No segundo turno da atual eleição, onde só dois candidatos, um homem e uma mulher, disputam a preferência dos eleitores, é de 50% a possibilidade de elegermos uma mulher. Por este aspecto, mesmo que inadequadamente, tem sido argumento de campanha o debate sobre a valorização do ser "mulher".
Esta visão reflete um tema atual, exatamente porque a figura da mulher, ou melhor, a questão de saber se ela mudou ou não, tem sido objeto das mais empolgadas discussões no meio corporativo e na função pública. Este fato deve-se à perplexidade que tem causado entre os homens, e mesmo entre as mulheres, protagonistas e coadjuvantes, a forma com que elas avançam sobre o mercado, ocupando, cada vez mais, funções destacadas, antes só ocupadas por homens.
Esta realidade tem sido observada em todos os setores, inclusive dentro de nossas casas, junto as nossas famílias. Nos círculos sociais mais próximos, o assunto tem sido observado com certa suspeita, pois nem todas as respostas surgem quando confrontamos a participação e a responsabilidade da mulher atual com o papel exercido por ela até então. Os questionamentos são os mais diversos, incluindo o sentimento de alguns que acham que é o homem quem está mudando como consequência deste mesmo fenômeno social.
Não são poucas as vezes que a sociedade, marcada por um ambiente masculino até então, tem demonstrado um comportamento defensivo. Homens, mulheres, empresas e até o Estado ainda não encontraram a melhor forma de se posicionarem neste novo ambiente. A inserção do feminino em um novo papel, dentro de questões políticas, na área profissional, no casamento, nos namoros, no sexo e nas amizades tem modificado, significativamente, os conceitos e preconceitos vigentes.
A percepção fundamental entre todos é que ambos os sexos, agora e no futuro, tudo podem em igualdade absoluta de condições. A pergunta é: como adaptar-se rapidamente e ser um agente protagonista nesta transformação inevitável, independentemente de se ser homem ou mulher?
A discussão é de extrema importância e exige o debate. Há que se descobrir se as transformações estão acontecendo porque a mulher mudou, ou por que a sociedade passou a reconhecer as qualidades que ela desenvolveu melhor do que o homem com o passar dos tempos. Inclusive, é possível que as qualidades que tornam a mulher mais apta para as exigências tecnológicas atuais sejam resultado da circunstância histórica de terem sido aprisionadas e subordinadas pelo masculino durante séculos.
A história nos ensina que, após este período de submissão e controle, exercidos por qualquer espécie de poder, seja contra a mulher ou contra partidos políticos, ideologias e povos, fazem com que a parcela da população e suas ideias que sofrem esta agressão adotem, para garantir sua sobrevivência, posicionamentos estratégicos que a torna cada vez mais eficiente.
Só os oprimidos sabem como, a partir da clandestinidade e do pequeno espaço que ocupavam, organizarem, “com muita paciência” e estratégia, reações extremamente eficientes.
E estes são os parâmetros exigidos pelas empresas e o mundo atual: eficiência, capacidade de reagir e organizar-se com estratégia e paciência. Nada de truculência, força ou exposição demasiada, qualidades antes fundamentais ao exercício do poder na civilização em desenvolvimento.
Estes são os aspectos que devem ser cuidadosamente observados pela humanidade moderna – atual . A sociedade pode estar errando quando diz que a mulher mudou, pois esse posicionamento pode, mais uma vez, impregná-la com a ideia de que é diferente do homem. Ontem eram inferiores, hoje seriam superiores?! Ambas as ideias a tornam objeto. Talvez a definição correta seja a de que o mundo é que chegou a um momento tecnológico e de relações interpessoais onde é necessário a sutileza, a paciência e a estratégia, qualidades que devem ser compartilhadas e ensinadas aos homens, sem necessidade de sofrerem o que as mulheres necessitaram sofrer nas mãos destes durante séculos. Mesmo assim, estas questões também não podem ser usadas para desqualificar o homem, ou mesmo valorizar ou desvalorizar a mulher, tornando-a mais uma vez diferente.
A atualidade do tema tem feito com que estudiosos do comportamento humano cada vez mais dediquem-se no desvendar de nossas dúvidas. Cito, por exemplo, o livro "Complexo de Talidomida: a mulher mudou... O homem não?!”, onde o autor, após abordar todos estes aspectos, concluiu que “os gêneros (homem e a mulher) se completam na construção do almejado “ser humano ideal”.
Portanto, nosso voto será muito mais eficiente se deixarmos de escolher nosso candidato só por ser mulher ou homem. Afinal, o homem de hoje também está encontrando as mesmas qualidades que a mulher. O masculino e o feminino, em verdade, são uma questão de gênero e de reprodução de uma espécie – a humana – que é única e igual em inteligência e valor, independentemente do sexo.
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