Gilmar Mendes é o ministro mais desaprovado pela população (67%, conforme pesquisa da Ipsos). Só conta com 3% de aprovação (marca só registrada por Michel Temer).
Cármen Lúcia, pela primeira vez, está mais desaprovada (36%) que aprovada (31%). Se não colocar em pauta prontamente os pedidos de suspeição contra Gilmar, dentro de pouco estará alcançando a ridícula popularidade do Temer.
Gilmar agora libertou o larápio conhecido como “rei do ônibus”, que foi preso num aeroporto tentando sair do País com documentos sigilosos. Tudo isso depois de ter sido padrinho de casamento da sua filha. Disse que isso não afeta sua imparcialidade (!).
Antes Gilmar libertara o “rei da ficha-suja no Brasil”, José Riva, de Cuiabá (MT), sua terra. Também libertou Eike Batista e seus asseclas, que é cliente do escritório da sua mulher (Guiomar).
Quando a polícia fez buscas na casa do seu amigo governador mato-grossense, Silval Barbosa (que confessou centenas de crimes em sua delação), a reação de espanto do ministro Gilmar foi chocante: “Que absurdo!”, “Meu Deus do céu!”. Tudo isso foi interceptado licitamente. Despediu-se do larápio afetuosamente: “Um abraço aí de solidariedade”.
Um dia depois que Janot ofereceu a primeira denúncia contra Temer, Gilmar promoveu um jantar em sua casa para ele, Padilha e Moreira Franco. Viajou no avião presidencial, é frequentador assíduo do Jaburu (nas reuniões noturnas, clandestinas) e não se julga impedido de julgar os processos do governo ladrão de Temer.
A JBS gastou mais de R$ 2 milhões com patrocínios dados ao seu Instituto e ele não deu por impedido para julgar seus processos (de anulação da delação). Outros patrocinadores do seu Instituto tinham ações sob sua relatoria. Só depois da denúncia do Estadão ele se deu por impedido.
Aécio é investigado no STF em vários inquéritos (alguns são de sua relatoria) e mesmo assim ainda pede para Gilmar ser seu assessor político e cooptar o voto de um senador. Uma esculhambação total, mas não passa nada. Estamos numa cleptocracia parasitária.
Numa espécie de chefe da rede de proteção dos grandes ladrões do País (veja o vergonhoso julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE), continua praticando suas peripécias, declarando votos antecipados, reprovando publicamente magistrados e procuradores e tudo sem nenhuma censura contundente dos seus colegas de Corte.
Joaquim Barbosa foi o único que o enquadrou, mas a lição não foi aprendida.
Gilmar Mendes desconsidera que “são as instituições as que nos ajudam a conservar a decência. Que necessitam da nossa ajuda, porque não se protegem por si mesmas. [Diante dos governos autoritários], elas caem uma atrás da outra, salvo quando defendidas com firmeza” (Timothy Snyder, Sobre la tiranía).
Tendemos a supor “que as instituições se sustentam automaticamente diante dos ataques mais diretos. Esse foi o erro que alguns judeus cometeram em relação a Hitler quando ele assumiu o poder. Acharam que seus direitos não seriam violados. Uma potência europeia [Alemanha] sempre atua com reflexão ética. As instituições não são destruídas” (Timothy Snyder, Sobre la tiranía).
Brincou-se com fogo e muitos foram trucidados, a partir de 1933, com amplo apoio da população trabalhadora e “ordeira” (milhões de Adolf Eichmann surgiram da noite para o dia, cumprindo a “nova ordem”).
Gilmar Mendes não está percebendo a gravidade das suas trapaças “políticas”. Está brincando com fogo, julgando-se superior a tudo e a todos.
As ditaduras populistas (Filipinas, Venezuela, Turquia) bem como os populismos extremados e radicais (EUA, Brexit, Rússia, Hungria, Índia etc.) estão invadindo o mundo todo. São frutos dos votos revoltados e odiosos.
Nunca se sabe o que pode ocorrer com um povo humilhado por injustiças diárias. Não podemos ver o horror e ficarmos apáticos. É dever de todos os brasileiros faxinarem exemplarmente os corruptos em 2018, renovando-se fortemente o Congresso Nacional.
Mais: devemos também lutar pelo impeachment de juízes que misturam política com Justiça. Não são dignos do uso da toga. Temos que acabar com a indicação política dos ministros pelo Presidente. Numa cleptocracia, isso é uma aberração.
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