Penso que se poderia sugerir a tese de que os sete principais pecados capitais do Brasil que deu errado (teocratismo, patriarcalismo, desigualitarismo, ignorantismo, selvagerismo, parasitismo e psicosismo) se agravam a cada dia. Quanto ao selvagerismo, de acordo com os dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2012, os crimes de estupro e latrocínio tiveram aumento significativo.
Os latrocínios tiveram um crescimento de 17,2% entre 2011 e 2012; isso representou, em 2012, uma taxa de 0,9 roubos seguidos de morte para cada 100 mil habitantes. O Piauí foi o estado onde esse tipo de crime teve o aumento mais estrondoso, praticamente sextuplicou, passando de 0,1 para 0,6 para cada 100 mil habitantes. Alagoas apresentou a maior taxa, 2,7 latrocínios para cada 100 mil habitantes, em 2012. Como o cálculo de mortes no levantamento citado é feito por registros de ocorrências e não por número de vítimas, é possível que o número de mortes seja ainda maior.
Já o crime de estupro apresentou um aumento de 20% no número absoluto de mortes, entre 2011 e 2012. Em 2012, foram registrados 26,1 casos de estupro para uma população de 100 mil habitantes. Contudo, para esse tipo de crime não há precisão exata de ocorrências reais. Desde 2009, a Lei Federal 12.015/2009 alterou a conceituação de estupro, passando a incluir, além da conjunção carnal, os atos libidinosos e atentados violentos ao pudor, o que pode ter favorecido o crescimento dessa taxa. Da mesma forma, por ser um crime velado e permeado pela vergonha de humilhação, muitos casos podem jamais chegar a ser uma ocorrência, levando a crer a possibilidade de que a estatística para tal é ainda mais elevada.
Outra estatística apontada pelo Anuário de 2013 são as mortes sem esclarecimento. Embora não haja estatística nacional que compile tal dado, e ausência também em alguns estados, como São Paulo, Paraná e Pará, o relatório mostra que os estados com maiores índices de mortes sem esclarecimento estão em Minas Gerais (3780 mortes) Rio de Janeiro (3619 mortes) e Santa Catarina (1124 casos).
*Colaborou: Flávia Mestriner Botelho, socióloga e pesquisadora do Instituto Avante Brasil.
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