que viver é estar constantemente enfermo e só a morte libera o homem sábio das cadeias da sensibilidade; aliás, a própria Filosofia é considerada como um exercício para a morte, pois adestra o domínio racional sobre as paixões, mitigando progressivamente todos os apelos sensíveis do homem.
Há de se ressaltar, todavia, que a moralidade cristã potencializa ainda mais o espírito de rancor contra a existência, considerando boa a constituição vital como substancialmente má.
A valoração ressentida sempre parte primeiramente de uma avaliação do outro, do forte e saudável como “má” para em seguida autoproclamar como “boa” enquanto que na valoração forte, nobre, primeiro ocorre a avaliação pessoal como boa, para se ver o fraco, desvitalizado, como “mau”, isso é, o desprezível, pois que tal tipo pessoal não é apto a participar de contínuas atividades agonísticas[18].
A impotência do ressentido o impede de realizar qualquer atividade, ele espera que os outros a realizem por ele.
No momento em que isso não acontece, procura alguém para culpar por não conseguir o que deseja principalmente pela sua dor e sofrimento.
A frustração consequente, porém lhe desagrada e, por conseguinte, ele projeta a infelicidade como responsabilidade de outrem, tendo como contexto a necessidade de se sentir como bom.
A inversão radical de valores conforme Nietzsche apresentou decorreria da insatisfação da moralidade coletiva diante das condições vitais até então estabelecidas, pois os valores vigentes na Antiguidade grega da cultura olímpica e da era trágica preconizavam a beleza, a saúde do corpo e a afirmação da via como virtudes primordiais da existência, virtudes associadas ao plano da imanência, dignificando assim a existência humana.
Tanto Aquiles como Heitor, ambos inimigos figadais, são enaltecidos em diversos momentos da Guerra de Tróia e por Homero em Ilíada, Canto IX, onde se relatam as honras em favor de Aquiles.
No Canto XXII, vs. 109-130, nos quais Heitor pondera sobre a necessidade de afirmar sua dignidade de afirmar sua dignidade em qualquer circunstância e mesmo a morte de Heitor pelas mãos de seu implacável rival é evento glorioso onde recebe as homenagens sagradas.
E cada grande herói épico tal como Diomedes[19], Menelau[20], Agamêmnon e Pátroclo[21] mereceram o seu momento de glória ou anistia para que se evidenciassem suas qualidades agonísticas.
Em todas essas circunstâncias não há quaisquer considerações morais de valor acerca dos seus atributos: a coragem e o amor pela glória os tornam “bons”.
Entre o platonismo e o Cristianismo há uma grande proximidade de ideais e de valores e no prólogo de “Além do Bem e do Mal” concluiu: “o cristianismo é um platonismo para o povo”, isto é, a sua mais completa vulgarização axiológica, mediante violento repúdio ao mundo concreto em que vivemos.
“Incapaz de suportar a própria finitude, o homem concebeu a metafísica; incapaz de tolerar a visão de sofrimento imposta pela morte construiu o Cristianismo”.
Ao negar este mundo onde vivemos, a metafísica procurou forjar a existência do outro e fez deste a sede e origem dos valores.
O cristianismo postulou um mundo verdadeiro, essencial, imutável e eterno. Arquitetou a vida após a morte para redimir a existência; fabricou o reino de Deus para legitimar as avaliações humanas.
Então de modo nefasto levou os homens a desejar ser de outro modo, querer estar em outra parte. Na tentativa de justificar a existência do homem inventou o pensar metafísico, e fabulou a religião cristã.
Mas o preço que teve que pagar foi a negação do mundo, a condenação da vida. Ao camuflar a dor, hostilizou a vida; ao esconder ou disfarçar o sofrimento, tratou o mundo como um erro a refutar (Marton, Scarlett).
A odiosa inversão de valores presente na cultura ocidental e promovida pelo ressentimento seria causa eficiente que Nietzsche denominou como formação da “má consciência”, pois o tipo fraco é incapaz de interagir com o tipo forte, e pretende se desvencilhar da responsabilidade de sua própria impotência de agir, denominado consequentemente, aquele que o sobrepuja numa interação o culpado moral maior pelo seu próprio declínio vital (Nietzsche, F. Genealogia da Moral – Uma polêmica, p. 69-71).
Por outro lado, podemos dizer que, numa perspectiva afirmativa da existência, os indivíduos inseridos em tal categoria valorizam justamente a ideia de superação de suas forças a ideia de superação de suas forças corporais, preconizando, para tanto, a realização de atividades que proporcionem a concretização deste objetivo através de salutar competitividade.
A agonística se desenvolveu por meio dessa consideração, na qual os membros de um grupo, ao pretenderem que prevaleça o melhor, promovem uma salutar disputa, na qual, em verdade, todos saem vencedores, pois cada competidor procurar dar o melhor de si nessa interação de forças, esforço esse que amplia a vitalidade do corpo e proporciona o florescimento de alegria do ânimo.
Na perspectiva do ressentimento o mundo concreto não possui uma beleza intrínseca e nem a perfeição autêntica seus adeptos defendem a existência do mundo suprassensível tido como contraponto ao mundo físico.
E nesse caso, a dimensão suprassensível não é considerada uma espécie de complemento do mundo físico, mas há antítese irreconciliável pois a sensibilidade é imputada como corruptível e pecaminosa.
E, o mundo se resumia ao palco do triunfo dos homens vis, apegado aos ditos prazeres vulgares da carne.
Quanto mais o homem aceita seus impulsos, em sua rudez e crueza, menos é domesticado e mais elevado é o nível cultural do qual faz parte.
No sentido contrário, quanto mais o homem é medíocre, fraco, servil e cobarde mais necessitará da civilização, da moral, pois viverá em todo lugar, há na vida, no próprio corpo, o “Reino do Mal”.
A acepção de que o mundo no qual vivemos seria um grande “vale de lágrimas” que é noção célebre presente no hino católico Salve Rainha, comprova que a vida física é ontologicamente degradada e que nós humanos, somos miseráveis de nascença, cabendo-nos apenas aguardar piedosamente a clemência divina.
Esse desprezo pela existência é extraordinariamente contrário ao projeto de uma religião da imanência tal como a vivenciada pelos gregos da época pré-socrática, posto que a prática religiosa, posto que a prática religiosa capaz de proporcionava ao seu praticante a aquisição de uma serenidade e alegria nas suas disposições de ânimo através da contemplação da beleza da divindade, considerando que o mundo seria expressão do seu resplandecente reflexo, de forma que o homem era unificado com a potência da natureza.
Na religiosidade grega, nada há que lembre ascese, espiritualidade e dever, tudo que se faz presente é divinizado. A base teológica de uma religião fixada na axiologia transcendente retira do mundo cotidiano a própria justificação da vida, através da separação da esfera do sensível (inferior) e do espiritual no plano superior.
O ressentimento no fraco é tido como a impossibilidade de superar as suas limitações pessoais, assim como de interagir, na sua vida concreta, com os níveis de forças dos seus adversários, desenvolve na sua engenhosa imaginação, uma série de causas puramente ilusórias, nas quais considera que, enfim, viria a ocorrer uma punição ao agressor, o forte.
A punição nascia através da fantasia da imaginação limitando-se a satisfação mórbida de seu próprio íntimo no sofrimento de seu inimigo. Como complemento dessas questões levantadas podemos dizer que a elaboração da ideia da existência do Inferno como local de expiação da iniquidade seria uma das mais grotescas criações do espírito de ressentimento contra a divergência, contra todo tipo de ação que vai de encontro dos interesses e valores teológicos instituídos dogmaticamente pela estrutura dominante dos sacerdotes.
Nietzsche ironizou o fato de Dante Alighieri ter colocado no portal do “Inferno” de sua “Divina Comédia” a inscrição: “Também a mim criou o eterno amor”. Quando o mais justificável era cogitar em: “Também a mim criou o eterno ódio”.
Quem sofre do distúrbio do ressentimento visa obter plena satisfação através da contemplação deleitosa do sofrimento alheio, uma vez eu a compensação da dor com a dor o satisfaz intimamente.
Contudo apresentou Nietzsche outra possibilidade: o uso da faculdade do esquecimento que representa um dos grandes enunciados de sua ética trágica por permitir uma compreensão sadia e vitoriosa sobre a existência.
Assim é mais adequado do que reagir aos estímulos externos, o ato de esquecer as impressões afetivas decorrentes de encontros ruins que só geram afetos degenerativos (tais como: ódio, o rancor e o medo).
O “homem escravo” é incapaz de conviver de forma harmônica com o jogo de afetos (usando-os como instrumento para a sua ação), deixando-se dominar por estes, sofrendo assim os seus terríveis revezes ao longo da sua vida.
Quando desenvolvemos a capacidade de esquecer, é possível superar o nível valorativo típico dos decadentes. O uso do esquecimento estaria vinculado principalmente pelo tipo nobre cuja vida é composta pelos afetos saudáveis.
Como expressão de fraqueza vital, o homem transfere o direito de punição para uma entidade metafísica uma ideia de Deus com traços vingativos.
O ressentido legitima a tradição teológica de caráter transcendente vislumbra a existência de divindade oposta ao Deus pleno de amor preconizado pela mensagem de Jesus.
Esquecer não é simples vis inertiae (força inercial) como creem os superficiais, mas uma força inibidora ativa e positiva, no mais rigoroso sentido, graças a qual o que é por nós acolhido, não penetra mais em nossa consciência, no estado de digestão psíquica e de todo multiforme processo da nossa nutrição corporal ou assimilação física.
A superação do ressentimento na ética de Nietzsche seria a oportunidade maior para o desenvolvimento da criação de valores afirmativos mesmo diante de condições desfavoráveis de existência.
É a tristeza e a decadência da vitalidade que leva o homem desenvolver o pessimismo tornando-se inapto a interagir afirmativamente.
O ressentimento mina lentamente a potência de agir do indivíduo, e o torna uma triste figura e de acabrunhada existência. Enfim, o que confirma que a filosofia é o exílio voluntário entre montanhas geladas.
Referências:
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________________________________. O Crepúsculo dos Ídolos ou como Filosofar com o Martelo. (In Obras Completas: Paulo Quintela, Johann Wolfgang von Goethe, Rainer Maria Rilke, Friedrich Hölderlin, Nelly Sachs, Friedrich Nietzsche, Georg Trakl, Rio de Janeiro: Fundação Calouste Gulbenkian Serviço de Educação, 1997).
NIETZSCHE, Friedrich. Obras Incompletas, 1ª. edição. São Paulo: Abril Cultural, 1974.
LOSURDO, Domenico. Nietzsche - o rebelde aristocrata: biografia intelectual e balanço crítico. Trad. Jaime A. Clasen. Rio de Janeiro: Revan, 2009.
RUBIRA, Luís Eduardo X. Nietzsche: do eterno retorno do mesmo à transvaloração de todos os valores (tese de doutorado).
FREZZATTI JUNIOR, WILSON. A Fisiologia de Nietzsche. A superação da dualidade. São Paulo: Editora Unijuí, 2006.
[1] Contudo, o filósofo admite que seja possível o homem nobre ter ressentimento. Mas, ainda assim, é diferente do ressentimento que tem o fraco. E, a diferença fundamental entre ambos, um ponto chave que notabiliza o verdadeiro ressentimento: o ressentimento pode até aparecer no nobre, porém não o envenena; o homem forte o consome imediatamente, ele age e finda com seu ressentimento. O oposto ocorre com os fracos posto que incapazes de agir, muitas vezes nem se quer o ressentimento, mas aparece de imediato, é antes enterrado e esquecido, com o passar do tempo, o ressentimento cresce e consome o fraco, que, enquanto isso, planeja e espera sua vingança em silêncio, criando seu mundo e nele vivendo: em uma palavra, este homem fraco está envenenado.
[2] É bom que se saliente que Nietzsche não inaugura o uso da palavra "ressentimento" na filosofia alemã. O que fez foi ampliar seu significado, levando-o a abranger a ideia de uma fraqueza fisiológica, de uma indigestão psíquica e também de um problema social. Considerou o ressentimento como fenômeno fisiopsicológico de modo peculiar. Amplia sua análise chegando ao direito, moral, ao social, e nesse ponto, aproximação da concepção de Eugen Dühring, que se referiu ao ressentimento em relação a uma teoria da justiça. Diferentemente de Dühring, Nietzsche não toma o ressentimento apenas como uma reação mecânica, mas como uma vontade poder operante que procura tornar-se dominante sobre as demais.
[3] Esta obra de Nietzsche detecta alguns pontos das origens dos valores morais. Ressaltou a inversão sofrida por tais valores pelas influências que se prendem com força. Por isso, quase toda a obra girará em torno da questão do valor: o que é bom? Aprofundou-se no estudo da palavra “bom” e, consequentemente, da palavra “mau”. O gênio provocativo do filósofo traz assim um sarcasmo. Portanto, Nietzsche nos abre os olhos da razão e dos sentimentos para algo mais chão, mais próximo da realidade humana. Resgatar as origens da moral do homem é resgatar a ele próprio, colocando-o em sua dignidade de igualdade. As classes existentes apenas distanciam os homens uns dos outros. Parece até mesmo que Nietzsche pressentia, ou intuía, essa sociedade contemporânea em que vivemos hoje. Dia após dia, o homem vai se tornando mais solitário, mais fechado em seu mundo individual, perdendo valores, esvaziando-se. Nisso tudo, cada vez mais se perde o sentido da vida, a finalidade das coisas. Tudo é efêmero, transitório. É a humanidade destruindo a própria humanidade.
[4] Tarefa difícil seria abordar toda complexidade do fenômeno do ressentimento como este aparece no conjunto de escritos de Nietzsche. Isto porque, trata-se de tema que não se desvincula de outros temas centrais de seu pensamento, tais como a sua psicologia do homem moderna sua crítica à cultura, à moral, à religião, ou às configurações políticas de seu tempo, sejam elas a democracia, o socialismo ou o anarquismo. Em “Ecce homo” o tema ressentimento é retomado em termos fisiológicos e pessoais, ao ponto de apontar a si mesmo como exemplo da passagem pela enfermidade e indicar alguns meios para vencer o ressentimento. Nesse caso, em que é entendido como doença, ou o próprio "estar doente", o ressentimento traduz mais uma vez a incapacidade de reação do fraco e a preocupação do filósofo de como livrar-se do ressentimento leva-o a propor como um grande remédio para aquela enfermidade o fatalismo russo.
[5] Em “Genealogia da Moral”, Nietzsche tenta mostrar que a moral - que define, entre outras coisas, o que é bom e o que é mau - é um conceito que surge num lugar e num tempo determinado, ou seja, é relativo e foi inventado pelo homem. A moral não é Metafísica (explicada por algo além do mundo material) e nem atemporal. Ao investigar como surgiu entre os povos o juízo de bom e mau, Nietzsche afirma que há duas morais: a do senhor e a do escravo. A do senhor afirma a vida e baseia o bom no que há de positivo em si (ser belo, forte), enquanto o ruim é quem está limitado ao aspecto reativo da existência (ser humilde, fraco). A do escravo surge do ressentimento, vê o forte como mau e, por oposição, ele próprio, como sendo o bom. Nietzsche diz que o judaísmo e, em seguida o cristianismo, consolidou a moral do escravo como a única vigente. Com isso, houve uma inversão daquilo que os próprios nobres consideravam bom. Segundo a avaliação do sacerdote judeu ou cristão, o bom (na moral do senhor) passa a ser considerado mal e o ruim (que é o fraco na moral do senhor) passa a ser considerado bom.
[6] Essa obra surgiu praticamente junto com o processo de criação de "Assim falou Zaratustra", a partir das meditações do autor ao longo desta gestação. Este ensaio marca radical mudança na visão de mundo, que se torna mais negativa e corrosiva. “Além do Bem e do Mal” é dividido em nove seções. Nestas divisões o filósofo discorre sobre até que ponto a visão pré-concebida da massa sobre a obra filosófica e erudita pode exercer influência nestas atividades; sua concepção sobre a liberdade e a filosofia do futuro; a qualidade essencial do homini religiosi e sua atuação na esfera científica; a compreensão da moralidade vigente; o estudo do âmbito filosófico e científico predominante neste contexto; uma análise da situação política do continente europeu que atravessava um período de acirrada beligerância entre as nações mais poderosas.
[7] Considerando a moral de senhores (homens pertencentes à referida moral, são os da nobreza cavalheiresco-aristocrática) dotados de constituição física poderosa, de saúde florescente, rica, e até mesmo transbordante, juntamente com aquilo que serve à sua conservação: guerra, aventura, caça, dança, torneios e tudo que envolve uma atividade robusta, livre e contente. Já a moral dos escravos, cujos integrantes são os homens do ressentimento. Teve surgimento com o sacerdote, mais especificamente, o sacerdote judeu. Que se posiciona contra a guerra, é também fraca e impotente, mas também é ao mesmo tempo, mais terrível e vingativa. Afirmou o filósofo, in litteris: "Na sua impotência, o ódio toma proporções monstruosas e sinistras, torna-se a coisa mais espiritual e venenosa”. Na história universal, os grandes odiadores sempre foram sacerdotes, também os mais ricos de espírito, comparado ao da vingança sacerdotal, todo espírito restante empalidece.
[8] A libertação do homem exige combate sem tréguas contra a moral dos escravos. Criticou duramente a moral socrática (que subordinava tudo à razão). A seguir condenou a religião e a moral cristão que enaltece aos fracos, apela à compaixão e á resignação dos homens, promete recompensas num mundo no além que não existe, estimulando a inveja pelos poderosos. Condenou também a moral do dever de Immanuel Kant, e a ética utilitarista.
[9] Vale lembrar que, para Nietzsche, os tipos “nobres e escravos” não se referem aos grupos sociais, tampouco se encontram separados por distinções relacionadas à força física. Nobre e escravo são tipologias criadas pelo filósofo, e que, segundo ele, poderiam coexistir em uma mesma classe social, ou mesmo em um só homem. Isso não quer dizer, contudo, que as diferenças que separam as duas tipologias não sejam irreconciliáveis, irredutíveis, elas dizem respeito mesmo tipo de vida que se manifesta a partir de cada uma das esferas: uma vida nobre, sã ou ainda, uma vida escrava, fraca.
[10] Ocorre um combate inadiável e urgente: a moral dos nobres versus moral dos escravos. O mau do escravo é rigorosamente o bom do nobre e inversamente o bom do escravo é o seu contrário na moral dos nobres. As políticas do ódio e a desqualificação das forças ativas da vida: culpabilização do outro por inversão imaginária da causa do sofrimento, atribuída não ao mau jeito da impotência de uma vida intoxicada, mas a afirmação da diferença inerente à força ativa: inoculação da intencionalidade no desejo a partir da ficção de um senso comum como substrato volitivo separado de toda força de existir. A interação e transformação da causa do sofrimento em falta do desejo: eis o objeto das políticas do ódio: produzir um homem que toma para si a tarefa de envergonhar-se a si mesmo: envergonhar-se de suas forças mais nobres, ativas e espontâneas por serem demasiado ofensivas aos fracos.
[11] Enquanto os nobres criam valores a partir de si mesmos e, por isso ganham, na filosofia de Nietzsche, o nome de fortes e poderosos, os ressentidos precisam destes valores previamente estabelecidos para poder criar seus próprios valores (criar aqui é inverter). Essa mudança de perspectiva feita pelo ressentimento é de fato, não mais que uma reação e, por isso o filósofo os nomeia de fracos e impotentes.
[12] A moral dos senhores, a do Super-homem, valoriza a força, a irrupção dos impulsos vitais, a vontade de poder. O filósofo chega até valorizar a guerra, pois durante esta se criam especiais oportunidades para a manifestação de virtudes nobres, como a valentia ou a generosidade dos guerreiros.
[13] O tema ressentimento extrapolando os limites de uma caracterização fisiopsicológica, passa então relacionar-se com uma determinada concepção de justiça. Destaca-se especialmente a vingança do fraco. Quando Nietzsche fez crítica direta a Dühring e à sua afirmação de que o anseio por justiça, e porquanto, a justiça mesma, teria sua origem no desejo de vingança, em um sentimento reativo próprio daquele que foi lesado e que espera ressarcimento.
[14] "O homem do ressentimento traveste sua impotência em bondade, a baixeza temerosa em humildade, a submissão aos que odeia em obediência, a covardia em paciência, o não poder vingar-se em não querer vingar-se e até perdoar, sua própria miséria em aprendizagem para beatitude, o desejo de represália em triunfo da justiça divina sobre os ímpios. O reino de Deus aparece como produto do ódio e da vingança dos fracos. Incapaz de enfrentar o que o cerca, o homem do ressentimento inventa, para seu consolo, o outro mundo. (...)". NIETZSCHE, F. Além do Bem e Mal.
[15] Essa distinção é fundamental para uma problematização da geração de valores. Ao mesmo tempo em que domina, o homem nobre interpreta, avalia, isto é, cria e impõe valores que derivam de uma afirmação da vida, de uma afirmação dos sentidos do corpo. Dessa maneira, ele considera "bom" todo aquele que é capaz de expandir a sua potência, metamorfoseando- se, e, ao contrário, considera "ruim" os que vivem entravados no impulso ao crescimento da potência, impedidos de se diferenciarem. Portanto, a origem do conceito "bom" está relacionada à própria ação efetuada pelo homem nobre - ele afirma a sua diferença. Isso quer dizer que "o juízo 'bom' não provém daqueles aos quais se fez o 'bem'! Foram os 'bons' mesmos, isto é, os nobres, poderosos, superiores em posição e pensamento, que sentiram e estabeleceram a si e a seus atos como bons, ou seja, de primeira ordem, em oposição a tudo que era baixo, de pensamento baixo, vulgar e plebeu. Desse phatos da distância é que eles tomaram para si o direito de criar valores, cunhar nomes para os valores: que lhes importava a utilidade!" (Genealogia da moral).
[16] Para Nietzsche, a natureza é constituída por uma multiplicidade de forças (ou impulsos) que estão permanentemente em conflito: forças que, ao assimilarem outras forças, crescem e expandem a sua potência; forças que, ao serem exploradas, reagem e tentam resistir à dominação. Nesse sentido, toda força é vontade de potência (ou vontade de poder), isto é, um impulso constante ao crescimento intensivo: "A vontade de poder só pode externar-se em resistências; ela procura, portanto, por aquilo que lhe resiste. [...] A apropriação e a incorporação são, antes de tudo, um querer-dominar, um formar, configurar e transfigurar, até que finalmente o dominado tenha passado inteiramente para o poder do agressor e o tenha aumentado" (A vontade de poder, 656).
[17] Para o filósofo, o ressentimento é analisado até suas últimas consequências: negação da vida, impossibilidade em esquecer e a decadência do sistema psicofisiológico do ser humano. Nessa análise do ressentimento, Nietzsche descobriu as filosofias e modos de conduta que negam uma existência em toda plenitude e vitalidade. O esquecimento é uma força que promove a vida, sendo até um dos fundamentos da mesma, uma espécie de digestão das impressões que os indivíduos recebem do mundo exterior. A memória surge como uma contrafaculdade, tendo menos valor que o esquecimento. É através da memória que alguns indivíduos, incapazes de se vingarem imediatamente das ofensas recebidas por serem fracos demais para agir, alimentam constantemente as impressões negativas que não assimiladas pelo organismo. Isto provoca um ressentir constante dessas impressões, que por vezes acabam por parecer mais graves do que a ofensa real que as originou. O indivíduo cai nas garras do ressentimento quando se mostra incapaz de esquecer.
[18] Comportamento agonístico é qualquer comportamento social relacionado à luta. É uma categoria mais ampla que agressão, posto que não envolva apenas a agressão em si, mas também inclui exibições, fugas e conciliação. O termo fora cunhado por Scott e Fredericson em 1951. É verificado em muitos animais já que os recursos alimentares, cópulas e abrigos são em geral recursos limitados o que acaba por provocar disputas entre os interesses individuais. A territorialidade é bom exemplo de situação em que há a ocorrência de comportamentos agonísticos, e o residente do território geralmente ganha o embate, expulsando o intruso.
[19] Diomedes que em grego antigo significa “astúcia divina” ou “aconselhado por Zeus”. Era príncipe de Argos antes e depois do reinado de Agamenon (por ser o único herói da cidade-Estado, recebeu o título de príncipe) e o mais valente herói grego da Guerra de Troia somente depois de Aquiles. Fora ajudado por Atena feriu a deusa Afrodite, e também o deus Ares que reclamou a Zeus sobre sua ousadia. Diomedes foi um dos epígonos (refere-se ao pensador, cientista, artista que fora discípulo numa geração anterior, do grande mestre Antônimo). Foram chamados de epígonos aqueles sete jovens de Argos que faziam parte da lenda mitológica "os sete contra Tebas" que conquistaram esta cidade grega depois dos seus sete pais a terem perdido dez anos antes.
[20] Menelau foi rei lendário da Lacedemónia (Esparta), irmão mais novo de Agamenon e filho ou neto de Atreu. Contou Homero que Menelau não era dos melhores, mas era muito nobre por possuir grandes riquezas. Menelau e Helena tiveram uma filha chamada Hermíone.
[21] Pátroclo nome que significa "glória do pai" foi um dos personagens centrais da Ilíada, primo e às vezes considerado amantes de Aquiles. Lutou com os gregos, ao lado de Aquiles, durante a Guerra de Troia. Lá, matou Sarpedão (um filho de Zeus), Cébrion (condutor do carro de Heitor) entre outros troianos de menor destaque. Quando Aquiles se recusou a lutar devido à sua disputa com Agamêmnon, Pátroclo envergando a armadura de Aquiles, depois de aconselhado por Nestor e com consentimento de Aquiles, é atacado por Apolo, ferido de morte por Euforbo, fielmente, golpeado por Heitor.
Professora universitária, pedagoga, bacharel em Direito UFRJ, mestre em Direito UFRJ, mestre em Filosofia UFF, Doutora em Direito USP. Pesquisadora-Chefe do Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas. Articulista e colunista dos sites www.invetidura.com.br, www.netlegis.com.br, www.jusvi.com , possuindo vasta produção acadêmica publicada nos sites como www.ibdfam.org.br , http://egov.ufsc.br/portal/buscalegis, www.abdpc.org.br ,www.ambito-juridico.com.br , www.abdir.com.br , www.jurid.com.br .<br>
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: LEITE, Gisele. A ética trágica de Nietzsche ou mecânica do ressentimento Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 14 jul 2014, 04:00. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/coluna/1854/a-etica-tragica-de-nietzsche-ou-mecanica-do-ressentimento. Acesso em: 22 nov 2024.
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