Resumo: Dúvidas como se a beleza do jovem Dorian duraria para sempre. Ao ler o romance percebemos que coisas, a beleza é capaz de conquistar, quase tudo, até mesmo modificar sua aparência, sendo ela fugaz, repentina, e até mesmo podendo abrir portas, mas para Dorian isso não alteraria em nada, na sua estética. O que está por trás da beleza de alguém? Beleza é fundamental? Fundamental pra quê? Para quem? O jovem Dorian Gray conviva numa sociedade sofisticada de elite em que tudo para ser conquistado dependia de sua beleza, ele usava as pessoas ao seu modo, gosto e vontade. Ele nunca envelhecia, o tempo passava , todos morriam , ficam velhos, mas ele continuava intacto. A tela simbolizava sua alma, tudo era depositado nela, seus medos, anseios, problemas e maldades. A obra fala de um mistério que o retrato possuía, os segredos contidos nela, um mistério que ao final, o livro revelaria.

Palavras-chaves : Jovem; Beleza; Fundamental.

Introdução

Nesta obra tenta-se relatar o que a beleza do jovem Dorian Gray, um jovem de 20 anos, pertencente à sociedade inglesa esconde o que está por trás de homem belo. O que fazer para esconder seus defeitos e a velhice que vai ver. O retrato é algo misterioso esconde o que ele pensa os seus desejos, o que tem de verdadeiro. Propõe-se fazer uma indagação sobre a obra, o autor e os personagens de forma a refletirmos sobre a beleza do personagem que conquista o mundo com ela.

Dorian foi dominado? Dorian foi enganado? Alguém o seduziu? Ao pintar o quadro, o pintor revelou o que o jovem tinha de mais belo, o que ele escondia nos seus olhos. O que ele revelaria, o quadro reflete uma visão surpreendente e ao final, revela todo o ódio que  estava nele. Ele cada vez que se admirava ao ver o quadro depositava seu ódio, nas frustações, seus modos, seus temores. Era uma forma escapar dos seus problemas, enfrentarem seus medos e angústias. Assim, se revelaria como um monstro e por fim, morre. O quadro era uma terapia, era seu psicoterapeuta. Ele guardava seus rancores, nas dores, nas maldades.

1        Crítica sobre a obra

Publicada em 1890 por Oscar Wilde causou sérias críticas e foi processado por propagar cenas e revelações homossexuais que atingia o público da época,  afetando a vida de pessoas que viviam o momento. Sendo acusado dos preconceitos que tornam públicas as cenas jamais questionadas pelas pessoas daquela época. Julgado por cometer atos imorais, a obra foi usada contra o autor.

O jovem Dorian dono de uma beleza inestimável e adorável é chamado para ser pintado por Brasil Hallward que detectou toda a sua essência, após ser concluída a obra e ser revelada pelo pintor surpreende o jovem por optar na verdadeira essência, o quadro ao ser pintado capta na alma eternamente, fazendo com que Dorian permaneça novo, a vida toda e nunca envelheça.

Dono de uma riqueza inquestionável, ele se envolve com a luxúria da alta sociedade da época e passa a viver o que ela proporciona como festas, bebidas, reuniões. Para fazer uma ressalva sobre a obra pode-se dizer que segundo questões ligadas a psicologia humana a síndrome de Dorian Gray é uma doença que se caracteriza por pessoas que se preocupam com a sua própria aparência de forma excessiva que tem dificuldade de lidar com o seu envelhecimento. Assim, essas pessoas usam muitos produtos antienvelhecimentos e contra rugas, muitos cosméticos e fazem muitas plásticas no rosto e no corpo. A síndrome é conhecida como DSM IV esse nome é alusão ao retrato de Dorian Gray.

Voltando a questão da beleza, no mundo de hoje a beleza é essencial para se conquistar as melhores oportunidades, será que as pessoas que são consideradas feias não merecem os mesmos espaços e conquistas que os belos? Questão como essa são debatidas por quem luta contra ditado ‘’beleza é fundamental’’ e ‘’beleza não põe mesa’’.

O mundo é dos belos? É preciso ser perfeito para conquistar os melhores espaços, ganhar dinheiro, em fim ser feliz. Os defeituosos os considerados feios no mundo da beleza, não podem ter um lugar no rol da fama?

O narcisismo é uma questão também enfocada na obra. Narciso é ser egoísta. O belo ama o belo? Ou quem ama o feio, bonito lhe parece?  O mundo é dos belos? Mas uma vez perguntas como estas são alvos de críticas. Porque temos que ser perfeitos sem defeitos feios para sermos amados?

Podemos ser velhos? Envelhecer em paz? A beleza nesta obra chama bastante atenção e foi criticada pelo autor. Pois ser belo foi à oportunidade alcance para que o jovem Dorian conquistasse prazer, amor e dinheiro.

A beleza abre portas? Ser belo é alvo para atrair o que queremos, é com ela que conquistaremos o mundo? A beleza atrai o amor o jovem Dorian se apaixonou pela bela da jovem atriz Sibyl Vane, mas foi logo desprezada e achada como superficial e desprezível por ele. Ele deixa de amar, torna infiel, e ela se mata. Para ela o olhar tão belo e maravilhoso e ele por se admirar a si próprio ‘’como o máximo em beleza’’, a despreza. Assim, o amor e admiração que ele sente por ela, se acabam.

Quando se fala em narcisismo, adorar a si próprio, é uma coisa diabólica, desprezar todos ao seu redor, e amar loucamente a sua própria imagem, se amar, se adorar, adorar sua beleza.

A beleza de Dorian, que sentia por si mesmo, chegava a ser perversa e cruel. Seria algo temeroso e repugnante. Algo horrível que chama a atenção. Todo seu mal era depositado na alma do retrato. Era uma verdadeira idolatria. A beleza do seu retrato destruiu a si própria.

2        A Essência da Beleza

O tempo não passa para Dorian, permanece jovem, porém a vida inteira. Sua beleza se concentra presa ao retrato tudo é atribuído e disseminado para o quadro. Toda sua ansiedade maldade, ódio ou amor é depositado dentro dele.

Dorian tenta vivenciar e sobreviver aos costumes e rituais da sociedade. Sobrevive e aprende a maldade e ambição da sociedade. A ambição a ser alcançada é a juventude e beleza eterna, a perfeição de uma beleza rara, esteticamente. A arte é despertada na beleza de Dorian, a arte eterna a fragilidade de sua alma sendo aberta ao público.

O retrato feito por Basil demonstra o que ele sente, descobre na alma, revela às dúvidas e incertezas, mostra sua alma nua, e descobre a alma de uma beleza intocável, que o tempo não destrói a juventude eterna por trás de um retrato.

Dorian ao possuir sua beleza rara e eterna, se revela frágil e fútil, o retrato transfere o seu egoísmo envolto num narcisismo, o amor idolatra pelo próprio rosto. Adoração a si própria, ele se vede ao diabo, para obter a juventude e beleza eternas, para nunca ficar velho, feio e acabado. A tela absorver seu cinismo, emoções e seu verdadeiro caráter. Ele mostra suas más intenções, sua personalidade se torna fria, sarcástica e fútil. O retrato pintado é característica do seu próprio caráter, consciência e personalidade.

Toda a admiração que sente de si, o seu orgulho, seus gostos, vontades e desejos, seus medos, ansiedades, suas maldades foram impregnados e depositados na tela, atraindo para não acabar com sua aparência para que se torne lindo e sem mácula.

Outro ponto destacado na obra é a questão da homossexualidade, Dorian se envolve sexualmente com várias pessoas, ou seja, a beleza dele mais uma vez, atrai várias pessoas, que se sentem envolvidos por ele de forma a admirá-lo e gostar dele sexualmente, falando.

Segundo críticas revela que a obra na época, foi abominada porque se rendaria com atentado aos bons costumes morais para a sociedade e dessa forma, foi rejeitada pelo público leitor que não apreciavam com relação aos costumes sociais das pessoas que viviam na elite social do país. Dessa forma a obra foi tirada do mercado de vendagem nas lojas da cidade e o seu autor foi processado. Ele foi considerado um escritor maldito e imoral por criticar os costumes da sociedade da época.

A supervalorização da imagem presente na obra revela o narcisismo do personagem de forma a se caracterizar com adoração a própria imagem, chamando isso de adoração ao ego, superestima do self, e ausência de sentimento pelo outro, desprezado os outros e adorando a si próprio.

Segundo críticas da obra literária, o personagem ao se adorar e enxerga na beleza estética uma adoração e entrega total ao satanismo ao maniqueísmo, adorado o mal e fazendo obras diabólicas contra os outros, o que instigaria o desprezo pelo outro, obsessão pelas coisas materiais, pelo dinheiro, ambição, incompetência amorosa. Um comportamento que chama a atenção, pois despreza a sua essência, o seu self  se tornando uma pessoa amarga e malvada.

O protagonista sofre o tempo inteiro porque não experimenta e não passa pela paz e pela felicidade passa a agir com expectativa de si mesmo. Ele se apaixona pela sua própria beleza e despreza sua alma.

Ao final da obra, o personagem por se sentir preso no mundo maquiavélico se torna frágil, desprezível e amargurado da vida, morre fisicamente e ao observar o quadro e sua figura mostra se torna irreconhecível, pois o retrato simboliza a degradação de sua própria alma.

A obra se passa em um enredo, onde a vida é fugaz e passageira, onde a vida é banal e sórdida, a beleza é vista como anestésico que dura uma eternidade sem se transformar ou ocorrer mudanças.

O personagem cultua o corpo sem se preocupar com a alma ou sua essência. O personagem encara a vida com irresponsabilidade, prazer e ambição. Ele é seduzido pelo mundo da beleza e da vida desregrada.

Essa obra instiga o culto à beleza da sociedade do século XX e subestima dos valores morais do homem em convívio social. O retrato toma o lugar se seus anos, absorve as maldades e não deixa envelhecer ao longo dos anos. O quadro revela a destruição que está dentro de sua alma e dessa forma, mostra sua aparência grotesca e cruel. Ele apenas se preocuparia em alimentar sua auto-estima e supervalorizar o seu ego. Sua beleza é tão inigualável, que ele exerce influência e atrai todos ao seu redor.

Considerações Finais

O que a beleza exerce sobre o outro? Ser belo é atrair a atenção dos outros, é ganhar o mundo.  Mas, é só isso que os belos possuem? Nesta obra, o autor mostra o narcisismo que o retrato de um jovem belo tem e a força que sua bela inimaginável faz em atrair para si o que deseja.

Hoje em dia, o culto pela magreza, beleza e antienvelhecimento aumenta a produção de produtos que garantem o não envelhecimento. As pessoas cada vez mais buscam alternativas para se manterem jovens, belos e atrativos. Com isso, a sua essência é relegada a segundo plano. Esquecem de alimentar alma em detrimento da aparência física aceitável para a sociedade.

Ser jovem e belo é conquistar tudo que se deseja de bom no mundo, Ninguém quer envelhecer, envelhecer e ser desprezado e esquecido, A obra revela o que a beleza do jovem Dorian representava para sociedade inglesa da época do século XX. É preciso saber envelhecer e encarar a passagem dos anos e o aparecimento das rugas como algo normal, natural e comum peculiar ao homem como ser em transformação.

Referências

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S010273952005000100010&script=sci_arttext. Acesso em: 20 de outubro de 2012.

http://www.interseccaopsicanalitica.com.br/art019.htm.  Acesso em: 20 de outubro de 2012.

WILDE, Oscar. O Retrato de Dorian Gray. Martin Claret: São Paulo, 2004.