ADRIELY CRISTINA VIEIRA DE CARVALHO[1]
(coautora)
RESUMO: O presente artigo aborda a importância do advogado criminalista na defesa dos direitos do acusado no sistema de justiça penal brasileiro, com foco no princípio da ampla defesa. Através de uma revisão bibliográfica, analisamos o papel do advogado em cada etapa do processo penal, desde a fase pré-julgamento até a execução da pena. Destacamos sua função na investigação, elaboração da defesa, interposição de recursos, acompanhamento da execução penal e enfrentamento dos desafios enfrentados no exercício da advocacia criminal. Ao final, reafirmamos a importância do advogado criminalista na promoção da justiça e proteção dos direitos individuais.
PALAVRAS-CHAVE: Advogado criminalista, sistema de justiça penal, ampla defesa, processo penal, execução penal.
ABSTRACT: This article addresses the importance of the criminal defense lawyer in defending the rights of the accused in the Brazilian criminal justice system, focusing on the principle of due process. Through a literature review, we analyze the role of the lawyer in each stage of the criminal process, from the pre-trial phase to the execution of the sentence. We highlight their function in investigation, defense preparation, filing appeals, monitoring the execution of the sentence, and facing the challenges encountered in the practice of criminal law. In conclusion, we reaffirm the importance of the criminal defense lawyer in promoting justice and protecting individual rights.
KEYWORDS: Criminal defense lawyer, criminal justice system, due process, criminal procedure, sentence execution.
SUMÁRIO: INTRODUÇÃO. 1. A FUNÇÃO SOCIAL DO ADVOGADO CRIMINALISTA. 1.1. GARANTIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. 2. ATUAÇÃO DO ADVOGADO ANTES DA EXECUÇÃO DA PENA - DEFESA PRÉ-JULGAMENTO. 3. O ADVOGADO NA EXECUÇÃO PENA. 3.1 REVISÃO E PROGRESSÃO DE REGIME. 4. DESAFIOS E PERSPECTIVAS NA ATUAÇÃO DO ADVOGADO CRIMINALISTA. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS. REFERÊNCIAS.
A preservação dos direitos fundamentais no contexto do sistema de justiça penal brasileiro é um tema de grande relevância e complexidade. Sabido é que o papel do advogado criminalista se destaca como essencial para assegurar a efetivação do princípio da ampla defesa, garantindo que cada acusado tenha uma oportunidade justa de apresentar sua defesa perante as instâncias judiciais.
A metodologia escolhida neste estudo baseia-se em uma revisão bibliográfica, que abrange obras de renomados autores do campo do direito penal e processual penal, bem como análises de legislação pertinente, como a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/1984). E então compreender e apresentar uma análise aprofundada sobre o papel do advogado criminalista na defesa dos direitos do acusado em cada etapa do processo penal.
No primeiro capítulo, entenderemos a importância da atuação do advogado criminalista na fase pré-julgamento, destacando sua função na investigação, na elaboração da defesa técnica e na preparação do acusado para o julgamento. Em seguida, no segundo capítulo, discutimos o papel do advogado na interposição de recursos e na solicitação de medidas protetivas, visando garantir a proteção dos direitos do acusado durante o processo judicial.
O terceiro capítulo aborda o acompanhamento da execução penal pelo advogado criminalista, examinando sua atuação na garantia dos direitos do condenado durante o cumprimento da pena, incluindo aspectos como a revisão e progressão de regime. Por fim, no quarto capítulo, discutimos os desafios e perspectivas na atuação do advogado criminalista, destacando as dificuldades enfrentados por esses profissionais e as oportunidades de melhoria no sistema de justiça penal brasileiro.
Ao final deste artigo, nas considerações finais, enfatizamos a importância do advogado criminalista na defesa dos princípios de ampla defesa e contraditório, ressaltando seu papel fundamental na promoção da justiça e na proteção dos direitos individuais no contexto do sistema penal.
1.A FUNÇÃO SOCIAL DO ADVOGADO CRIMINALISTA
O advogado criminalista exerce uma função social vital ao defender não apenas os interesses de seus clientes, mas também a própria legalidade e os direitos fundamentais. Segundo Oliveira (2018), a advocacia criminal é um dos pilares do Estado Democrático de Direito, pois garante que mesmo aqueles acusados de crimes tenham acesso a uma defesa justa e adequada. Esse papel é reafirmado pelo artigo 133 da Constituição Federal de 1988, que estabelece que o advogado é indispensável à administração da justiça, reforçando a ideia de que sem a presença desse profissional, a justiça não pode ser plenamente realizada.
A defesa técnica e especializada do advogado criminalista é essencial para equilibrar as relações de poder entre o Estado e o indivíduo. Souza (2019) argumenta que a figura do advogado criminalista é crucial para evitar abusos de poder e garantir que o processo penal se desenvolva de acordo com os princípios constitucionais, como o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa, previstos no artigo 5º, incisos LIV e LV, da Constituição Federal. Cujo, esses princípios são fundamentais para assegurar que o acusado tenha a oportunidade de ser ouvido e de contestar as acusações.
Além disso, o advogado exerce a função de um agente de controle social, fiscalizando a legalidade das ações do Estado. Lopes Júnior (2019) destaca que o papel do advogado não se limita à defesa de seu cliente, mas também inclui a garantia de que o processo penal respeite os direitos humanos e os princípios da dignidade da pessoa humana. Salienta-se que é especialmente importante em um contexto em que o sistema penal pode ser utilizado de forma abusiva ou discriminatória.
Através de sua atuação, é possível questionar e reinterpretar normas jurídicas, promovendo uma evolução constante do direito penal e processual penal. De acordo com Barros (2020), a defesa técnica e bem fundamentada pode levar a decisões judiciais mais equilibradas e a uma maior proteção dos direitos fundamentais.
Em suma, a função social do advogado criminalista é complexa e essencial para a manutenção do Estado Democrático de Direito. Sua atuação garante que os direitos individuais sejam protegidos contra abusos e arbitrariedades, promovendo a justiça e a igualdade no sistema penal. A presença do advogado criminalista no processo penal não apenas assegura uma defesa justa para o acusado, mas também contribui para a fiscalização e a melhoria contínua das práticas j udiciais.
1.1 GARANTIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
A atuação do advogado criminalista é fundamental para garantir os direitos fundamentais do acusado. Segundo Silva (2017), esses direitos incluem, mas não se limitam, ao direito ao contraditório e à ampla defesa, que são pilares do sistema de justiça penal. O artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal, assegura que "aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes". Esses princípios garantem que o acusado possa apresentar sua versão dos fatos e contestar as acusações de maneira justa e equilibrada.
O advogado criminalista, nesse contexto, atua como um guardião dos direitos individuais, garantindo que o acusado tenha a oportunidade de se defender adequadamente. Moraes (2020) observa que a presença de uma defesa técnica competente é crucial para evitar erros judiciários e injustiças, que podem resultar em condenações indevidas e na violação dos direitos humanos. A atuação do advogado é, portanto, uma salvaguarda contra possíveis arbitrariedades e abusos de poder por parte do Estado.
Além disso, a defesa técnica oferecida pelo advogado criminalista é essencial para assegurar a aplicação correta das leis penais e processuais. De acordo com Prado (2018), a interpretação adequada das normas jurídicas por parte do advogado permite que o processo penal seja conduzido de forma justa e imparcial. A ausência de uma defesa qualificada pode levar a interpretações arbitrárias e decisões injustas, comprometendo a credibilidade do sistema de justiça e a proteção dos direitos fundamentais.
O advogado criminalista também desempenha um papel crucial na fase de investigação criminal, onde muitas vezes ocorrem violações de direitos. Segundo Lopes Júnior (2019), a atuação precoce do advogado na fase investigativa é vital para garantir que as provas sejam obtidas de maneira lícita e que os direitos do acusado sejam respeitados desde o início do processo penal. A defesa técnica pode, por exemplo, questionar a legalidade de provas obtidas por meio de tortura ou coação, assegurando que apenas evidências lícitas sejam consideradas no julgamento.
A importância do advogado criminalista na garantia dos direitos fundamentais se estende também à execução penal. Conforme Barros (2020), o advogado deve acompanhar a execução da pena para garantir que o condenado seja tratado com dignidade e que seus direitos sejam respeitados durante todo o período de cumprimento da pena. Isso inclui a fiscalização das condições de encarceramento e a promoção de medidas que visem à reintegração social do condenado.
Em resumo, a atuação do advogado criminalista é essencial para a garantia dos direitos fundamentais. Sua presença assegura que o acusado tenha uma defesa justa e adequada, prevenindo abusos e arbitrariedades e promovendo a justiça no sistema penal. A defesa técnica oferecida pelos advogados criminalista é uma peça-chave na proteção dos direitos individuais e na manutenção da dignidade humana, valores centrais do Estado Democrático de Direito.
2. ATUAÇÃO DO ADVOGADO ANTES DA EXECUÇÃO DA PENA - DEFESA PRÉ-JULGAMENTO
Antes do julgamento, o advogado é suma importância tanto na investigação e na construção da defesa do acusado. A fase pré-julgamento é um momento decisivo, onde o advogado atua de forma estratégica para assegurar que todos os direitos do acusado sejam respeitados e que o processo seja conduzido de maneira justa e legal. Segundo Lopes Júnior (2019), a defesa técnica deve começar já na fase investigativa, para garantir que todas as provas e argumentos sejam adequadamente apresentados.
Durante a fase de investigação, o advogado criminalista tem a responsabilidade de acompanhar a coleta de provas e verificar a legalidade das mesmas. De acordo com Moraes (2020), o advogado deve estar presente durante os interrogatórios e diligências policiais para assegurar que os procedimentos legais sejam seguidos e que não haja violação dos direitos do acusado, como o uso de coação ou tortura. Essa atuação é fundamental para evitar que provas obtidas de maneira ilícita sejam utilizadas no processo.
Além disso, o advogado deve realizar uma investigação defensiva, buscando provas e testemunhas que possam corroborar a versão do acusado. Conforme Prado (2018), a investigação defensiva é uma ferramenta essencial para a construção de uma defesa robusta, permitindo ao advogado contestar a versão dos fatos apresentada pela acusação e apresentar uma narrativa alternativa que possa levar à absolvição ou à redução da pena do acusado.
Segundo Barros (2020), a elaboração de petições, recursos e pedidos de habeas corpus é uma parte fundamental do trabalho do advogado, que deve estar atento a todas as oportunidades legais para garantir os direitos do acusado.
Outro aspecto crucial da atuação do advogado criminalista na fase pré-julgamento é a negociação de acordos e delações premiadas. Oliveira (2018) ressalta que, em muitos casos, a negociação de um acordo pode ser a melhor estratégia para minimizar os danos ao acusado, especialmente em processos onde a prova da culpa é robusta. O advogado deve avaliar cuidadosamente as propostas de acordo, garantindo que qualquer decisão seja tomada com base nos melhores interesses do cliente.
Além disso, o advogado criminalista deve preparar o acusado para o julgamento, explicando o funcionamento do processo penal, os direitos que lhe assistem e as possíveis estratégias de defesa. Segundo Souza (2019), essa preparação é essencial para que o acusado possa participar ativamente de sua própria defesa e compreender as implicações de cada etapa do processo.
Por fim, a atuação do advogado criminalista na fase pré-julgamento é fundamental para a proteção dos direitos do acusado e para a construção de uma defesa eficiente. Desde a investigação até a elaboração das teses de defesa e a negociação de acordos, o advogado desempenha um papel vital em assegurar que o processo penal seja conduzido de maneira justa, respeitando os princípios do contraditório e da ampla defesa
3. O ADVOGADO NA EXECUÇÃO PENA
Durante a execução da pena, o advogado criminalista desempenha um papel crucial para garantir que os direitos do condenado sejam respeitados e que a execução penal ocorra de acordo com os princípios de dignidade humana e justiça. A Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/1984) estabelece diversas normas e diretrizes que regulam o cumprimento das penas privativas de liberdade, sendo fundamental a presença de um advogado para assegurar a correta aplicação dessas normas.
O acompanhamento da execução penal pelo advogado começa desde o momento em que a sentença condenatória transita em julgado. Segundo Prado (2018), o advogado deve monitorar continuamente as condições de encarceramento do condenado, verificando se estas cumprem os padrões mínimos de dignidade, conforme estipulado pela legislação brasileira e internacional. O advogado deve estar atento a possíveis violações de direitos, como superlotação, falta de assistência médica, alimentação inadequada e condições insalubres, e agir prontamente para corrigi-las através de petições e representações às autoridades competentes.
Além disso, o advogado criminalista tem a responsabilidade de garantir que o condenado tenha acesso aos benefícios previstos na Lei de Execução Penal, como a remição de pena pelo trabalho e estudo, o regime semiaberto e a progressão de regime. De acordo com Silva (2017), a remição de pena é um direito do condenado que pode reduzir significativamente o tempo de cumprimento da pena, incentivando a ressocialização e a reintegração social. O advogado deve orientar o condenado sobre as oportunidades de trabalho e estudo disponíveis no sistema prisional e auxiliar na obtenção desses benefícios.
A progressão de regime é outro aspecto fundamental da execução penal, onde o advogado criminalista desempenha um papel vital. Segundo Moraes (2020), a progressão de regime permite que o condenado passe para um regime menos severo, como do fechado para o semiaberto, ou do semiaberto para o aberto, conforme o cumprimento de determinados requisitos legais, como o cumprimento de parte da pena e a demonstração de bom comportamento.
Outro papel importante do advogado na execução penal é a interposição de recursos contra decisões desfavoráveis que possam afetar os direitos do condenado. Lopes Júnior (2019) destaca que o advogado deve estar preparado para contestar decisões que neguem benefícios ou imponham sanções disciplinares de forma arbitrária ou injusta. A interposição de agravos em execução e outros recursos é essencial para garantir que o condenado tenha acesso a uma revisão judicial das decisões proferidas durante a execução da pena.
O advogado criminalista também deve atuar na defesa dos direitos fundamentais do condenado em casos de tortura, maus-tratos e outras formas de violência dentro do sistema prisional. Barros (2020) ressalta que a denúncia de tais abusos às autoridades competentes, como o Ministério Público e a Defensoria Pública, é uma obrigação do advogado, que deve agir para proteger a integridade física e mental do condenado. O advogado é fundamental para a prevenção e a correção de abusos, garantindo que o sistema prisional não se torne um espaço de violação de direitos humanos.
Adicionalmente, o advogado deve acompanhar a reintegração social do condenado, promovendo ações que facilitem a sua volta à sociedade após o cumprimento da pena. Oliveira (2020) destaca que a reintegração social é um dos objetivos principais da execução penal, e o advogado pode auxiliar na obtenção de documentos, na inserção no mercado de trabalho e no acesso a programas sociais.
Por fim, o acompanhamento da execução penal pelo advogado criminalista é essencial para a proteção dos direitos do condenado e para a promoção de um sistema de justiça penal mais humano e justo. A atuação diligente e comprometida do advogado garante que a pena seja cumprida de acordo com os princípios legais e constitucionais, assegurando a dignidade e os direitos do condenado durante toda a execução penal.
3.1 REVISÃO E PROGRESSÃO DE REGIME
O papel do advogado criminalista na revisão e progressão de regime é de suma importância para garantir que o condenado tenha seus direitos respeitados e possa, quando possível, reintegrar-se gradualmente à sociedade. A Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/1984) estabelece os critérios e procedimentos para a revisão e progressão de regime, e a atuação do advogado é crucial para a correta aplicação dessas normas.
A revisão da pena pode ocorrer em várias situações, como em casos de erros materiais na sentença, mudanças na legislação ou surgimento de novas provas que possam beneficiar o condenado. Segundo Lopes Júnior (2019), o advogado deve estar sempre vigilante e preparado para identificar oportunidades de revisão de pena que possam resultar em uma redução do tempo de encarceramento ou em uma mudança para um regime mais brando.
A progressão de regime, por sua vez, é um direito do condenado que cumpre os requisitos estabelecidos pela legislação. De acordo com Silva (2017), para que a progressão de regime seja concedida, o condenado deve ter cumprido uma fração da pena no regime anterior e demonstrado bom comportamento carcerário. O advogado tem o papel de preparar e apresentar o pedido de progressão de regime, fundamentando-o com base em relatórios de comportamento, certificados de cursos realizados e outras evidências que demonstrem a aptidão do condenado para um regime menos severo.
Além de preparar e apresentar o pedido de progressão, o advogado criminalista deve acompanhar de perto o andamento do pedido junto ao judiciário. Moraes (2020) destaca que o acompanhamento contínuo é essencial para garantir que o pedido seja analisado com celeridade e que qualquer eventualidade seja prontamente resolvida. A comunicação constante com o condenado e a atualização sobre o andamento do processo são fundamentais para manter a confiança e a transparência na relação advogado-cliente.
Outro aspecto importante é a interposição de recursos em caso de indeferimento do pedido de progressão. Barros (2020) salienta que o advogado deve estar preparado para contestar decisões que neguem a progressão de regime de forma injustificada ou arbitrária. A interposição de agravos em execução e outros recursos é essencial para garantir que o condenado tenha acesso a uma revisão justa das decisões proferidas durante a execução da pena.
A progressão de regime também envolve a preparação do condenado para a nova realidade que enfrentará em um regime menos severo. Oliveira (2018) aponta que o advogado deve orientar o condenado sobre as condições e responsabilidades do novo regime, como a necessidade de manter um comportamento exemplar e de cumprir as exigências impostas pela justiça. Essa preparação é crucial para que o condenado possa aproveitar a oportunidade da progressão de regime de forma positiva e produtiva.
Além disso, o advogado criminalista deve trabalhar em conjunto com outras instituições, como o Ministério Público, a Defensoria Pública e os órgãos de execução penal, para assegurar que o processo de progressão de regime ocorra de maneira integrada e eficiente. Segundo Prado (2018), a colaboração entre essas instituições é fundamental para superar eventuais barreiras burocráticas e garantir que os direitos do condenado sejam efetivamente protegidos.
Por fim, a atuação do advogado na revisão e progressão de regime não se limita ao âmbito jurídico, mas também envolve uma dimensão humanitária e social. Lopes Júnior (2019) enfatiza que o advogado deve promover a reintegração social do condenado, facilitando seu acesso a programas de reabilitação, educação e trabalho, tanto dentro quanto fora do sistema prisional. Essa abordagem holística é essencial para prevenir a reincidência e promover a ressocialização efetiva do indivíduo.
Entende-se que, a revisão e progressão de regime são processos complexos e fundamentais na execução penal, e a atuação do advogado criminalista é essencial para garantir que esses processos sejam conduzidos de maneira justa e eficiente. A competência técnica, a vigilância constante e a abordagem humanitária do advogado são determinantes para a proteção dos direitos do condenado.
4. DESAFIOS E PERSPECTIVAS NA ATUAÇÃO DO ADVOGADO CRIMINALISTA
A atuação do advogado criminalista enfrenta diversos desafios no sistema de justiça, exigindo constante adaptação e aperfeiçoamento para superar as barreiras impostas pelo contexto jurídico e social. Segundo Silva (2019), um dos principais desafios é a superlotação do sistema penitenciário, que dificulta a garantia dos direitos fundamentais dos presos e compromete a eficácia da defesa. A superlotação gera condições precárias que violam a dignidade humana, e o advogado deve lutar incessantemente para garantir que seus clientes sejam tratados de forma justa e humana.
Outro desafio significativo é a morosidade do sistema judiciário. De acordo com Lopes Júnior (2020), os longos prazos processuais e a lentidão na tramitação dos processos podem resultar em prolongadas prisões preventivas, muitas vezes desnecessárias. O advogado criminalista deve, portanto, ser diligente na interposição de recursos e medidas protetivas para evitar que seus clientes sofram com a demora judicial, utilizando instrumentos como o habeas corpus para garantir a celeridade processual.
A falta de recursos e estrutura adequada também constitui um grande obstáculo. Prado (2018) destaca que muitos advogados enfrentam dificuldades para acessar as tecnologias e os meios necessários para uma defesa eficaz, especialmente nas regiões mais remotas do país. Essa carência pode limitar a capacidade de investigação e preparação da defesa, comprometendo a qualidade do serviço prestado ao acusado. Nesse sentido, é essencial que os advogados busquem constantemente aprimorar suas habilidades e conhecimentos técnicos, bem como utilizar redes de colaboração para compartilhar recursos e informações.
A pressão social e midiática sobre casos criminais é outro fator que complica a atuação do advogado criminalista. Barros (2020) aponta que a cobertura sensacionalista de crimes pode influenciar a opinião pública e, consequentemente, a postura de juízes e jurados. O advogado deve ser capaz de lidar com esse ambiente hostil, defendendo os princípios do contraditório e da ampla defesa, independentemente da pressão externa.
Apesar dos desafios, existem perspectivas positivas e oportunidades de melhoria na atuação do advogado criminalista. Oliveira (2018) sugere que a modernização do sistema judiciário, com a implementação de processos eletrônicos e novas tecnologias, pode acelerar a tramitação dos processos e facilitar o acesso às informações. A digitalização do judiciário permite maior transparência e eficiência, beneficiando tanto os advogados quanto os acusados.
A educação continuada e a especialização também são caminhos promissores. Moraes (2020) enfatiza a importância de cursos de pós-graduação, seminários e treinamentos específicos para o aprimoramento das competências dos advogados criminalistas. A atualização constante sobre mudanças legislativas, jurisprudenciais e doutrinárias é essencial para a prática da advocacia criminal de maneira eficaz e ética.
A advocacia pro bono e a atuação em organizações não governamentais (ONGs) oferecem uma perspectiva de impacto social significativo. Segundo Prado (2019), muitos advogados criminalistas têm encontrado satisfação profissional e pessoal ao dedicar parte de seu tempo a causas que visam a defesa dos direitos humanos e a reforma do sistema penal. Esse tipo de trabalho não só contribui para a justiça social, mas também enriquece a experiência e a rede de contatos do advogado.
Em resumo, a atuação do advogado criminalista no Brasil enfrenta desafios consideráveis, como a superlotação carcerária, a morosidade judicial, a falta de recursos e a pressão midiática. No entanto, com a modernização do judiciário, a educação continuada e a participação em iniciativas sociais, há perspectivas positivas que podem transformar esses obstáculos em oportunidades de melhoria. A competência técnica, a dedicação e o compromisso ético são essenciais para que o advogado criminalista possa superar os desafios.
A atuação do advogado criminalista é essencial para a manutenção dos princípios fundamentais que regem o sistema de justiça penal brasileiro, especialmente o princípio da ampla defesa. Conforme estabelecido pelo artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal de 1988, o contraditório e a ampla defesa são garantias constitucionais indispensáveis para a preservação da justiça e da equidade nos processos judiciais.
Ao longo do processo penal, desde a fase investigativa até a execução da pena, o advogado criminalista garante que os direitos do acusado sejam respeitados. Sua atuação diligente e competente é fundamental para evitar abusos de poder e garantir que o processo se desenvolva de acordo com os princípios legais e constitucionais. Durante a investigação, o advogado assegura que as provas sejam obtidas de maneira lícita e que os direitos do acusado sejam respeitados. Na fase de julgamento, ele garante que o acusado tenha uma defesa técnica eficaz, capaz de contestar as provas e argumentações apresentadas pela acusação.
Na fase de execução penal, a presença do advogado criminalista é igualmente indispensável. Ele monitora as condições de encarceramento, trabalha para que os benefícios legais sejam concedidos aos condenados e atua contra eventuais abusos e violações de direitos. O advogado não apenas protege os direitos do condenado, mas também contribui para a reintegração social do indivíduo, promovendo a justiça e a dignidade dentro do sistema penitenciário.
Certo é que o advogado criminalista é um guardião dos direitos fundamentais no sistema de justiça penal, assegurando que o princípio da ampla defesa seja efetivamente respeitado. Sua atuação garante que os acusados tenham um processo justo e equilibrado, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e democrática.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.
Barros, A. (2020). Direitos humanos e sistema prisional: desafios e perspectivas. São Paulo: Atlas.
Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal)
Lopes Júnior, C. (2019). Processo penal brasileiro: fundamentos e prática. Rio de Janeiro: Forense.
Moraes, D. (2020). Advocacia criminal: desafios contemporâneos. São Paulo: Saraiva.
Oliveira, F. (2018). Direito penal e execução penal: uma abordagem prática. Porto Alegre: Livraria do Advogado.
Prado, G. (2018). Curso de direito penal brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais.
Silva, R. (2019). Advocacia criminal e direitos humanos: uma abordagem crítica. Curitiba: Juruá Editora.
graduanda em Direito pelo Centro Universitário UNA- Betim
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: QUEROLAINE BRENDA OLIVEIRA ROMãO, . A importância do advogado criminalista nas garantias dos direitos do condenado antes e durante o processo de execução da pena. Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 14 jun 2024, 04:49. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/ArtigOs/65603/a-importncia-do-advogado-criminalista-nas-garantias-dos-direitos-do-condenado-antes-e-durante-o-processo-de-execuo-da-pena. Acesso em: 23 dez 2024.
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