O trabalhador brasileiro vem sendo compulsoriamente objeto de exploração estatal, e ainda com o gravame de que não obtém a garantia da entrega da sua mais valia numa ação trabalhista. Sendo a especializada exclusivíssima para dirimir as questões contratuais entre trabalhadores e empregadores, data máxima venia, está coobrigada a dar a garantia total para o deslinde e solução definitiva do processo. Para que isso fosse possível, o Estado vem ao longo de anos dotando essa justiça com os mais avançados mecanismos, tornando-a um dos maiores complexos de judiciário no mundo, reunindo um Tribunal Superior (TST), 24 tribunais regionais e 1.406 Varas Trabalhistas. Para acalentar ainda mais a JT, seus integrantes recebem os maiores salários do planeta e seus juízes, são os que mais atuam com liberdade, a ponto de sequer responderem aos suas corregedorias, por atos de má conduta disciplinar nos autos de processo, ou até mesmo no trato com as partes.
No segundo semestre de 2011 uma pesquisa realizada pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP de Ribeirão Preto (SP), quando quinze mil advogados foram consultados, apenas 1,1% dos advogados brasileiros consideram "rápida" a Justiça do país. Dos 98,9% restantes, 30,4% definiram-na como "lenta" e 68,5%, como "muito lenta". Questionados sobre as causas da morosidade, os motivos mais apontados pelos advogados foram: a) a insuficiência do número de servidores públicos; b) a falta de infraestrutura do Judiciário; c) o excesso de burocracia; d) a falta de empenho dos servidores. A partir dos resultados da pesquisa, a Fundace elaborou também um "índice de confiança" dos advogados na Justiça. Composto por sete indicadores (igualdade de tratamento, eficiência, honestidade, rapidez, custos, acesso e evolução do sistema nos próximos cinco anos), o índice teve uma queda de 4,6% em comparação com a pesquisa anterior. No primeiro semestre de 2011, o índice de confiança fora de 32,7%. Agora, a confiança dos advogados na Justiça foi estimada em 31,2%. A maior queda foi no indicador de igualdade de tratamento que ficou 11,2% menor em relação à primeira pesquisa, indo de 27,8 pontos para 24,7. O indicador melhor avaliado passou a ser a honestidade da Justiça brasileira, com 44 pontos - mas, ainda assim, longe do teto (100).
Na pesquisa anterior, o indicador melhor avaliado era justamente o que sondava a evolução da justiça para os próximos cinco anos. Porém, com redução de -10,2%, a percepção da melhor evolução caiu de 48,2 para 43,3 pontos, ficando desta vez na segunda posição. Na segunda edição do ICAJ/Fundace, o indicador rapidez continuou sendo o pior avaliado com uma queda de -8,4%, chegando aos 10,9 pontos. A questão é que ingressam a cada ano na justiça do trabalho 2,4 milhões de ações, (números do TST/CNJ), e contabilizado as ações movidas por trabalhadores contra órgãos públicos (governo federal, estatais, estaduais e municipais), acrescido das execuções do INSS, pode-se estimar em 40% o total do tempo dispensado pela maquina administrativa na solução dos processos trabalhistas, prejudicando visivelmente a ação ordinária (RT) movida pelo trabalhador celetista. Este dado se agravou, com a nova competência (EC n° 45/2005), da JT para julgar ações relativas aos débitos e parcelas da Previdência Social (INSS). Ocorre ainda que alem do tempo dispensado pelos servidores, o juiz também se desgasta conferindo e despachando os atos processuais, em muitos casos mal elaborados por despreparados auxiliares das varas.
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