Gostaria de sugerir que em novembro de 2013 começa o ano mais eletrizante de toda história do brasileiro. Não se trata da presença de Saturno em Escorpião, de Plutão em Capricórnio ou do bom trânsito de Júpiter em Câncer e Leão. Não! Quero sugerir que vamos viver fortíssimas emoções coletivas e nem sequer vamos ver esse ano passar.
Que emoções fortes são essas que vão mexer com nossos sentimentos?
Já em novembro de 2013 começam as prisões de alguns mensaleiros. Nenhum povo, desde os tempos remotos da tradição judaica, prescinde das cerimônias purificadoras dos bodes expiatórios. Necessitamos deles, porque algumas pessoas devem ser sacrificadas para purgar os pecados de todos. A condenação de alguns réus purifica a alma de todos os pecadores. Assim era na antiga tradição judaica, assim é até hoje. Condenação é uma espécie de vingança e vingança é festa (Nietzsche). Se a mídia ajudar, a festa se torna nacional!
Depois vem o Natal, o Ano Novo e as férias de janeiro. Em seguida a festa pagã do carnaval. Depois do carnaval (tempo de praticar pecados) vem o julgamento final do mensalão, com a prisão (em regime fechado e/ou semiaberto) dos principais acusados. Estamos falando da cúpula política do PT. Nova sessão de purgação dos pecados de todos, com amplíssima cobertura midiática. Alma de todos purificada novamente (incluindo-se aqui a alma degenerada dos políticos) e pronta para mais pecados.
Entre o fim do mensalão e a Copa do Mundo, muitos estão esquecendo, vem a pressão para que Joaquim Barbosa deixe a magistratura para entrar na política (seu prazo máximo para sair é abril de 2014). Depois das prisões dos mensaleiros, basta uma única encenação dele na Globo e já estará batendo a casa dos 20% de intenções de votos. Sua vida pública, a partir daí, não mais lhe pertence. O povo vai efusivamente acompanhar sua desincompatibilização para concorrer à presidência ou vice-presidência da República. Veja quem ainda não escolheu o vice e você saberá a tendência do mercado político!
Definido o quadro político, vêm as emoções do futebol, que nesse ano vai eclipsar as Festas de São João. Nem bem terminada a Copa, já estaremos em plena campanha eleitoral (nova festa), com todas as promessas de que os problemas nacionais serão finalmente resolvidos. E nós vamos acreditar porque sempre achamos que numa hora nessas aparecerá um novo Salvador da Pátria. Se Deus é brasileiro, nosso Messias tem que retornar sempre! Fechadas as urnas do primeiro turno, vamos para o segundo turno (e as comemorações dos vitoriosos). E aí chegamos novamente em novembro, mas de 2014! Daí para o novo Natal é um pulo. Nem acaba a ressaca e já chega o novo ano (2015).
E em qual período vamos trabalhar? Em 2014, isso será difícil. É muita emoção sequenciada. E nós não podemos perder nada disso! A melhora na produtividade nacional vai ser adiada, a revolução na educação ficará para o ano seguinte, os médicos do Mais Médicos ainda estão fazendo suas provas de revalidação e por aí vai. Ninguém é de ferro: prisões de mensaleiros, Natal, Ano Novo, férias, carnaval, prisão de mais mensaleiros, Joaquim Barbosa na política, Copa do Mundo e eleições em dois turnos (não dá para perder nada disso). O tempo cronológico vai voar por causa do nosso psicológico. Em 2015 a vida volta ao normal. Avante!
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