Aristóteles acreditava que a Terra era estacionária e que o Sol, a Lua, os planetas e as estrelas moviam-se em órbitas circulares ao redor dela. No século II d.C, essa ideia foi aperfeiçoada por Ptolomeu em um modelo cosmológico completo, segundo o qual nosso planeta ficava no centro, cercado por oito esferas que incluíam a Lua, o Sol, as estrelas e aos cinco planetas conhecidos na época: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpter e Saturno. Contudo, um modelo mais simples foi proposto em 1514, pelo padre polonês Nicolau Copérnico. Sua ideia era de que o Sol ficava estacionário no centro e a Terra e os planetas se moviam em órbitas circulares em torno dele. A revelação copernicaniana foi apoiada publicamente quase um século depois pelos astrônomos Johannes Kepler e Galileu Galilei. Todavia, só bem mais tarde, em 1687, que Isaac Newton postulou uma lei da gravitação universal, segundo a qual todo corpo no universo seria atraído para todos os outros corpos por uma força que se intensificava quanto maior fosse a massa dos corpos e quanto mais perto estivessem uns dos outros. Essa era a mesma força que fazia a maça cair no chão. Mas a observação revolucionária ocorreu em 1929, quando Edwin Hubble afirmou que o universo está se expandindo. Isso significa dizer que houve um momento, chamado Big Bang, em que o universo era infinitesimalmente pequeno e infinitamente denso. Para Stephen Hawking, se o universo está se expandindo, deve haver motivos físicos pelos quais teve de haver um início. E como tudo que teve começo caminha para o fim, não é difícil crer que marchamos nesse sentido.
Uma abordagem física das interações sociais pode mostrar muito do que não desejamos enxergar, especialmente sobre o que tem ocorrido com a humanidade nos últimos três séculos. Não pairam dúvidas de que vivemos em um dos mais avançados estágios de degradação ambiental de que se têm relatos históricos. Ao longo dos séculos o homem apropriou-se da natureza e dela tem extraído demasiadamente suas potencialidades. Usou, gozou e usufruiu dos avanços científicos e tecnológicos mais voltados ao bem-estar social, político e econômico, sem, contudo, atentar-se para a devassa que vem comprometendo o equilíbrio dos ecossistemas. O desenvolvimento econômico e social a todo custo, maximizado pela cultura de um consumo desregrado de combustíveis fósseis, pela utilização indiscriminada de veículos poluentes, pela produção intensiva de resíduos sólidos, radioativos, nucleares, etc., são apenas alguns dos inúmeros exemplos de um agir comunitário capaz de comprometer não só o equilíbrio dos ecossistemas, como também colocar fim à existência das espécies que habitam a Terra.
Mas e qual a relação entre o primeiro e o segundo parágrafo desse articulado? Passando pela filosofia de Aristóteles, pela descoberta de Copérnico e pela cientificidade de Isaac Newton, a história nos mostra o quanto somos capazes de inverter a ordem natural das coisas. Por exemplo, a lei da gravitação universal de Newton indica que um corpo menor sempre será atraído por um de massa maior. Isso justifica a Lua permanecer à nossa vista e o Sol a nossa maior atração 365 dias do ano. Nesse mesmo sentido, é a natureza que está para o ser humano. A vida é infinitamente maior que o nosso corpo físico, nossas vaidades, preconceitos, etc. Pela ordem natural das coisas tudo o mais deve (ou pelo menos deveria) girar em torno da vida. Acontece que não é isso que assistimos, pois na lei dos homens a ordem não é natural e sim artificial, forjada e idealizada. A vida é transformada em artefato de um vetor que pretende ser maior: o lucro em todos os sentidos. E como tudo que teve começo caminha para o fim, não é difícil crer que marchamos nesse sentido. Se é certo que o fim é inevitável, também o é que concluiremos mais cedo nossa jornada.
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