O meu primeiro artigo para o Linkedin “A Psicologia e o engano empresarial” teve uma curiosa repercussão: pessoas próximas, profissionais de diversas empresas, de modo privado, manifestaram sua concordância, inclusive relatando situações de desvalorização e brincando que enviariam para seus superiores. É claro que isto não vai acontecer, ainda são muitos os ambientes de coação psicológica e pouco maturidade para feedback. E a Psicologia, o que tem com isso?
É fácil constatar que a Psicologia não passa do hall de entrada das empresas, quando lá consegue chegar. Os processos de seleção de candidatos a vagas ou as avalições psicológicas são este hall de entrada. Em algumas ocasiões é convidada a entrar na sala, numa visita rápida: a fatídica palestra motivacional. Existem algumas crenças limitantes por parte de muitos gestores antigos (não necessariamente de idade), que pessoas precisam ser motivadas ao invés de compreendidas. Há uma grande dificuldade de um humano ouvir outro humano, questão que está bem além da mera comunicação. A palestra motivacional é a mágica que transforma, uma “injeção de ânimo” em uma hora, e pasmem: então tudo resolvido, todos felizes! Uma expectativa que beira a infantilidade para, logo depois, vir a frustração e a acusação, também infantil: a Psicologia não resolve.
Quando a Psicologia ganha espaço e pode entrar sem tanta cerimônia, especialmente se for na condição de consultoria (porque assim age com autonomia), muitos fantasmas são descobertos nos quartinhos escuros e empoeirados do inconsciente coletivo empresarial, que formam a cultura local.
Quando a Psicologia ganha espaço, ela pode espantar os fantasmas que reinam tranquilos e são alimentados através de conflitos velados, dos assédios morais e sexuais que fragilizam e escravizam colaboradores, do sexismo tirânico, dos medos, e tantas outras questões encobertas. Muitas são as dinâmicas relacionais nocivas que reinam nos ambientes profissionais tóxicos que, muitas vezes, não são tratadas para não comprometer pessoas, cargos, reputações, vantagens etc. No entanto, dão ibope no “rádio corredor” com as devidas distorções motivadas pela insatisfação e pela negatividade em ação.
Os feedbacks que identificam, que reconhecem aspectos adoecidos nos seus ambientes profissionais, contribuem para a reflexão e ao aprimoramento do negócio, alertando para a retomada do core business perdido.
Não existem ambientes perfeitos, mas podem existir (e existem) gestores comprometidos com fomentar culturas empresariais que visam ao contínuo aprimoramento de práticas e relações saudáveis com boa comunicação. Tudo isso produzindo vida e alegria dos colaboradores em poder contribuir para o negócio. Não existem pessoas, gestores ou líderes perfeitos, mas podem (e existem) humanos se relacionando com humanos, gerando comprometimento, desenvolvimento integral, crescimento e lucro.
A desconexão interna de empresa que evita resolver seus conflitos relacionais se reflete na relação com seus clientes. Num momento global de grandes mudanças no mercado, a escolha dos clientes é por empresas que se conectem com suas necessidades, oportunizando melhores experiências relacionais. A vida é muito curta para persistirem as experiências ruins. Fica a dica!
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