Sendo um processo de produção de informação a atividade de análise de inteligência policial ou criminal é também uma atividade mental que envolve percepções sobre o ambiente e uma verdadeira acumulação e incubação de experiências profissionais intimamente ligadas aos valores e cultura das pessoas numa sociedade.
De acordo com Choo (2003) o conhecimento reside na mente dos indivíduos, e esse conhecimento pessoal precisa ser convertido em conhecimento que possa ser partilhado e transformado. Quando existe conhecimento suficiente, a organização está preparada para a ação e escolhe seu curso racionalmente, de acordo com os objetivos. A ação organizacional muda o ambiente e produz novas correntes de experiência, às quais a organização terá de se adaptar, gerando assim um novo ciclo.
A relação entre à formação da experiência e ação do analista com a mudança das estratégias da organização pode ser compreendida por meio das “fases do pensamento criador” de Platt (1974) quando define e explora detalhadamente a atividade mental do analista perante a atividade de produção de informações estratégicas. O autor descreve quatro estágios na mente do analista quando está ativa em direção a produção de informações. São elas: a acumulação, incubação, inspiração e verificação.
A acumulação que inclui a fase de coleta que afeta de algum modo à volumosa massa de idéias, conceitos e valores, armazenados na mente do analista, resultado da educação, cultura e experiência. Estes fatores, conscientes ou inconscientes tem grande influencia nas premissas estabelecidas para a análise de informações. A acumulação, portanto, inclui contribuições substanciais de toda a experiência e cultura do analista.
A incubação é estágio formal do pensamento criador. Neste estágio a mente diante das informações adquiridas sobre o problema específico, altera-se naturalmente pelo fundo geral. A maior parte desta atividade mental é inconsciente e constitui, na realidade, espécie de digestão mental e assimilação dos fatos disponíveis na mente. A idéias começam a brotar de modo lógico e com as conexões à mostra, não precisa esperar que esteja completa. O esforço mental na solução de um problema é uma série contínua de tentativas e erros. É um processo regular de experimentar e rejeitar de forma contínua, reconsiderando e buscando soluções adequadas para o problema de acorde com o aspecto probabilístico.
A inspiração é o momento de escolher uma tentativa de solução entre um grande número de soluções possíveis. A essa altura formula-se uma ou mais hipóteses para continuação do estudo, abandonando, permanentemente ou temporariamente, outros modos possíveis de abordá-lo, que pareçam menos possíveis. Neste momento, a mente, num instante de inspiração, focaliza um ou dois pontos cruciais e formula hipóteses que explicam seu papel no quadro geral. Em qualquer do problema, onde a mente está obrigada à seleção dos pontos críticos, a seleção é alcançada pelo exame de todas as possibilidades favoráveis, chegando-se metodicamente a uma decisão.
A verificação corresponde a determinação de conclusões. É o momento da definição das perspectivas mais corretas em relação a análise do problema. Surge a configuração do método mais adequado, as respostas lógicas que se transformam em conclusões; o quadro da situação global é visualizado com mais nitidez e a mente do analista encontra a configuração e representação técnica que deve ser inserida na análise. Nesta fase surge representação total do trabalho que torna possível o estudo do problema de forma específica e permite a consolidação final do conhecimento.
CHOO. C. W. A Organização do Conhecimento: Como as Organizações Usam a Informação Para Criar Significado, Construir Conhecimento e Tomar Decisões. Editora Senac São Paulo. São Paulo. 2003.
PLATT, Washington. A Produção de Informações Estratégicas. Biblioteca do Exército Editora. Rio de Janeiro. 1974.
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