Este artigo não propõe uma ideia nova, mas valoriza e amplia o que já se faz.
Quando se dá a uma escola ou a uma rua o nome de alguém pretende-se, não apenas prestar uma homenagem a essa pessoa, mas também indicar a vida dessa pessoa como exemplo que merece seguimento.
Alunos e professores conhecem a biografia do patrono das respectivas escolas?
Moradores de uma rua sabem quem foi aquela figura cujo nome está inscrito na placa indicativa?
Tanto na primeira, como na segunda hipótese, a resposta de estudantes e mestres da escola, bem como de moradores da respectiva rua, nem sempre é afirmativa.
Mas, a meu ver, o conhecimento da personalidade homenageada devia ser unânime.
Há uma outra situação que também ocorre: escolas ou ruas que ostentam nomes de pessoas que não são exemplo. Diante dessa situação, os jornais de vez em quando registram movimentos dos interessados diretos para mudar a designação de escolas, ruas, avenidas, praças ou pontes.
Essa reinvindicação é legítima?
Creio que sim.
Como é desagradável, por exemplo, que os moradores de uma determinada rua sejam obrigados a escrever, quando registram o respectivo endereço, o nome de alguém cuja vida e ações não merecem aplauso da maioria.
Creio que é um avanço da cidadania democratizar a escolha de nomes para as diversas homenagens, ouvindo a opinião dos envolvidos.
O silêncio ou quase silêncio, em torno das pessoas que têm valor, não é fato novo. No Brasil, em 1724, foi fundada a Academia Brasílica dos Esquecidos. Exaltando a importância de uma tal academia, escreveu Manoel Bandeira: “Revela desde o nome o propósito de lembrar a Portugal, em cujas academias não tivemos entrada, que havia no Brasil quem se interessasse pelas coisas do espírito"
Em recente artigo no caderno Pensar (de A Gazeta), José Augusto Carvalho trouxe à reflexão coletiva o nome de alguns esquecidos no Espírito Santo: “Grandes nomes de nossas letras permanecem na vala comum da literatura – como chamou Magalhães Júnior ao esquecimento dos pósteros: Elmo Elton, Madeira de Freitas, Ciro Vieira da Cunha, Olival Matos Pessanha, Benjamin Silva, Audifax de Amorim, Hilário Soneghet, Christiano Ferreira Fraga, Eugênio Sette, Newton Braga e outros.”
E conclui sua análise lançando um repto: “Fica o desafio para a edição ou reedição de novas obras de nossos autores mortos. O importante é ter disposição e amor às letras.”
Memória é cidadania. Um povo que não conhece o passado não saberá construir o futuro.
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