O tema da Campanha da Fraternidade de 2011, -“ Fraternidade e a Vida no Planeta” - é um apelo gritante e um convite à reflexão que a Igreja Católica faz à consciência dos fiéis, no que se refere à degradação da natureza. O lema - "A Criação Geme em Dores de parto" (Rm 8,22), retirado da epístola de São Paulo aos Romanos, em que pese ter sido escrito há muito tempo, é atemporal e se aplica com muita propriedade aos dias atuais. Frise-se que outros segmentos religiosos também externam preocupação em relação ao assunto; veja-se por exemplo a opinião espírita em partes da mensagem “PERANTE A NATUREZA”, constante do livro CONDUTA ESPÍRITA, psicografado por Waldo Vieira que ensina: A natureza consubstancia o santuário em que a sabedoria de Deus se torna visível; O respeito à criação constitui simples dever; que exorta: Prevenir-se contra a destruição e o esbanjamento das riquezas da terra em explorações abusivas, quais sejam a queima dos campos, o abate desordenado das árvores generosas e o explosivo na pesca; e que por fim adverte: o mordomo será sempre chamado à contas.
O apelo religioso no assunto evidencia a gravidade do mesmo, pois sabe-se que a religião atua no campo das emoções, dos sentimentos, e que recorre-se ao sagrado quando não se encontra explicações racionais.
Trágica e quiçá coincidentemente, logo após o lançamento da Campanha da Fraternidade, ocorreu a catástrofe no Japão provocada pelo atrito das placas tectônicas que estão situadas sob a superfície daquele país; o fato suscitou opiniões de toda sorte; nenhuma coincidência há, - dizem os céticos, - apenas um fenômeno natural visto que no local há rachaduras nas placas. Sem dúvida a explicação é coerente, porém nem todos concordam com ela, há controvérsias e outras linhas de pensamento que merecem ser analisadas.
FÁBIO SANTOS, Diretor Editorial do Jornal Destak reproduziu na sua coluna a opinião de um anônimo postada num site, com o seguinte teor: “infelizmente a ação do homem está vindo a tona com a mesma velocidade com que ele avançou sobre a natureza. é lamentável tudo isso, mas o causador disso tudo foi o próprio homem”. Para o Diretor, o anônimo em questão é desinformado, segundo ele “a natureza não dá a mínima para o homem; a civilização nos protege da natureza,ainda que não consiga contê-la, o resto é pura magia.”. Relata ainda que não só os “desinformados” pensam assim; é o caso de dois leitores da coluna do jornalista CLÓVIS ROSSI, e do próprio jornalista, conforme comentários externados na coluna deste: “As catástrofes naturais estão acontecendo com uma freqüência muito maior” escreveu um dos leitores; “Até onde isto não é uma resposta do meio ambiente ao comportamento humano?” – indagou o outro; o jornalista ROSSI anuiu e assim manifestou-se: [...]a seqüência de catástrofes naturais impressiona é inegável,[...] [...]não há como fugir a sensação de que a coisa está esquisita[...]
Nessa linha de raciocínio, veja-se também, trechos de artigo de SÉRGIO SCÁBIA: [...]Sei bem que ninguém pode julgar, mas precisamos buscar as causas muito além da aparência do mero acaso; descobrir o porquê de tanta dor e destruição, buscar capitalizar a informação obtida, mudar de rumo, de valores, de hábitos, de conceitos, de sentimentos, de fontes de energia e até de alimentos.[...] (negritei) [...]E algo bateu forte quando as imagens mostraram os navios de pesca e uma infinidade de outros barcos em meio aos destroços, a quilômetros da costa, jogados lá como se uma mão gigantesca os tivesse capturado e tirado definitivamente de sua sinistra e sangrenta missão.Mero acaso também? Talvez não tenham percebido o quanto feriram e estão ferindo o mar e suas criaturas, ao caçar sem descanso, do oceano Ártico ao Antártico, as inofensivas e majestosas baleias, alegando necessidade de realizar pesquisa científica sobre esses cetáceos...[...]
Crenças exacerbadas e ceticismo à parte, o certo é que não pode o homem deter os movimentos das placas tectônicas; e se o choque delas e os prejuízos daí decorrentes são uma revanche da natureza às agressões à ela causadas, para muitos ainda é uma incógnita, porém, traçando um paralelo com o atual título da Campanha da Fraternidade, pode-se afirmar que foi uma dor maior, um gemido mais forte das dores de parto da natureza.
Quanto a energia nuclear utilizada pelo Japão que tanto prejuízo causou devido a explosão de reatores em decorrência do tsunami, essa sim é um mal que o homem pode evitar. Sabe-se que essa modalidade só é segura se não ocorrer falhas ou imprevistos, fatores corriqueiros na vida humana; portanto, sendo o Japão um país que detém tecnologia de ponta, causa perplexidade que ainda a utilize quando pode investir em formas mais limpas e seguras de energia. Falaremos mais a respeito de energia nuclear e de alternativas à ela, em ocasião posterior.
As conflitantes opiniões aqui registradas quanto a tragédia ocorrida no Japão, visam gerar reflexão em cada leitor desse texto; será mesmo verdade que “a ação do homem está vindo a tona com a mesma velocidade com que ele avançou sobre a natureza” como afirmou o anônimo da internet? “a natureza não dá a mínima para o homem; a civilização nos protege dela” (negritei) segundo fala do Diretor FÁBIO SANTOS? Mero acaso – como pergunta SÉRGIO SCÁBIA – a destruição causada pelo tsunami a navios de pesca que de forma sinistra e sangrenta, caçavam incessantemente inofensivas baleias?
Fica as indagações para reflexão!
REFERÊNCIAS
Campanha da Fraternidade 2011 - disponível em: http://www.portalkairos.net/campanhadafraternidade/default2011.asp - acesso: 20 de março de 2011.
SANTOS, Fàbio – Desastre no Japão e magia – pg. 15 do Jornal DESTAK – 14 de março de 2011.
ROSSI, Clóvis – Tsunamis e Cismas – Folha de São Paulo – 13 de março de 2011.
SCÁBIA, Sérgio – Japão, uma nação em regeneração. Disponível em:
http://somostodosum.ig.com.br/quemsomos.asp - acesso em 19/março/2011.
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