Para o homem, em geral, a qualidade de vida está sub-rogada ao grau maior ou menor de riqueza, de liquidez financeira, de possibilidade econômica, de materialidade...
Enquanto se encontre em condições de majorar os valores de sua conta corrente, de cimentar o exercício da atividade econômica dos diferentes segmentos de produção e materializar seus objetos de desejo, o homem é feliz: está feliz! Sem embargo, a felicidade, considerada a partir da realização econômica e da satisfação material, se mostra efêmera, principalmente se alcançada em desprezo da atitude do homem em relação ao meio ambiente natural.
Há de sobrelevar-se que a relação homem versus meio ambiente é desígnio de futuro, é significado de vida!
Por isto, nos tempos de hoje, o termo sustentabilidade se mostra protagonista no roteiro de todos aqueles que soerguem bandeiras de defesa ambiental. Fala-se em desenvolvimento sustentável como um agir corriqueiro, intrínseco da não afetação à natureza. Preleciona-se, assim, a sustentabilidade inter-relacionada apenas ao estabelecimento de políticas públicas e ações jurídicas de fiscalização e penalização pelo inadequado uso dos recursos naturais.
Eis o caminho da in-sus-tem-ta-bi-li-da-de!
Proveniente do Relatório Brundtland, editado em 1987 pela Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, da Assembléia das Nações Unidas, o termo desenvolvimento sustentável pressupõe a idéia do desenvolvimento que supre as necessidades da geração presente, sem afetar capacidade das gerações futuras suprirem as suas próprias.
A partir do instante em que se associa a noção de desenvolvimento sustentável à otimização dos meios adequados à satisfação de necessidades humanas presentes e futuras, se está a constituir um princípio de responsabilidade que associa os atos de hoje com os feitos de amanhã. Assim sendo, para a evidência de um efetivo desenvolvimento sustentável, segundo o entretom que lhe ofereceu o Relatório Brundtland, fundamental encontrar-se um ponto de equilíbrio entre crescimento econômico, equidade sócio-política e proteção do meio ambiente natural.
A boa qualidade do amanhã, mais do que nunca, está condicionada a interação do humano com os fatores preponderantes ao desenvolvimento. Urge, assim, que o homem se posicione diante dos diferentes prodígios que se operam no contexto onde se encontre inserido, e, na medida em que projeta a majoração de sua condição de vida, constitua uma forma de agir própria ao estabelecimento de uma postura ecologicamente correta, economicamente viável, socialmente justa e culturalmente aceita.
O desenvolvimento sustentável depende de uma efetiva transformação do homem; da proeminência de valores sustentáveis; da sustentabilidade moral. Então, o desenvolvimento sustentável se consumará somente quando o homem reconhecer sua importância diante do meio, descobrir a importância do meio onde habita, e, por suposto, entender a importância daqueles que compartilham do meio com ele. A exemplo do que ocorreu nos primórdios da história, também hoje a consciência pelo valor do coletivo, pela importância do todo, há de otimizar o resgate do agir cooperativo como fenômeno social-solidário, intrínseco a vida em comunidade.
É, somente sobre a esteira do espírito cooperativo, adstrito a essência dos valores cooperativos editados pela Declaração da Identidade Cooperativa da Aliança Cooperativa Internacional, pelo Congresso de Manchester, em 1995, que homem se descobrirá capaz de subsumir-se com as posturas próprias ao desenvolvimento sustentável.
Antes da eficácia da lei, acima da contumácia dos órgãos públicos de fiscalização e controle, e, com muito mais tenacidade que as sanções administrativas ou judiciárias, o desenvolvimento essencialmente sustentável se mostrará possível quando o homem absorver e praticar os valores cooperativos fundamentais (ajuda mútua, auto-responsabilidade, democracia, igualdade, eqüidade, solidariedade) e éticos (honestidade, transparência, responsabilidade, vocação social).
Ao prevalecer os valores cooperativos como guia de sua existência, o homem logrará resgatar o horizonte histórico que estampou possibilidades concretas de construção de uma sociedade justa e igualitária, baseada em princípios de transformação indispensáveis à afirmação de uma nova postura diante do meio ambienta natural, própria ao relevo dos limites de sua utilização racional, não depredatória.
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