É correta a assertiva de que o Advogado é o primeiro juiz da causa; ora, ele é o primeiro a ter conhecimento do problema e a vislumbrar as possibilidades de solução da questão.
E atualmente, além do enfrentamento contencioso da controvérsia, exige-se do Advogado que ele desempenhe as funções de negociador, gerenciador de conflitos e mediador, não sendo mais recomendado um perfil excessivamente beligerante.
Nesse cenário, o Advogado pode atuar como um eficiente agente da realidade, ser protagonista do procedimento, ter controle sobre as questões em discussão e as soluções para essas questões.
O Advogado que está aberto para os meios alternativos deve participar de todo o procedimento, desde a preparação da abordagem da questão até a construção do termo de acordo.
A preparação exige ainda que o Advogado saiba os fatos relevantes, o direito aplicável e os interesses em jogo. Entretanto, não são as posições jurídicas que serão sustentadas por meio de alegações baseadas no Direito; na verdade, as posições devem ficar em segundo plano, merecendo destaque os interesses em jogo e eventuais soluções com vistas as possibilidades de ganhos .
Será útil ao Advogado analisar junto ao cliente a melhor e a pior alternativa para uma solução negociada, além de verificar o mínimo e o máximo que pode ser negociado. Também se devem analisar os interesses e as necessidades do outro. Recomenda-se inclusive que o cliente/advogado coloque-se no lugar do outro, sendo valiosa essa troca para que a animosidade ceda espaço a posturas colaborativas.
Ter empatia, ser educado, demonstrar sensibilidade e flexibilidade são algumas características de um bom advogado negociador. Ademais, os melhores construtores de consenso mostram criatividade e tolerância.
Por fim, alcançado o consenso e entabulado um acordo, a atuação do Advogado será essencial para a oficialização dos termos desse acordo, que deve ser redigido em conjunto e refletindo tudo o que foi combinado, além de ter que ser claro para evitar qualquer divergência futura. É importante que o Advogado faça o ‘teste da realidade” assegurando que os envolvidos compreenderam os termos do acordo, que devem ser exequíveis.
Embora academicamente treinado para o combate, o Advogado atuante deve incrementar seu leque de talentos e se capacitar para utilizar os meios consensuais de solução de conflitos e as técnicas inerentes a esses meios. O Advogado que conta com diferentes estratégias atende melhor o seu cliente.
Tem-se falado em mudanças legislativas, judiciais e institucionais em favor dos meios alternativos, mas nenhuma delas será possível se não estiverem acompanhadas de mudanças culturais, de mentalidade e de comportamento dos usuários da Justiça e principalmente dos operadores do direito.
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