Em um momento onde o mundo passa por incontáveis transformações, sendo a mais cruel delas uma crise econômico-financeiro sem precedentes, que faz do “crack” da Bolsa de Valores de Nova Iorque em 1929 uma pequena poça de água, perto deste terrível lamaçal pelo qual o mundo irá passear nos próximos anos.
São a partir de provações como essa, é que surgem heróis, são delas que as “potências econômicas” saem mais fortalecidas ainda, que aqueles, hoje chamados de “emergentes”, encontram o seu verdadeiro lugar, ou seja, o subdesenvolvimento, o terceiro mundo, o caos, por onde ajudam a saldar o débito, mais de onde não conseguem saborear o doce frescor do sonho realizado.
É no meio deste turbilhão de acontecimentos, onde aqueles que por anos lucraram demasiadamente, especulando, açoitando a base da pirâmide social, destruindo tudo e todos que cruzassem seu caminho, mais que hoje vêem seus imensos cofres sendo esvaziados, e, pior, muito rapidamente, que nos perguntamos: será que aquela conversar sobre proteger o meio ambiente, diminuir a emissão de gases, aumentar a produção de biodiesel em detrimento ao petróleo, sobreviverá em tempos onde o capital, falido, por si só, já não satisfaz mais os anseios do ser humano?
“Maldito é o homem que crê em outro homem; bem aventurado é aquele que crê em Deus, pois o reino dos Céus será seu”.
Deus, “figura” muito aclamada, nestes momentos de crise, onde fortunas desaparecem aos nossos olhos, mais que vê sua maior criação – o homem – não cumprir aquilo que Ele designou como fonte para a vida eterna, da qual todos nós pudéssemos nos fartar.
Ele nos presenteou com o terceiro mundo, um pontinho azul, bem pequenininho, milhares de vezes menor que as luas de Júpiter, mais que no anseio de se alcançar a salvação, é a fonte onde beberemos da água da vida.
Visões de uma vida melhor, regrada ao luxo, às boas e velhas “coisas de rico”, hoje se esvaem de nosso cotidiano de crise, pois aqueles carrões, que custam milhares de dólares, e pelos quais lutamos igual a loucos, já começam a nem mais serem fabricados, ao passo em que as maiores montadoras automotivas do mundo, começam a sentir que o adquirido em décadas de lucros recordes não é capaz de manter os investimentos durante meses.
Será isso a verdade? Será que os “zilhões” ganhos durante décadas de uma política econômica voltada somente para o capital, onde só se é feliz quando se consegue o “sonho americano” (a casa própria, um bom emprego e, principalmente, um “carrão” daqueles de holliwod, com bancos de couro, todo elétrico e automático, com trezentos e tantos cavalos de potência e, em especial, que faz espetaculares três quilômetros por litro de gasolina), realmente não suportariam as primeiras ondas de uma tsunami que se apresenta como recessão?
Assim, o que faremos de agora em diante, já que nada do que fora construído a ferro e fogo durante todos esses anos, onde o planeta sente hoje os efeitos do crescimento globalizado de ontem, por onde crescer, sem se preocupar com o amanhã, significava o essencial para o mundo, tido: Humano.
Os dias do amanhã chegaram, mais com vontade de partir, pois o amanhã dito ontem é o presente de hoje, que possui passado, mais que não vê o futuro. É o presente que dorme cedo, para tentar fazer o futuro chegar mais rápido, que trabalha mais do que nunca, para tentar salvar o emprego já perdido. Preocupamos-nos cada vez mais com nossos empregos, carros, casas, do que com nossas famílias e com o que fazer no amanhã, algo, insistentemente, incerto.
Desta feita, foi nesta mescla do ter hoje e não ter mais nada amanhã, que a maior potência econômica do séc. XX, e também deste começo de séc. XXI resolveu se transformar, e com um toque de Midas, passou de um país extremamente racista, do fim do séc. XIX e meados do séc. XX, onde até seus presidentes se declaravam contra as minorias étnicas, em um país onde o seu maior governante, é um presidente representante de uma dessas minorias étnicas.
Pois bem, colocou-se um negro, descendente direto do povo africano na white house, fazendo dele a mistura homogênea entre o maior de todos os presidentes norte americanos, Abraham Lincoln, com o maior de todos os militantes sociais, Martin Luther King, ou seja, os norte americanos viram o impossível para eles, a junção do capital com o social, da competência com a cor, e da esperança com o medo. Yes we can!
Assim, neste início de século, de milênio, o mundo espera ansioso por seu messias, que contrariando todas as esculturas físicas e pessoais já feitas, se mostra no rosto de um negro, ex-fumante, casado, pai de duas filhas, formado em Ciência Política e em Direito por duas das maiores universidades do mundo. Barack Hussein Obama, um homem simples, de oratória clara e precisa, que fez de seu sonho, a realidade de toda uma nação, que possui o papel de salvar o mundo de um colápso financeiro, e o seu país do buraco, de tentar no meio de tudo isso, evitar que o meio ambiente pague, mais uma vez, a conta desta nova crise. Obama, um homem, um novo mito, um messias, um pai. Exemplo vivo de que sim, nós podemos.
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