ALEX LOPES APPOLONI
(orientador)
RESUMO: O presente trabalho tem o intuito de mostrar que nem todo ambiente familiar há amor, carinho, respeito, entre mãe e seus filhos (as). Para quem não conhece como é um narcisista ou nunca teve contato com um, mesmo sendo sua mãe, pai, irmão, namorado etc. este trabalho irá apresentar tópicos definitivos, referente as características de um narcisista; Indivíduos narcisistas apresentam hipersensibilidade a crítica e insultos (reais ou imaginados) e não conseguem lidar bem com derrotas, frustrações e rejeições — logo não têm maturidade emocional. Dessa forma, quando contrariados, podem reagir com raiva, irritação e nervosismo. Com o avanço da tecnologia percebemos que a violência familiar entre mãe e filho está mais presente, desde a insultos feitos pela mãe referente a imagem, roupa, comportamento do filho, um ambiente tóxico, onde a criança ou o adolescente sofre agressões físicas, que geram sequelas para o resto de suas vidas sem o amparo do Estado para essas situações. Devemos dar importância a todas essas vítimas, com o tratamento adequado e muitas vezes até a separação da criança/adolescente de sua agressora.
Palavras-chave: Mãe, Narcisista. Ambiente Familiar. Violência. Amparo. Tratamento.
ABSTRACT: This work aims to show that not every family environment there is love, affection, respect, between mother and her children. For those who don't know what a narcissist looks like or have never had contact with one, even if it's your mother, father, brother, boyfriend, etc. this work will present definitive topics, referring to the characteristics of a narcissist; Narcissistic individuals are hypersensitive to criticism and insults (real or imagined) and cannot deal well with defeats, frustrations and rejections - so they lack emotional maturity. That way, when contradicted, they can react with anger, irritation and nervousness. With the advancement of technology, we realize that family violence between mother and child is more present, from insults made by the mother regarding the image, clothes, behavior of the child, a toxic environment, where the child or adolescent suffers physical aggression, which generates consequences for the rest of their lives without State support for these situations. We must give importance to all these victims, with adequate treatment and often even the separation of the child/adolescent from their aggressor.
Keywords: Mother, Narcissist. Family Environment. Violence. Support. Treatment.
Um dos conceitos pouco explorado, e pouco entendido entre nós, é o de narcisismo, que tem sua origem no mito de narciso, que acompanha a civilização ocidental desde a Grécia antiga. A expressão narcisismo se popularizou e foi recebendo várias conotações. Ainda hoje é um conceito psicanalítico em evolução. Em síntese, ele traduz a ideia do amor do indivíduo por si mesmo. Quando em excesso, pode se tornar um distúrbio narcísico. Este Projeto tem por finalidade introduzir um pouco mais a respeito desse distúrbio e mostrar as consequências que ele pode gerar, além de criar uma rede de proteção com amparo psicológico, social e criminal às vítimas.
Muitas famílias lidam com distúrbios e transtornos apresentados por algum de seus membros. Compreender o assunto é importante para identificar as características do perfil e, assim, buscar formas de ajudar quem lida com o problema. No campo familiar, tanto os pais quanto os filhos podem apresentar esse quadro. A mãe narcisista é, portanto, a mulher que apresenta narcisismo materno patológico. O perfil se caracteriza por ter opinião elevada sobre si, exigir admiração constante e crer que outras pessoas são inferiores. Por isso, gera comportamentos abusivos que prejudicam a saúde mental dos jovens que convivem com ela.
De acordo com o Psicólogo Edmilson Lúcio da Silva há uma diferença entre o Psicopata e o Narcisista; “o narcisista tem muitas fraquezas que o psicopata pode explorar, o que significa que, em uma batalha de egos e poder, o psicopata geralmente vencerá. Em termos de mentalidade predatória e crueldade, os dois são ruins, mas o psicopata tem aquele pequeno extra sobre o narcisista. O psicopata não tem essa mesma necessidade de adoração. Nos primeiros 15-30 minutos após conhecer alguém, um psicopata terá examinado essa pessoa em busca de fraquezas, vaidades, aspirações, inseguranças e assim por diante. Com o narcisista, isso não será muito difícil de encontrar. ”
Os profissionais da área jurídica, advogados, magistrados e promotores de Justiça precisam conhecer e promover reflexões sobre esta patologia, uma vez que ela é uma das responsáveis por abusos emocionais contra crianças e adolescentes, principalmente nos casos de auto alienação parental e alienação parental. A reconstrução emocional de uma pessoa que teve uma mãe, um pai ou até mesmo os dois genitores narcisistas perversos, pode levar muito anos. É preciso que toda a sociedade tenha conhecimento dessa patologia para que as crianças de hoje não se tornem adultos doentes.
As vítimas do narcisismo, em sua maioria, apresentam transtornos, doenças e pensamentos suicidas necessitando serem acompanhadas por médicos especializados e assistentes sociais, terem direito ao sigilo pela denúncia e serem afastadas desse lar. É preciso que esses pais respondam criminalmente pelo abandono, tortura e difamação independentemente da idade de ambos, mediante as provas apresentadas.
O ECA, é um meio de reestruturar em casos de convívio familiar e dar proteção necessária a criança e ao adolescente, para que possam ter uma realização futuramente melhor. Sendo amparados, são capazes de lidarem com as dificuldades que prejudicam o seu pleno desenvolvimento, através da reintegração, tutela ou adoção familiar para as vítimas de maus tratos ou crianças abandonadas.
É importante destacar que pessoas com Transtorno de Personalidade Narcisista nem sempre têm consciência desse estado. Muitas delas nasceram e cresceram em lares abusivos, portanto, acreditam que vários dos comportamentos negativos são normais ou aceitáveis. Quando formam suas próprias famílias, as mulheres narcisistas continuam reproduzindo as práticas experimentadas na infância ou adolescência. Dessa forma, acabam ferindo seus próprios filhos e agindo como se tudo estivesse perfeitamente equilibrado na relação.
Como cada indivíduo apresenta variações nos sinais, nem sempre é fácil identificar uma mãe narcisista. A investigação sobre um possível quadro costuma ser feita por profissionais que estudam e trabalham na área da saúde mental. Geralmente, os familiares confirmam a suspeita com psicólogos. Por fim, vale ressaltar a importância de estudos nessa temática para compreender, com profundidade, alguns aspectos do sofrimento psíquico presente no mundo contemporâneo.
Desta forma, este estudo apresenta como problema de pesquisa: como identificar uma mãe narcisista no ambiente familiar, dando amparo aos filhos/vítimas tanto psicológico quanto no direito brasileiro?
O narcisismo é um transtorno de personalidade que afeta demais as relações de uma pessoa. Por isso, uma mãe narcisista prejudica seus filhos por conta de seus comportamentos que podem ser abusivos e, por vezes, humilhantes. Para identificar alguns sinais que essa mãe com transtorno apresenta é: Comportamento abusivo, problemas de identidade, autoestima frágil, sem empatia, muitas vezes perfeccionista, vive de aparências, não admite culpa e responsabilidades, não pede desculpa e nem cumpre o que promete, entre outros comportamentos. O abuso verbal é muito comum entre mãe narcisistas e filhas, as frases podem ser de projeção, de ofensa a existência da filha, de desprezo ou diminuição, de negação ou de justificação de abusos, além de poderem ter caráter de ameaça. Algumas frases comuns são: “Como você é egoísta, você só pensa em você! ”; “Você não valoriza nada que eu faço para você”; “É culpa sua que sou infeliz e que seu pai me traiu”; “Você só causa desgosto. Onde foi que falhei como mãe? ”.
Filhas de mães narcisistas não conseguem vê-las como uma base confiável e segura. Sentem que dependem de sua aprovação a todo momento, pois a mãe é capaz de sufocar com abusos e chantagens emocionais. Por isso, devido às situações de desvalorização, auto anulação e chantagens, os sentimentos e comportamentos autodestrutivos podem vir à tona, como uso de drogas ilícitas, de bebidas alcoólicas, e em casos graves, o suicídio. Para a mãe narcisista, não há vantagem em ouvir e compreender, então verá a filha como mero sujeito criado para satisfazer seus desejos. Isto leva a filha a ter um péssimo relacionamento com a mãe, pois não recebe carinho e atenção, o que é primordial para o desenvolvimento emocional saudável.
O primeiro passo para a superação é conhecer o que é este transtorno, como foi citado no texto. A partir daí mecanismos podem ser utilizados para que a filha consiga se libertar dos padrões estabelecidos pela mãe. Portanto, a estratégia mais eficaz é a terapia, pois no processo terapêutico, além de entrar em contato com suas questões emocionais, como sentimentos e emoções, irá lidar junto com um profissional sobre quais ferramentas utilizar e como lidar com as consequências geradas pelo convívio com a mãe narcisista.
Caso o convívio passe a ser mais agressivo, muitos filhos fogem de casa por causa do ambiente familiar ser considerado tóxico, além de não terem o apoio familiar, pois muitas vezes a mãe narcisista é uma mocinha e não o vilão nos olhos dos outros. Quando a criança ou a adolescente fogem de casa, em um primeiro momento, o Conselho Tutelar é acionado e deve verificar o que aconteceu. Até aí duas possibilidades: um desentendimento entre pais e filhos ou um caso grave, onde a vida da vítima que fugiu pode estar em risco. Na primeira hipótese, o jovem, geralmente, tem um pensamento e a família tem outro. É o que constata ao Oito Meia a conselheira Socorros Arraes. Há realidades familiares onde os pais exigem muitos deveres dos filhos, porém não compreendem que eles também têm direitos.
“Os pais devem entender que da mesma forma que eles têm direitos, o adolescente também tem. E tem o direito de ir ao cinema, de vestir uma determinada roupa que convêm para idade. Esses atritos geram conflitos familiares. São valores que, de repente, provocam esse conflito. A religião, o modo de vestir, a superproteção do país, que não querem que o filho tenha um convívio social. Isso vem gerando conflitos e provocando essa fuga dos adolescentes, por desentendimento”, apontou.
Para o adolescente, aquele conflito familiar nunca terá uma solução e ele não será ajudado por ninguém. Para ele, a forma de resolver aquela dor é fugir da família. Os relacionamentos abusivos costumam se acentuar na intimidade. Não é preciso provar ou justificar porque não quer mais ficar próximo do outro. Basta a mera vontade e ele deve respeitar. Ninguém será coagido a ficar convivendo forçosamente. Não será julgado quem tem razão e não há necessidade de alardear o ocorrido. Caso queira colocar um fim, o Direito de Família tem as ferramentas para proteger a pessoa da violência e do desamparo. Denuncie: acione o 180 A Central de Atendimento à Mulher funciona 24 horas por dia, recebendo ligações de qualquer lugar do país, para fornecer informações e encaminhar denúncias. A ligação é gratuita de telefone fixo ou celular.
Apresentamos algumas contribuições da Teoria do Apego para o entendimento de alguns aspectos do Narcisismo Patológico. Para isso, o trabalho foi dividido em três tópicos abordando as seguintes temáticas: Conceitualização do narcisismo e suas implicações na clínica atual; aspectos fundamentais da Teoria do Apego e narcisismo e relações de poder.
Conceitualização do Narcisismo e implicações na clínica atual Segundo Garcia-Roza (2008), no ano de 1899 o termo autoerotismo era assunto das cartas trocadas entre Freud e Fliess. O termo indicava uma posição original da sexualidade infantil que precedia ao narcisismo, em que a pulsão sexual era satisfeita parcialmente no próprio corpo, sem a necessidade de investir em um objeto externo.
O termo narcisismo foi utilizado pela primeira vez em 1899, pelo Psiquiatra Paul Näcke, para denominar a atitude de um sujeito tratar seu próprio corpo do mesmo modo, que o corpo de um objeto sexual é frequentemente é tratado, ou seja, através das atitudes de acariciar-se e afagar ele obtém satisfação. Já na obra de Freud, o termo narcisismo apresenta-se a primeira vez em 1905, no texto “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade”, o qual ele declara que o narcisismo é uma fase necessária e intermediária entre o autoerotismo e o amor objetal. Nessa obra, relata sobre a escolha de objeto feita pelos homoafetivos, os quais tomam a si mesmos como objetos sexuais, ao buscar pessoas parecidas consigo mesmas para amar, da mesma maneira que a mãe os amou na infância. Em um primeiro momento, devido às limitações do conceito, o narcisismo era considerado como perversão, pois o perverso também trata seu corpo como objeto de amor. Após as descobertas iniciais, foi possível perceber que aspectos individuais da atitude narcísica eram vistos também em muitas pessoas com diferentes transtornos. Diante disso, essa libido narcísica, poderia vir a estar presente no decorrer do desenvolvimento sexual humano (Freud, 1914/1969).
O narcisismo secundário possui dois momentos: o primeiro é o investimento nos objetos e, depois, esse investimento retorna para o seu ego. Quando o bebê já é capaz de diferenciar seu corpo do mundo externo, ele identifica suas necessidades e quem ou o que as satisfaz, então, o sujeito concentra em um objeto suas pulsões sexuais parciais. Sendo assim, o narcisismo secundário assegura as necessidades narcísicas. Além disso, irá se delinear o caminho desde o estado de prazer purificado para o reconhecimento da incompletude e também da existência de outrem. Concomitantemente, pode-se considerar a instalação do psiquismo, do sujeito e da cultura representada pelo objeto (Vasconcellos, 2014). Os traços do narcisismo primário, bem como do narcisismo secundário, irão constituir a personalidade e acompanhar o sujeito por toda sua vida (Garcia-Roza, 2008).
Aspectos fundamentais da Teoria do Apego, os estudos realizados de John Bowlby, construindo uma Teoria do Apego, partem da teoria psicanalítica de Freud, mais especificamente sobre as relações objetais, priorizando a ideia de que a separação da criança de sua mãe pode vir a ser traumática. Bowlby (1989;1990) enfatiza que o ser humano nasce propenso a estabelecer laços emocionais estreitos, sendo este um componente básico da natureza humana. Durante as primeiras fases de desenvolvimento, é de extrema importância que os laços parentais sejam de qualidade, estabelecendo e promovendo proteção à saúde mental futura de um indivíduo. É essencial que haja uma ligação íntima e afetuosa com a mãe ou alguém que cumpra este papel de forma eficaz, para que ambos possam sentir satisfação.
Caso a criança não consiga obter este tipo de relação com alguém que exerça a função materna, o lugar da mãe, ocorre o que se chama de privação materna, provinda a partir de uma falta de cuidados amorosos de que tanto se necessita nos anos iniciais. Em casos assim, o desenvolvimento físico, psíquico e social é quase sempre prejudicado, podendo suceder sintomas, variando de acordo com o grau de privação pelo qual a criança foi exposta. O bebê pode deixar de sorrir, ter atrasos na fala, perder o sono, não responder a estímulos durante o brincar, entre outros (Bowlby, 1989). Faz-se necessário assinalar que a figura paterna também tem um papel importante, ainda que secundário na relação com o bebê. Entretanto, este se torna mais significativo na medida em que a criança vai crescendo, já não sendo tão dependente de cuidados, sendo 13 que o genitor atua no apoio emocional da família, o que agrega em um clima harmonioso no ambiente que o bebê se desenvolve (Bowlby, 1989).
No apego ansioso com evitação, a criança não demonstra ter confiança e acredita que será rejeitada, não terá ajuda ou cuidado dos pais. O sujeito busca por ser independente 15 emocionalmente e autossuficiente, o que no futuro, pode vir a ser diagnosticado como narcisista. Em referência ao que foi exposto acima, podem ocorrer perturbações do comportamento de apego, provenientes de cuidados maternos precários, constante rejeição por parte da mãe ou cuidados essenciais dispensados por sucessão de diferentes pessoas. Também é possível que aconteçam conflitos provindos de excesso de cuidados, embora sejam menos comuns, como superproteção ou grande oferta de alimento, sem que haja necessidade biológica (Bowlby, 1989; 1990).
Narcisismo patológico e as Relações de Poder Vries e Miller (1990), ao estudarem líderes, perceberam que as exigências e as críticas de suas orientações, estão relacionadas ao seu desenvolvimento narcisista. Freud já afirmava que os líderes não sentem a necessidade de amor de ninguém, isso deve-se a sua natureza dominadora, narcisista independente e autoconfiante (Freud 1920/1969).
Freud (1921/1975) afirma que as exigências de igualdade em um grupo aplicam-se somente aos membros, porém todos querem ser dirigidos por um líder, uma pessoa afastada, superior a todos eles. Isto é, o homem é um animal de horda, uma criatura individual numa horda conduzida por um chefe.
De acordo com Schirato (2006), da mesma forma que o poder é desconfortável, ele é fonte de prazer. Sabe-se, por inúmeros depoimentos históricos, que o poder é inerente à profunda solidão do poder, isto é, exatamente aquilo que distingue o indivíduo dos demais no quase absoluto da ação, numa quase onipotência. Além disso, é alto o preço que se paga por ser o único a gozar desses privilégios. Não seria arriscado dizer que o poder é cauterizado, ou seja, toda a libido do indivíduo é deslocada para o poder. E é pela libido, orientada para o outro, que o indivíduo sai do seu narcisismo e realiza uma relação de amor em sua vida, instituindo, assim, a genuinidade da pulsão de vida.
4.A DIFERENÇA DO NARCISISTA PARA O PISICOPATA
Os narcisistas estão alinhados com a sociedade do “eu”, que é calcada na ambição, conquista, autoconfiança, autopromoção e autoestima. Para a pessoa ser considerada com o transtorno narcisista deve conter cinco ou mais das características descritas no DSM-5, (sigla em inglês para Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) se manifestam de forma consistente a partir da idade adulta. Não há um consenso sobre a causa do transtorno, mas o ambiente e forma de criação podem favorecer seu surgimento.
Algumas das características é a falta de empatia (crê que se preocupam muito com seu bem-estar, mas não reconhece os sentimentos dos outros); grandiosidade (superestima suas habilidades e feitos/ pretencioso = tenta diminuir o outro); se julga especial (quer esse reconhecimento e acha que só aqueles também especiais podem compreendê-lo); exige privilégios (quer tratamento exclusivo e reage mal se não acontece); tomado por inveja (acha que o invejam, também sente inveja, por acreditar que é mais merecedor de muitas conquistas alheias); sem limites (imagina possibilidades ilimitadas de poder, sucesso, brilhantismo, beleza e amor ideal); busca aplausos (com autoestima frágil, quer atenção e faz charme para ganhar elogios); explora os outros (espera grande dedicação, sem reciprocidade); relaciona-se para ter benefícios ou alimentar autoestima); esbanja arrogância (é o tipo que chama de “estúpido” quem o serve/ desvaloriza os outros, especialmente se forem elogiados).
No texto “Uma Violência Silenciosa: Considerações Sobre a Perversão Narcísica”, o filósofo e psicanalista André Martins explica que, este trabalho tem como objetivo analisar a perversão narcísica, um fenômeno psicológico que fortalece o ego do agressor ao desvalorizar o outro. Através das considerações do filósofo e psicanalista André Martins, examinamos a natureza sutil, não assumida e negada dessa forma de violência perpetrada pelo narcisista. Observa-se que a perversão narcísica encontra um terreno fértil na cultura contemporânea, sendo mais prevalente do que se imagina, mesmo que sua manifestação não seja explícita, mas sim permeando o cotidiano, as relações interpessoais e os atos do dia a dia de forma despercebida.
Ao longo do tempo, os valores inerentes a esse comportamento perverso geram consequências destrutivas, tais como a busca por aparências falsas, como riqueza baseada em dívidas, a busca por uma beleza artificial através de procedimentos estéticos, a adoção de práticas de atletismo artificial por meio do uso de anabolizantes, a busca por fama ilusória em programas de reality shows e nas redes sociais, a falsa sensação de ser especial promovida por uma educação focada excessivamente na autoestima, e a formação de amizades superficiais e virtuais.
Embora essa fantasia momentaneamente proporcione uma sensação de bem-estar, é importante ressaltar que, infelizmente, a realidade sempre prevalece. Exemplos como a crise financeira e os empréstimos hipotecários de 2008 demonstram como esses desejos pretensiosos colidem inevitavelmente com a realidade.
A sutileza e a manipulação caracterizam o narcisista, tornando difícil para a vítima identificar o problema, geralmente apenas quando a situação atinge seu limite. O narcisista, carente de empatia e imerso em uma cultura que valoriza o egocentrismo, raramente reconhece a crueldade de seus atos, resultando em relatos de abuso provenientes apenas da outra parte envolvida.
O tratamento da perversão narcísica é considerado desafiador, se não impossível, devido à falta de consciência do narcisista em relação ao seu próprio problema. É incomum que eles busquem ajuda psicológica, e quando o fazem, geralmente é com o intuito de manipular a vítima e fingir estar disposto a mudar. Além disso, eles tendem a abandonar rapidamente o tratamento, tentando convencer a vítima de que são os injustiçados. Assim, a responsabilidade de pôr fim aos abusos recai sobre as vítimas, tornando a situação ainda mais cruel. Estas, já fragilizadas, devem identificar os mecanismos de controle utilizados pelo narcisista e encontrar estratégias para se libertar desse problema. Essa transformação certamente representa um desafio, porém menos árduo do que permanecer constantemente submetido ao controle de um dominador.
Video explicativo de uma relação com narcisista: UOL TAB. Narcisismo em foco [vídeo]. São Paulo: UOL, 2022. Disponível em: https://tv.uol/15Dwz. Acesso em: 18 maio 2023.
A psicopatia, a sociopatia e a personalidade narcisista são transtornos distintos, mas compartilham características antissociais. Esses distúrbios apresentam traços de manipulação e falta de culpa, motivando ações em benefício próprio. Identificar essas características pode ser difícil, já que os indivíduos afetados costumam ser simpáticos e carismáticos, utilizando estratégias manipuladoras para ganhar a confiança dos outros.
A comunidade científica possui teorias sobre a origem desses transtornos. No caso dos psicopatas, fatores biológicos, psicológicos e genéticos são apontados como causas. Alguns especialistas acreditam que esses fatores podem ser hereditários ou resultar de alterações no lobo pré-frontal, região do cérebro responsável pelas emoções e comportamentos sociais.
A psicopatia, considerada um traço de personalidade, não possui cura e não é tratada como uma doença. No entanto, pode ser classificada em diferentes níveis de gravidade. Muitos indivíduos com esse transtorno não buscam ajuda ou tratamento, pois acreditam que o problema está nos outros, não neles mesmos.
Em termos de comportamento, os sociopatas são menos dissimulados, causam conflitos e são emocionalmente instáveis. Eles muitas vezes estão envolvidos em atividades criminosas, sendo impulsivos e tendo pouca paciência para planejamento. Por outro lado, os psicopatas são mais detalhistas, agem de forma dissimulada e conseguem esconder sua verdadeira natureza. São mais frios e calculistas.
Essas são as principais características e diferenças entre psicopatia, sociopatia e personalidade narcisista, de acordo com o estudioso Fabiano de Abreu.
5. A VIOLENCIA FÍSICA E PISICOLÓGICA SOFRIDA PELO (A) FILHO (A) REALIZADA PELA FIGURA MATERNA.
O narcisismo materno é caracterizado por um relacionamento abusivo que, geralmente, envolve a destruição da autoestima dos filhos. A figura materna tende a ser vista de maneira idealizada e até mesmo sagrada pela sociedade. Por ser extremamente importante para o desenvolvimento dos filhos, muitos se esquecem que as mães são, antes de tudo, humanas, mulheres que podem cometer erros e apresentar transtornos que afetam o desempenho no papel de mãe.
No caso das mães narcisistas é comum que o filho seja visto por ela como uma extensão de seu próprio ser, no qual a mãe deposita todos os seus sonhos, vontades e frustrações. Pode ocorrer um comportamento abusivo por parte da mãe, com atitudes com o objetivo de se autovangloriar, o filho é visto como aquele que deve suprir as necessidades da mãe e, para que ele não se liberte deste papel, a mãe se torna bastante controladora.
A filha de mãe narcisista sofre sozinha. Para quem cresce sob a sombra de uma mãe narcisista, é difícil desenvolver uma autoestima sadia. Filhas de mães narcisistas não conseguem reconhecer seus próprios méritos e também têm dificuldades de se visualizarem como indivíduos adultos e competentes. Crescer sem o respeito, o amor e o afeto da própria mãe deixa marcas profundas na filha de mãe narcisista.
Como satisfazer a mãe narcisista não é uma tarefa fácil, a filha está sempre correndo atrás do prejuízo e tentando compensar pela sua suposta incompetência. Quando a filha não está investindo loucamente em uma imagem de perfeição, ela se autosabota, rejeitando a si mesma em uma tentativa incoerente de reivindicar a sua autonomia perdida. Anos de abuso emocional e psicológico corrompem o senso de identidade e autoimagem da filha de mãe narcisista.
Existe também a questão da competição com os filhos, sobretudo na adolescência. Elas querem mostrar que são melhores e que sabem mais. Os sentimentos dos jovens, neste caso, são sempre invalidados. O transtorno narcisista na maternidade tem danos gigantescos, até mesmo para a sociedade, porque gera um dano nos filhos e, consequentemente, nos netos. Filhos atingidos por uma mãe narcisista não transferir algumas dessas coisas para os seus futuros filhos também.
Os traços de narcisismo na maternidade trazem prejuízos também para a própria mãe, que, em vez de celebrar, vai sofrer mais a cada passo do filho; que vai ter ainda mais dificuldades nessa missão exaustiva e que exige tanto das mulheres; que fará escolhas muitas vezes desconfortáveis e desvantajosas a ela mesma, apenas para receber elogios e atenção; que precisará lidar com o afastamento das crianças, conforme elas percebem a situação e ganham independência.
De acordo com Freud, existem dois modelos de escolha objetal, também o anaclitico e o narcisista. O primeiro tem a mãe como modelo e é diretamente vinculado á satisfação de suas necessidades básicas e o outro toma a si mesmo como objeto amoroso. O narcisista de acordo com Freud “exerce grande atração sobre aqueles que renunciaram a uma parte do seu póprio narcisismo”
6. COMO O ESTADO PODE SE POSICIONAR REFERENTE A VÍTIMA E A AGRESSORA.
O Estado atua no presente tema valendo-se das seguintes vertentes:
· Proteção Integral – fundamentos legais - Efetividade:
O direito da criança e do adolescente envolve as relações jurídicas de crianças e adolescentes (diversos diplomas legais). A proteção integral condiz com direitos e garantias diante das questões de efetivação de direitos – evitar a proteção reflexa. Responsabilidade da família, da sociedade e do Estado – preocupação com a concretude.
· Proteção de valores fundamentais:
Proteger interesses fundamentais – vida, saúde, educação, liberdade, convivência familiar – comunitária, dignidade.
Resguardar a condição de valores condizentes com a totalidade do ser humano – físico, mental, social, espiritual, mental – em relação às necessidades presentes e futuras.
· Princípio da dignidade da pessoa humana:
Princípio da dignidade da pessoa humana fundamenta a proteção integral de crianças e adolescentes.
Garantia de dois direitos básicos — integridade e desenvolvimento saudável — condiz com a dignidade da criança e do adolescente.
Mecanismos trazidos na legislação nacional e na normativa internacional.
· Estatuto da Criança e do Adolescente:
Artigo 1º:
"Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade" (BRASIL, 1990, art. 1º).
Artigo 3º:
"A criança e ao adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade" (BRASIL, 1990, art. 3º).
Artigo 4º:
"É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária" (BRASIL, 1990, art. 4º).
· Artigo 227 da Constituição Federal:
"É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão" (BRASIL, 1988, art. 227).
· Convenção Internacional dos Direitos da Criança:
Artigo 3 da Convenção Internacional dos Direitos da Criança: "1. No que diz respeito a todas as medidas tomadas ou decisões adotadas em relação às crianças, quer por instituições públicas ou privadas de assistência social, tribunais, autoridades administrativas ou órgãos legislativos, o interesse superior da criança será uma consideração primordial.
Os Estados Partes se comprometem a assegurar à criança a proteção e os cuidados necessários ao seu bem-estar, tendo em conta os direitos e deveres dos pais, tutores ou outras pessoas legalmente responsáveis por ela, e tomarão todas as medidas apropriadas para garantir a proteção e o cuidado das crianças em conformidade com seus sistemas de assistência social" (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1989, art. 3).
Artigo 12 da Convenção Internacional dos Direitos da Criança: "1. Os Estados Partes garantirão à criança que esteja capacitada a formular seus próprios juízos o direito de expressar suas opiniões livremente sobre todos os assuntos relacionados com a criança, levando devidamente em consideração essas opiniões, em função da idade e maturidade da criança.
Para esse fim, se dará à criança, em particular, oportunidade de ser ouvida em todo processo judicial ou administrativo que a afete, seja diretamente ou por meio de um representante ou órgão apropriado, em conformidade com as regras processuais da legislação nacional" (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1989, art. 12).
Artigo 13 da Convenção Internacional dos Direitos da Criança: "A criança terá o direito à liberdade de expressão; esse direito incluirá a liberdade de buscar, receber e difundir informações e ideias de qualquer natureza, independentemente de considerações de fronteiras, sob qualquer forma de expressão, desde que seja compatível com os direitos dos outros e com os critérios estabelecidos por lei" (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1989, art. 13).
Artigo 19 da Convenção Internacional dos Direitos da Criança: "Os Estados Partes adotarão todas as medidas legislativas, administrativas, sociais e educacionais apropriadas para proteger a criança contra todas as formas de violência física ou mental, abuso ou tratamento negligente, maus-tratos ou exploração, inclusive abuso sexual, enquanto a criança estiver sob a guarda de seus pais, de um representante legal ou de qualquer outra pessoa responsável por ela" (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1989, art. 19).
Artigo 39 da Convenção Internacional dos Direitos da Criança: "Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas para promover a recuperação física e psicológica e a reintegração social de toda criança vítima de: qualquer forma de abandono, exploração ou abuso; tortura ou qualquer outra forma de tratamento ou punição cruel, desumana ou degradante; ou conflitos armados. Essa recuperação e reintegração ocorrerão em um ambiente que promova a saúde, o respeito próprio e a dignidade da criança" (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1989, art. 39).
7.CONCLUSÃO
A presente pesquisa abordou o tema O narcisista no ambiente familiar com relação a violência física e psicológica da figura materna com o seu descendente, analisando os principais aspectos legais e os desafios enfrentados nesse contexto. Ao longo do estudo, foi possível constatar a importância da proteção dessas crianças e adolescente no ambiente familiar, evitando os traumas e sequelas que podem acarretar ao longo do tempo através das atitudes de uma mãe narcisista.
Verificou-se que a nossa legislação ainda está desfalcada referente a esse tema, que deve ser realizada estudos interligados com a área da psicologia para haver estudos mais aprofundados referente a essa “doença” pouco conhecida. Mas através da analogia podemos utilizar o Código Penal, o Estatuto da Criança e do Adolescente para amparo dessas vítimas de violência doméstica e violência psicológica.
É importante destacar que pessoas com Transtorno de Personalidade Narcisista nem sempre têm consciência desse estado. Muitas delas nasceram e cresceram em lares abusivos, portanto, acreditam que vários dos comportamentos negativos são normais ou aceitáveis. Quando formam suas próprias famílias, as mulheres narcisistas continuam reproduzindo as práticas experimentadas na infância ou adolescência. Dessa forma, acabam ferindo seus próprios filhos e agindo como se tudo estivesse perfeitamente equilibrado na relação.
O tratamento da perversão narcísica é considerado desafiador, se não impossível, devido à falta de consciência do narcisista em relação ao seu próprio problema. Diante disso, deve haver mais estudos referente a esse transtorno, para que as gerações futuras não sofram ainda mais por causa de um ambiente tóxico de se conviver.
Conclui-se, portanto, que o Direito brasileiro está em constante evolução, que esse tema seja classificado para estudos referente a saúde pública, para que possamos proteger nossas crianças e adolescente, juntamente com a mãe que sofre desse transtorno, dando o apoio e tratamento necessário para reconstruir esse lar prejudicado.
Bowlby, J. (1988). Cuidados maternos e saúde mental. (2ª ed., V. L. B. de Souza & I. Rizzini, Trads.). São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1951)
Bowlby, J. (1989). Uma base segura: implicações clínicas da teoria do apego. O cuidado com as crianças (S. M. de Barros, Trad.). Porto Alegre: Artmed. (Trabalho original publicado em 1988)
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Violência Familiar, Carmen Leontina Ojeda Campo Moré, Sheila Krenkel, UFSC, FLORIANÓPOLIS | SC, 2014 (2023) - https://violenciaesaude.paginas.ufsc.br/files/2015/12/Violencia_Familiar.pdf
Graduanda em Direito pela Universidade Brasil. Campus Fernandópolis.
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: CANELA, Caroline Cezira. O narcisista no ambiente familiar: violência física e psicológica da figura materna com seu descendente Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 01 ago 2023, 04:50. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/ArtigOs/62273/o-narcisista-no-ambiente-familiar-violncia-fsica-e-psicolgica-da-figura-materna-com-seu-descendente. Acesso em: 23 dez 2024.
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