RUBENS ALVES DA SILVA[1]
(orientador)
RESUMO: O envelhecimento populacional é um fenômeno que atinge todo o contexto mundial. E no Brasil esta realidade vem trazendo grandes transformações e um cuidado maior para a viabilização de direitos desta população. Esta questão vem surgindo como um grande desafio para a implementação de políticas públicas voltado para o lazer dos idosos, sendo assim, é imprescindível que os valores sejam revistos e que os conceitos e prática em prol do idoso seja firmado, em busca de melhorias progressivas em sua qualidade de vida. A presente monografia faz uma abordagem ampla sobre os aspectos relacionados à velhice, tendo como objetivo fazer uma análise teórica acerca das principais políticas públicas de lazer para idosos na cidade de Manaus, ressaltando seus significados e as fases de envelhecimento, dando ênfase na gestão de políticas públicas de lazer para os idosos, e ainda nos benefícios e melhorias para a qualidade de vida dos mesmos, mostrando o processo de conquista na condição de um envelhecimento saudável e na garantia de seus direitos e sua permanência no convívio social, pois são direitos conquistados legalmente, através da Política Nacional do Idoso, Lei Nº 8.842/94, e Estatuto do Idoso, Lei Nº 10.741 de 2003.
Palavras-Chave: Envelhecimento, Idoso e Políticas Públicas.
ABSTRACT: Population aging is a phenomenon that affects the entire world context. And this reality in Brazil has brought great change and a greater concern for the viability of rights in this population. This question is emerging as a major challenge for the implementation of public policies aimed at the leisure of this population, so it is necessary that the responsible bodies and society will be prepared for this reality. This monograph is a comprehensive approach on the aspects related to old age, aiming to make a theoretical analysis about major public policy leisure for the elderly in the city of Manaus, highlighting their significance and the phases of aging, with emphasis on management public recreation policies for the elderly, and also the benefits and improvements to the quality of life of them, showing the process of conquest in the condition of healthy aging and ensuring their rights and their permanence in social life, they are rights gained legally through the National Elderly Policy, Law No. 8.842/94, and the Elderly, Law No. 10,741 of 2003.
Keywords: Aging, Aging and Public Policies.
SUMÁRIO: 1. INTRODUÇÃO. 2. ENVELHECIMENTO. 2.1. Processo do Envelhecimento 3. CULTURA E LEGISLAÇÃO. 3.1. Planejamento Público de Manaus. 3.2. Benefícios e melhorias na qualidade de vida dos idosos. 3.3. Velhice bem-sucedida e suas potencialidades. 4. CONCLUSÃO. Referências.
1. INTRODUÇÃO
O envelhecimento populacional vem sendo objeto de preocupação atual tanto nos países desenvolvidos quanto nos países que se encontram em desenvolvimento. A humanidade está passando por um processo de transição demográfica onde as populações estão deixando de ser predominantemente jovens, e o Brasil não se encontra a margem deste processo.
Em um censo realizado no ano 2000, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) concluiu que as pessoas viverão o maior período de suas vidas na chamada terceira idade, e não mais como crianças, jovens ou adultas. Contudo, o aumento do número de idosos acompanha também vários problemas, em diversos setores, sendo imprescindível que os valores sejam revistos e que os conceitos e práticas em prol do idoso sejam firmados, em busca de melhorias progressivas em sua qualidade de vida.
Levando em consideração os pressupostos da Política Nacional do Idoso, Lei nº 8.842/94 além do Estatuto do Idoso Lei nº 10.741 de 2003 que em seu art. 20 trata sobre o direito do idoso a “educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade”, fica explícito a responsabilidade dos poderes públicos gestarem políticas públicas voltadas para todas as camadas sociais e em sua respectivas faixas etárias, por tanto isso inclui políticas públicas para pessoas idosas ou em fase de envelhecimento. Torna-se então necessário adotar ações eficazes e oportunas, que possibilitem que essa faixa etária cresça não só em termos quantitativos, mas também com uma melhor qualidade de vida.
O principal objetivo deste artigo concentra-se na análise de gestão de políticas públicas de lazer, que estão sendo oferecidos na esfera municipal para idosos participantes das atividades nos locais oferecidos por este órgão na cidade de Manaus, verificando assim se os locais oferecidos para o desenvolvimento das atividades com idosos possuem estrutura física e equipamentos de esporte e lazer adequados para atendê-los, como também, identificar quais as ações que estão sendo tomada para melhorar o atendimento das atividades oferecidas, com o intuito de obter benefícios e melhorias de qualidade de vida para essa população, afim de que se faça valer os direitos adquiridos por meio de leis os que amparam, sendo essas conquistadas com muita luta, persistência e dedicação por parte de pessoas que reconheceram que o idoso contribui bastante para o desenvolvimento social e econômico do país, e que agora esta população merece ter o reconhecimento devido.
Contudo, a análise desta pesquisa não se encerra aqui, pois poderá servir de subsídio que possam contribuir para o enriquecimento de novos trabalhos.
2. ENVELHECIMENTO
2.1. Processo do Envelhecimento
O processo de envelhecimento faz parte do aspecto natural da vida, ou seja, nascimento, crescimento, amadurecimento e envelhecimento, isto é evidenciado pelas transformações sofridas nos meios sociais, psicológicos e físicos.
O envelhecimento é também, um processo fisiológico e não está necessariamente ligado à idade cronológica, simplesmente ocorrem transformações em todos os seres humanos com o passar do tempo e isso independe da vontade de cada um. Apesar de todos os esforços e avanços na ciência, nada impede o processo do envelhecimento, isso ocorre devido ações de fatores internos, como a genética e fatores externos, como estilo de vida, educação, ambiente e condições sociais.
“[...] o aspecto biológico normal leva à diminuição das reservas funcionais do organismo. Essas alterações podem ser observadas no organismo do ser humano idoso: muscular, ósseo, nervoso, circulatório, pulmonar, endócrino e imunológico”, (VANDERVOORT, 2000, p. 67).
De acordo com autor supracitado, essas possíveis alterações levam a um declínio que variam entre os diversos tecidos e funções, como ainda variam também de um indivíduo para outro. Portanto, o envelhecimento biológico sofre transformações que ocorrem nos sistemas orgânicos e funcionais, reduzindo a capacidade biológica de auto regulação, e consequentemente, diminuindo a probabilidade de sobrevivência. Nesse processo, as modificações ocorrem pela diminuição da densidade óssea, a flacidez de pele, a perda de cabelo, o surgimento de cabelos brancos, a perda da massa muscular, diminuição da percepção visual, auditiva, olfativas, gustativas, táteis, digestivas, nervosas e etc, que nem sempre significa um estado de doença, e sim do próprio processo de envelhecimento.
De acordo com Pickles et al (1998), relata que no envelhecimento ocorrem diversas alterações, trazendo ao ser humano, mudanças psicológicas. O estado emocional de um idoso implica contextualização de sua história de vida e suas reações emocionais provavelmente estão diretamente relacionadas com o que viveu no transcorrer de sua existência.
De acordo com Zimermann (2000), essas mudanças psicológicas podem resultar em dificuldades de se adaptar a novos papéis, falta de motivação e dificuldades de planejar o futuro, depressão, hipocondria, somatização, paranoia, suicídio, baixa na autoimagem e autoestima, necessidade de trabalhar as perdas orgânicas afetivas e sociais.
Assim como as características físicas do envelhecimento, o caráter psicológico também está relacionado com hereditariedade, com a história e com atitude de cada indivíduo. Sendo assim indivíduos mais saudáveis e otimistas tem mais condições de adaptarem-se as transformações trazidas pelo envelhecimento São mais propensas a verem a velhice como um tempo de experiência acumulada, liberdade para assumir novas ocupações, (ZIMERMANN, 2000, p. 57).
No processo de envelhecimento psicológico as alterações acontecem nos processos cognitivos, como a inteligência, memória, aprendizagem e criatividade, e ainda no desenvolvimento de competências comportamentais e emocionais que permitem à pessoa ajustar-se às modificações que ocorrem com a idade. Com o surgimento dessas alterações, ficamos mais lentos e perdemos um pouco a capacidade e agilidade, assim como a velocidade de percepção diminui, a memória enfraquece, porém existem áreas que o desempenho se mantém ou melhora, como por exemplo, o vocabulário, tornando-se mais amplo e completo. Todos esses ajustes desenvolvem ao longo da vida, um conjunto de competências associadas à maturidade, como exemplo a aceitação de si e dos outros, abertura de novas experiências, compaixão, harmonia interior e resistência às frustrações.
Segundo a Lei n° 8.842/94 art. 1 e 2, a política nacional do idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade; ainda considera-se idoso, para os efeitos desta lei, a pessoa maior de sessenta anos de idade.
Segundo Gonong (2000), o envelhecimento é uma etapa normal do desenvolvimento e continuidade da vida de um indivíduo, fazendo com que o ser humano aceite com tranquilidade a sua velhice, e encontre alguma maneira para continuar ser útil à sociedade, aos familiares e amigos.
De acordo com Brouwer (1981), à medida que as pessoas vivem mais, mudanças acontecem, as distâncias aumentam, a vida fica mais agitada, o tempo sempre mais curto e as condições econômicas mais difíceis, a sociedade se modifica. Isso exige maneiras diferentes de viver uma grande flexibilidade e capacidade de adaptação que nem sempre os velhos têm.
Sendo assim, o processo de envelhecimento social, está ligada a cultura e história de cada sociedade e refere-se ao desempenho de papeis sociais ajustado às expectativas da classe social em que está inserido. O fenômeno do envelhecimento está mais presente no mundo atual e com isso torna-se cada vez mais necessário estudar mecanismos que ajudam essa crescente população a ter uma vida mais digna e de qualidade.
Portanto, o envelhecimento é um somatório de modificações físicas e psicológicas, diferente de doenças, pois as síndromes geriátricas estão geralmente relacionadas ao envelhecimento dos órgãos e sistemas, e podem ser agravados de acordo com o estilo de vida adotado pelo idoso, sendo que a maioria dos idosos consegue conservar as capacidades e competências adquiridas ao longo de sua vida e desenvolver trajetórias de vida ajustadas aos desafios do envelhecimento.
3. CULTURA E LEGISLAÇÃO
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2000) em 2025, o número de idosos com 60 anos no Brasil, chegará a 32 milhões, apontado o Brasil como o sexto maior país do mundo em população geriátrica.
A constante dinâmica da evolução da medicina, aliada ao uso de novas tecnologias, são fatores que levaram ao desencadeamento deste processo, levando-se em conta que ambos contribuíram fortemente tanto para redução do índice de mortalidade como para o aumento da natalidade.
Cada vez mais resultados de pesquisas sinalizam para necessidade da oferta de serviços por parte do poder público, para a promoção e gestão de atividades que reflitam diretamente na melhoria da qualidade de vida desta população, que segundo já mencionado pelas comprovações estatísticas, está em franco crescimento, o que mostra a necessidade de expansão destes serviços para todas as camadas sociais, assim a primeira vez que um documento oficial reconheceu o idoso como cidadão foi na Constituição Brasileira de 1988 em seus artigos 203, 229, e 230. E só em 1994 foi promulgada a Lei 8842, que trata sobre a Política Nacional do Idoso (PNI), sendo o momento marcante para todos aqueles que desenvolvem atividades com idosos ou com grupos da terceira idade, pois esta lei vem para modificar a concepção que se tinha velhice e do processo de envelhecimento.
A Política Nacional de Saúde do Idoso foi promulgada em 10 de Dezembro de 1999 (PNSI), através da Portaria 13395/GM, na qual se fundamenta na concepção da atenção integral à saúde da população em processo de envelhecimento, em conformidade com o que determina a Lei Orgânica da Saúde 8080/90. Nestas leis, é possível verificar a obrigatoriedade que o estado tem de promover o acesso dos idosos aos serviços de saúde, prestar assistência integral e realizar ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, visando manutenção e melhoria da capacidade funcional dos idosos, tendo como objetivo primordial obedecer a diretrizes como a da promoção do envelhecimento saudável, a manutenção da capacidade funcional, a assistência às necessidades de saúde do idoso, a reabilitação da capacidade funcional comprometida, a capacitação de recursos humanos especializados, como o apoio ao desenvolvimento de cuidados informais e apoio a estudos e pesquisas.
A gestão de políticas públicas aplicadas na prática, segundo palavras de (Oliveira, 2007), podem contribuir para a elevação do nível de qualidade de vida das populações, especialmente a idosa. Isso implica dizer que qualidade de vida pode ser entendida como o idoso que consiga gozar de envelhecimento ativo, saudável e com capacidade funcional preservada. Só assim estaremos contribuindo para que ele realize suas capacidades como cidadão.
A elaboração de políticas públicas, porém, é apenas o início do processo. Resta saber como essas políticas serão implantadas, ou seja, operacionalizadas e, mais que isso, como elas serão monitoradas e avaliadas, pois se entende que o seu objetivo último seja a melhoria da qualidade de vida da população idosa (OLIVEIRA, 2007, p.122).
Uma das principais dificuldades encontradas frente ao desenvolvimento de projetos em prol do lazer é o imediatismo político com o qual lidamos nos dias atuais, assim sendo, podemos dessa maneira, indicar vários fatores que contribuem para o fato de existirem tantas ideias que não se concretizam, seja por falta de vontade, oportunidade ou de verba disponível para esse fim, contudo não nos cabe, aqui, indicar quais são os fatores que atravancam esse desenvolvimento, mas sim salientar a importância da existência destas políticas para a promoção de um envelhecimento saudável.
Proporcionar ao público de terceira idade uma vivência efetiva do lazer, como uma das muitas possibilidades do lazer, são responsabilidades públicas que atualmente ainda não possuem a devida notoriedade frente às autoridades. O lazer é um direito social no estatuto do idoso, na qual o próprio tem direito a um lazer que o constitua, a atividades que o enriqueçam e que oportunizem a organização da experiência cultural de seu tempo.
A importância das políticas “Para resgatar a dignidade do idoso, reduzir os problemas de solidão, quebrar os preconceitos e estereótipos que os indivíduos tendem a internalizar. Trata-se de valorizar o cidadão de mais idade, criando espaços para o lazer, mas também para o treinamento do exercício da cidadania” (DEBERT, 1999).
Conforme afirma Maria Rosário de Fátima Viana (1999) “O lazer enquanto vivência lúdica é capaz de provocar alterações de valores pessoais e sociais. Só através da satisfação pessoal é possível vivenciar experiências que se opõem à imobilidade e valorizam a identidade”.
O lazer revela-se então como importante agente para os idosos ao possibilitar que estes obtenham uma maior convivência social e até mesmo ao reabilitar aqueles que já passaram por um período difícil de isolamento e/ou problemas psicológicos.
É importante destacar que as políticas públicas precisam ocorrer em conjunto nas esferas municipal, estadual e federal, e de forma independente de filiações políticas, de forma a beneficiar não somente os idosos, mas a sociedade de uma forma geral.
As políticas públicas devem então ser construídas e implantadas de maneira participativa e reivindicatória, de forma a possibilitar a superação da visão fragmentada e estreita que conduz a população a experiências alienadoras. O próprio idoso deve ser consultado durante o planejamento destes projetos, para que seus interesses sejam devidamente alcançados. Este também precisa intensificar seu interesse e participação na política para que possa assim ter maior influência nas decisões públicas, especialmente naquelas que se referem ao apoio social aos idosos.
Contudo, é preciso considerar que, no processo de criação destas políticas, é de extrema importância que ocorra um planejamento cuidadoso que identifique as barreiras sociais e individuais que possam reduzir ou impedir a participação do sujeito idoso nas atividades de lazer propostas. Todas as dificuldades encontradas nesta fase da vida precisam então ser levadas em consideração para que as iniciativas obtenham sucesso.
3.1 Planejamento Público de Manaus
Levando em consideração os pressupostos da Política Municipal do Idoso, Lei nº 8.842/94 além do Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741 de 2003 que em seu art. 20 trata sobre o direito do idoso a “educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade”, fica explícito a responsabilidade dos poderes públicos gestarem políticas públicas voltadas para todas as camadas sociais e em suas respectivas faixas estarias, por tanto isso inclui políticas públicas para pessoas idosas ou em fase de envelhecimento.
A politica nacional do idoso (1994) e o Estatuto do idoso (2003) são conquistas para toda a sociedade, pois todos, ou convivemos com idosos ou ficaremos velhos um dia, e certamente toda essa caminhada irá beneficiar a toda população de um modo geral. Atualmente o planejamento para a vida social do idoso em Manaus está na gestão de políticas concisas na área de esporte e lazer para o atendimento dos grupos de terceira idade, que está bastante expressivo dentro dos Centros de Esportes e Lazer, afinal, as pessoas estão procurando atividades desta natureza, com intuito claro de uma melhor qualidade de vida.
Precisamos perceber, por parte do poder público, a clareza da gestão das políticas públicas para atender tal demanda, e de que forma isto vem acontecendo, ou seja, é necessário que seja criado mecanismos para a promoção da qualidade de vida dos idosos.
A implantação de programas de atividades para idosos se apresenta como nova tendência e repercutirão em novos costumes e estilos de vida. Estamos vivenciando um crescimento em programas de atividade física com vistas a sensibilizar a população em geral para uma vida ativa. Manter uma vida ativa, como sugere a ONU e a OMS, é essencial para promover e manter um envelhecimento ativo e saudável. Para tal, são imprescindíveis programas e ações públicas de atividades físicas específicas voltadas para a população idosa.
Através da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SEMDEJ), por meio dos Centros de Esporte e Lazer, foi possível verificar programas e atividades desenvolvidas e praticadas por idosos para sua descontração e melhoria na qualidade de vida, bem como o Programa Viver Bem na 3a idade. A Prefeitura Municipal de Manaus, através da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SEMDEJ), comprometida em continuar fomentando e implementando políticas públicas de esporte e lazer na cidade de Manaus, apresenta o “PROGRAMA VIVER BEM NA 3a IDADE”.
O Programa tem o intuito de continuar auxiliando na melhoria dos aspectos biopsicossociais de pessoas em fase de envelhecimento da cidade de Manaus, através da promoção de atividades físicas, esportivas, culturais sociais e de lazer, desenvolvidas por profissionais qualificados para atender esta clientela. A oferta destas atividades certamente incidirá na melhoria da qualidade de vida desta população, que segundo comprovações estatísticas está em franco crescimento, o que mostra a necessidade de sua expansão a todos os espaços físicos desportivos que apresentem condições efetivas para implantação do “Programa Viver Bem na 3a Idade” da Prefeitura Municipal de Manaus.
As atividades desenvolvidas recreativas são com condução de bola, boliche, lance livre na cesta e argola, como também jogos de salão e de mesa, geronto tênis de mesa, gerontonatação, gerontovoleibol, além de atividades como a hidroginástica, ginástica diferencial, caminhada, a gerontoatletismo, as atividades culturais de Teatro, Festival Folclórico, Concursos de Poesias, viagens, passeios, por fim, tendo também atividades sociais em datas comemorativas, eventos sociais e outros.
Em Manaus existe outras Instituições Municipais, onde o idoso pode realizar atividades físicas, sociais e culturais, além de atender, abrigar e acolher os mesmos, como por exemplo, o Parque Municipal do Idoso, na qual é um espaço onde são desenvolvidas atividades físicas, laborativas, recreativas, culturais, associativas e de educação para a cidadania, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população idosa de Manaus. O Parque dispõe de piscina térmica, ginásio coberto, auditório com 250 lugares, pista de caminhada, salas de aula, dança e arte, lanchonete, salão de beleza, entre outros.
Construído para possibilitar à pessoa idosa qualidade de vida e socialização, por meio de atividades físicas, socioeducativas, culturais, artísticas e de lazer, com o objetivo de manter e ampliar a autonomia e independência. O Parque pode ser frequentado pela população idosa de Manaus, homens e mulheres a partir de 60 anos de idade. As atividades oferecidas pelo Parque são hidroginástica, alongamento, yoga, ginástica, ginástica terapêutica, ginástica elaborada, natação, caminhada orientada, dança de salão, dança do ventre, dança coreográfica, vôlei, tênis de mesa, tai chi chuan, pilates solo, hip hop, oficina do comportamento, artesanato, musicoterapia, canto/coral. Além disso, oferece alfabetização, palestras socioeducativas, encontro familiar e dinâmicas de socialização.
Temos ainda os espaços públicos e ao livre, como é o caso dos espaços criados na gestão anterior da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEDEMA), citando o Parque Sumaúma e o Mundo Novo, ambos no bairro da Cidade Nova, zona Norte, e a Ponte da Bolívia, no igarapé da Bolívia. Assim também como o Parque Encontro das Águas, no bairro de Puraquequara, zona Leste e o Parque Tarumã, na Cachoeira Alta. Estes somados aos que já existiam, tais como: o Parque do Mindu, no bairro do Parque Dez, e o Jardim Botânico, no bairro Cidade de Deus, além da reserva Adolfo Ducke, Horto Municipal Chico Mendes, na Avenida André Araújo.
No entanto, faz-se necessário a ampliação de benefícios no que diz respeito a lugares favoráveis as condições dos idosos, como por exemplo, academia de ginastica ao livre, pistas para caminhada e corrida, ciclovias, onde poderá ser proporcionado o encontro entre o lazer e a preservação ambiental.
Segundo AMARAL (2008) constatou em pesquisa recente que falta por parte dos setores públicos e privados políticas mais concisas nessa área, apontando que o setor público, “precisa-se acelerar suas ações no sentido de munir aparatos físicos e humanos para atender esta demanda da população, que há muito, já demonstra a necessidade de mais e melhores espaços físicos para esporte, lazer, educação e saúde”, além da complementação dessa afirmação, é muito comum a falta de material adequado no uso de diversas atividades, isso causa dificuldade na realização de tarefas que acabam sendo substituídas, graças à competência de alguns profissionais da área, sendo que nem todos conseguem ser tão criativos, fazendo com que o idoso, muitas vezes, deixe de aproveitar o tempo fazendo aquilo que gostaria de realizar, portanto, é necessário providenciar locais apropriados para prática de atividades, visto que a demanda populacional que está em crescimento, afinal, as pessoas estão cada vez mais cientes de que precisam envelhecer com qualidade, pois não adianta ganhar longevidade se não tiver como aproveitar esse tempo de forma ativa e saudável participando efetivamente da vida em sociedade.
3.2 Benefícios e melhorias na qualidade de vida dos idosos
As atividades esportivas e de lazer influenciam positivamente nos aspectos biopsicossociais do envelhecimento humano, ainda assim o poder público local ainda não sinalizou com propostas bem fundamentadas e comprometida com bem-estar social da população, já que seria mais fácil investir na manutenção da saúde do que em gastos com a saúde.
Os benefícios apontados, por vários autores, irão sinalizar para necessidade de espaços públicos adequados para atender grupos de pessoas em fase de envelhecimento o que sinalizará para uma população mais saudável e ativa. De acordo com Werneck (2003), o lazer também é visto, como um artefato cultural construído pelos sujeitos a partir de quatro elementos inter-relacionados das ações do tempo, do espaço/lugar e dos conteúdos culturais vivenciados ludicamente pelos sujeitos.
Evidenciando Melo & Alves (1992) as atividades culturais são as que englobam os interesses humanos em suas diversas linguagens e manifestações, manifestam-se no tempo livre das obrigações profissionais, domésticas religiosas, interesses físicos, implicam nas práticas esportivas e todas as atividades onde prevalece o movimento, ou o exercício físico, incluindo as diversas modalidades esportivas.
Para as pessoas em fase de envelhecimento, o idoso, este é o momento de suas vidas que normalmente se aposentam e ficam ociosos sem muita perspectiva do que fazer esbarrando na falta de opção para aproveitar seu tão esperado tempo livre de forma prazerosa, pois poucos são os espaços destinados às atividades de lazer principalmente na periferia.
Para Larizzatti (2005) os espaços destinados às atividades de lazer devem ter significados diferentes em função da forma como cada sujeito os vê e os utiliza, pois possui funções básicas importantes para a sociedade, possuindo função educativa, integrativa, recreativa e compensadora. E, é este significado que ainda não se parece perceber por parte do poder público com relação aos espaços de esporte e lazer para idosos.
Em conformidade com Faria (2001) esclarece que, a socialização do lazer e a convivência com a diversidade, daí decorrentes; pode refletir em experiências enriquecedoras do ponto de vista individual e coletivo.
A sociabilidade no lazer é rica de contatos sociais variados, em momento propício ao intercâmbio de ideias e experiências. Contudo o tempo de lazer é também um tempo precioso para a afirmação de um estilo próprio de comportamento social (CAMARGO, 2003, p.87).
Com relação à prática de esporte por idosos na cidade de Manaus, observamos um crescimento significativo nas últimas décadas. Isto devido ao crescimento de grupos de idosos, que mesmo com dificuldades de locais adequados, é verificado em alguns locais públicos, pessoas idosas praticando esporte adaptado as suas condições físicas, conhecido como esportes gerontológicos que seguem as características da concepção de esporte, “tendo como grande diferencial a relação suave de competir com uma característica de suportar numa versão participar” (PUGA BARBOSA, 2000, p.107), e que para muitos é visto como uma atividade de lazer.
Para (MAZO, LOPES, BENEDETTI, 2004) “o esporte pode ser praticado com idosos em seus diferentes aspectos: rendimento, promoção da saúde e lúdico, de forma adaptada ou não, de acordo com os interesses demonstrados por eles”, portanto sugerindo as autoras que idosos podem praticar esporte de forma individual ou coletiva, dependendo de suas condições físicas e do interesse de cada um e sempre de forma bem orientada para não se ter um efeito contrario pela pratica mal dirigida podendo ocasionar mais danos que ganhos.
[...] Os objetivos destas atividades com idosos é motivar a pratica de atividade física, cooperação, participação, dentre outras, e adaptação dos jogos, regras e regulamento, não garantem a minimização dos aspectos pertinentes à vitória e derrota. [...] para amenizar a competição gerada pelo jogo têm surgido várias propostas. Algumas delas levam em conta o esporte como promoção da saúde e participação, que amenizam a predominância de esporte de alto rendimento, além de motivar o maior numero de idosos nos jogos, possibilitando uma convivência saudável e educacional. (MAZO, LOPES, BENEDETTI, 2004, p. 222-223)
À medida que envelhecemos, deveríamos manter mais relacionamentos de amizades, e segundo Deecken (1997) um meio prático para isso, são os Clubes da chamada Idade de Ouro ou grupos da terceira idade, onde, certamente, conquistariam novas amizades e sairão da ociosidade que muitas vezes desencadeia um quadro depressivo.
Em pesquisas realizadas por Amaral (2008) com idosos do Programa Idoso Feliz Participa Sempre da UFAM, os entrevistados apontaram que muita coisa mudou em suas vidas depois que passaram a frequentar o programa, como segue na fala de um dos entrevistados identificado por G4 e G10:
Eu era doente cardíaco e fui encaminhado pra aqui pra melhorar minha saúde e isso mudou minha condição física, se não já teria morrido mesmo, aqui convivo com muitas pessoas de minha idade até trouxe minha mulher e isso nos deixa muito feliz e nos mantêm vivo. “Isso aqui me rejuvenesce”, (AMARAL, 2008).
“Os esportes ajudam muito em tudo na minha qualidade de vida [...] depois com todo esse tempo de prática de tudo que se faz aqui, me sento e levanto no chão sem dificuldade e sem ajuda de ninguém”, (AMARAL, 2008).
Para as normas estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde - OMS (1985), o conceito de saúde não está limitado a apenas a ausência de doença, mas sim, a um estado de bem-estar físico, psíquico e social.
Souza (1995), em pesquisa sobre os benefícios proporcionados pelas atividades físicas para idosos, apontou que no aspecto saúde houve um decréscimo em relação à insônia, crises de reumatismos, dores nas costas, entre outros, entretanto, a saúde do idoso está vinculada à melhoria da sua qualidade de vida, em vista que isto implica diretamente na melhoria, não só nos aspectos físico, como também no social e cognitivo.
Os objetivos da atividade física são abrangentes e não se restringem à busca de rendimento ou desempenho, na qual incluem a exploração dos sentidos e do potencial de cada um. Concebida desta forma, pode levar a uma diminuição de problemas ligados ao envelhecimento, favorecer o emagrecimento, aumentar a agilidade nas tarefas diárias e ajudar a obter plenitude física e psíquica.
Exercícios físicos feitos regularmente trazem benefícios psicológicos que incluem aumento no senso de uma melhor eficácia, melhora da autoestima e melhor autoimagem corporal e têm sido associados à redução em estados de estresse, depressão e ansiedade (BERGER, 1989). Podem contribuir para ampliar o quadro de amizades, gerando afetos positivos e melhor saúde percebida.
Portanto, pode-se dizer também que a atividade física pode recuperar vivências corporais cotidianas que fazem parte da vida das pessoas, favorecendo a qualidade de vida e o bem-estar subjetivo.
3.3 Velhice bem sucedida e suas potencialidades
Além da ociosidade gerada pela mudança nos hábitos de trabalho, a velhice também chega, para muitas pessoas, acompanhada de frustrações pessoais, perda de pessoas queridas e fragilidades de saúde. Ao mesmo tempo, muitas vezes é também nessa hora que o lazer volta a fazer parte da vida e, assim, contribui para um aumento na qualidade de vida física e mental das pessoas, (LEITE, 1995).
A procura por grupos de recreação tem crescido devido a fatores intrínsecos e extrínsecos, como solidão, falta de trabalho, ou simplesmente por diversão. Os principais motivos que os levam à procura de um grupo de indivíduos da chamada terceira idade são melhora da qualidade de vida, melhora da condição em relação à sociedade, ocupação do tempo livre, fugir da solidão e encontrar diversão.
É necessário proporcionar atividades de maneira que sejam: atraentes, diversificadas, com intensidade moderada, de baixo impacto, realizadas de forma gradual, promovendo a aproximação social, sendo desenvolvidos de preferência coletivamente, respeitando as individualidades de cada um, sem estimular atividades competitivas, pois, tanto a ansiedade como o esforço aumenta os fatores de risco. Com isso é possível se alcançar níveis bastante satisfatórios de desempenho físico, gerando autoconfiança, satisfação, bem-estar psicológico e interação social. Deve-se levar em conta que o equilíbrio entre as limitações e as potencialidades da pessoa idosa ajuda a lidar com as inevitáveis perdas decorrentes do envelhecimento (FERREIRA, 2003).
Velhice bem sucedida é uma condição na qual os idosos, sozinhos ou coletivamente, vivem com qualidade de vida, em relação aos ideais individuais e aos valores existentes no lugar onde vivem.
Faz parte de um envelhecimento bem-sucedida à história pessoal do idoso e a manutenção da plasticidade comportamental, dentro dos limites impostos pelo processo normal de envelhecimento. O envelhecimento bem-sucedido é definido por ROWE e KAHN (1997, 1998), como a habilidade que os indivíduos têm para manter as três seguintes características baixo risco para doença relacionada à incapacidade, elevado funcionamento físico e mental e engajamento ativo com a vida.
Para estes autores, é preciso que haja uma interação entre estes três componentes para que o conceito de envelhecimento bem-sucedido seja melhor representado. BALTES e LANG (1997) argumentam que recursos sensório-motores, cognitivos, de personalidade e sociais têm grande importância para o envelhecimento bem-sucedido porque eles facilitam a interação entre três processos adaptativos: seleção, compensação, e otimização de recursos para enfrentar e adaptar-se às perdas do envelhecimento.
A continuidade, a quantidade e a qualidade de atividades de amplo alcance físico e cognitivo têm sidos associados com bem-estar geral. PUSHKAR et al. (1997), supõem que a competência para realizar tarefas, a saúde psicológica e o bem-estar estão associados à continuidade na realização de atividades que exigem habilidades individuais.
Envelhecer bem irá depender do equilíbrio entre as potencialidades e limitações do indivíduo, o que permitirá, com formas diversas de eficácia, o desenvolvimento de mecanismos para enfrentar as perdas do processo de envelhecimento e a adaptação às incapacidades e desvantagens.
É necessário que os idosos aprendam a viver o restante de suas vidas da melhor maneira possível, praticando atividades físicas, estando no meio de amigos, com bom convívio familiar e com boa saúde. Isso além de gerar um bem estar no idoso, que se torna com mais autoestima, melhora o relacionamento dos idosos não somente com a família, mas, com todos a sua volta.
Nas atividades, seja ela física, de recreação, cultural, artesanal e etc, os idosos tem a oportunidade da reintegração social, assim como proporcionam melhoria na qualidade de vida, contribuem para uma vida mais saudável e prazerosa, assim como as atividades em grupo, bailes, viagens podem contribuir para um resgate do convívio social e para que o envelhecimento deixe de ser apenas um período de perdas, abandono, solidão e exclusão por parte da sociedade.
Portanto, a sociedade também pode colaborar para um envelhecimento mais feliz, modificando sua postura em relação ao tratamento dado ao idoso, de maneira que haja interação, para que sejam alcançados os objetivos das politicas publicas na conquista de lutas incansáveis de cidadãos que acreditaram em dias melhores para assim exercerem de fato os seus direitos.
4.CONCLUSÃO
As políticas públicas referentes ao lazer para os idosos são essenciais para que se tenham melhorias nas condições de vida durante a idade avançada. Para que novas políticas sejam criadas torna-se necessário que a sociedade como um todo participe desse propósito cobrando dos órgãos públicos municipais o devido comprometimento com os idosos e também uma maior continuidade nos projetos desenvolvidos. É importante destacar que as políticas públicas de lazer ocorram em conjunto com o a administração do município e a sociedade, de forma a beneficiar não somente os idosos, mas a sociedade de uma forma geral.
Sendo assim, as políticas públicas voltadas para o lazer, esporte e educação devem então ser construídas e implantadas de maneira participativa e reivindicatória, de forma a possibilitar a superação da visão fragmentada e estreita que conduz a população a experiências alienadoras. O próprio idoso deve ser consultado durante o planejamento destes projetos, para que seus interesses sejam devidamente alcançados.
Contudo, é preciso considerar que, no processo de criação destas políticas, é de extrema importância que ocorra um planejamento cuidadoso que identifique as barreiras que possam reduzir ou impedir a participação do sujeito idoso nas atividades de lazer propostas. Todas as dificuldades encontradas nesta fase da vida precisam então ser levadas em consideração para que as iniciativas obtenham sucesso.
Desta forma, é fundamental destacar as dimensões das politicas públicas de lazer voltado para o idoso, bem como a participação dos poderes públicos para que sejam assegurados os direitos e garantias dos idosos, afim de que os mesmos possam usufruir de locais apropriados para sua diversão e lazer, também como, aproveitar seu tempo livre para se exercitar, conhecer pessoas e interagir de maneira que seu bem-estar seja alcançado.
Portanto, conclui-se que envelhecimento não é dependente de apenas um processo físico, mas também de um estado de animo, de oportunidades e de prazer, porém, a gestão pública para idosos é de suma importância, porque contribui para a elevação do nível de qualidade de vida dos mesmos, pois não adianta ganhar longevidade se não tiver como aproveitar esse tempo de forma ativa e saudável, participando efetivamente da vida em sociedade.
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[1] Prof. Rubens Alves. Bacharel em direito, advogado, especialista em processo civil judiciário, especialista em docência e gestão do ensino superior, autor de livros, mestre em direito.
Graduando do Curso em Direito, no Centro Universitário Luterano de Manaus – ULBRA.
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: CARNEIRO, RAIMUNDO NONATO NETO. Políticas públicas de lazer para idosos em Manaus Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 05 nov 2020, 04:29. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/55430/polticas-pblicas-de-lazer-para-idosos-em-manaus. Acesso em: 22 nov 2024.
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