Diz o adágio popular que o pior cego é aquele que não quer enxergar. E deles, lastimavelmente, o Brasil está cheio, ainda que para tristeza do País, mas de velada alegria da invulgar banda podre da classe política. É deles que é formado o imenso batalhão de inocentes úteis que se deixam enganar facilmente, acreditando piamente nessa asquerosa camada de politiqueiros mentirosos, bravateiros, desprovidos de valores morais e éticos, que buscam não só alcançar o poder, mas dele não mais se desatrelar.
Este quadro só mudará quando os governantes renderem -de forma efetiva aos governados- condições basilares de acesso e alcance à educação e de seu contínuo desenvolvimento, na incessante forja de valores básicos de formação do caráter do cidadão, de seu efetivo e irrestrito amor à pátria, do aprimoramento de sua consciência ao pleno exercício de sua cidadania, estágio no qual ele estará então capacitado para distinguir com clareza, dentre outros importantes valores, quem é verdadeiramente quem neste malsinado quadro político brasileiro, eivado de carreiristas e oportunistas de carteirinha ou crachá.
Como é óbvio, não interessa aos governantes esses ou quaisquer outros tipos de capacitação. O que importa mesmo –e muito- é manter o povão nas trevas da ignorância e dominados por valores bem tupiniquins, do tipo samba, cachaça e futebol. Na arte da hipocrisia e da enganação eles são artífices natos;
Assim, quanto o menor esclarecimento político, melhor. Que ele se contente em trabalhar como um jumento, em troca de um salário miserável, ou ser contemplado com a bolsa-miséria e que na volta para o lar, depois de passar no bar da esquina, que se contente em assistir o jornal televisivo chapa branca (onde somente se veicula o que interessa ou que seja do agrado do senhor feudal, que controla o verbo e a verba publicitária institucional governamental, jorrada do pote do dinheiro público) e entremeado entre duas novelinhas, que, com certeza, nunca serão perdidas pois nela são inseridas generosas cenas de sexo, traição, pederastia, além de aulas explícitas de fraudes, picaretagens, e outros componentes afins, conexos e assemelhados de como empulhar o próximo, assim como procedem os políticos (ou politiqueiros?) desse jaez.
Ao povo, dê-se pão e circo. Claro que, de preferência, o pão que o diabo tiver amassado e o circo de qualidade mambembe. Até porque do pobre, o político (ou politiqueiro?) quer o voto. Do rico, o dinheiro escuso da campanha. Escuso, porque jamais será doado sem retorno. E o retorno será em favores ou em negócios não muito claros. A única certeza aqui será que em dinheiro público, como é evidente.
Nunca nesta terra de Cabral enganou-se tanto, de forma tão despudorada como às escâncaras. Antigamente, essa “classe” ainda tinha pelo menos algum zelo e reserva no balcão de negócios das coisas públicas, sendo conduzido de forma velada. Além disso, é importante salientar que o político (ou politiqueiro?) tinha nome e sobrenome. Hoje, alguns preferem o codinome associado ao do originariamente registrado no cartório civil e confirmado na pia batismal. E pelo codinome são tratados e fazem questão de serem conhecidos. Agem como verdadeiro semideus. E julgam-se inimputáveis. Como tal, consideram-se acima do bem e do mal.
No passado, tínhamos estadistas. Nos dias atuais temos o quê, além de identificáveis oportunistas?
No passado, exercitava-se o voto de convicção. Hoje –e quando muito- é o de exclusão. Isto é, vota-se no menos pior!
A esta altura, o intrigado leitor indagará. Mas por que diabos o autor efetua no título desse seu artigo uma similaridade com o sindicalismo brasileiro.
É porque é dessa “nata” que o quadro político nacional ganhou especial considerável “reforço” nos últimos tempos.
O sindicalismo serviu de trampolim para que essa gente se infiltrasse na política. Alguns, mentindo escandalosamente. Provado e documentado nos anais do Congresso Nacional. Quem duvidar disso que leia em meu último livro “S.O.S.SINDICALpt –O que os contribuintes dos sindicatos e a sociedade precisam saber sobre o sindicalismo brasileiro e suas graves contradições”, ou simplesmente acessem os implacáveis arquivos da Câmara dos Deputados. Está lá, com todas as letras o engodo, o logro do governante de turno, representado pela PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 252/2000, de maio do ano 2000, dois anos e meio antes da eleição do atual governante. Confiram com a PEC-369/2005 (quando já no Governo do petismo)
Vejam o que lá está escrito e assinado. E comparem com a tal reforma sindical “para valer do PT” (do qual o referido governante é seu conhecido cacique e donatário dessa capitania hereditária) e que na verdade teve um único mote. Distribuir a metade que o governo arrecada com o rateio da contribuição sindical obrigatória com as centrais, entes espúrios na legislação prevalecente, dentre as quais figura e pontifica a CUT, braço direito do PT. Enquanto a querela jurídica derivada da Ação Direta de Inconstitucionalidade 4067 prossegue sob julgamento no Supremo Tribunal Federal, as centrais já embolsaram quase 250 milhões de reais. Dinheiro público, saído do bolso do trabalhador que paga a contribuição obrigatória, dado em retribuição à cooptação de imoral e vergonhoso apoio político-eleitoral.
Há muito mais o que dizer sobre a indigência do sistema sindical brasileiro, concebido na era dos anos 40 pelo ditador Vargas e que até hoje, decorridos setenta anos, permanece incólume, por força dos lobbies daqueles que não admitem nenhuma alteração do sistema e sob o beneplácito de governantes movidos exclusivamente pelo minúsculo desejo de perpetuidade de poder, deles e de seus acólitos, em detrimento do interesse comum.
Com isto o Brasil, líder dos emergentes, ostenta o lúgubre e indecoroso galardão de um sistema sindical caduco, anacrônico, farto e rentável balcão de negócios, além de meio de vida de muita gente sem valor, especializada na arte de enganar o próximo. Como tal, vivemos a era de autêntica república sindicalista. Mais de 45% dos postos do Governo estão a cargo de sindicalistas. Isto sem contar nos que aboletaram nas estatais! E quem diz isso consta de trabalho produzido pela reputada e insuspeita Fundação Getúlio Vargas.
Não se pode admitir ou perdoar que decorridos mais de 70 longos anos, essa legislação possa ser definida e caracterizada numa só frase conceitual: trata-se de um pleno e caracterizado divórcio entre a norma jurídica e a realidade política e econômico-financeira do Brasil do século 21!
Só mesmo uma republiqueta de bananas teria algo igual. Você acha que o Brasil, ainda que de cegos ou cegados é merecedor disso?
Neste deserto de valores da representação popular contemporânea, resulta ser muito mais fácil saber em quem não se deve votar, do que em quem votar.
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